A paisagem única dos arredores de Porto Alegre 4b5c4v

José A. Lutzenberger – engenheiro agrônomo* w1u1b

Paisagem dos arredores da cidade de Porto Alegre era de rara e singular beleza. A combinação geobotânica é única no mundo, única também no Rio Grande do Sul.
Desde os pantanais do vale do Rio Gravataí, até a ponta de Itapuã e das margens do Guaiba até a planície costeira, estende-se uma cadeia de cerros graníticos entremeados de lindos vales e planícies.
Estes cerros fazem parte de uma formação maior que alcança até Pelotas, no Sul, até Caçapava no Oeste. Estes cerros são de pouca altura, os mais elevados mal atingem 300 metros, mas eles representam os últimos restos de uma majestosa cadeia de montanhas que aqui se levantou numa era geológica muito remota, no período Cambriano, há uns 600 milhões de anos atrás.
De lá para cá, a lenta, porém, persistente erosão geológica abaixou esta Cadeia, deixando-a com sua fisionomia de cerros levemente ondulados, com poucas encostas íngremes. “Uma paisagem humanamente bela”, como dizia o saudoso Pe. Balduino Rambo, um dos maiores conhecedores do Rio Grande do Sul, um dos poucos que soube aprecisar suas paisagens e amá-las profundamente, porque as compreendia em toda sua plenitude ecológica.
Durante o lento e paciente processo de moldagem geológica, durante incontáveis milhões de anos, as rochas foram adquirindo formas, as mais variadas, porém sempre harmônicas. O granito nunca deixa cristas e ângulos, prefere sempre formas redondas e suavemente arqueadas. Apareceram assim os numerosos chapadões que, ainda hoje, caracterizam a maioria destes morros.
O aspecto mais espetacular, porém, que nos brindou a longa história desta paisagem, uma das mais velhas do globo, foram os numerosos monólitos, ou “matacões”, com suas formas, as mais bizarras, mas smpre suaves e lisas. Estes matacões muitas vezes assentavam sobre o topo dos cerros como imensos ovos semi-enterraqdos ou apoiados sobre ovos menores, às vezes em grupos maiores ou menores. Em alguns casos, estes matacões avançavam sobre a planície. Ainda existe um belo exemplar deste tipo numa pracinha na praia da Alegria. As praias do Guaiba, ao lado de Porto Alegre, desde a cidade até Itapuã, abrigavam grande número destes matacões, todos de grande beleza. Um dos últimos sobreviventes é a Pedra Redonda. A reunião mais esplendorosa de matacões era a da Ponta da Serraria.
Os morros têm solos pouco profundos em alternância com os chapadões que são as partes e em que aflora a entranha rochosa. Talvez devido esta pouca profundidade, talvez por razões ecológicas ainda não bem compreendidas porque não estudadas, o traje florístico dos morros é muito variado e muito fascinante. Nos topos e na maior parte das encostas predomina, em geral, a vegetação de prados em campos abertos. Estes campos às vezes podem tornar-se progressivamente mais “grossos”, como diz o gaúcho. Expessando-se em transição lenta e suave até chegar ao mato alto, mas esta é a exceção. O caso normal é o limite abrupto entre o campo e o mato.
A fisionomia florística dos morros caracteriza-se, assim, pela alternância de manchas de campo e de mato, que se disputam mutuamente o terreno. Algumas vezes o mato consegue cobrir toda uma encosta ou todo um morro, outras vezes não a de pequenos  capões isolados  ou de linha de capões ao longo dos cursos dágua, linhas estas que sobem a encosta ao longo do córrego para morrer na vertente.
Muito comuns são também mini-capões isolados, associados com afloramentos de rocha, onde a vegetação arbustiva, ou arbórea, serve de moldura a matacões ou grupos de matacões. Algumas vezes a rocha, em campo aberto, está associada apenas a uma solitária capororoca acompanhada de um velho cactos em forma de candelab ro. Também podem aparecer figueiras isoladas sombreando elegantes arranjos de pedra.
Temos assim dois grandes ecossistemas justapostos e entremeados, abrigando, cada um, toda uma série de comunidades florísticas menores, podendo aparecer, inclusive, pequenos lagos em todos de morros, como no caso do Morro Teresópolis, que era um dos mais belos da região.
O bosque era outrora frondoso e riquíssimo em espécies. Havia muitas valiosas essências florestais com exemplares centenários. Abundava a guabiroba, o cedro, a canela, o angico, a guajuvira e muitas outras madeiras finas. Nas margens do mato predominavam certas mirtáceas, como a pitanga e o camaboinzinho. Nestas margens apareciam também certos maricás com flores muito belas, às vezes vermelhas, outras vezes brancas. Em certos vales havia capõezinhos em pleno banhado onde, nas margens, predominavam belos filodendrons.
Estes bosques, quando ainda intactos, quando ainda exibiam a pátina dos séculos, eram verdadeiras paisagens do país de histórias de fadas. Incrível era a riqueza de epífitas, de plantas que, sem serem parasitas, cresciam acavaladas sobre as árvores.
Toda figueira velha tinha sua saia cinzento-azulada de barbas-de-pau, uma pequena bromeliácea capaz de viver exclusivamente do ar e da chuva. Sobre os velhos galhos e troncos, então, havia verdadeiros jardins de orquídeas, bromélias, samambaias e Rhipsalis, um cactos filamentoso que pende em forma de cabeleira verde. Era muito comum também ver-se um cactus columnar, o mesmo cereus dos grupos de rochas do campo, montado no alto de uma figueira gigante onde sua semente teria sido plantada por algum pássaro.
Muito comum era a, hoje extinta, baunilha que trepava pelos troncos das árvores. Havia também uma profusão de lianas, entre as quais se destacavam várias formas de maracujá e de aristolochia.
Como contrapartida para o vestido epífita das árvores, o solo e, especialmente, as rochas tinham uma coberta igualmente bela de plantas de sombra, entre alas uma grande riquezas de samambaias, musgos, licopódiuns, hepáticas, líquens e algas. Um espetáculo encantador e único. Este tipo de bosque não ocorre em nenhuma outra parte do mundo. Trata-se de uma comunidade florística exclusiva desta região. Quando tivermos eleiminado o último deste tipo de mato ele terá desaparecido para sempre da face do globo.
Igualmente belas e esquisitas eram as formações que se instalavam sobre as rochas. Antes das promeiras depredações, os matacões apresentavam-se sempre cobertos de plantas ep´´ilitas, com várias espécies de bromélias de espetaculares inflorescências, algumas samambaias adaptadas à vida no sol e em condições extremas, musgos, peperômias e Rhipsalis. Estes agrupamentos  conseguiam as vezes produzir sobre a rocha um início de solo que permitia, então, a instalação de outras espécies no topo do matacão.
Cresciam, então, enormes cereus ou nascia uma figueira que, quando velha, abraçava com suas raízes toda a pedra. Conforme a exposição de uma pedra podia também estar coberta de vegetação de sombra. Eram muito comuns os matacões cobertos de verdadeiros gramados de Catlleyas. Na época da floração da orquídea, o monólito se cobria de um véu cor-de-rosa. Um espetáculo realmente excepcional no mundo.
Ao lado dos chapadões e entre predras soltas nos descampados, por sua vez, existia toda uma flora semi-xerófita. Na parte mais arbustiva, uma planta que se destacava e que ainda hoje, quando não mutilada, caracteriza a formação, é a opuntia ou tuna, com seus longos e agudos espinhos em forma de agulhas e seu fruto vermelho. Ali onde o solo termina e aponta a rocha nua, costumava aparecer o estranho cactos redondo, o Notocactus, com sua magnífica flor de pistilo púrpura. Ao lado dele pode aparecer a minúscula frailea que, às vezes, varia bastante de morro para morro.
No Morro da Polícia, antes de uma exterminação pelos trabalhos de terraplanagem da Embratel, ela vivia quase escondida no solo, como uma pequena cenoura verde sem folhas. No verão produzia várias flores enormes para ela, porém, muito delicadas, uma verdadeira jóia da natureza. Já em outros morros, no Teresópolis, por exemplo, a frailea é bem diferente, tem forma de um charuto peludinho, mas com flor igualmente esquisita. Cada morro tinha sua forma de Dyckia, uma pequena bromélia terrestre, suculenta, de flores amarelas e folhas rijas em roseta, com matizes, os mais delicados, desde várias tonalidades de verde até cinzento-prateado ou quase branco. Cada uma destas espécies era endêmica de seu morro, evoluiu com ele. Como esta planta não tem capacidade de viajar, a semente não é carregada nem pelo vento nem por animal algum e podendo viver apenas nas margens dos chapadões. Cada espécie está separada das irmãs do morro vizinho o tempo que levou a erosão geológica para abrir o valo entre elas. Em alguns casos, isto deve ter levado algumas dezenas de milhões de anos. A  Dyckia da parte do topo do Morro da Polícia era uma das mais preciosas. Não existe mais. Ali, naquele topo, existia outra planta endêmica, a Colletia Crucciata, um arbustinho de puro espinho, em formas bizarras de cor v erde-azulado. Também desapareceu vítima da terraplanagem cega e brutal. Esta planta ocorria naqueles poucos metros quadrados e em mais nenhuma parte da região.
Quando um chapadão, apenas cobverto de uma fina camada de solo, estanca a água, aparecem comunidades especialmente adptadas a estas condições. Nestes lugares podem encontrar-se, às vezes, minúsculas orquídeas de solo ou as delicadas florzinhas da Utricullária, uma planta carnívora que se alimenta captando animaizinhos univelulares no solo, com cápsulas especiais nas raízes. Ali, também, pode aparecer uma verdadeira jóia do mundo vegetal, a pequena e delicada Drosera, outra planta carnívora, que com suas folhas cobertas de tentáculos, cada um com uma gotícula de mel pegajoso na ponta, capta insetos pequenos, especialmente mosquinhas e formigas.
A flora desses cerros é realmente excepcional e sua descrição completa encheria livros. Em parte, esta flora ainda não está estudada. A ecologia da zona é quase desconhecida. Esta paisagem é de grande valor, sob todos os aspectos, uma paisagem de beleza e encantos excepcionais, desconhecidos em outras partes do mundo. Os naturalistas estrangeiros que aqui estiveram sempre saíram impressionados.
Ultimamente, entretanto, alguns ao reverem esta paisegem depois de longa ausência, partiram tremendamente decepcionados, chocados, incapazes de compreender como pode um povo, de tal maneira, desrespeitar seus mais preciosos patrimônios a ponto de, cega e inescrupulosamente , depredar, degradar e obliterar o que tem de mais característico e belo.
Infelizmente, nosso povo sempre foi de uma cegueira total diante4 dos espetáculos da natureza, por mais belos e fasciantes que fossem, raríssimas vezes soube ver além do negócio e do lucro imediato. Esta paisagem está hoje seriamente depredada, sobram muito poucos rincões que ainda dão uma idéia do que era a sua beleza original.  Assim, de longa data vem o incrível costume de desmantelar os mais belos matacões. Arranca-se impiedosamente  sua cabeleira epílita e o martelo e o formão am então, tranquilamente, a talhar moirões , meios fios e paralelepípedos. Para compreender a magnitude do sacrilégio que isto significa, basta imaginar-se o tempo que necessitaram a lenta erosão geolólgica, o ácido dos líquens e das raízes das epílitas, para moldar estas magníficas pedras: apenas algumas dezenas de milhões de anos. Se destruir um monumento arquitetônico de algumas centenas de anos  é crime imperdoável, que dizer deste tipo de depredação?
Não só os matacões já quase desapareceram e continuam desaparecendo, as belas figueiras centenárias estão quase todas condenadas. Tanto o caboclo, como o excursionista, insistem em fazer seu foguinho ao pé da árvore, entre as aletas das grandes raízes. Tanto a população local, como turistas e engenheiros estão hoje fazendo o possível para acabar rapidamente com tudo que ainda é belo nesta região. Quando não é a agricultura de rapina do caboclo, que derruba o último mato, é o fogo do excursionista ou do maloqueiro, que dizima a esquisita flora. Quando não é a pedra solitária que desaparece sob o assalto do martelo e formão, é toda a encosta do morro que sucumbe na pedreira monstro.  Onde não é a dinamite, é o buldözer  que arrasa o que ainda sobra. Aparecem assim enormes e gritantes feridas vermelhas que hoje enfeiam a paisagem e que são visíveis de longe para quem se aproxima de avião, por terra ou de barco. O último mato que o roceiro ainda não conseguiu liquidar, é serveramente mutilado pela CEEE, que acha que debaixo da linha de alta tensão deve haver sempre uma faixa de 100 metros de largura de deserto, ou é a Embratel que aplaina os mais belos topos, para ali colocar suas torres, com se não fosse possível instalá-las respeitando as obras da Natureza. O que ainda consegue sobreviver, desaparece então com os loteamentos indisciplinados, ou com o avanço ainda mais caótico das malocas.
Todas as explorações estão feitas de maneira absolutamente acótica, sem a mínima preocupação paisagística ou ecológica, com cegueira e irreverência total, absoluta.
As nossas autoridades nunca tiveram a mínima sensibilidade para estes aspectos, nunca viram nada, antes encorajaram as depredações. A degradação avança a o acelerado, em espiral exponencial. Se as atuais tendências continuarem por mais alguns anos, o que era uma das paisagens mais amenas e preciosas do mundo ará a ser apenas um amontoado de feiúra, desolação e destroços. A marcha exponencial para a destruição fará com que em bem poucos anos, mesmo que queiramos, já não haja mais possibilidade de salvar nada de valioso.
É, portanto, absolutamente indispensável que disciplinemos em tempo, isto é, já, a exploração, o desenvolvimento e a urbanização da região. Deve ser feito um zoneamento que limite definitivamente, e claramente, o que pode ser urbanizado, quais os elementos paisagísticos que devem ser conservados ou recuperados, quando possível, onde pode e onde não pode ser feita exploração agrícola. É imprescindível que se faça um levantamento ecológico da região, com mapeamento dos diferentes ecossistemas e comunidades florísticas. A parte não liberada para a agricultura e urbanismo deve ser rigorosamente protegida, podendo, então, reintroduzir-se inclusive a fauna, já praticamente extinta.
Costumamos ser muito precipitados e copiar o “progresso” material dos países que iramos, mas esquecemos completamente de copiar também outros aspectos igualmente importantes e vitais, como é o respeito paisagístico e a conservação da natureza.  Se podemos ter congressos de cibernética, está na hora de também copiarmos o guarda-florestal, o cuidado da flora e fauna como são praticados na Europa e nos Estados Unidos
(* Texto Mimeografado/1980)

Efeito Bolsonaro: Tocantins autoriza lote de 557 pedidos de desmatamento 65442

O Diário Oficial do Tocantins publicou na sexta-feira (2) uma lista de “Extratos de Autorização de Exploração Florestal”. São autorizações, ao todo 557, que permitem desmatar áreas requeridas para explorar a terra.

Horas antes da publicação, o governador Mauro Carlesse (DEM) havia assinado uma “carta de Palmas” ao final de um fórum com governadores da Amazônia Legal.

Durante o evento, os governadores do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e do Pará, Hélder Barbalho (MDB), defenderam os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que apontam crescimento do desmatamento.

O texto carta de Palmas diz que “Os governadores manifestam firmemente a preocupação com o avanço do desmatamento ilegal na Amazônia Legal e ratificam o compromisso institucional de buscar mecanismos reais que garantam o desenvolvimento sustentável da região”.

O Governo do Tocantins informou que as autorizações publicadas são referentes aos requerimentos que já estavam aprovados. Em nota diz que foi “realizada uma força-tarefa, para gerar todos os extratos das autorizações aprovadas e encaminhados em lote para publicação”.

Veja a nota na íntegra abaixo.

O governo do Tocantins por meio do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) esclarece que os Extratos de Autorização de Exploração Florestal (AEF) publicados no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira, 2, são referentes aos requerimentos que já estavam aprovados anteriormente, conforme suas respectivas datas. Portanto, essa publicação em lote, realizada no referido DOE, apenas se trata da conclusão do procedimento de formalização de rotina, que já estava prevista para ser realizada.

Com a mudança da gestão do Instituto, todas as demandas anteriores estão sendo concluídas. Assim, foi realizada uma força-tarefa, para gerar todos os extratos das autorizações aprovadas e encaminhados em lote para publicação.

O procedimento de licenciamento é realizado através do Sistema Nacional de Controle de Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor), que recentemente ou a funcionar de forma integrada com o sistema estadual.

O Naturatins informa que as AEF’s emitidas, cumprem com todos os requisitos legais, preservando os percentuais de vegetação nativa, previsto no Código Florestal. Não havendo, portanto, desmatamento desassistido.

Vale destacar que durante o Fórum da Amazônia Legal os governadores manifestaram preocupação com o desmatamento ilegal ratificando o compromisso institucional de buscar mecanismos reais que garantam o desenvolvimento sustentável da região. Por fim, o Governo esclarece que as autorizações referentes aos extratos publicados no DOE são de direito do produtor e asseguram a viabilidade ambiental de cada empreendimento.

Investigadores não tem pistas sobre morte do cacique Wajãpi; corpo será exumado 66765

Os dois procuradores que conduzem as investigações sobre a morte do cacique Emyra Wajãpi, no Amapá, Rodolfo Lopes e Joaquim Cabral, se reuniram na sede do Ministério Público Federal com o vereador Jawaruwa Wajãpi e o indígena Japu Wajãpi.
Os indígenas contaram como foi a morte do cacique e também falaram sobre a transferência do corpo de Emyra e a exumação, que será nesta sexta-feira (2).
O procurador-geral, Rodolfo Lopes, disse que o traslado do corpo de Emyra Wajãpi será feito por deslocamento aéreo e por terra, para Macapá.
O vereador Jawaruwa Wajãpi conta como foi o relato de alguns guerreiros wajãpis no dia da morte do cacique.
Em nota, o Conselho das Aldeias Wajãpi disse que, após um jovem da aldeia CTA ter sido abordado por um homem com uma arma, possivelmente, calibre 12, no rio Igarapé à margem da BR 2010, moradores das aldeias das estradas montaram grupos para procurar os invasores.
A força-tarefa que investiga o caso afirmou que não encontrou vestígios na primeira investigação, conforme denúncia de lideranças indígenas. E o MPF também disse que não foi possível confirmar os motivos da morte de Emyra Wajãpi, nesse primeiro momento.
O Conselho Indigenista Missionário emitiu nota dizendo que “o povo Wajãpi, teve um de seus líderes assassinado no último dia 26, durante uma invasão de garimpeiros em suas terras, no Amapá, segue denunciando novas invasões e ameaças em seu território”.
Segundo o Cimi, os indígenas têm se organizado em grupos para fazer buscas na mata, após novos indícios de invasores terem sido encontrados nos arredores.
Os moradores da aldeia, próximo às margens da BR-210, relatam terem visto invasores dentro do território na terça-feira (30). “Um jovem Wajãpi, ao tomar banho no igarapé, que fica próximo à aldeia, ouviu alguém gritando. “Ei!” Atrás dele. Quando ele se virou, viu um homem alto, forte, de cabelo crespo grande e barba, apontando para ele uma arma que pareceu uma espingarda calibre 12 automática”, relata o Cimi.
No dia 26, a tribo Wajãpi viu o assassinato do cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos, após ataques de garimpeiros em Pedra Branca do Amapari, no oeste do Amapá.
Eles apontam para um grupo de 15 invasores, portando armas de grosso calibre, que estariam tentando intimidar os índios da região para tomar a aldeia, de acordo com documento interno da Fundação Nacional do Índio (Funai) obtido pelo jornal Folha de S. Paulo.

Povo Wajãpi pede apoio do Exército 322g5f
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Nós do conselho das aldeias Wajãpi queremos divulgar novas informações sobre o que está acontecendo na nossa terra indígena e pedir novamente apoio da polícia federal ou exército para garantir a segurança do povo Wajãpi. l3m29

No dia 30 de julho de 2019, de manhã, nós recebemos a visita do senador Randolfe Rodrigues que veio ouvir as nossas palavras sobre o que está acontecendo na nossa terra indígena e pedir esclarecimentos sobre algumas informações que ele recebeu. O senador falou que vai continuar nos apoiando para a polícia continuar investigando sobre a invasão, até prender os invasores. E para permanecer na terra indígena Wajãpi, protegendo nossas comunidades até termos certeza que eles não estão mais aqui dentro. Além disso, ele convidou alguns Wajãpi para irem ao ministério público federal contar o que viram e o que sabem sobre os invasores.
Ontem no final da tarde recebemos informações dos moradores da aldeia CTA, que fica na margem da BR 210. Por volta das 18 horas, um jovem daquela aldeia foi banhar no igarapé próximo à aldeia e ouviu alguém gritando “ei!” atrás dele. Quando ele se virou, viu um homem alto, forte, de cabelo crespo grande e barba, apontando para ele uma arma que pareceu uma espingarda calibre 12 automática. Então o jovem ficou com muito medo e foi correndo até a aldeia chamar alguém para ajudar. Logo depois voltou ao igarapé com mais cinco homens e não encontraram mais o invasor, mas viram rastros de duas pessoas descalças, cada uma indo em uma direção diferente. Eles fotografaram e filmaram as marcas que viram para mostrar para a polícia. Mas resolveram não seguir os rastros porque já estava anoitecendo. Segundo o jovem, o homem que ele viu estava vestindo uma camiseta preta de mangas compridas.
Depois de receber esta informação dos moradores do CTA, moradores das outras aldeias próximas à estrada se organizaram para vigiar todo o trecho da BR que fica dentro da TI durante a noite.
Hoje de manhã os moradores do CTA encontraram novos rastros de duas pessoas na proximidade da aldeia e avisaram para as outras aldeias. Então os moradores das aldeias da estrada organizaram grupos para procurar os invasores e estão procurando até agora.

(Com informações da Agência Brasil e do CIMI)

Polícia Federal investiga a morte de cacique na reserva dos Wajãpi 4m2r1s

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, disse hoje (29) que não há evidências de atuação de garimpeiros na área do povo Waiãpi, no Amapá.
Uma equipe da Policia Federal está na área desde sábado. Os indígenas denunciam a presença de invasores armados, que teriam assassinado o chefe da aldeia Waseity, Emyra Wajãpi, de 62 anos.
“Até o momento, a informação que dispomos é que não há indício de atuação de garimpeiros no local” disse Rêgo Barros em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, no fim da tarde..
O Ministério Público Federal (MPF) também informou nesta segunda-feira que as investigações preliminares não apontaram a presença de grupos invasores na terra indígena.
´Mas isso não está descartado e novas diligências na região ainda serão realizadas, inclusive porque a morte do cacique tem que ser esclarecida.
Lideranças indígenas relataram para as equipes de investigação que 15 invasores aram uma noite na aldeia Yvytotõ, distante cerca de 300 quilômetros da capital, Macapá, de forma “impositiva” e “de posse de armas de fogo de grosso calibre”.
Segundo os relatos dos índios, Emyra Wajãpi foi morto na tarde de segunda-feira (22). Entretanto, a morte não foi testemunhada por indígenas e só foi percebida na manhã de terça-feira (23).
Mineração
O porta-voz também abordou o tema da autorização para exploração de reservas minerais em áreas indígenas, tema que é defendido pelo presidente Jair Bolsonaro e está em estudo pelo governo federal, envolvendo diversos órgãos e entidades.
Otávio Rêgo Barros disse que a medida precisa ser regulamentada por meio de projeto de lei.
“Para a viabilização e atividades de empreendimentos dos setores energético e mineral, mas não apenas esses, em terras indígenas, faz-se necessária a regulamentação de alguns artigos da Constituição Federal por meio de uma lei ordinária, um projeto de lei. Este assunto está sendo tratado de maneira interssetorial, com a participação de várias entidades e ministérios, tendo como premissa a observação e o cumprimento de leis e convenções nacionais e internacionais, que tenham sido ratificadas pelo Estado brasileiro”, disse.
Invasão
Indígenas da etnia Wajãpi denunciaram na terça-feira (23) o assassinato do cacique Emyra Wajãpi, de 68 anos, após ataque de garimpeiros em Pedra Branca do Amapari, no oeste do Amapá.
As informações, ainda iniciais, apontam para um grupo de 15 invasores, portando armas de grosso calibre, que estariam tentando intimidar os índios da região para tomar a aldeia, de acordo com documento interno da Fundação Nacional do Índio (Funai) obtido pelo jornal Folha de S. Paulo.
A Funai e as polícias federal e militar chegaram à região no sábado pela manhã para apurar a morte do cacique e as denúncias de invasão relatadas pelos indígenas.
As denúncias provocaram manifestações de artistas, políticos e intelectuais fizeram apelos às autoridades para que se investigue o assassinato e se dê respaldo ao pedido de socorro enviado pelos Wajãpi.
“Eu peço às autoridades brasileiras que em nome da dignidade do Brasil no mundo, ouçam esse grito”, declarou o cantor e compositor Caetano Veloso em um vídeo divulgado em suas redes sociais.
A jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual, entrevistou nesta segunda (29) o ex-governador do Amapá João Capiberipe. Em contato com o cacique Viceni Waiãpi, ele acredita que os invasores não são garimpeiros e diz que os relatos confirmam que eles estão armados com metralhadoras. “Não é apenas uma invasão, é um grupo de bandidos que assam e aterrorizaram mulheres e crianças”, afirma.
Clima de ódio
Segundo Capiberipe, à época da ditadura civil-militar, os Wajãpi sofreram um genocídio e desde que suas terras indígenas foram reconhecidas, em 1995, a população estava se reconstituindo. .
No mesmo dia em que o crime ocorreu, Bolsonaro chegou a defender a exploração de minérios em terras indígenas. “Quando o presidente do país dá essas declarações preconceituosas, ele cria ódio contra essas populações. Não há democracia sem respeito às diferenças”, avalia o ex-governador do Amapá.
Em nota de pesar e repúdio aos ataques, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) alertou que os “discursos de ódio e agressão do presidente e demais representantes de seu governo servem de combustível e estimulam a invasão, o esbulho territorial e ações violentas contra os povos indígenas”.
Outros órgãos,, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), também manifestaram preocupação com o crime e cobraram providências por parte das autoridades brasileiras.
A violência contra os índios vem crescendo desde 2017, de acordo com Relatório Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil, mas sofre um acirramento durante o governo Bolsonaro.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra ainda que houve expansão dos focos de garimpo ilegal no Norte, além de um aumento do desmatamento a partir de janeiro deste ano.
Durante audiências com o Ministério da Justiça e da Defesa, o líder indígena da etnia Yanomami, David Kopenawa, alertou que a invasão de garimpeiros chegava a envolver 20 mil pessoas. Atrás de ouro e diamante, esses grupos ilegais se espalham pela região firmando inclusive núcleos improvisados.
Com informações da Agencia Brasil, RBA, FSP)

Amazônia perde três campos de futebol por minuto, diz The Guardian 21ta

O jornal britânico The Guardian publicou nesta quarta-feira ampla reportagem de Jonathan Watts sobre o aumento da derrubada da floresta na Amazônia. Ele diz que o ritmo de desmatamento volta aos piores níveis de 20 anos atrás.

Leia o texto do Guardian:
O desmatamento da Amazônia brasileira subiu acima de três campos de futebol por minuto, de acordo com os últimos dados do governo , empurrando a maior floresta tropical do mundo para mais perto de um ponto de inflexão além do qual não pode se recuperar.
O aumento acentuado – após os aumentos anuais em maio e junho – confirma o temor de que o presidente Jair Bolsonaro tenha dado luz verde à invasão ilegal de terras, extração de madeira e queimadas.
A liberação até agora em julho atingiu 1.345 quilômetros quadrados, um terço maior do que o registro mensal anterior sob o sistema de monitoramento atual pelo sistema de satélite Deter B, que começou em 2015.
A erosão constante da cobertura de árvores enfraquece o papel da floresta tropical na estabilização do clima global. 
Os cientistas advertem que a floresta está em crescente perigo de degradação em uma savana, após o que sua capacidade de absorver o carbono será severamente diminuída, com consequências para o resto do planeta.
“É muito importante continuar repetindo essas preocupações. Há vários pontos de inflexão que não estão longe ”, disse Philip Fearnside, professor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. 
“Não podemos ver exatamente onde eles estão, mas sabemos que eles são muito próximos. Isso significa que temos que fazer as coisas imediatamente. Infelizmente não é isso que está acontecendo. Há pessoas que negam que tenhamos um problema”.
Pode também complicar a ratificação do maior acordo comercial do Brasil com a União Européia se os legisladores da UE decidirem que a nação sul-americana não está mantendo seu compromisso de desacelerar o desmatamento em linha com o acordo climático de Paris.
Os números oficiais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais são um constrangimento crescente para Bolsonaro, que tentou classificá-los como mentiras e criticou o chefe do instituto.
No início da semana, o presidente insistiu que os números deveriam ser exibidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e mostrados a ele antes de serem divulgados para que ele não seja “ pego de calças curtas”.
Isso aumentou o receio de que os dados pudessem ser manipulados no futuro, em vez de atualizados automaticamente on-line todos os dias, como é feito atualmente.
Em seus primeiros sete meses no poder, Bolsonaro, eleito com forte apoio do agronegócio e dos interesses da mineração, agiu rapidamente para desgastar os órgãos governamentais responsáveis ​​pela proteção das florestas.
Ele enfraqueceu a agência de meio ambiente e efetivamente a colocou sob a supervisão do Ministério da Agricultura, cuja titular foi indicada pelo lobby agrícola.
Seu ministro das Relações Exteriores rejeitou a ciência do clima, que seria “parte de um plano marxista global”. O presidente e outros ministros criticaram a agência de monitoramento florestal, Ibama, por impor multas a grileiros e madeireiros ilegais.
O governo também moveu-se para enfraquecer as proteções para reservas naturais, territórios indígenas e zonas de produção sustentável por povos da floresta e convidou empresários a registrar contra-reivindicações de terras dentro dessas áreas.
Isso encorajou aqueles que querem invadir a floresta, limpá-la e reivindicá-la para fins comerciais, principalmente na expectativa especulativa de que ela aumentará em valor, mas também em parte para pastagens de gado, campos de soja e minas.
No início deste mês, foi relatado que milhares de garimpeiros invadiram ilegalmente o território indígena Yanomami, perto da fronteira com a Venezuela. 
Em outros lugares, madeireiros ilegais realizaram pelo menos dois ataques em resposta às operações de imposição do Ibama, segundo o jornal Folha de São Paulo.
No dia 4 de julho, eles teriam queimado um caminhão do Ibama em Espigão d’Oeste, estado de Rondônia e na semana ada teriam queimado pontes em Placas, no estado do Pará.
Ao invés de defender os seus oficiais, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles apareceu a lado dos madeireiros, quando fez um discurso para um grupo deles em Rondônia logo depois, dizendo:
“A indústria madeireira merece ser respeitada … O que Acontece hoje no Brasil, infelizmente, é o resultado de anos e anos e anos de uma política pública de produzir leis, regras, regulamentos que nem sempre estão relacionados com o mundo real. O que estamos fazendo agora é precisamente trazer a parte legal do mundo real que acontece em todos os países de norte a sul. ”
Durante uma recente reunião do G20, Bolsonaro disse à chanceler alemã, Angela Merkel, que ela não tinha o direito de criticar porque o histórico de conservação do Brasil era superior ao da Europa. 
Esta é uma afirmação duvidosa, de acordo com o Climate Observatory , que cita dados do Banco Mundial que mostram que a Alemanha concedeu status de proteção a uma parcela maior de suas terras do que o Brasil.
O Brasil também está indo para trás rapidamente. Após uma redução de 80% na taxa de desmatamento entre 2006 e 2012, sucessivos governos relaxaram as proteções. 
No ano ado, o desmatamento aumentou 13% para o nível mais alto em uma década . Este ano está a caminho de ser muito pior e a tendência está de volta aos dias sombrios do início dos anos 2000.
“Infelizmente, é um absurdo, mas não deve surpreender ninguém. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro Ricardo Salles estão desmantelando nossas políticas socioambientais ”, disse Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima , uma ONG formada por uma coalizão de grupos ambientalistas.
Ele disse que Salles erradicou o departamento responsável pelas políticas de combate ao desmatamento, que nenhum líder foi nomeado em oito dos nove escritórios regionais do Ibama e que as operações para combater crimes ambientais diminuíram 70% entre janeiro e abril de 2019 em comparação com o mesmo período. ano.
Os dados de satélite Deter são considerados preliminares, mas geralmente são um guia para as tendências de longo prazo. Números anuais mais detalhados são geralmente divulgados no final do ano, após o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ter calculado dados do mais poderoso sistema de satélites Prodes.
As árvores são consideradas essenciais para a estabilidade climática. No início deste mês, um estudo indicou que o plantio de um trilhão de árvores poderia remover dois terços de todas as emissões que foram bombeadas para a atmosfera por atividades humanas. Mas os cientistas dizem que a manutenção de florestas existentes, particularmente nos trópicos, é muito mais importante.
 

Nova classificação estabelece regras mais brandas para produtos "muito tóxicos" 34435a

As novas regras para a avaliação de risco de agrotóxicos, foram anunciadas na última terça-feira (23) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A classificação vai  aparecer nas embalagens dos pesticidas e servir para orientar os agricultores na hora de usá-los. Os fabricantes terão 1 ano para se adaptar.
A Anvisa diz que o novo critério segue um padrão internacional e é mais restritivo. Mas ite que, pelo novo método, produtos que atualmente são considerados muito tóxicos poderão ter uma classificação mais branda.
Dos 2.201 agrotóxicos registrados no Brasil que estão no mercado, a Anvisa já recebeu dados para reclassificação de risco de 1.981 produtos.
A agência estimou que o volume dos considerados “extremamente tóxicos” poderá baixar de 800 para 300 na nova metodologia.
Isso porque mudou o que será levado em conta na hora de dizer o quão perigoso é o produto.
Pela lei que regula os agrotóxicos, da década de 1990, existiam 4 classificações;
Também podiam ser classificados como “extremamente tóxicos” (tarja vermelha) produtos que não necessariamente levariam à morte, mas causariam lesões ou irritação severa se ingeridos ou entrassem em contato com a pele ou olhos. Ou seja, risco de morte ou de graves lesões ou intoxicação eram tratados da mesma maneira.
Agora, serão 6 classificações, mas só vai receber o título de “extremamente tóxico” (tarja vermelha) ou “altamente tóxico” (vermelha) o produto que levar à morte se ingerido ou entrar em contato com pele e olhos.
Os que podem causar intoxicação, sem risco de morte, levarão a classificação “moderadamente tóxico” (amarela), “pouco tóxico” (azul) ou “improvável de causar dano agudo” (azul).
“Esse marco não é mais restritivo, ele aumenta os níveis de classificação, mas não significa que seja mais restritivo. A diminuição de produtos da lista de ‘muito tóxicos’ representa, sim, um afrouxamento”, disse Marina Lacôrte, do Greenpeace.
A Anvisa nega que esteja acontecendo uma flexibilização dos critérios.
“É uma palavra que pode ser utilizada [flexibilização], mas não é assim. Nós estamos igualando, como eu venho falando, o marco regulatório do Brasil com o marco regulatório do mundo. Então, se nós estamos flexibilizando, então o mundo está flexibilizando, afirmou o diretor de agrotóxicos da agência, Renato Porto.
Para o professor da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq-USP) e presidente do Conselho Científico Agro Sustentável, José Otávio Menten, a adoção do GHS como padrão para a classificação foi positiva.
Na avaliação dele, as novas categorias aproximam o Brasil de países que são referência no uso de defensivos agrícolas.
“Uma mudança importante pedida por acadêmicos, setor e técnicos em geral era a adoção do GHS, que deixa de fazer a classificação do risco pelo perigo. Não vejo nada de negativo, apenas colocou a legislação no patamar internacional”, explicou.
“Alguns produtos de baixa toxicidade tinham uma classificação muito rigorosa porque causavam irritações na pele e nos olhos, mas não traziam risco [de morte]”, José Otávio Menten, da Esalq-USP.
A Andef, que representa as fabricantes de agrotóxicos no país, recebeu de forma positiva o novo marco. “Devido à evolução científica do conhecimento em mais de duas décadas da lei que rege o sistema de defensivos agrícolas, é preciso avançar com a responsabilidade de responder às demandas do campo”, disse a entidade, em nota.
Para Marina Lacôrte, do Greenpeace, a mudança da metodologia acompanha uma movimentação do governo para maior aprovação dos agrotóxicos.
“Essa era uma coisa que estava em discussão no ‘Pacote do Veneno’ (projeto de lei que tramita na Câmara e propõe mudanças no registro de agrotóxicos). Estamos vendo uma parte deste pacote sendo aplicada diretamente pelo executivo, de forma repentina”, afirmou.
O ritmo de liberações de agrotóxicos neste ano é o mais alto já registrado.
O diretor da agência de vigilância sanitária destacou que as embalagens dos agrotóxicos terão informações mais claras do que atualmente. “Antes, eu [Anvisa] dizia que o produto era tóxico, mas não falava como ele [consumidor] deveria se proteger. O rótulo atual diz a classificação, mas não avisa qual o risco. Como quem está usando vai saber do que se proteger?”, explicou Renato Porto.
Os novos rótulos terão frases como “mata se for ingerido”, “tóxico se em contato com a pele”, e “provoca queimaduras graves” e deverão detalhar os perigos, o que não acontece atualmente.
A caveira que aparece hoje na maioria das embalagens de agrotóxicos só será usada para os que forem classificados como “extremamente tóxicos”, “altamente tóxicos” e “moderadamente tóxicos”.
Para Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), o novo padrão não levou em conta os impactos do uso de agrotóxicos no médio e longo prazo para a população e o meio ambiente.
“Infelizmente podemos dizer que é uma regulamentação voltada para aquele que manuseia o agrotóxico, muito mais relacionada à segurança do trabalho e muito menos protetiva no sentido de informar a sociedade do risco que está ando, digamos assim”, afirmou.
(Com informações do G1)
 
 

Aves em extinção sinalizam o desequilíbrio ambiental 4u69g

Considerado o segundo país em diversidade de aves do mundo, o Brasil também carrega um recorde negativo: é a nação que possui mais aves globalmente ameaçadas.
Estima-se que cerca de 170 espécies correm risco de serem extintas.
Sem elas, um verdadeiro colapso socioambiental poderia tomar conta do território nacional, afetando o equilíbrio do meio ambiente e, consequentemente, influenciando diretamente a vida do ser humano.
Para evitar esse quadro, a proteção e recuperação dos habitats das aves, em florestas, cerrados e campos, é um dos caminhos que está sendo trilhado por ambientalistas e outros especialistas – medidas que também devem envolver toda a sociedade.
O diretor-executivo da BirdLife/SAVE Brasil, Pedro Develey, membro da Rede de Especialistas de Conservação da Natureza, explica que qualquer cidadão pode fazer sua parte, como respeitar a legislação ambiental, manter as propriedades rurais com reservas legais e áreas de preservação permanente ou criar reservas privadas.
“Mesmo uma pessoa que mora em uma cidade pode manter um jardim privado ou ajudar na manutenção de uma área pública ou plantar árvores nativas que produzam frutos e flores e atraiam as aves.”, completa Develey.
Ele lembra que na Mata Atlântica, por exemplo, é necessário um processo de restauração florestal. Ou seja, é preciso plantar árvores nativas nas florestas a fim de manter e preservar o habitat das aves. “Para algumas espécies que já atingiram níveis populacionais muito baixos, é preciso um manejo direto, como a criação em cativeiro para garantir uma população que poderia ser reintroduzida no futuro”, alerta.
De acordo com Develey, as aves são excelentes indicadores ambientais, atuando como um termômetro do meio ambiente. “Um país com tantas aves ameaçadas significa que não está caminhando bem do ponto de vista ambiental. As aves são importantes polinizadores e dispersores de sementes, ‘plantando’ árvores naturalmente e contribuindo para a manutenção do equilíbrio e diversidade do ambiente”, afirma. Além disso, diversas espécies de aves controlam pragas ao se alimentarem de insetos que podem ser prejudiciais à agricultura. Os pássaros também ajudam no combate a vetores de doenças. O beija-flor, por exemplo, além de se alimentar de néctar, contribui no combate ao Aedes aegypti, mosquito que transmite doenças como a dengue, zika, chikungunya e febre amarela.
Perdas
Caso medidas ambientais não sejam tomadas, o Brasil corre um sério risco de perder para sempre muitas espécies de aves. No ano ado, segundo Develey, o país registrou três extinções confirmadas de aves que viviam na Mata Atlântica do Nordeste: o limpa-folha-do-nordeste, o gritador-do-nordeste e uma corujinha, a caburé-de-pernambuco.
Por outro lado, a ararinha-azul, extinta da natureza desde 2000, deve voltar ao meio ambiente nos próximos cinco meses, quando 50 exemplares da espécie devem chegar ao Brasil, repatriadas da Alemanha. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), as ararinhas serão encaminhadas até o Refúgio de Vida Silvestre da Ararinha-Azul, unidade de conservação criada no ano ado, em Curaçá (BA), especialmente para receber as aves. Depois de um período de adaptação em viveiro, elas serão soltas na natureza. Atualmente, existem apenas 163 exemplares da ave em cativeiro no mundo, sendo 13 no Brasil.
“Sem dúvida, o bioma com a situação mais delicada para a conservação da avifauna é a Mata Atlântica – especialmente a região entre Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Outra espécie extremamente ameaçada é a choquinha-de-alagoas, que hoje só existe na Estação Ecológica de Murici (AL) e as estimativas apontam para no máximo 30 indivíduos”, alerta o pesquisador.
Consequências
O especialista aponta que é difícil prever com precisão a extensão das consequências da extinção das espécies de aves. “Existem interações entre as espécies; o desaparecimento de uma pode influenciar diretamente outra, num efeito dominó. Talvez, a curto prazo, os efeitos não serão percebidos, mas a médio e longo prazos, o desaparecimento das aves afeta o equilíbrio de todo o ambiente, que influencia diretamente na vida do ser humano.”
Além disso, o especialista alerta para uma perda irreparável de um patrimônio natural único e insubstituível. “Costumo fazer uma analogia com as grandes obras de arte: se um incêndio destruísse o Museu do Louvre, seria uma comoção mundial. Mas estamos perdendo aves todo ano; nossas ‘Monalisas’ estão desaparecendo e a maior parte da sociedade ainda não se importa”, alerta Develey.
Sobre a Rede de Especialistas
A Rede de Especialistas de Conservação da Natureza é uma reunião de profissionais, de referência nacional e internacional, que atuam em áreas relacionadas à proteção da biodiversidade e assuntos correlatos, com o objetivo de estimular a divulgação de posicionamentos em defesa da conservação da natureza brasileira. A Rede foi constituída em 2014, por iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza. Os pronunciamentos e artigos dos membros da Rede refletem exclusivamente a opinião dos respectivos autores.
(Com informações da Assessoria)
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Doença das macieiras já afeta 10% dos pomares em Santa Catarina 6u444w

A secretaria da Agricultura de Santa Catarina, criou um o Comitê Especial para combater o cancro europeu, praga que ataca as plantações de maçã.
A medida era uma reivindicação dos produtores, desde que essa doença se tornou uma pragas  que causa estragos aos cultivos de maçã  em todo o  mundo.
Santa Catarina é o maior produtor de maçãs do Brasil, com mais da metade da produção brasileira, ocupando mais de 3 mil produtores. São 16 mil hectares cultivados, que rendem mais de 600 mil toneladas por ano.
Segundo dados oficiais a doença já afeta 10% dos pomares de maçãs em Santa Catarina.
“Mesmo o índice sendo considerado baixo, a crescente detecção de pomares com a praga (mais de 2% nos últimos dois anos) revela a necessidade de manutenção da vigilância e adoção de normas rígidas de controle, prevenção e erradicação do cancro europeu das pomáceas”, destacou o vice-presidente da Federação da Agricultura e presidente do Sindicato Rural de São Joaquim, Antônio Marcos Pagani de Souza.
O cancro europeu é causado pelo fungo Neonectria ditissima (sin. Neonectria galligenaI).
A doença afeta as partes lenhosas das plantas e tem como característica a formação dos cancros, os quais prejudicam a translocação de seiva e o crescimento vegetativo. A infestação ocorre, geralmente, pelo transito de mudas contaminadas oriundas de outros países.
 

Cereais contaminados no café da manhã: pesquisa deixa americanos em alerta 6t3k60

Vinte marcas de cereais matinais comercializadas nos Estados Unidos estão contaminadas com glifosato em níveis mais altos do que o permitido para crianças, segundo pesquisa feita pela ONG Environmental Work Group (EWG).

O glifosato é um agrotóxico alvo de ações judiciais sob a acusação de ser cancerígeno, estando ligado a alguns casos da doença pelo mundo. Atualmente, é considerado o agrotóxico mais vendido no mundo.

O instituto analisou 300 gramas de cada produto para determinar os níveis de glifosato nos alimentos. Dos 21 produtos estudados, 20 apresentaram níveis mais altos de contaminação do que os limites estabelecidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

Na marca em que foram verificados os níveis mais altos de glifosato, a medição apontou 833 partes por bilhão (ppb). Segundo a entidade, o número aceitável para o consumo infantil é de 160 ppb.

De acordo com o estudo, nos cereais, o glifosato é pulverizado na aveia pouco antes da colheita e age como um agente de secagem ou dessecante. Ou seja, ele faz com que o aveia possa ser colhida mais cedo que o normal.

Empresa defende o agrotóxico 466r

Segundo a Monsanto – que hoje pertence a Bayer – o glifosato é o agrotóxico mais usado do mundo. Somente no Brasil, são 110 produtos comercializados com o glifosato.

Através de seu site oficial, a Monsanto nega que o princípio ativo possa causar câncer e ainda afirma que o “glifosato inibe uma enzima que é essencial para o crescimento das plantas, mas que não é encontrada em seres humanos, o que contribui para o baixo risco à saúde”.

Segundo a empresa, “estudos mostram que, em caso de exposição, o glifosato é rapidamente eliminado do organismo pela urina”. A Monsanto também nega que o herbicida causa autismo e microcefalia em bebês.

O embate em torno dos perigos do uso glifosato entre instituições como a Environmental Work Group e o setor agropecuário tem estado cada vez mais em evidência no últimos anos por causa de recentes reavaliações de agências reguladoras.

Segundo a avaliação feita em 2015 pela Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), que é ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), o produto é um “provável causador” de câncer.

Entretanto, em 2016, a Agência Reguladora Europeia (EFSA) descreveu o produto como “seguro para saúde humana”, desde que os resíduos nos alimento sejam baixos.

No Brasil, a Anvisa reavaliou recentemente o produto e o afirmou que ele “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas”.

(Com informações do G1)

Apagão ambiental pode custar até U$ 5 trilhões ao Brasil, dizem pesquisadores 4v965

Os recentes números do desmatamento na Amazônia —aumento de 60% em junho de 2019, em relação ao mesmo mês em 2018 — e o “desmonte” do Ministério do Meio Ambiente mostram que o Brasil caminha rapidamente para seu pior cenário ambiental neste século, o que pode custar até US$ 5 trilhões ao país.
A conclusão é de um grupo de pesquisadores — da Coppe/UFRJ, da UFMG e da UnB — ouvidos pelo jornal O Globo..
Em julho de 2018, ao lado de outros cinco colegas, eles publicaram um artigo na revista “Nature Climate Change” que definia o “pior cenário” como a conjugação do aumento do desmatamento com má governança, ou seja, baixo controle do desmate e incentivo ao agronegócio predatório.
No estudo, eles observaram três recortes da História recente do país: antes de 2005, quando o desmatamento foi alto, e a governança, fraca; de 2005 a 2011, período considerado, pelos especialistas, de boa governança, com políticas de controle que resultaram em redução do desmate; e, por fim, de 2012 a 2017, de governança intermediária, quando se mantiveram medidas de controle e, ao mesmo tempo, sinais de estímulo a práticas negativas para as florestas (caso também de 2018).
— Claramente, temos hoje uma dinâmica bastante negativa que aponta para o pior cenário. Mantida a dinâmica atual, vamos retroceder aos níveis de antes de 2005 — afirma o cientista político Eduardo Viola, da UnB, um dos autores do estudo. — Com seis meses de governo, ainda é cedo para dizer que estamos num período de baixa governança. Mas é fato que estamos tendendo a isso.
Para André Lucena, da Coppe/UFRJ, se o Brasil de fato retroceder ao pior cenário, “não há chance alguma de cumprir as metas do Acordo de Paris”.
O país é o sétimo maior emissor do mundo, e sua meta de redução é de 37% em 2025.
“O Brasil tem ainda o compromisso de manter o aumento de temperatura abaixo dos 2 graus. Para isso, pode emitir uma quantidade específica de carbono até 2050. Se o desmatamento come esse “orçamento” todo de carbono, outros setores da economia vão ter que fazer um esforço enorme para compensar”.
Se entre 2005 e 2012 o país conseguiu reduzir as emissões em 54%, foi em grande parte porque também reduziu o desmatamento (em 78%).
Agora, avalia Raoni Rajão, professor da UFMG e coautor do artigo, “é grande a probabilidade de o desmatamento em 2019/2020 ser bem superior ao de 2018/2019”.
“Nesses últimos dois meses, o alarme começou a soar de maneira mais forte, porque o nível de desmatamento descolou dos números do ano ado”, afirma Rajão.
“Claramente há risco de se caminhar para um cenário fraco. Há evidências disso, como o desmonte de aspectos essenciais do Ministério do Meio Ambiente, dos instrumentos de controle que podem realmente reduzir ou zerar o desmatamento”.