Projeto que facilita licenciamento ambiental: “É o maior retrocesso em 40 anos” 47374t

Autolicenciamento para obras de médio porte,  fim da responsabilização por impactos ambientais indiretos e  redução da participação social nos processos de licenciamento – estes são os principais “retrocessos” apontados pelo secretário excecutivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. no projeto da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental 1613u

O projeto foi aprovado nesta quarta-feira (22) por larga maioria no Senado. O texto terá que voltar à Câmara Federal, porque foi alterado pelos senadores.

“O texto fragiliza os licenciamentos e traz retrocessos ambientais já rejeitados pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”, disse o secretário geral do MMA, em Seminário promovido por organizações a sociedade e pesquisadores na Universidade de Brasília (UnB),  na semana ada, quando o projeto entrou na pauta de votação do Senado.

O projeto, apontado por seus defensores como “um novo marco para o licenciamento ambiental no Brasil”, é alvo de críticas de ambientalistas, que ainda citam o fim de licenças para atividades agropecuárias como outro retrocesso do texto.

Capobianco destacou que o projeto contraria o que foi consolidado pela Constituição no tema da proteção ambiental e citou a criação, pelo projeto, da Licença por Adesão e Compromisso (LAC) que, para o secretário, permite o autolicenciamento com autorizações automáticas.

Para o secretário do MMA, o projeto de lei trará insegurança jurídica porque os licenciamentos via LAC serão questionados na Justiça..

“Temos vários casos em que o Supremo já derrubou leis estaduais que estabeleceram Licenças por Adesão e Compromisso, declarando essas legislações inconstitucionais”, acrescentou.

Capobianco disse ainda que é “absolutamente incompreensível” que o projeto inclua a possibilidade de licenças via LAC para empreendimentos de médios portes e impactos. Ele criticou ainda a ausência de regulação para o setor da mineração. “Terá que haver uma outra lei para regulamentar a mineração. Enquanto isso, vamos ter um vácuo legal”, disse.

Segundo o secretário, o governo tentou no Senado  “minimizar” os efeitos negativos do texto, mas destacou que o tempo é curto, uma vez que o processo foi acelerado. “O tempo para se influenciar é curto”, comentou em sua palestra.

“Esse projeto é o maior retrocesso em 40 anos na legislação ambiental”, segundo  Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e atual coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima,

Tramitação 592b56

O PL tramitou de forma simultânea nas comissões de Meio Ambiente (CMA) e de Agricultura (CAR) sob as relatorias dos senadores Confúcio Moura (MDB) e Tereza Cristina (PP-MS), com apoio do presidente da Casa, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Participação Social

A redução do papel dos conselhos estaduais, municipais e do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) nos processos de licenciamento  é “muito grave”, segundo João Paulo Capobianco, porque limita a participação social, aumentando o poder do Estado nos processos licitatórios.

Impactos Indiretos 5b154

Outro ponto do projeto de lei “absolutamente gravíssimo”, segundo Capobianco, é o que exclui da responsabilidade do empreendimento pelos impactos ambientais indiretos. “O empreendedor não terá nenhuma responsabilidade de adotar medidas para minimizar os impactos indiretos. Nós vamos transferir para o poder público o custo total de se adotar medidas mitigatórias”.

“Vai destravar o Brasil” 556s1t

Os senadores favoráveis ao projeto de lei que flexibiliza o licenciamento ambiental no Brasil argumentam que, atualmente, existem muitas normais contraditórias que dificultam os empreendimentos, sendo necessária uma legislação nacional para unificar e padronizar o processo de licenciamento no país. “Essa lei vai destravar o Brasil”,  disseram senadores que votaram a favor.

Além disso, os parlamentares reclamam que os licenciamentos atuais são burocráticos, demoram anos, e dificultam o desenvolvimento econômico.

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) disse que o país não pode se desenvolver com a morosidade nos licenciamentos ambientais.

Mineração no Pampa: MPF pede anulação da licença de instalação em Lavras do Sul 5c6o38

Em recurso ao TRF 4, o Ministério Público Federal voltou a pedir a  anulação da licença de instalação já concedida ao  projeto Fosfato Três Estradas, para mineração em Lavras do Sul.

O projeto, da empresa Águia Fertilizantes, pretende explorar uma jazida de mais de 100 milhões de toneladas de fosfato, matéria-prima essencial para a produção de adubos e correção do solo, que o Brasil importa.

 

Na divisa entre os municipios de Lavras do Sul e D. Pedrito, a 320 km de Porto Alegre, o projeto Três Estradas abrange uma área de 15 mil hectares

A expectativa é de que sejam produzidas 300 mil toneladas por ano, ou cerca de 15% da demanda do Rio Grande do Sul.

 

A empresa Águia Fertilizantes anunciou investimentos iniciais de cerca de R$ 35 milhões na Fase 1 do projeto, prevista para 18 anos de duração, com geração de 100 empregos diretos na operação.

O projeto foi iniciado em 2011, teve licença de instalação em 2017, mas ainda enfrenta muita resistência de movimentos sociais e ambientalistas, pelo potencial de danos ao meio ambiente e à saúde das comunidades locais.

Em 2021, o MPF já havia recomendado à Fundação Estadual de Proteção Ambiental a anulação da licença concedida ao projeto, “pelas inconsistências apontadas em laudos produzidos por peritos do MPF”.

A recomendação não foi seguida. O MPF, então, abriu um inquérito civil e, no ano seguinte, entrou na Justiça Federal, incluindo as comunidades de agropecuaristas (pequenos criadores e agricultores familiares)  que vivem na região e têm, garantido em lei, o direito de serem ouvidos no processo de licenciamento.

No último dia 22 de outubro, a juíza Aline Cristina Zimmer, da 1ª Vara Federal de Bagé, negou o pedido de nulidade da licença ambiental de instalação, já concedida ao Projeto Fosfato Três Estradas.

A juíza reconheceu a necessidade de estudos complementares sobre pontos técnicos relacionados ao meio ambiente, mas sobre os agropecuaristas considerou que “não era possível concluir que se tratava de uma comunidade tradicional”.

Em seu recurso,  o MPF reitera as deficiências apontadas nos estudos  de impacto ambiental e destaca o direito dos moradores tradicionais da região de serem ouvidos no processo de licenciamento do projeto. “Os povos indígenas e as comunidades tradicionais têm o direito de ser consultados sempre que medidas legislativas ou istrativas possam afetá-los diretamente”.

Há risco que famílias produtoras de alimentos fiquem sem condições de sobreviver no local e de impacto nos muitos rios da região, área conhecida como “berço das águas”, além da perda de vegetação nativa do bioma Pampa, já bastante atingido pelas monoculturas.

Segundo o MapBiomas, anualmente, o Pampa perde em torno de 150 mil hectares de campos nativos por ano, convertidos em lavouras, prioritariamente de soja, ou transformados em áreas de cultivo de eucalipto.

“A criação da mina invade o espaço dos pecuaristas familiares que produzem alimento saudável, além de interferirem nos rios da região com a construção de grandes barragens’”, afirma Vera Colares, integrante da Associação para Grandeza e União de Palmas (AGrUPa).

Ela ressalta que os vários pedidos de audiências públicas no distrito de Três Estradas, em Lavras do Sul, e em Dom Pedrito, não foram atendidos.

“O governo estadual nunca fala com as comunidades afetadas pelos projetos de mineração. Pedimos audiência com o governador e não fomos atendidos. Os empreendedores fizeram algumas reuniões tentando convencer a comunidade das ‘vantagens’ do empreendimento. A mina também atua nas comunidades através das escolas, financiando eventos e artistas, entre outras ações para angariar simpatias e mascarar os efeitos adversos que a mineração causa. Também faz um trabalho com parlamentares de todas as esferas em nível local, estadual e federal, de modo a aprovar a legislação de seu interesse, bem como utilizar recursos públicos para financiar sua atividade que, isso sim, poderiam ser utilizados em atividades que trouxessem desenvolvimento sustentável”, afirma Vera.

No parecer encaminhado à 3a.Turma do Tribunal Regional Federal, que vai julgar o recurso, o procurador Vitor Hugo Gomes da Cunha afirma que “o comprometimento da vida no território por ameaças externas (como a mineração) leva ao adoecimento destas comunidades e coloca em risco a continuação da reprodução desse modo de saber, fazer e viver, colocando em risco (…) também o patrimônio cultural imaterial da vida campeira”.

O procurador ainda registra que “outras instâncias do governo estadual – como a Secretaria de Meio Ambiente e o Conselho Estadual de Direitos Humanos – “já  reconheceram os agropecuaristas familiares de Três Estradas como comunidade tradicional”.

O julgamento do recurso ainda não tem data marcada.

Contemplação de flores, tradição milenar que aquece o turismo na primavera chinesa 6h5a2t

A contemplação de flores, uma tradição milenar na China, é o segmento mais ativo da economia do turismo naquele país, nos meses da primavera que lá está começa em março.

Em fevereiro e março, na plataforma Qunar, especializada em serviços de viagens, as buscas por “observação de flores” mais que triplicaram em comparação ao mesmo período de 2024.

A tradição de contemplar flores vem de longe. Acredita-se que, já na Dinastia Tang (618-907), os chineses cultivavam o hábito de ir aos arredores da cidade com amigos e familiares para apreciar as flores e venerar as fadas florais.

Wuhan, capital de Hubei, – que ficou conhecida no mundo inteiro, como a cidade onde a epidemia da covid começou – é famosa por suas cerejeiras em flor e uma das cidades que recebem  milhares de turistas de todo o pais. Eles enfrentam longas filas para entrar no Jardim de Cerejeiras do Lago Leste, onde mais de 10.000 cerejeiras de mais de 60 espécies recepcionam os visitantes com sua fragrância e flores em plena floração.

Desde março, o turismo com tema de flores tem dominado as plataformas de viagens online, com cidades publicando “mapas de flores” para orientar os visitantes e impulsionar as economias locais.

De acordo com os governos locais, 11 atrações de observação de flores em Hubei receberam mais de 5,21 milhões de visitantes desde março, um aumento de 22,69% em relação ao ano ado.

Durante o Festival Qingming, de três dias, entre 4 e 6 de abril, o local panorâmico do Lago Leste recebeu quase 1,17 milhão de visitantes, um aumento de 25,58% em relação a 2024.

Um visitante posa para selfies em um jardim de cerejeiras na Nova Área de Gui’an, província de Guizhou, sudoeste da China, em 25 de março de 2025. (Xinhua/Liu Xu)

 

O jardim de peônias na antiga cidade de Luoyang, com 1.400 anos de idade, na província de Henan, no centro da China, fica lotado de visitantes, alguns dos quais vestidos com trajes tradicionais, uma cena que lembra a Dinastia Tang.

O Jardim Botânico das Ruínas da Cidade das Dinastias Sui e Tang é o local do 42º Festival das Peônias, onde mais de 300.000 peônias de mais de 1.400 variedades recepcionam os visitantes.

Turistas tiram fotos de flores de peônia no Jardim Botânico das Ruínas da Cidade das Dinastias Sui e Tang, em Luoyang, província de Henan, centro da China, em 30 de março de 2025. (Foto de Li Weichao/Xinhua)

 

“Desenvolvemos mais de 200 produtos em 10 categorias com o tema peônias, e as vendas de uma única loja ultraaram 20 milhões de yuans no ano ado. Alguns de nossos produtos foram até vendidos para o Canadá”, disse Li Zhaolin, fundadora da loja, que mora no local. Ela observou que, no futuro, desenvolverão mais produtos para vender no mercado internacional, para que mais pessoas se apaixonem pelas peônias de Luoyang.

Esta foto, tirada em 6 de março de 2025, mostra flores de cerejeira no Jardim de Cerejeiras do Lago Leste, em Wuhan, província de Hubei, no centro da China. (Foto de Zhao Jun/Xinhua)

 

Turistas posam para fotos em meio a flores desabrochando no condado de Xuan’en, província de Hubei, centro da China, em 8 de abril de 2025. (Foto de Wang Fajun/Xinhua)

(Com informações da Xinhua).

 

Contemplação de flores aquece o turismo na primavera chinesa 2p1pn

A contemplação de flores, uma tradição milenar na China, é o segmento mais ativo da economia do turismo naquele país, nos meses da primavera que lá está começa em março.

Em fevereiro e março, na plataforma Qunar, especializada em serviços de viagens, as buscas por “observação de flores” mais que triplicaram em comparação ao mesmo período de 2024.

A China tem a tradição de contemplar flores desde os tempos antigos. Acredita-se que, já na Dinastia Tang (618-907), os povos cultivavam o hábito de ir aos arredores da cidade com amigos e familiares para apreciar as flores e venerar as fadas florais.

Wuhan, capital de Hubei, que ficou conhecida no mundo inteiro, como a cidade onde a epidemia da covid começou, é famosa por suas cerejeiras em flor e uma das cidades que recebem  milhares de turistas de todo o pais. Eles enfrentam longas filas para entrar no Jardim de Cerejeiras do Lago Leste, onde mais de 10.000 cerejeiras de mais de 60 espécies recepcionam os visitantes com sua fragrância e flores em plena floração.

Desde março, o turismo com tema de flores tem dominado as plataformas de viagens online, com cidades publicando “mapas de flores” para orientar os visitantes e impulsionar as economias locais.

De acordo com os governos locais, 11 atrações de observação de flores em Hubei receberam mais de 5,21 milhões de visitantes desde março, um aumento de 22,69% em relação ao ano ado.

Durante o Festival Qingming, de três dias, entre 4 e 6 de abril, o local panorâmico do Lago Leste recebeu quase 1,17 milhão de visitantes, um aumento de 25,58% em relação a 2024.

Um visitante posa para selfies em um jardim de cerejeiras na Nova Área de Gui’an, província de Guizhou, sudoeste da China, em 25 de março de 2025. (Xinhua/Liu Xu)

 

O jardim de peônias na antiga cidade de Luoyang, com 1.400 anos de idade, na província de Henan, no centro da China, fica lotado de visitantes, alguns dos quais vestidos com trajes tradicionais, uma cena que lembra a Dinastia Tang.

O Jardim Botânico das Ruínas da Cidade das Dinastias Sui e Tang é o local do 42º Festival das Peônias, onde mais de 300.000 peônias de mais de 1.400 variedades recepcionam os visitantes.

Turistas tiram fotos de flores de peônia no Jardim Botânico das Ruínas da Cidade das Dinastias Sui e Tang, em Luoyang, província de Henan, centro da China, em 30 de março de 2025. (Foto de Li Weichao/Xinhua)

 

“Desenvolvemos mais de 200 produtos em 10 categorias com o tema peônias, e as vendas de uma única loja ultraaram 20 milhões de yuans no ano ado. Alguns de nossos produtos foram até vendidos para o Canadá”, disse Li Zhaolin, fundadora da loja, que mora no local. Ela observou que, no futuro, desenvolverão mais produtos para vender no mercado internacional, para que mais pessoas se apaixonem pelas peônias de Luoyang.

Esta foto, tirada em 6 de março de 2025, mostra flores de cerejeira no Jardim de Cerejeiras do Lago Leste, em Wuhan, província de Hubei, no centro da China. (Foto de Zhao Jun/Xinhua)

 

Turistas posam para fotos em meio a flores desabrochando no condado de Xuan’en, província de Hubei, centro da China, em 8 de abril de 2025. (Foto de Wang Fajun/Xinhua)

(Com informações da Xinhua).

 

Audiência Pública sugere travar construções na Lagoa da Conceição 3x83i

DUDA HAMILTON
A audiência pública sobre a situação ambiental da Lagoa da Conceição, em Florianópolis, expôs contradições entre pesquisadores, professores, ambientalistas e representantes de órgãos públicos do Estado e município.

Unanimidade, porém, sobre a gravidade do acidente ambiental provocado pelo rompimento, em janeiro de 2021, de uma estação de tratamento de esgotos, de responsabilidade da Casan.

Entre as  sugestões urgentes estão: suspensão de novas licenças ambientais para novos empreendimentos imobiliários; aumento da fiscalização ambiental na região da Lagoa e definição de prazo para que a companhia de saneamento – Casan –  retire a estrutura emergencial instalada há quatro anos no Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa da Conceição.

Participaram do encontro na Assembleia Legislativa, lideranças da Lagoa e lideranças ambientais da capital, professores e pesquisadores da UFSC, representantes da Casan, Floram e ministérios públicos Estadual e Federal, que expam seus pontos de vista e sugeriram ações para minimizar o desastre ambiental, ocorrido há quatro anos.
Outro encaminhamento importante é de que a empresa de saneamento divulgue, de maneira ampla, os estudos e dados sobre o rompimento da barragem da Estração de tratamento de Esgotos (ETE).

Em consequência desta ruptura, foram despejados na Lagoa da Conceição mais de 100 milhões de litros de matéria orgânica, inundando casas e ruas, como a avenida das Rendeiras.
De forma emergencial, em julho de 2021, foi instalada pela Casan uma tubulação para extravasar o excesso de efluente, evitando assim novos transbordamentos.
ados quatro anos, a tubulação emergencial continua lá, dentro do Parque Natural das Dunas, sem ação dos governos estadual e municipal.

Segundo a professora do departamento de Ecologia e Zoologia da UFSC, Michele de Sá Dechoum, o lançamento de efluentes nas dunas está impactando a biodiversidade do Parque. “É urgente que se encontre outra solução e que o equipamento emergencial seja retirado do local o mais rápido possível, pois afeta fortemente a fauna e a flora do Parque”.
Na audiência pública foi definida a data de dezembro de 2025 para a Casan solucionar o problema da tubulação emergencial. Mas a Casan, representada pela
gerente de Meio Ambiente, Andreia Senna, não apresentou proposta para a retirada da tubulação antes do final de 2026.
Em nota ao JÁ, a assessoria de imprensa da Companhia informou que a vazão resultante da obra emergencial é variável, sendo mais elevada em períodos de chuvas.

“O custo aproximado até agora desta emergência é de R$ 715 mil e compreende a aquisição e instalação das bombas, o acionamento das bombas, a rede de energia e o emissário de efluente tratado”, diz a nota.

Sobre o gasto mensal, a assessoria respondeu: “O valor é de R$ 21.680,00, basicamente o custo de energia, uma vez que a mão de obra é da própria empresa”.
Lideranças locais afirmam que a ETE, inaugurada em 1988, foi projetada para atender 4 mil habitantes e está defasada. Atualmente vivem na Bacia Hidrográfica
da Lagoa da Conceição mais de 10 mil pessoas. “O cenário é catastrófico”, disse o professor da UFSC, Paulo Horta.

Contaminantes

Outra divergência que resultou na solicitação da audiência foi a divulgação de um estudo detectando nas águas da Lagoa da Conceição altas concentrações de 35 substâncias contaminantes, entre elas antibióticos, anti-
inflamatórios, cafeína e cocaína. Desenvolvido pela equipe da professora Silvani Verruck, da UFSC, o trabalho foi apresentado na audiência, como uma preocupação
emergente, e está baseado em três frentes: Avaliação das contaminantes (já realizado), Resistência a antimicrobianos na água e no pescado e a
Descontaminação da água com o REACQUA – equipamento já testado, capaz de descontaminar a água utilizando um destilador solar.
Em resposta, a Casan informou ainda que todos os relatórios de monitoramento do bombeamento e recuperação de áreas degradadas, realizados pela empresa, são encaminhados à Floram, órgão da Prefeitura Municipal responsável pelo Meio Ambiente.

Na audiência foi solicitada a transparência destes documentos, bem como projetos para solucionar o problema até o final deste ano.
O presidente da Comissão de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Assembleia Legislativa, o deputado Marquito vê necessidade urgente de retomar os programas de investigação e fiscalização das ligações irregulares da rede pluvial do entorno da Lagoa. “Recebi denúncias, por exemplo, de uma moradora do Canto da Lagoa de que são lançados diretamente efluente sem tratamento na Lagoa da Conceição”.
Nos próximos dias, está prevista uma visita de todos que participaram da mesa da audiência, até os pontos mais críticos da Bacia Hidrográfica da Lagoa e encontrar solução para os problemas que estão fazendo morrer um dos pontos turísticos mais visitados de Florianópolis, a Lagoa da Conceição, de onde muita
gente tira seu sustento.

Encaminhamentos da audiência
*Criação de um grupo de trabalho.
*Visita técnica ao local com autoridades presentes na audiência.
*Debate entre pesquisadores, CASAN e autoridades sobre os impactos do
desastre.
*Pesquisas desenvolvidas sobre o assunto serão apresentadas em reunião  ampliada da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da
Assembleia Legislativa.
*Não liberação de novas licenças da Floram para construção de empreendimentos e aumento da fiscalização ambiental na região.
*Casan deve divulgar de maneira pública os estudos e dados deste incidente e de outros envolvendo a Bacia Hidrográfica da Lagoa.
*Definição de prazo para que a Casan retire a estrutura emergencial do Parque Natural Municipal das Dunas da Lagoa.

*Publicação de planos de manejo das unidades de conservação de Florianópolis.
*Instalação de equipamento adequado para a contenção de contaminantes na saída da macrodrenagem do Rio Vermelho.

Pampa ameaçado: Fórum Internacional avalia perdas de campos nativos 402o3s

O menor e mais ameaçado bioma brasileiro – o Pampa – é o tema do  Fórum Internacional de Meio Ambiente, nos dias 26 e 27 de março, em Porto Alegre.

Em sua 13ª edição, o fórum é organizado pela Associação Riograndense de Imprensa e faz parte da programação dos 90 anos da entidade.

“Bioma Pampa: Clima, conservação e atividades econômicas” reúne ambientalistas, produtores e agentes públicos. Local: Memorial da Assembleia Legislativa do RS.

Na abertura, os pesquisadores Jefferson Simões e Francisco Aquino falam das mudanças climáticas que estão criando novos desafios para o equilíbrio ambiental.

Dois jornalistas, o argentino Gustavo Veiga e o uruguaio Victor Bacchetta, fazem um balanço da situação em seus países.

O Pampa Sul-Americano perdeu 20% de sua vegetação campestre entre 1985 e 2022, segundo levantamento do MAPBiomas com base em imagens de satélite.  São 9,1 milhões de hectares de campos nativos.

O pampa se estende por todo o território uruguaio e parte do argentino, e a porção brasileira corresponde a 17,6 milhões de hectares e representa mais de 60% do Rio Grande do Sul.

A maior perda proporcional de vegetação campestre, ocorreu no Brasil, com 2,9 milhões de hectares – o equivalente a 58 vezes a área do município de Porto Alegre (RS).

Significa que em menos de quatro décadas, houve uma uma perda de 32% da área existente em 1985.

O principal fator dessa mudança é a expansão das áreas agrícolas para o plantio monoculturas – a soja e o eucalipto, cuja área ocupada no RS cresceu mais de 1.500%  em quatro décadas..

Em 1985, a área total ocupada pelos campos no RS era de 9,1 milhões de hectares e reduziu para 6,2 milhões de hectares em 2022.

Para o jornalista João Batista Santafé Aguiar, diretor do Departamento de Política Ambiental da ARI, o Pampa está sob ameaça, “seja pela expansão da agropecuária e silvicultura; pela expansão de projetos de mineração; pela remoção da cobertura vegetal nativa e degradação do solo; pela urbanização e infraestrutura, pois as rodovias fragmentam o habitat natural; e, é claro, pelas mudanças climáticas.”

Além das perdas ambientais, há também perdas econômicas pela expansão indiscriminada das monoculturas. Os produtores de uvas, azeite de oliva e mel, por exemplo, são diretamente prejudicados pelo uso maciço de herbicidas “que contém o composto 2,4-D, um dos componentes do agente laranja, usado como desfolhante na guerra do Vietnã e, lamentavelmente, nas nossas lavouras de soja”, como explica a jornalista Daniela Sallet, vice-diretora de Meio Ambiente da ARI.

Inscrições gratuitas: fima.org.br.

PROGRAMAÇÃO p5n4

26/3/2025 – quarta-feira 4b6z4p

10H: “Clima: história e impacto das mudanças no Pampa” 2g565i

13h30min — Atuação da URCAMP em prol do Pampa 4t6139

  • Guilherme Collares, Pró-Reitor de Pesquisa, Extensão e Inovação da URCAMP – Centro Universitário da Região da Campanha / Fundação Átila Taborda

14h –  I – Panorama para a regularização ambiental no Pampa para os próximos anos 1c6o11

  • José Nunes — Mediador — Jornalista, Presidente da ARI
  • Domingos Velho Lopes — Diretor Vice-Presidente da FARSUL.
  •  — “Conquistas para o desenvolvimento sustentável do Bioma Pampa”
  • Patrícia Maldaner Cibils — Procuradora do Estado do RS — “Bioma Pampa e Reserva Legal”
  • Alexandre Krob — Coordenador Técnico do Instituto Curicaca — “As cicatrizes feitas no Pampa pela omissão pública com o Cadastro Ambiental Rural”
  • Rodrigo Dutra — Chefe da Divisão de Fiscalização Ambiental do IBAMA RS – “A importância do Programa de Regularização Ambiental para o RS”

15h30 –  II – O potencial da pecuária no Pampa: preservação e recuperação ambiental, geração de renda e produção de alimentos 611v21

  • Luiz Adolfo Lino de Souza — Mediador — Jornalista – Presidente do Conselho Deliberativo da ARI
  • Angela Escosteguy – Médica Veterinária — IBEM – Instituto do Bem-Estar “A importância da Pecuária no Pampa”
  • Valério Pillar – Professor da UFRGS / Rede Campos Sulinos – “Bioma Pampa: origens e ameaças à sua biodiversidade”
  • Miguel Guedes —Engenheiro Agrônomo / Fazenda São Miguel, Mostardas, RS — “Pecuária Regenerativa no Pampa: sistema intensivo a pasto com melhoramento do campo nativo

27/3/2025 – quinta-feira  3c5d1v

9h – III  “Projetos e práticas que interferem na conservação do Pampa” 6y582v

  • Luiza Chomenko – Mediação – Bióloga
  • Adriano Severo Figueiró – Professor da UFSM – “Projetos de (Des)Envolvimento para o Pampa Brasileiro: Ameaças e Resistências”. 
  • Marcos Borba – Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Sul — Bagé, RS — Agroecologia, Redes e Território: a pecuária familiar e a conservação do Pampa”
  • Marcia Colares – coordenadora do grupo UPP Camaquã – União Pela Preservação do Rio Camaquã. “Histórico da luta contra a mineração e panorama das ações na área ambiental no território”.
  • Vera Colares – presidente da Associação para Grandeza e União de Palmas -AGrUPa – “Pecuária familiar para preservação do Pampa.
  • Participação Especial do Cineasta Rogério Atama Rodrigues, da Atama Filmes, diretor do filme “Sobreviventes do Pampa“, comentando o lançamento da obra.

13h30min – IV – “O Pampa nos meios de comunicação” 2g4352

  • João Batista Santafé Aguiar – Mediador – Jornalista – Diretor de Meio Ambiente da ARI e editor do jornalja-br.diariodoriogrande.com
  • Sérgio Roberto Pereira da Silva – Jornalilsta – Grupo de Pesquisa em Jornalismo Ambiental UFRGS/CNPQ “Apontamentos sobre a cobertura midiática acerca do Bioma Pampa”. 
  • Gustavo Veiga – Jornalista (Argentina) – Página 12 – Buenos Aires –  “A cobertura ambiental na imprensa argentina “ 
  • Nilson Correa – Empresário e Jornalista – Editor do jornal Folha do Sul
  • Victor L. Bacchetta – Jornalista (Uruguai) – El Zumbido – Montevideo – “Extrativismo no Pampa e os meios de comunicação”.

15h30min–  V –  “Potencial Turístico e Comercial do Pampa“ 1w482a

  • Magali Schmitt –  Mediadora – Jornalista – Diretora da ARI e assessora do Comitesinos
  • Ana Maria Moreira Marchesan – procuradora de Justiça / MPRS – “Patrimônio Cultural no Pampa
  • Renato Fernandes–  presidente  do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) – “O futuro da olivicultura no Brasil” 
  • Patricia de Freitas Ferreira – Comitê Gestor do Geoparque de Caçapava do Sul“Geoparque Caçapava: conhecer para valorizar e cuidar.”
  • Gabriela Hermann Potter – Produtora rural e empresária –  “Vinícola Guatambu: valorizando o Bioma Pampa por meio do Vinho, do Turismo e da Sustentabilidade

— Veja minibio dos palestrantes e istas

— Transmissão ao vivo pelo Canal da ARI no YouTube

Local: Memorial da Assembleia Legislativa do RS.

Safra no RS: queda de 13% na soja e aumento no arroz, feijão, milho e trigo 4i5q4l

Um novo recorde na produção brasileira de grãos é o que prevê a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no 6º levantamento da safra 2024/2025, divulgado, nesta quinta-feira, 13/03.

Um aumento de 10,3%, em relação a safra anterior, eleva para 328,31 milhões de toneladas o total da produção no pais este ano, conforme a previsão.

No Rio Grande do Sul, a produção deve atingir 36,34 milhões de toneladas, uma redução de 1,3% em relação à safra ada.

O estado se mantém na posição de terceiro maior produtor de grãos no país, atrás de Mato Grosso e Paraná, seguido por Goiás.

Já a área plantada está prevista em 10,45 milhões de hectares, um aumento de 0,3%. A queda na produção foi motivada pela estiagem, que impactou principalmente a cultura da soja.

No entanto, há perspectiva de excelente produção nas safras de arroz e milho.

Os números da safra gaúcha

Arroz e feijão – A produção de arroz deve atingir 8,3 milhões de toneladas, um aumento de 15,9% em relação ao ano ado. A área plantada chega aos 951,9 mil hectares, com crescimento de 5,7%.

A expectativa é de aumento da área cultivada em todas as regiões produtoras, especialmente na Sul e na Fronteira Oeste, devido à boa rentabilidade da cultura no momento do plantio, ao bom volume de água nas barragens e rios durante o plantio e à possibilidade de preparo antecipado das áreas, o que favorece boas produtividades.

A produção de feijão deve alcançar 76,9 mil toneladas, um aumento de 7,3%. A área plantada está prevista em 48,5 mil hectares.

O cultivo de feijão da 1ª safra está concentrado no Planalto Superior. A semeadura começou em dezembro e foi concluída em janeiro. Mais de 60% das lavouras estão no enchimento de grãos e 30% em florescimento. Embora a estiagem tenha impactado o desenvolvimento, as condições climáticas na região foram menos severas, e as lavouras ainda apresentam bom potencial produtivo.

A semeadura do feijão preto da 2ª safra continua no estado. Iniciada em janeiro, a operação avançou lentamente até fevereiro, quando as chuvas melhoraram as condições do solo, permitindo um aumento rápido da área semeada, que atingiu 88% no final do mês.

No Planalto Médio, que é a principal região produtora, as expectativas são boas, especialmente devido à alta proporção de lavouras irrigadas. Nessa região, 90% da área foi semeada, 20% está em emergência e 80% em desenvolvimento vegetativo.

Soja – A produção de soja está estimada em 17,1 milhões de toneladas, uma redução de 13,2% em relação à safra anterior,  posicionando o estado como o 4º maior produtor da oleaginosa, atrás de Mato Grosso, Paraná e Goiás.

A área cultivada deve aumentar para 6,84 milhões de hectares, com um incremento de 74,4 mil hectares (1,1% a mais).

As lavouras de soja continuam sendo afetadas pela falta de chuvas regulares. As semeadas mais tarde sofreram prejuízos significativos, com perdas que podem ser irreversíveis. A estimativa de produtividade é de 2.495 kg/ha, uma redução de 7,5% em relação ao levantamento anterior, 16,1% abaixo da estimativa inicial e mais de 30% em relação ao potencial da cultura.

Milho – O RS é o maior produtor de milho 1ª safra. A semeadura foi concluída, e a colheita já ultraa 80%. A produção está prevista em 5,5 milhões de toneladas, um aumento de 13,7%. A área plantada pode chegar a 719,6 mil hectares, uma redução de 11,7%. A estimativa de produtividade média foi ajustada para 7.664 kg/ha, um aumento de 16% em relação ao mês anterior. Embora as lavouras ainda no campo tenham apresentado perdas, as lavouras já colhidas possibilitaram esse incremento. Apesar dos resultados positivos, algumas lavouras apresentaram perdas consolidadas devido à estiagem.

Trigo (safra 2025) – O Rio Grande do Sul é o maior produtor de trigo no país. Para a safra de inverno de 2025, a produção deve crescer 4,4%, chegando a 4,1 milhões de toneladas. A área cultivada está prevista em 1,29 milhão de hectares, uma redução de 3,8% em relação ao ciclo de 2024. A produtividade média estimada é de 3.172 kg/ha. Os dados para o trigo, que será implantado por volta de maio, são baseados em modelos estatísticos e análises de mercado.

Foto: Sebastião José de Araújo/Embrapa

 

 

Uma avenida beira-mar na praia dos Ingleses: o que há por trás do projeto 2w6w58

Uma avenida beira-mar na praia dos Ingleses para desafogar o trânsito na região, uma das mais populosas de Florianópolis.

O anúncio do projeto foi feito com grande repercussão no início de fevereiro.

O prefeito,  Topázio Neto, postou em suas redes um vídeo, andando pela praia e dizendo “já estamos trabalhando no projeto e já temos garantia de parte dos recursos”.  Comparou a obra com o que acontece “em Balneário Camboriú, Itapema e Copacabana”.

O projeto da avenida, na verdade, já tramita há mais de seis meses na prefeitura de Florianópolis.

Foi encomendado e “doado” pelo empresário  Fernando Marcondes de Matos, proprietário do Costão do Santinho, um complexo turístico com hotel e resort,  com mais de 220 apartamentos,  junto ao morro das Aranhas, na Praia do Santinho.

O que não apareceu no jornal e nem na televisão é o  que está por trás da generosidade do empresário que ofereceu o projeto da beira-mar dos Ingleses à prefeitura.

É um projeto de expansão do Costão do Santinho, em processo de licenciamento e que  prevê a construção de um conjunto de torres de cinco andares, com um total de 351 apartamentos, numa área de 26 mil metros quadrados, ao lado do atual complexo, junto ao morro das Aranhas.

A linha preta marca os limites do Santinho, a amarela a área onde há equipamentos urbanos e em vermelho a localização do projeto. Fonte: Estudo de Impacto de Vizinhança.

O principal obstáculo para o licenciamento desse novo projeto até agora é a questão da mobilidade,  justamente na  confluência da Praia do Santinho e os Ingleses,  onde a avenida D. João Becker é estreita e forma o principal ponto de estrangulamento do trânsito na região. No verão, pode-se levar duas horas para vencer um trecho de dois quilômetros.

 

 

Estrada Onildo Lemos, unico o e saída do Santinho, com a D. João Becker: gargalo.

É esse gargalo que a projetada beira-mar dos ingleses promete resolver.

“Vai desafogar num ponto, que interessa diretamente à aprovação do projeto do Costão,  mas vai agravar o problema, já bastante grave, da mobilidade no Santinho”,  explica Rafael Freitag, presidente do  Instituto Sócio Ambiental do Santinho (ISAS).

Ele lembra que junto à Vereador Onildo Lemos, única via de o e saída do bairro Santinho, já está em construção um condomínio com onze prédios de quatro andares, num total de mais de 200 apartamentos.

Somados às 351 unidades previstas na expansão do Costão, vão representar um acréscimo de duas mil pessoas, numa comunidade que, em crescimento acelerado, hoje supera os quatro mil moradores com sérios problemas urbanos e ambientais.

Não tem esgoto, por exemplo. A implantação da rede, iniciada em 2018, com financiamento externo, consumiu mais de R$ 100 milhões e parou, sem concluir sequer a  tubulação principal. E não há data para retomar a obra.  Enquanto isso, o rápido aumento populacional coloca em colapso o sistema de fossas, usado em todas as casas e pousadas e o resultado é visível nas ruas, principalmente na alta temporada turística.

Segundo o Estudo de Impacto de Vizinhança*, uma das peças do licenciamento, “o empreendimento deverá adotar solução particular”, com a construção de uma Estação de Tratamento própria.

“Também entende-se que, em virtude dos índices de abastecimento de água e de coleta de resíduos sólidos serem ruins, há necessidade da ampliação da infraestrutura e atendimento destes equipamentos na região”, diz o EIV, que registra também as carências em segurança, falta de áreas de lazer e escolas.

Para os Ingleses, um dos bairros com crescimento explosivo nos últimos anos,  também a avenida não chega a ser uma solução, embora possa melhorar o trânsito naquele trecho de 2,5 km. Mas vai agravar a degradação da praia, já acentuada.

Em 2023, foi necessário “engordar”  a praia com bombeamento de areia para recuperar os espaços tomados pela ocupação irregular.  Um investimento de mais quase  R$ 20 milhões, numa solução paliativa.

Em plena temporada de 2025, são visíveis as tubulações jogando esgoto direto na praia.

 

*E118664/2022 – Costão do Santinho Turismo e Lazer SA, feito pela Ambiens Soluções Ambientais.

Hamburguer da babaçu, novidade desenvolvida pela Embrapa no Maranhão m1q6m

Um hamburguer vegetal, à base de coco babaçu, é um dos novos alimentos naturais e ricos em proteínas desenvolvidos nos laboratórios da Embrapa no Maranhão, em trabalho que envolve pesquisadores e as mulheres “quebradeiras de coco” da região.

Essa parceria já havia dado origem a novas formulações de biscoito e de gelado, uma bebida tipo leite e a um análogo do queijo, todos oriundos do coco babaçu.

Para o desenvolvimento desses alimentos, participaram as mulheres da Cooperativa Mista da Agricultura Familiar e do Extrativismo do Babaçu – Coomavi, em Itapecuru-Mirim, da Associação Clube de Mães Quilombolas Lar de Maria, da comunidade Pedrinhas Clube de Mães em Anajatuba, MA, e ainda da Associação de Quebradeiras de Coco de Chapadinha do Assentamento Canto do Ferreira, em Chapadinha, MA.

De outro lado, fizeram parte dos estudos pesquisadores da Embrapa Maranhão (MA), Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com a Rede ILPF e financiamento da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) no Brasil.

O objetivo foi a valorização do trabalho das quebradeiras de coco e do babaçu como produto da sociobiodiversidade brasileira com a diversificação dos coprodutos da palmeira para atender nichos de mercado.

Para tal, o bagaço da amêndoa – até então resíduo da extração do óleo da amêndoa – foi transformada em farinha da amêndoa, matéria-prima para outros produtos, como o análogo do hambúrguer, e incluída em formulações de biscoitos, pães, bolos, mingaus e sorvetes, resultando em mais economia e satisfação dos consumidores.

A pesquisadora Guilhermina Cayres, líder do projeto de pesquisa, diz que os novos alimentos foram desenvolvidos considerando as condições específicas das agroindústrias comunitárias e as práticas tradicionais das quebradeiras de coco, integrando melhorias e padronizações – incluindo as boas práticas de processamento e segurança alimentar – e levando em conta também a aceitação sensorial do produto, agregação de valor às amêndoas quebradas e diversificação de produção.

“Promovemos a interação de conhecimentos técnicos e tradicionais para aumentar o valor agregado da produção artesanal e ocupar nichos de mercado específicos, como os de produtos associados à identidade sociocultural e os voltados para dietas com restrição de consumo de glúten e lactose.

Sabemos que os alimentos oriundos do babaçu são elementos potenciais para criar sistemas alimentares que valorizam a identidade sociocultural de povos e comunidades tradicionais do Maranhão, gerando inclusão produtiva e riqueza com baixo impacto ambiental e inserindo o estado como referência na bioeconomia e no uso sustentável de produtos da sociobiodiversidade”, destaca a pesquisadora.

O professor Harvey Villa, do Departamento de Engenharia Química da UFMA, explica como foi o processo para se chegar ao alimento tipo hambúrguer. “Utilizamos metodologia inversa. Em vez de irmos primeiramente ao laboratório e depois levar o produto para a comunidade, partimos de uma avaliação das condições locais e do potencial das matérias-primas que elas têm, inclusive dos próprios resíduos, o que é muito importante porque a amêndoa do coco babaçu inicialmente é empregada para extração de óleo a frio e a quente. Essa torta, fruto do processo de prensagem, normalmente era usada como ração para animais e sabíamos que ainda tinha bastante conteúdo de lipídios, carboidratos, podendo ser utilizada como um tipo de farinha por meio de bom tratamento e processamento.

A ideia era reaproveitar 100% do produto e obtivemos êxito. A farinha que está sendo utilizada para o hambúrguer não é a do mesocarpo, é da amêndoa, antes resíduo e agora, matéria-prima.

Do ponto de vista físico-químico, a farinha da amêndoa  tem uma boa proposta para a carne de hambúrguer, pois utiliza casca da banana como agente estruturante junto com a amêndoa para dar sabor e maciez ao fritar, e mais a farinha de arroz para dar a liga junto com os temperos, o que garante boa validade do ponto de vista de vida útil e qualidade nutricional para dieta vegana.

Além disso, atingiu um percentual de proteína de 13,17% por 100g de produto, valor adequado para o tipo de alimento. O produto não tem conservantes e dura até seis meses congelado. Foram feitas quatro formulações e chegou-se a duas: uma com casca de banana e outra com polpa de jaca. Devido à maior disponibilidade e regularidade da banana ao longo do ano, o hambúrguer à base de amêndoa de babaçu e casca de banana foi a opção priorizada entre as quebradeiras de coco e a equipe técnica para prosseguir com os testes e análises.


Segundo a professora da UFMA Yuko Ono, nutricionista e membro da equipe técnica, uma das características funcionais da casca de banana é a presença de inúmeros sítios ativos responsáveis pela absorção de metais, entre os quais se destaca o cobre, presente em muitos processos industriais, mas nocivo à saúde humana quando em alta concentração. “Além disso, a casca da banana apresenta também teores de nutrientes maiores do que a polpa, como fibras, vitaminas, minerais e é rica em pectina. As fibras atuam na melhoria do trato gastrointestinal e no controle e prevenção de certas doenças crônico-degenerativas”, acrescenta Ono.

Jefferson Marinho, bolsista do projeto, se envolveu diretamente na produção do hambúrguer e relembra o processo. “Partimos do zero, queríamos que o produto tivesse as características organolépticas mais similares possíveis às da carne, além de ingredientes específicos, como a farinha da amêndoa do babaçu, que é bastante rica nutricionalmente e energeticamente”, diz. Para isso, os pesquisadores envolvidos uniram os conhecimentos científicos aos saberes tradicionais das quebradeiras para definir a forma de preparo e os ingredientes.

Rosângela Lica, da Coomavi, detalha a descoberta da farinha da amêndoa obtida a partir do resíduo da prensa do óleo. “Nós não fazíamos farinha do bagaço do óleo, usávamos como ração animal. O costume era fazer farinha do mesocarpo. Aprendemos a assar e torrar o bagaço no forno para atingir o ponto certo e transformá-lo em farinha da amêndoa, um produto que substitui o coco ralado em todas as formulações, dá muito mais crocância e tem melhor aceitação pelos consumidores, pois os produtos são 100% feitos com o babaçu”, ressalta.

Para Alana Licar, também da Coomavi, “os impactos foram positivos, pois agregam mais sabor e qualidade, evitam desperdícios e garantem um produto benéfico, oriundo de uma matéria-prima encontrada em abundância”. Antonia Vieira, da comunidade quilombola Pedrinhas Clube de Mães, fala da presença das mulheres quebradeiras desde o início da pesquisa. “Somos parte desse processo, muito rico para nós e para os pesquisadores. É uma troca maravilhosa”, celebra.

 

Consumidores aprovam novos produtos 1e513v


Os novos produtos atendem diferentes exigências do mercado de alimentos – nutrição, saúde, boas práticas de qualidade, segurança alimentar, padronização e valorização de produtos da culinária e cultura regionais e comercialização – e aram por testes de análise sensorial. A qualidade dos alimentos compreende, basicamente, três aspectos fundamentais: o microbiológico, o nutricional e o sensorial.

O aspecto sensorial é o que mais atrai o consumidor na hora de escolher um produto alimentício. Por isso, deve apresentar características sensoriais agradáveis, próprias do produto, tais como cor e aparência, consistência e textura, aroma e sabor característicos e desejáveis.

Segundo a engenheira de alimentos Glória Bandeira, professora da UFMA, essa etapa da pesquisa é importante em diversas situações. Entre elas, o desenvolvimento de novos produtos, melhoria de um produto existente, comparação com um produto concorrente já estabelecido no mercado, mudança na formulação, melhoramento genético e mudança de equipamento ou processo. “A análise sensorial é fundamental para analisar as características de um produto com base nos sentidos humanos e fornecer dados confiáveis para a tomada de decisão. No caso dos alimentos do babaçu, fizemos análise físico-química, microbiológica e nutricional e também estudo de vida de prateleira dos produtos. Convidamos os alunos dos cursos do IEMA Gastronomia para degustar e avaliar dos produtos, que foram aprovados em todas as etapas e liberados para comercialização”, observa.

Para o professor Paulo Sousa, da UFC, parceiro para coordenação da avaliação sensorial, a análise tem o objetivo de avaliar a aceitação de potenciais consumidores, além de fornecer uma caracterização qualitativa do produto em relação ao aroma, sabor e textura. “Buscou-se aferir o percentual de aceitação, e também a possibilidade de ajustes do produto antes que o mesmo entre no mercado consumidor”, acrescenta.

 

Inovação social contínua 294t1o


Para multiplicar os conhecimentos gerados no processo de inovação social, as mulheres receberam treinamentos, dialogaram com os parceiros da pesquisa, exercitaram os novos conhecimentos, ajustaram práticas de acordo com seu conhecimento tradicional com formulação de alimentos e treinaram outros grupos de mulheres para a produção dos novos alimentos oriundos da amêndoa do babaçu para promover o empreendedorismo e a autonomia de mais mulheres.

Samara Bontempo, bolsista do projeto, entende que participar das pesquisas com alimentos à base de babaçu em diferentes comunidades agroextrativistas tem sido fundamental para sua formação e a de outros jovens cientistas que valorizam o conhecimento tradicional e o potencial da sociobiodiversidade. “Pra mim, fazer parte da equipe de pesquisa amplia a visão dos pontos de vista sociohistórico, geográfico e ambiental. Temos o objetivo de tornar essas organizações autossuficientes, atores dos seus processos de decisão, inovação, sustentabilidade e mercado, mostrando uma nova perspectiva do babaçu como elemento âncora de um sistema alimentar com a identidade cultural do Maranhão”, ressalta.

 

Transformando vidas  5y4z5w


O Maranhão se destaca pela produção de coco babaçu. São mais de 300 mil maranhenses, conhecidas por quebradeiras de coco, que vivem dessa atividade e, ao longo do tempo, foram colocadas à margem do processo de desenvolvimento. Por isso, o foco da pesquisa vai além do produto e abrange o desenvolvimento das quebradeiras de coco para que possam fortalecer suas organizações e usufruir dos benefícios da ciência, com produtos de preço justo e agregação de valor e renda aos seus negócios.

É unânime entre as quebradeiras de coco que os novos produtos e formulações alimentícias já impactam a qualidade de vida das famílias das comunidades tradicionais. “Nosso esforço está sendo recompensado. Os consumidores veganos estão adorando e os não veganos também. Estamos muito felizes com os resultados do tipo hambúrguer e da farinha da amêndoa. Nas feiras de São Luís, os produtos são sucesso junto aos consumidores”, diz Rosângela Licar, da Coomavi. Maria Domingas, da Comunidade Pedrinhas Clube de Mães, reforça que “o babaçu não é um simples coco, é um trabalho enorme que gera renda, qualidade de vida e cidadania”.

O professor Harvey Villa avalia os resultados colhidos com a pesquisa em parceria com as quebradeiras de coco babaçu. “Mostrar aos alunos que existe um mercado de trabalho com foco no desenvolvimento socioeconômico de uma região abre perspectivas de trabalho e opções laborais. Trabalhar em parceria com as mulheres do babaçu foi muito gratificante. O hambúrguer é muito gostoso, é um hambúrguer espetacular. Nosso objetivo foi cumprido. Elas vendem o produto a um preço bem competitivo e os consumidores estão apreciando bastante. Não sobra nada”, comenta

Westphalen Nunes, representante da Agência GIZ no Brasil, resume os efeitos da valorização da cadeia do babaçu. “Estamos felizes em colaborar para que o babaçu possa explorar suas potencialidades, gerando mais renda e qualidade de vida às quebradeiras, mais opções de produtos de qualidade para o mercado consumidor e mais riqueza com desenvolvimento sustentável para o Maranhão”.

 

Hambúrguer é premiado 4f63e

Como reconhecimento pelo desenvolvimento do alimento tipo hambúrguer, a equipe técnica liderada pela pesquisadora Guilhermina Cayres foi uma das finalistas do prêmio Con X Tech Prize: Amazônia, uma competição global que busca inovações científicas e tecnológicas de vanguarda para transformar as atuais economias destrutivas e extrativistas da Amazônia em economias modernas e regenerativas. Um dos requisitos é que as soluções devem proteger a integridade dos ecossistemas, respeitar os povos indígenas e as comunidades locais, bem como seu conhecimento tradicional, e apoiar a distribuição justa dos benefícios gerados pela comercialização de produtos e serviços florestais.

Parceiros e recursos 6p3a4e

A iniciativa teve a coordenação da Embrapa Maranhão, com financiamento da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ) no Brasil e gestão financeira da Rede ILPF, em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Instituto Federal do Maranhão (IFMA), Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Embrapa Agroindústria Tropical, Universidade Federal do Ceará (UFC), iniciativa privada, organizações não governamentais e outros agentes das cadeias de valor. Esse projeto está vinculado à parceria da Embrapa com o The Good Food Institute (GFI) e com o Conservation X Labs (CXTP), sob gestão financeira da Fundação Arthur Fernardes (Funarbe).

Flavia Bessa (MTb 4469/DF)

Embrapa Maranhão

Mudanças climáticas: Banrisul amplia linhas para financiar irrigação e recuperação de solo na 25ª Expodireto Cotrijal 1ecy

O Banrisul estará presente na 25ª Expodireto Cotrijal, que acontece de 10 a 14 de março, em Não-Me-Toque. Com um portfólio completo para todas as categorias de produtores rurais, a instituição ofertará as linhas disponíveis no Plano Safra Banrisul 2024/2025.

Um estande do Banco, localizado no setor de instituições financeiras, atenderá o público das 8h às 18h, e contará com 40 especialistas em agronegócios, além de times direcionados às linhas de desenvolvimento, consórcio e e às máquinas da Vero.

Equipes também atuarão diretamente nas revendas, bem como prestando atendimento por meio de WhatsApp e e-mail.

O presidente do Banrisul, Fernando Lemos, destaca a importância de investimentos com foco em garantir aos produtores gaúchos resistência em casos de eventos climáticos adversos, principalmente após os últimos episódios ocorridos no Estado.

“Nesta edição, as linhas de crédito voltadas para irrigação, correção e recuperação de solos serão destaque, porque são fundamentais para proteger a produção e mitigar os impactos das intempéries”, afirma Lemos.

Para a 25ª Expodireto, empreendedores rurais podem contar com as taxas diferenciadas do Banrisul, com juros a partir de 2,5% a.a. para o pequeno produtor e a partir de 7% a.a. para o médio e grande produtor. Os prazos de financiamentos variam de acordo com a linha de crédito, podendo chegar em até 10 anos.