Cereais contaminados no café da manhã: pesquisa deixa americanos em alerta 6t3k60

Vinte marcas de cereais matinais comercializadas nos Estados Unidos estão contaminadas com glifosato em níveis mais altos do que o permitido para crianças, segundo pesquisa feita pela ONG Environmental Work Group (EWG). 3g6633

O glifosato é um agrotóxico alvo de ações judiciais sob a acusação de ser cancerígeno, estando ligado a alguns casos da doença pelo mundo. Atualmente, é considerado o agrotóxico mais vendido no mundo.

O instituto analisou 300 gramas de cada produto para determinar os níveis de glifosato nos alimentos. Dos 21 produtos estudados, 20 apresentaram níveis mais altos de contaminação do que os limites estabelecidos pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA).

Na marca em que foram verificados os níveis mais altos de glifosato, a medição apontou 833 partes por bilhão (ppb). Segundo a entidade, o número aceitável para o consumo infantil é de 160 ppb.

De acordo com o estudo, nos cereais, o glifosato é pulverizado na aveia pouco antes da colheita e age como um agente de secagem ou dessecante. Ou seja, ele faz com que o aveia possa ser colhida mais cedo que o normal.

Empresa defende o agrotóxico 466r

Segundo a Monsanto – que hoje pertence a Bayer – o glifosato é o agrotóxico mais usado do mundo. Somente no Brasil, são 110 produtos comercializados com o glifosato.

Através de seu site oficial, a Monsanto nega que o princípio ativo possa causar câncer e ainda afirma que o “glifosato inibe uma enzima que é essencial para o crescimento das plantas, mas que não é encontrada em seres humanos, o que contribui para o baixo risco à saúde”.

Segundo a empresa, “estudos mostram que, em caso de exposição, o glifosato é rapidamente eliminado do organismo pela urina”. A Monsanto também nega que o herbicida causa autismo e microcefalia em bebês.

O embate em torno dos perigos do uso glifosato entre instituições como a Environmental Work Group e o setor agropecuário tem estado cada vez mais em evidência no últimos anos por causa de recentes reavaliações de agências reguladoras.

Segundo a avaliação feita em 2015 pela Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC), que é ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), o produto é um “provável causador” de câncer.

Entretanto, em 2016, a Agência Reguladora Europeia (EFSA) descreveu o produto como “seguro para saúde humana”, desde que os resíduos nos alimento sejam baixos.

No Brasil, a Anvisa reavaliou recentemente o produto e o afirmou que ele “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas”.

(Com informações do G1)

Apagão ambiental pode custar até U$ 5 trilhões ao Brasil, dizem pesquisadores 4v965

Os recentes números do desmatamento na Amazônia —aumento de 60% em junho de 2019, em relação ao mesmo mês em 2018 — e o “desmonte” do Ministério do Meio Ambiente mostram que o Brasil caminha rapidamente para seu pior cenário ambiental neste século, o que pode custar até US$ 5 trilhões ao país.
A conclusão é de um grupo de pesquisadores — da Coppe/UFRJ, da UFMG e da UnB — ouvidos pelo jornal O Globo..
Em julho de 2018, ao lado de outros cinco colegas, eles publicaram um artigo na revista “Nature Climate Change” que definia o “pior cenário” como a conjugação do aumento do desmatamento com má governança, ou seja, baixo controle do desmate e incentivo ao agronegócio predatório.
No estudo, eles observaram três recortes da História recente do país: antes de 2005, quando o desmatamento foi alto, e a governança, fraca; de 2005 a 2011, período considerado, pelos especialistas, de boa governança, com políticas de controle que resultaram em redução do desmate; e, por fim, de 2012 a 2017, de governança intermediária, quando se mantiveram medidas de controle e, ao mesmo tempo, sinais de estímulo a práticas negativas para as florestas (caso também de 2018).
— Claramente, temos hoje uma dinâmica bastante negativa que aponta para o pior cenário. Mantida a dinâmica atual, vamos retroceder aos níveis de antes de 2005 — afirma o cientista político Eduardo Viola, da UnB, um dos autores do estudo. — Com seis meses de governo, ainda é cedo para dizer que estamos num período de baixa governança. Mas é fato que estamos tendendo a isso.
Para André Lucena, da Coppe/UFRJ, se o Brasil de fato retroceder ao pior cenário, “não há chance alguma de cumprir as metas do Acordo de Paris”.
O país é o sétimo maior emissor do mundo, e sua meta de redução é de 37% em 2025.
“O Brasil tem ainda o compromisso de manter o aumento de temperatura abaixo dos 2 graus. Para isso, pode emitir uma quantidade específica de carbono até 2050. Se o desmatamento come esse “orçamento” todo de carbono, outros setores da economia vão ter que fazer um esforço enorme para compensar”.
Se entre 2005 e 2012 o país conseguiu reduzir as emissões em 54%, foi em grande parte porque também reduziu o desmatamento (em 78%).
Agora, avalia Raoni Rajão, professor da UFMG e coautor do artigo, “é grande a probabilidade de o desmatamento em 2019/2020 ser bem superior ao de 2018/2019”.
“Nesses últimos dois meses, o alarme começou a soar de maneira mais forte, porque o nível de desmatamento descolou dos números do ano ado”, afirma Rajão.
“Claramente há risco de se caminhar para um cenário fraco. Há evidências disso, como o desmonte de aspectos essenciais do Ministério do Meio Ambiente, dos instrumentos de controle que podem realmente reduzir ou zerar o desmatamento”.
 

Jornalista mostra que ministro do Meio Ambiente mente para justificar suas teses 4v5rh

A palavra não foi usada. Mas é disso que se trata: a jornalista Miriam Leitão, em sua coluna no Globo deste domingo, mostra que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não hesita em mentir e manipular dados estatísticos, para sustentar suas teses sobre desmatamento, uso de agrotóxicos e outras questões ambientais.
Vale conferir:
O ministro Ricardo Salles gosta da frase “não é bem assim” para responder a qualquer argumento do qual discorde. Mas a frase é perfeita para o que ele diz. Segundo Salles, havia um terço de ONGs no Comitê Orientador do Fundo Amazônia. É falso.
Ele diz que o desmatamento “se estabilizou” entre 2004 e 2012, mas na verdade despencou 70%. Afirma que está havendo muita liberação de agrotóxicos porque nos anos anteriores eles ficaram retidos por ineficiência da Anvisa.
No ano ado, de janeiro a 24 de junho, foram 193 produtos liberados. Este ano, no mesmo período, foram 239. Houve aumento, mas nada estava parado nos últimos três anos.
Com números e fatos imprecisos, o ministro monta teses insustentáveis. Numa entrevista na Globonews, diante de uma pergunta sobre o desmatamento, ele respondeu:
— Vamos lá, o Brasil tem 5 milhões de quilômetros na Amazônia. A quantidade de quilômetros desmatados no ano ado foi ao redor de oito mil. Dá zero vírgula zero vírgula dois por cento. Percentualmente, já temos um desmatamento zero. É a terceira casa decimal depois do zero. Isso tem que ser dito com todas as letras —respondeu.
É preciso dizer, com números e letras, o quanto o ministro errou aqui. Inventou duas vírgulas seguidas depois do zero. Não é a terceira casa decimal.
Depois, ele corrigiu para 0,16%, mas o problema é que a ideia é toda descabida. Nas redes sociais, foram feitos cálculos sobre o absurdo do raciocínio, mostrando que se a mesma conta for feita com os 61 mil homicídios pelos mais de 200 milhões de habitantes o país teria homicídio zero.
Dá para fazer sumir todos os problemas se a gente quiser brincar com os números.
A verdade é que o desmatamento, após ação decisiva do governo, caiu de 27 mil km2 em 2004 para 4,5 mil em 2012. Daquele ano em diante, o governo iniciou as hidrelétricas na Amazônia, reduziu o tamanho de unidades de conservação e deu outros sinais que levaram ao aumento da perda anual da floresta. E neste junho subiu 88% em relação a junho ado.
Durante a entrevista ele repetiu várias vezes haver uma ligação entre combate ao desmatamento e pobreza na Amazônia ou então a pobreza como causa do desmatamento. Não faz sentido nem uma coisa nem outra. O Brasil teve um crescimento do PIB mais forte no período em que o desmatamento caiu, e mesmo na recessão ele subiu.
— Quando se deixa o morador numa situação de ilegalidade, ou de asfixiamento econômico, ele não verá o filho dele morrer de fome sem tentar gerar alguma receita para si próprio —disse Salles.
Não são os pobres que fazem isso. É preciso capital para ter trator, correntão e caminhão para escoar. Ele sabe, porque contou de um flagrante que deu em São Paulo, quando era secretário, em que foram retidos cinco caminhões e tratores.
Segundo o ministro, “de maneira irresponsável” criou-se no Brasil unidades de conservação, englobando terras onde já havia produção:
— Quem delimitou desconsiderou as áreas produtivas, ignorou essas pessoas, deu o calote nessas pessoas.
Na verdade, 95% das Unidades de Conservação criadas na Amazônia foram em terras públicas. Quem estava lá não deveria estar. De qualquer maneira, é fácil saber quem estava antes da criação com o histórico das imagens de satélite.
Os embaixadores da Noruega e da Alemanha não concordaram com a nova formação do Comitê Orientador do Fundo Amazônia e pediram nova proposta. O ministro diz que dissolveu o Comitê porque um terço é formado por ONGs. O fato: menos de terço é a sociedade civil. Aí se inclui CNI, Contag, SBPC, a indústria de madeira. E tem também um fórum de ONGs e outro de associações indígenas. Esses 2 seriam 8,3% dos 24 membros.
O ministro atribui as críticas vindas da Europa ao medo dos concorrentes do agronegócio. A Europa é protecionista, mas não produz o suficiente. Não é competidora, mas sim cliente. O segundo maior. Salles diz que há uma campanha contra o Brasil e que “um dos maiores focos de detratores são entidades, autores e pessoas do próprio Brasil”. Esse era o mesmo raciocínio usado na ditadura para atacar quem dizia que havia tortura no país. Está na hora de o ministro se reconciliar com números, fatos e conceitos.
(Com Alvaro Gribel, de São Paulo)
 

Mina Guaíba: MP não descarta terceira audiência, em Porto Alegre 6y255l

A promotora de meio ambiente do Ministério Público Estadual, Ana Maria Marchesan, informou, através da assessoria de imprensa, que ainda não há decisão a respeito de uma nova audiência pública sobre o projeto da mina Guaíba, em Eldorado do Sul.
Uma terceira audiência pública, em Porto Alegre, foi a principal reivindicação de todos os oradores que se manifestaram contra o projeto na noite de quinta-feira, em Eldorado do Sul, quando mais de mil pessoas lotaram o ginásio municipal para acompanhar o debate sobre os impactos ambientais da “maior mina de carvão do Brasil”.
A audiência em Eldorado foi a segunda promovida pela Fepam no processo de licenciamento ambiental do empreendimento.
A primeira, em março deste ano, em Charqueadas, outro município vizinho da mina, teve ambiente favorável  à Copelmi, teve audiência menor e sem protestos articulados.
Nesta quinta-feira, a audiência lotou o ginásio municipal de Eldorado com mais de mil pessoas, durou mais de oito horas e teve desdobramento tumultuado.
Às 17 horas, uma hora antes do início oficial da audiência, que atrasou uma hora, a frente do local já estava tomada por cartazes e faixas execrando o carvão. De preto com uma foice na mão, o militante advertia: “Carvão mata!”.
Tumultuada do princípio ao fim, a audiência que terminou às duas e meia da madrugada registrou a manifestação de meia centena de pessoas – cidadãos da região, moradores de Eldorado, representantes de órgãos públicos (Incra), quatro caciques indígenas, dirigentes e militantes de ongs ambientais e comunitárias. Vaias e aplausos de um público dividido ao meio tornaram inaudível a maior parte do que foi dito pelos oradores.
Anteriormente, a promotora Marchesan disse à imprensa que o Ministério  Público iria observar a audiência de Eldorado, antes de decidir sobre a necessidade de uma terceira, em Porto Alegre, como pede a boca unânime do ambientalismo.
Segundo informou a assessoria, nesta sexta-feira, 28, a promotora considera que a audiência pública de Eldorado do Sul deixou claro um questionamento muito forte ao projeto, que agora será analisado para ver se para responder ao esclarecimento do assunto há necessidade de uma terceira audiência na capital.
Na Fepam, a informação da assessoria é: o previsto em lei para o licenciamento, no quesito audiência pública, já foi cumprido. Agora, só se o Ministério Público provocar a Fepam tomará a iniciativa.
 

O carvão pode ser a chave de um novo ciclo? 3c1r5x

“Explorar a riqueza do carvão para erradicar a pobreza”, eis o novo mote lançado pelo presidente da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (SERGS), Luiz Roberto Ponte, para defender novos aproveitamentos das jazidas do mineral gaúcho, cujo potencial energético seria equivalente a três pré-sal.

Sem esquecer de mencionar a necessária sustentabilidade ambiental de qualquer empreendimento carbonífero, Ponte encaminhou a abertura do seminário que atraiu cerca de 200 pessoas, principalmente de áreas técnicas, a um dos auditórios do Hotel Plaza São Raphael. Na ausência do governador Eduardo Leite, em viagem ao exterior, o evento contou com a presença protocolar do vice Ranolfo Vieira Jr. e de secretários e funcionários de órgãos governamentais, inclusive de municípios da região carbonífera.

Mobilizados pelo enfoque socioambiental da SERGS, os palestrantes convidados descortinaram um panorama animador sobre as perspectivas de produzir:

1) gás sintético para gerar eletricidade;

2) metanol para adicionar ao biodiesel;

3) amônia para fazer fertilizantes;

4) insumos para produzir, por exemplo, resinas de origem petroquímica;

5) a escória podendo ser usada para fazer cimento e as cinzas volantes para fabricar argamassa.

Parece fácil, mas não é. Paulo Roberto Dias Pereira, subsecretário do Meio Ambiente, lembrou que o debate técnico sobre o polo carboquímico começou no governo de Tarso Genro, foi oficializado pelo governo de Ivo Sartori e agora toma impulso com a convergência, na Sema, das ações relativas ao meio ambiente, à mineração, produção de energia e saneamento.

Indo um pouco mais longe, o veterano consultor químico Manuel Lourenço de Maia Loureiro, que participou dos estudos para a implantação da Copesul (hoje Braskem), afirmou que no governo de Amaral de Souza, em 1979, chegou a ser discutido um “plano carboquímico” para o Rio Grande do Sul, mas o assunto não avançou porque não havia tecnologia para um desenvolvimento seguro. Tampouco existia mercado para alguns produtos.

“Nos últimos dez anos a China avançou no desenvolvimento de tecnologias de gaseificação do carvão para geração de energia elétrica”, afirmou ele, lembrando que a instalação de uma usina termoelétrica na boca da mina não movimenta cinza, minimizando o maior problema do carvão gaúcho (o teor de cinza próximo de 50%). Nesse aspecto, Loureiro foi complementado por uma informação de Marcus Silva, representante da Air Products, empresa americana fundada em 1940 para produzir oxigênio e que tem 16 mil empregados pelo mundo afora: “Numa exploração como a que se está propondo no Rio Grande do Sul, não há chaminé para lançamento de cinzas e gases”, disse ele.

Fora a eletricidade, que o Rio Grande importa na proporção de 70% do que consome, a maior janela de oportunidade da carboquímica seria na produção de uréia para substituir importações anuais de 1 milhão de toneladas no RS e 5,5 milhões de toneladas pelo Brasil.

O projeto da Copelmi para explorar o carvão da mina do Baixo Jacuí, em Eldorado do Sul, é considerado a colocação em marcha de um projeto carboquímico moderno. Na usina termelétrica seriam investidos US$ 1,5 bilhão; uma planta de amônia e ureia custaria US$ 1,6 bilhões; e na planta de metanol seria preciso investir US$ 1,2 bilhão.

“Todos os projetos da carboquímica gaúcha não estão descolados de políticas públicas”, advertiu no final de sua palestra o subsecretário Paulo Roberto Dias Pereira.

Por Geraldo Hasse

Seminário sobre carvão começa sob protesto de ambientalistas 70r5r

Os participantes do seminário “Novos Aproveitamentos para do Carvão no RS” foram recebidos com vaias e protestos (“mercenários!”, “carvão aqui não!”) por um grupo de manifestantes ligados ao movimento ambientalista.
Com cartazes e máscaras, cerca de 30 militantes postarem-se na entrada do Hotel Plaza São Rafael na manhã desta terça-feira, onde se realiza o evento promovido pela Sociedade de Engenharia.
Alguns dos convidados que chegavam para o evento reagiram ao serem abordados na entrada do hotel: “Desinformados!”, “Querem o atraso!”.
Lá dentro, num dos auditórios, cerca de 200 pessoas ouviam o  presidente da Sergs, Luiz Roberto Ponte, dizer que o carvão “é uma riqueza extraordinária” que os gaúchos têm, se for explorada de forma racional e sustentável.  “Sem produzir riquezas não há como eliminar a pobreza”, finalizou Ponte, sob aplausos.
Quando começou a parte mais importante do seminário, que vai até o fim da tarde, os manifestantes já haviam deixado o local.
O seminário e os protestos têm o mesmo alvo: o projeto de um pólo carboquímico, a partir de uma grande mina de carvão às margens do Rio Jacuí, a poucos quilômetros de Porto Alegre. À frente do empreendimento está a mineradora Copelmi, detentora de grandes reservas de carvão mineral no Estado.
O governo já aprovou até uma lei para incentivar a carboquímica, que pode atrair para o Rio Grande do Sul, dono das maiores reservas carboníferas do país, investimentos de bilhões de dólares.
Os ambientalistas atacam o carvão como um “combustível do século retrasado”, com efeitos nocivos sobre o solo, a água e o ar. Os defensores do projeto invocam os avanços tecnológicos que minimizam os impactos da exploração do carvão´sobre o ambiente.
O seminário no Plaza esquenta um debate que deverá mobilizar os gaúchos nos próximos anos.
 

Agrotóxicos: ações contra glifosato começam a abalar a Bayer 434ap

Na reunião anual, em Bonn, na sexta-feira, 26/4, mais da metade dos acionistas da Bayer manifestaram “falta de confiança na forma como a companhia vem sendo istrada”, segundo a agência Bloomberg.
O fato, que levou 55% dos acionistas a questionar os atuais gestores, foi a aquisição da Monsanto, no ano ado, por 63 bilhões de dólares. Além do valor pago, a Bayer está herdando uma guerra judicial que pode custar outro tanto.
O herbicida Roundup, principal produto desenvolvido pela Monsanto, já foi apontado em decisões judiciais nos Estados Unidos e na Europa como causa de câncer em agricultores..
Na frente do prédio onde se realizava a assembléia, centenas de manifestantes protestavam, gritando “vergonha”, encorajando investidores a “votar contra a destruição de nossa Terra”.
O edifício estava tão cheio que os atrasados eram levados a um local para assistir aos procedimentos nos telões.
O presidente da Bayer, Werner Baumann afirmou que está confiante de que será capaz de reduzir a incerteza jurídica envolvendo o Roundup.
“Estamos trabalhando implacavelmente”, disse Baumann. O impacto sobre as ações da Bayer tem sido “decepcionante e doloroso”.
Brasil segundo maior mercado da Bayer
No estudo “Um ano Bayer-Monsanto: um balanço crítico”, lançado na Alemanha na quinta-feira, 25/4, consta que de 2016 para 2019 houve um aumento de 50% no número de agrotóxicos vendidos no Brasil que são proibidos na União Europeia (UE).
Um levantamento de 2016 apontou que eram oito produtos e, agora, três anos depois, são 12.
O estudo foi realizado em parceria pela rede de desenvolvimento alemã Inkota, a ONG católica de ajuda ao desenvolvimento Misereor, e a rede de ativistas Associação de Acionistas Críticos na Alemanha.
Segundo a Deutsche Welle, após a compra da Monsanto, a Bayer se tornou a líder mundial no mercado de sementes, fertilizantes e pesticidas, e o Brasil é o segundo maior mercado para a divisão agrícola da empresa.
“O Brasil é o mercado do futuro para os agrotóxicos. Os Estados Unidos já parecem ter atingido seu limite de liberações [de agrotóxicos], e a sociedade da União Europeia não está disposta a tolerar mais agrotóxicos. Países como China e Índia também já estão mais conscientes. No Brasil, porém, a sociedade em geral não parece fazer tanta pressão”, afirma Christian Russau, da direção da associação.
Condenada a indenização por controverso pesticida Roundup, que contém glifosato, substância sob suspeita de ser cancerígena, a Bayer está exposta a milhares de ações similares. Para a empresa alemã há perigo iminente de danos para seus cofres, cotações e reputação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) concluiu que o glifosato “provavelmente” causa câncer. Juízes americanos estão se orientando por esse ponto de vista.(S.L.)

Pesquisa detecta presença de agrotóxicos na água de 1.400 municípios 5i5x3l

A água consumida pelo brasileiro está cada vez mais envenenada. É o que revelam dados do Ministério da Saúde compilados pela ONG Repórter Brasil, pela Agência Pública e a organização suíça Public Eye, que apontaram a presença de agrotóxicos na água de uma em cada quatro cidades do país.

Com base em amostras das empresas de abastecimento de 1.396 municípios, 27 pesticidas foram detectados sendo que, desse total, 16 estão classificados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como altamente tóxicos e 11 são associados ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, malformação fetal e disfunções hormonais e reprodutivas.

A farmacêutica e bioquímica Eliane Gandolfi ressalta que há ainda outros riscos à saúde da população que am desde situações agudas, com o consumo excessivo de venenos, prejudicando também a imunidade das pessoas e favorecendo o surgimento de alergias de difícil tratamento pela literatura médica. “É uma gama grande de problemas”, diz.

De acordo com o levantamento, o índice de contaminação é cada vez mais constante, com um aumento significativo entre 2014 a 2017, período de análise das amostras de água. Em 2014, 75% dos testes detectaram agrotóxicos, índice que subiu para 84% em 2015, 88% em 2016, chegando a 92% no ano seguinte.

Ao menos 11 capitais apresentam ainda dados de contaminação múltipla, entre as quais a cidade de São Paulo.

(Com informações da RBA)

"Projetos de mineração no Rio Grande do Sul são pouco conhecidos", diz biólogo i4c16

O biólogo e professor do Departamento de Botânica da UFRGS, Paulo Brack, falou nesta quarta-feira, 17, na Assembleia Legislativa sobre o crescente interesse de mineradoras em diversas áreas do Rio Grande do Sul.

Ele citou o projeto Caçapava do Sul, investimento da Nexa Resources, ex-Votorantim Metais, que pretende instalar uma planta polimetálica para extração de zinco, chumbo e cobre. Ao todo, o depósito possui 29 milhões de toneladas de minério.

A extração desses recursos se dará em mina a céu aberto, com vida útil prevista para 20 anos. Na etapa inicial, que vai até 2019, a companhia estima investir R$ 371 milhões no empreendimento.

Segundo Brack, nas nascentes do rio Camaquã estão estabelecidas comunidades com alta qualidade de vida. “Eles não querem a mineração”, afirmou.  “A área do projeto Caçapava do Sul, sudoeste do Estado, foi definida pelo Ministério do Meio Ambiente como área prioritária de conservação, para uso sustentável para a biodiversidade.”

Já em São José do Norte há o projeto Retiro, que vai explorar os minerais ilmenita, rutilo (substância titânio) e zircão (substancia zircônio). Esses materiais são aproveitados em diversos segmentos da economia, como nas indústrias de cerâmica, química, entre outras.

“É obrigação é consultar os povos das regiões afetadas e isso não está ocorrendo. Não temos uma legislação que respeite as convenções internacionais, que o Brasil tem obrigação de cumprir”, acrescentou Brack.

O professor de Biologia também alertou sobre a diversidade na produção de alimentos que estaria sendo afetada no Brasil, grande exportador de commodities: “ O agronegócio aposta na produção de soja em grande escala, com a larga utilização dos agrotóxicos”.

Segundo ele, o Brasil hoje tem 35 milhões de hectares de soja, enquanto que o arroz não a de dois milhões de hectares. “Se juntarmos arroz, feijão e trigo dá menos de 30% da área plantada com. A produção de alimentos como arroz, feijão e trigo vem diminuindo ao longo de 10 anos. Ao longo dos últimos cinco anos, importamos feijão. Hoje, o que vale é a grande escala de produção. Todo o Cone Sul se transformou num mega exportador de commodities.”

Embrapa ensina controle biológico de pragas agrícolas 2d6d5n

Sessenta brasileiros de diversos estados iniciaram nesta terça-feira (9) em Sete Lagoas (MG) um curso de controle biológico e manejo integrado de pragas agrícolas. São professores, pesquisadores, estudantes, técnicos e produtores rurais. O evento, que termina sexta-feira, prova de que a Embrapa tem condições de reagir ao uso abusivo de agrotóxicos na agricultura brasileira.

“Os custos da agricultura estão cada vez mais altos e temos um conhecimento acumulado ao longo dos últimos 30 anos que podem ajudar a mudar esse cenário”, afirmou Antonio Alvaro Corsetti Purcino, chefe geral da Embrapa Milho e Sorgo, destacando a possibilidade de usar insumos biológicos em vez de químicos nocivos ao meio ambiente.

Entre os palestrantes destacam-se os pesquisadores Fernando Valicente e Ivan Cruz, que acumulam mais de 40 anos de experiência em Sete Lagoas. Também participam do curso palestrantes da Universidade Federal de São João del-Rei), da Universidade Federal de Viçosa e da Unifemm (Centro Universitário de Sete Lagoas), além de técnicos de empresas especializadas na comercialização de inimigos naturais das principais pragas agrícolas.

No primeiro dia do curso, a Embrapa Milho e Sorgo recebeu pedidos de brasileiros de diversas regiões para que o manejo integrado de pragas seja levado a outras cidades ou que seja ensinado via internet. O jornalista Guilherme Viana, assessor de comunicação da Embrapa Sete Lagoas, reconheceu que há nos meios rurais uma demanda latente por tecnologias agrícolas ecológicas. Um exemplo recorrente é o do baculovirus, criado no Centro Nacional de Pesquisa de Soja em Londrina em 1988, quando a Embrapa ainda estava longe de fazer parcerias – hoje comuns – com a indústria química instalada no Brasil.