Carvão: China aprova mina de 100 milhões de toneladas no deserto de Kumtag 5g646s

A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma aprovou o plano geral para a mina de Kumtag, dimensionada parae produzir 113 milhões de toneladas de carvão por ano. m616a

A informação é da Xinhua, a agência oficial do governo chinês.

Kumtag é uma área desértica no noroeste do país, na região autônoma de Xinjiang, onde estão as maiores reservas de carvão, petróleo e gás da China.

A mina localizada no distrito de Shanshan, na cidade de Turpan, cobre uma área de aproximadamente 338 quilômetros quadrados e tem reservas estimadas em cerca de 23,5 bilhões de toneladas.

O plano é um documento de orientação para aprovação, construção e produção do projeto na mina.

Estima-se que as reservas de recursos de carvão de Xinjiang excedam 2,19 trilhões de toneladas, representando 40% do total do país.

Toda a região produziu mais de 37,5 milhões de toneladas de carvão bruto no período de janeiro a fevereiro, um aumento de 17,7% em relação ao ano ado, apesar da escassez de mão-de-obra e das dificuldades de transporte ocasionadas pela epidemia da COVID-19.

China retoma produção de carvão; 1274 minas já voltaram à operação normal 5r3x23

A China retomou 70,2% da sua capacidade de produção de carvão, que foi reduzida por causa da epidemia do novo coronavírus, informou hoje a istração Nacional de Energia (ANE).
Desde a segunda-feira, 1.274 minas em todo o país haviam retomado a produção,  atingindo 7,12 milhões de toneladas por dia, ultraando a marca de 7 milhões de toneladas pela primeira vez desde 1º de fevereiro, segundo dados da ANE.
Os estoques de carvão nas usinas do país são suficientes para 26 dias de consumo a partir de segunda-feira, enquanto os da Província de Hubei, centro da China, a região mais atingida, tem estoque suficiente para 47 dias de consumo, a maior leitura dos últimos anos.
A China prometeu medidas para garantir o fornecimento de carvão, eletricidade e gás natural para apoiar o controle do novo coronavírus, com o objetivo de garantir fornecimento estável de energia para as áreas severamente afetadas, incluindo Wuhan, o epicentro do surto, e outras grandes cidades.
As minas de carvão foram incentivadas a retomar a produção, enquanto incentivos serão dados para apoiar o transporte do carvão, disse a ANE no início deste mês.
(Com informações da Xinhua News)
 

Líder da descarbonização da Engie foi destituída da direção geral 1021l

O conselho de istração do Grupo Engie, da França, destituiu Isabelle Kocher do cargo de diretora geral. A decisão foi anunciada na quinta-feira, 6.
A Engie tem 160 mil empregados em 70 países, um faturamento que no ano ado chegou aos 60 bilhões de euros e se define como  “a maior produtora de energia independente do mundo”.
No Brasil, com sede em Florianópolis, a Engie é o maior empreendedor privado no campo energético do território nacional, responsável por 6% da geração de energia no país.
Seu parque no Brasil  abrange: 31 usinas, sendo 11 hidrelétricas, quatro termelétricas convencionais e 16 usinas complementares, duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), nove eólicas, três a biomassa e duas solares.
Destaque para a usina de Jirau, em Porto Velho, Rondônia, a maior hidrelétrica em território nacional, com uma capacidade de 3.750 MW, o suficiente para atender cerca de dez milhões de moradias.
A  Engie  ganhou relevo no noticiário econômico nacional  quando, em abril de 2019, adquiriu – associada ao investidor canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec –  a Transportadora Associada de Gás (TAG), da Petrobrás, que tem a mais extensa malha de distribuição de gás do país, com cerca de 4500 quilômetros de gasodutos.
No cargo de diretora geral desde 2016, Isabelle Kocher vinha liderando a mudança estratégica da Engie, que decidiu concentrar seus negócios nas energias renováveis e se desfazer das usinas baseadas em combustíveis fósseis.
Nos últimos quatro anos, desfez-se de centrais a carvão na Alemanha, na Holanda e na Tailândia, e reou seus ativos do setor de gás liquefeito de petróleo (gás de cozinha) para o grupo Total.
Amealhou cerca de 15 bilhões de euros em venda de ativos, dinheiro que foi empregado em energias “verdes”: parques eólicos e solares, hidrelétricas, gás natural e biomassa.
No Brasil, a Engie tem três termelétricas a carvão à venda: a Pampa Sul e Charqueadas, no Rio Grande do Sul, e Usina Jorge Lacerda (três unidades) em Santa Catarina.
A Engie é um caso exemplar do novo mercado de energia que se conforma pela pressão das mudanças climáticas.
Ela resulta da fusão de dois grupos tradicionais- Gas de e GDF Suez, presentes em mais de 70 países na área de geração, transmissão e serviços. Gás e petróleo era o principal negócio deles.
Em 2008, a nova empresa adotou a marca Engie, um vocáculo criado para sugerir energia em qualquer idioma.
Suas usinas em diversos países somam mais 100 Gigawatts de capacidade instalada  em energia elétrica (sete usinas de Itaipu).
Sob a batuta de Kocher, em três anos o grupo investiu  22 bilhões de euros na transição energética.
Numa entrevista a TV sa, ela anunciou  a diminuição de 56 por cento da emissão de gás carbono nas atividades do grupo:
“A mudança climática é o primeiro desafio planetário.Ninguém pode dizer que o problema não é seu. Os atores, graças à tecnologia, não são mais os estados, mas as empresas e os cidadãos. Trata-se de uma revolução nas cabeças”.
Sua saída deve-se a pressões internas e externas, principalmente do governo francês, o verdadeiro patrão, com 23,6 por cento do capital do grupo. Emmanuel Macron, presidente da França, e Bruno Le Maire, ministro da Economia e Finanças, estavam descontentes com a gestão de Kocher.
A direção do grupo, provisoriamente, ficará a cargo de um triunvirato: Paulo Almirante, diretor de operações, Judith Hartmann, diretora financeira, e Claire Waysan, secretária geral. Esta última ocupará, interinamente o cargo de diretora geral.
Um colegiado formado por um homem e duas mulheres, evitando, assim, qualquer especulação misógina, machista, como causas da demissão de Kocher. Especulação que tem suas razões: afinal, Kocher, de 53 anos, era a única mulher em posição de comando empresarial a integrar o CAC 40 (o índice que congrega as quarenta maiores empresas da França).
Especula-se, também, que Catherine Guillouard, atual CEO da RATP (Régie Autonome de Transports Parisiens), será a sucessora de Kocher.
Em entrevista ao diário financeiro francês Les Echos, o presidente de istração da Engie, Jean-Pierre Clamadieu, enfatizou que a não renovação do mandato de Isabelle Kocher para mais quatro anos a frente do grupo se deve ao fato dela: “não ter demonstrado ser a pessoa adequada para aprofundar as transformações necessárias a estratégia do grupo”.
Como aprofundamento em estratégia, Clamadieu, na mesma entrevista, fala em “grande focalização sobre o operacional, realizações concretas com impactos visíveis sobre a performance”.
 

Japão planeja construir 22 usinas a carvão 3o6224

Do New York Times
É uma conseqüência não intencional do desastre nuclear de Fukushima há quase uma década, que forçou o Japão a encerrar seu programa de energia nuclear.
O Japão agora planeja construir até 22 novas usinas de queima de carvão – uma das fontes mais sujas de eletricidade – em 17 locais diferentes nos próximos cinco anos, justamente no momento em que o mundo precisa reduzir as emissões de dióxido de carbono para combater o mundo aquecimento.
“Por que carvão, por que agora?”, Disse Kanno, uma dona de casa em Yokosuka, o local de duas unidades de queima de carvão que serão construídas a algumas centenas de metros de sua casa. “É a pior coisa possível que eles podem construir.”
Juntas, as 22 usinas emitem quase tanto dióxido de carbono por ano quanto todos os automóveis vendidos todos os anos nos Estados Unidos. A construção contrasta com o esforço do Japão de retratar os Jogos Olímpicos deste verão em Tóquio como um dos mais verdes de todos os tempos.
O projeto Yokosuka provocou uma reação incomum no Japão, onde grupos ambientalistas costumam focar suas objeções na energia nuclear. Mas alguns moradores locais estão processando o governo por sua aprovação da nova usina de queima de carvão, no que os torcedores esperam impulsionar a oposição ao carvão no Japão.
O governo japonês, dizem os autores, carimbou o projeto sem uma avaliação ambiental adequada. A denúncia é digna de nota porque argumenta que a usina não apenas degradará a qualidade do ar local, mas também colocará em risco as comunidades, contribuindo para as mudanças climáticas.
O dióxido de carbono liberado na atmosfera é o principal fator do aquecimento global, porque retém o calor do sol. A queima de carvão é uma das maiores fontes isoladas de emissões de dióxido de carbono.
O Japão já está experimentando graves efeitos das mudanças climáticas.
Os cientistas disseram que uma onda de calor em 2018 que matou mais de mil pessoas não poderia ter acontecido sem a mudança climática .
Por causa de preocupações com o calor, o Comitê Olímpico Internacional foi obrigado a mudar os eventos da maratona dos Jogos Olímpicos de Tóquio para uma cidade mais fria, a quase 700 milhas ao norte.
O Japão usou as Olimpíadas para enfatizar sua transição para uma economia mais resiliente ao clima, mostrando inovações como estradas que refletem o calor. Os organizadores disseram que a eletricidade para os Jogos virá de fontes renováveis.
Os investimentos em carvão ameaçam minar essa mensagem.
Sob o acordo de Paris, o Japão comprometeu-se a controlar suas emissões de gases de efeito estufa em 26% até 2030 em comparação com os níveis de 2013, uma meta que foi criticada por ser ” altamente ineficiente ” por grupos climáticos.
“O Japão anuncia uma Olimpíada de baixas emissões, mas, no mesmo ano, começará a operar cinco novas usinas a carvão que emitirão muitas vezes mais dióxido de carbono do que qualquer coisa que a Olimpíada possa compensar”, disse Kimiko Hirata, diretora internacional da a Rede Kiko, um grupo que defende a ação climática.
A política do Japão o diferencia de outras economias desenvolvidas. A Grã-Bretanha, o berço da revolução industrial, deverá eliminar gradualmente a energia do carvão em 2025, e a França disse que encerrará suas usinas a carvão ainda mais cedo, até 2022. Nos Estados Unidos, as concessionárias estão retirando rapidamente a energia do carvão e não novas plantas estão ativamente em desenvolvimento.
Mas o Japão depende de carvão para mais de um terço de suas necessidades de geração de energia. E enquanto as usinas de carvão mais antigas começarem a se aposentar, eventualmente reduzindo a dependência geral de carvão, o país ainda espera atender mais de um quarto de suas necessidades de eletricidade a partir do carvão em 2030.
“O Japão é uma anomalia entre as economias desenvolvidas”, disse Yukari Takamura, especialista em política climática do Instituto de Iniciativas Futuras da Universidade de Tóquio. “A era do carvão está terminando, mas, para o Japão, está se mostrando muito difícil abrir mão de uma fonte de energia na qual ele confia há tanto tempo.”
O apetite do Japão por carvão não se resume apenas a Fukushima.
O consumo de carvão vem aumentando há décadas, enquanto o país pobre em energia, que depende de importações para a maior parte de suas necessidades energéticas, correu para se afastar do petróleo estrangeiro após os choques do petróleo nos anos 70.
Fukushima, porém, apresentou outro tipo de crise energética, e mais um motivo para continuar investindo em carvão. E mesmo quando a economia do carvão começou a desmoronar – a pesquisa mostrou que , em 2025, poderia se tornar mais econômico para os operadores japoneses investir em energia renovável, como a eólica ou solar, do que istrar usinas de carvão – o governo manteve a crença de que as empresas de serviços públicos do país devem continuar investindo em combustíveis fósseis para manter um mix diversificado de fontes de energia.
Juntamente com o gás natural e o petróleo, os combustíveis fósseis representam cerca de quatro quintos das necessidades de eletricidade do Japão, enquanto as fontes renováveis ​​de energia, lideradas pelas hidrelétricas, representam cerca de 16%.
A dependência da energia nuclear, que já forneceu até um terço da geração de energia do Japão, caiu para 3% em 2017.
A política do governo japonês de financiar a energia do carvão nos países em desenvolvimento, ao lado da China e da Coréia do Sul, também está sob escrutínio. O país perde apenas para a China no financiamento de usinas de carvão no exterior.
Nas negociações climáticas das Nações Unidas no final do ano ado, em Madri, com a presença de um contingente japonês considerável, ativistas com roupas amarelas de “Pikachu” exibiram sinais de “Sem carvão” e gritaram “carvão de Sayonara!”
Um alvo da ira dos ativistas tem sido o novo ministro do Meio Ambiente do Japão, Shinjiro Koizumi, um filho carismático de um ex-primeiro ministro que é visto como um possível futuro candidato ao primeiro ministro. Mas Koizumi ficou aquém de seu antecessor, Yoshiaki Harada, que havia declarado que o Ministério do Meio Ambiente não aprovaria a construção de mais nenhuma nova usina elétrica movida a carvão, mas durou menos de um ano como ministro.
Koizumi se esquivou de tais promessas explícitas em favor de garantias mais gerais de que o Japão acabará por reverter o uso de carvão. “Embora não possamos declarar imediatamente uma saída do carvão”, disse Koizumi em uma reunião em Tóquio no mês ado, o país “deixou claro que se moverá constantemente para tornar as renováveis ​​sua principal fonte de energia”.
O projeto Yokosuka tem um significado especial para Koizumi, que é da cidade portuária, um centro industrial e o local de uma base naval americana. As unidades de carvão estão planejadas no local de uma usina a óleo, operada pela Tokyo Electric Power, que foi fechada em 2009, para alívio dos moradores locais.
Mas esse desligamento provou ter vida curta.
Apenas dois anos depois, ocorreu o desastre de Fukushima, quando um terremoto e tsunami danificaram gravemente uma instalação nuclear à beira-mar, também de propriedade da Tokyo Electric. O colapso resultante levou as concessionárias a iniciar duas das oito unidades a óleo de Yokosuka como medida de emergência. Eles foram finalmente encerrados apenas em 2017.
O que a Tokyo Electric propôs a seguir – as duas novas unidades movidas a carvão – deixou muitos na comunidade perplexos. Para piorar a situação, a Tokyo Electric declarou que as unidades não precisavam de uma revisão ambiental completa, porque estavam sendo construídas no mesmo local que as instalações de queima de petróleo.
O governo central concordou. O processo dos residentes contesta essa decisão.
Alguns novos projetos de carvão enfrentaram soluços. No ano ado, um consórcio de empresas de energia cancelou os planos para duas usinas de queima de carvão, dizendo que não eram mais econômicas. Enquanto isso, o Japão disse que vai investir em tecnologia de captura e armazenamento de carbono para limpar as emissões da geração de carvão, mas essa tecnologia ainda não está disponível comercialmente.
O destino do carvão no Japão pode residir no Ministério do Comércio do país, que exerce um peso considerável nos corredores do poder de Tóquio.
Em resposta a perguntas sobre a construção de usinas de carvão, o ministério disse que havia emitido orientações para os operadores do país encerrarem suas usinas de carvão menos eficientes e buscarem reduções globais nas emissões de carbono. Mas a decisão de prosseguir com os planos ficou com as operadoras, afirmou.
“A política mais responsável”, disse o ministério, “é forjar um caminho concreto que permita segurança energética e uma batalha contra as mudanças climáticas”.
Os moradores locais dizem que a posição do ministério fica aquém. Tetsuya Komatsubara, 77 anos, opera um par de pequenos barcos de pesca em Yokosuka há seis décadas, pescando moluscos gigantes, uma vez abundantes nas águas de Tóquio.
Cientistas registraram um aumento na temperatura das águas de Tóquio de mais de 1 grau Celsius na última década, o que está causando estragos nos estoques de peixes por lá.
Komatsubara pode sentir o aumento da temperatura da água em sua pele, disse ele, e temia que as novas plantas fossem outro golpe para uma empresa de pesca que já está em declínio. “Eles dizem que as temperaturas estão subindo. Sabemos disso há muito tempo ”, disse Komatsubara. “É hora de fazer algo sobre isso.”
 

Comitê aponta riscos ambientais do projeto Mina Guaíba 4e2a4

O Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande do Sul (CCMRS) lançou na noite de terça-feira (10) no auditório da Faculdade de Economia da UFRGS o livro de Especialistas – Análise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental da Mina Guaíba, projeto de mineração de carvão em uma área de 4500 hectares na várzea do rio Jacuí, entre os municípios de Eldorado do Sul e Charqueadas.
Os primeiros dos 50 volumes impressos foram distribuídos a autoridades presentes, entre elas a procuradora Ana Maria Marchesan do MPE e o ex-governador e ex-ministro Miguel Rossetto.
O documento pode ser lido no www.rsemrisco.org.br.
Com mais de 200 páginas, os estudos são assinados por 37 pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa do Estado de áreas como biologia, saúde, economia, geologia e sociologia, entre outras. Todos trabalharam voluntariamente, sem remuneração.
Os textos apontam “falhas” e “inconsistências” do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) apresentados em 2018 pela Copelmi Mineração à Fepam. Todos os problemas foram apontados à Fepam, que já pediu mais de 100 esclarecimentos e correções à Copelmi. Em agosto ado a mineradora pediu mais 120 dias de prazo para responder aos questionamentos.
A iniciativa de promover o gaúcho inspirou-se no documento “ de Especialistas: Análise Crítica do Estudo de Impacto Ambiental do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte”, lançado em 2009 e que alertou sobre os impactos da usina hidrelétrica, inaugurada em 2016 em Altamira, no Pará.
Segundo o biólogo Eduardo Raguse, que coordenou a primeira mesa de relatórios da noitada de terça, o CCMRS vai lançar novos documentos não apenas sobre o carvão, mas focalizando outros projetos de mineração.
De mais de 5 000 requerimentos protocolados para pesquisa mineral no RS, o comitê está mais preocupado com os de exploração de titânio em São José do Norte, de chumbo e cobre em Caçapava do Sul e de fosfato em Lavras do Sul.
Quanto ao projeto da mina Guaíba, Raguse argumentou que o EIA/RIMA da Copelmi não deveria se restringir à mina de carvão, mas envolver também os projetos referentes ao polo carboquímico (produção de gás sintético, usina termelétrica a gás, fábrica de fertilizantes). “É grave a separação de projetos”, disse ele.
O engenheiro ambiental Iporã Possentti, que apresentou seu parecer (revisado pelo geólogo Rualdo Menegat) sobre o impacto da mina sobre os recursos hídricos do entorno, afirmou que o projeto da Copelmi configura “um erro estratégico” por localizar-se a um quilômetro do rio Jacuí.
O rio, que responde por 86,3% do volume de água do lago Guaíba, segundo Possentti, já está “cercado por “incerteza.s profundas” impostas em décadas adas por empreendimentos perigosos – polo petroquímico de Triunfo, oleoduto Tramandaí-Canoas e a refinaria de petróleo de Canoas.
Um dos erros mais graves do projeto, segundo Possentti, é a localização da estação de tratamento de dejetos fora do sistema de diques de contenção de inundações da área de mineração.
A ecóloga Marcia Käffer criticou a superficialidade dos estudos do EIA-RIMA sobre a poluição do ar na área de mineração.
No sexto ano de operação, considerado pela mineradora “o pior cenário”, o lançamento de partículas estaria 241% acima do permitido pela legislação. O pior poluente, no caso, seria o dióxido de enxofre (SO2), que se propaga três vezes mais rápido no ar do que na água.
Lembrando que mais de 20 países já se comprometeram a abandonar o carvão como fonte de produção de eletricidade, o botânico Paulo Brack chamou a atenção para a influência política na área ambiental. “Precisamos tomar cuidado com o risco de assédio moral sobre a Fepam”, disse ele, salientando que não existe justificativa econômica para a exploração do carvão no baixo Jacuí, cujo EIA-RIMA “foi feito às pressas”.
Segundo Brack, a mina Guaíba se equipara às 12 maiores minas de carvão de Santa Catarina, onde a mineração gerou grandes problemas de saúde.
A bióloga Mariana Vieira, que analisou o plano de recuperação de áreas degradadas da mina Guaíba, concluiu que se trata de um “estudo vergonhoso” pela superficialidade e a irresponsabilidade.
A bióloga Lisiane Becker, que analisou o EIA-RIMA quanto à fauna, considera o estudo “inepto” por ser superficial, sem metodologia e por ignorar os anfíbios, considerados bons indicadores de impactos ambientais.
Pelos dados divulgados, seria um risco muito grande instalar a mina de carvão a céu aberto ao lado da Região Metropolitana de Porto Alegre.
 
 

China corta subsídios para energia limpa e prioriza o carvão 5s443z

Depois de ter superado suas metas em energias renováveis, a China muda o planejamento energético para o país.
Os subsídios para energia solar, que duraram mais de uma década, foram cortados em 2018, e os incentivos para energia eólica sendo reduzidos. O crescimento desordenado fez o governo recuar.
No mês ado o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, disse que o carvão é área prioritária.
A China é o maior produtor mundial. De 60% a 70% da energia consumida na China vêm de usinas a carvão mineral, e novas usinas vem sendo construídas.
As  políticas para as energias renováveis incluem só construir mais solar e eólica se o preço da energia puder competir com o carvão.
O investimento chinês em energia limpa no primeiro semestre deste ano foi 39% menor que no mesmo período de 2018.
A realidade começou a mudar há dois anos. Caiu de  76 bilhões de dólares no primeiro semestre de 2017 para 29 bilhões de dólares no primeiro semestre deste ano. Os dados estão no relatório da Bloomberg New Energy Finance divulgado esta semana.
A chinesa Yingli Solar, que já foi a maior fabricante de painéis solares do mundo em 2012 e 2013, com exportações para todos os continentes, está insolvente. Teve vinte mil funcionários, hoje são seis mil.
A crise já ficou evidente em 2016, quando não conseguiu pagar um empréstimo de 270 milhões de dólares. Endividada, não resistiu à queda dos preços dos painéis. Os cortes recentes do governo chinês só agravaram o problema.
Em 2018, a Yingli foi excluída da Bolsa de Valores de Nova York. Sua capitalização já não alcançava o limite mínimo de 50 milhões de dólares para participar. A sede da Yingli fica em Baoding, a cidade mais poluída do país. Por sediar muitos fabricantes de painéis solares, intitulou-se Vale da Energia.
(Fonte: Bloomberg/Financial Times/Valor)
 

Pesquisadores debatem impactos ambientais do carvão 4r2p4y

“Impactos da exploração e uso do carvão e seu monitoramento”, foi o tema abordado por três cientistas gaúchos no centro cultural Erico Verissimo, nesta quarta, 6. O evento faz parte da programação da Feira do Livro de Porto Alegre.
O professor Heinrich Hasenack, do Instituto de Biocências da UFRGS, fez a mediação entre as exposições da médica e geneticista Lavínia Schuler Faccini e o ecólogo Gerhard Ernst Overbeck.   
“Por que isso aqui não está lotado?”, perguntou  o músico Renato Borba, empolgado com “o nível da conversa”. Havia umas 40 pessoas no auditório com capacidade para 150 lugares.
O livro “Carvão e Meio Ambiente”, uma coletânea de pesquisas de 1006 páginas, que envolveu mais de 60 pesquisadores de diferentes especialidades,foi a referência para  as apresentações.
Editada há 20 anos pelo Centro de Ecologia da UFRGS, a obra é o mais atualizado compêndio sobre os impactos ambientais do carvão na região do baixo Jacuí, onde se projeta uma nova mina.
“Não temos estudos como esse, com essa visão integradora. Falta uma base de dados atualizados para uma avaliação científica, para que se tenha condições de monitorar os impactos e alertar com base nos fatos, que é a obrigação do cientista”, disse Gerhard.
Segundo ele, em muitos aspectos a obra permanece atual, mas está defasada em outros. A restauração do solo em áreas mineradas a céu aberto, por exemplo:
“A visão que se tinha na época era superficial, acreditava-se que plantando árvores ou uma lavoura era suficiente. Hoje sabe-se que para haver recuperação ecológica tem que haver a reconstrução de um ecossistema. No momento a gente não sabe, é muito complexo. A mineração do carvão a céu aberto deixa o solo muito alterado”.
Médica, com especialização em genética, Lavínia disse que nessas questões o papel do cientista é fornecer as informações para que a sociedade tome as decisões.
Ela trabalha com crianças portadoras de doenças raras, de fundo genético, nas quais os fatores ambientais não estão ausentes. “Mesmo na barriga da mãe, a criança pode ser afetada por fatores ambientais. Nada é 100% genético ou 100% ambiental. Antes pensava-se que era só genético, agora sabe-se que o ambiente é muito mais importante do que se pensava”.
Atualmente, segundo a pesquisadora, os estudos ambientais exigidos para o licenciamento de projetos não incluem os impactos na saúde, mas já há um consenso de que a legislação precisa ser aperfeiçoada neste sentido, incluindo-se no Termo de Referência para a elaboração do EIA Rima a exigência desses estudos.
“Nessa área é importante o monitoramento a longo prazo, porque muitas vezes as consequências só aparecem bem mais tarde, quando o empreendimento já foi embora, e a conta fica para o SUS.”
Na parte final, para a manifestação do público, o engenheiro ambiental Eduardo Raguse, integrante do “Comitê de Combate à Mega-mineração”, informou  que uma “frente técnica”, formada por 50 especialistas, está analisando os estudos de impacto ambiental apresentados para o licenciamento da nova mina em Eldorado do Sul.
“Nossa conclusão é de que esse projeto não tem viabilidade ambiental”, disse. Os palestrantes evitaram qualquer posicionamento a priori, ressaltando que o fundamental  é a disponibilização do máximo possível de informações para que a sociedade tome suas decisões.
 
 
 
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Base da Antartida será reinaugurada sem verba para pesquisas 722z5i

O presidente Jair Messias Bolsonaro fará no próximo dia 12 uma visita relâmpago de 25 minutos à estação de pesquisa Comandante Ferraz, restaurada parcialmente do incêndio que a destruiu em 2011, na Antártica.
Conformados com o evento de reinauguração, que deverá mobilizar um grande aparato de logística e segurança, os cientistas que pesquisam no local, onde se revezam para manter sempre ocupadas as instalações da base num container de aço, esperam que a visita presidencial sirva para despertar o governo quanto à necessidade de garantir verbas para pesquisas.
É exatamente por escassez de recursos que a estação de pesquisas ainda não foi reconstruída totalmente.
O aperto financeiro se agravou com a crise política no Chile, país que deixou de depositar dias atrás o valor da quota periódica que lhe caberia honrar como parceiro do empreendimento.
Uma das pesquisas mais antigas e importantes da base é sobre as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento da Terra em consequência da acumulação de partículas dispersas na atmosfera pela queima de combustíveis fósseis e de biomassa.
Preparado para ar uma nova temporada na base de pesquisa recém-restaurada na Antártica, o geógrafo Francisco Eliseu Aquino, do Centro Polar da UFRGS, que conduz estudos sobre a influência das mudanças climáticas nos desastres naturais do Sul do Brasil – o maior deles, o furacão Catarina em 2004 –, diz que os cientistas estão preocupados com o aquecimento global não apenas porque se trata de um fenômeno real, confirmado pelos meteorologistas de todo o mundo, mas porque se acumulam evidências de que as coisas estão se agravando:
1 – O degelo dos pólos é preocupante, já que a função do gelo e da neve é resfriar a Terra, sabendo-se que a Antártica contém 90% do gelo da Terra, enquanto o Ártico está derretendo
2 – A elevação do nível dos oceanos ameaça cidades litorâneas. Na ilha de Tuvalu, com cerca de 15 mil habitantes, as autoridades iniciaram conversações com o governo da Austrália com o objetivo de promover uma migração de sua população
3 – O ano de 2016 foi o mais quente do século XXI
4 – De 1880 a 1920, a temperatura média da Terra foi de 14°C; nos últimos 100 anos, a temperatura média terrestre subiu 1°C
5 – Os eventos climáticos das últimas quatro a cinco décadas são mais fortes e mais frequentes do que antes
6 – O regime de chuvas está mudando no Rio Grande do Sul, com 9% mais chuvas na primavera e 17% mais chuvas no verão
7 – A Bacia do Prata, incluído o RS, tem a maior concentração de CCM (complexos convectivos de mesoescala), sigla pela qual são conhecidos os ciclones como o que de 29 de janeiro de 2016, quando Porto Alegre sofreu um CCM (originário da Antártica) que destruiu de 4 mil a 5 mil árvores.
8 – Não faz muito tempo, foi confirmado por pesquisas que nas camadas de gelo da Antártica se acumulam registros e sinais de tudo o que aconteceu na Terra ao longo da civilização humana, particularmente a “pegada de carbono” dos últimos 200 anos, quando se iniciou a queima de grandes volumes de carvão mineral para geração de energia, ao que se seguiu o uso do petróleo. “O vento desloca para o Polo Sul um infinidade de partículas como grãos de areia do Saara e grãos de sal do Atacama”, diz Francisco Eliseu Aquino, que faz parte de uma equipe de cerca de 30 cientistas com pesquisas na Antártica. Uma delas estuda a capacidade de cicatrização de animais que vivem no gelo.
 

Os cinco anos mais quentes da história 6m5y4x

Na véspera da reunião de líderes mundiais sobre o aquecimento global na ONU, um relatório divulgado neste domingo eleva a temperatura do debate sobre as mudanças climáticas.

Segundo o estudo, a temperatura média de 2015 a 2019 deve ser a mais alta já registrada num período de cinco anos.

O relatório é da agência da Organização das Nações Unidas que se dedica à observação do clima. A cúpula do clima vem ocorrendo desde sábado-feira e vai até segunda.

São esperados os líderes europeus Emmanuel Macron, presidente francês; Boris Johnson, primeiro-ministro inglês; e a chanceler alemã Angela Merkel. Índia e China também mandarão representantes para a cúpula.

Os presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos, e Jair Bolsonaro, do Brasil, não participarão não participarão.

“Atualmente, calcula-se que estamos 1,1ºC acima da era pré-industrial (1850-1900) e 0,2ºC acima de 2011-2015”, diz o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM).

Segundo o documento, isso representa um aumento expressivo demais para poucos anos. A elevação das temperaturas, o aumento do nível do mar e a poluição com carbono se aceleraram.

Isso quer dizer que, para cumprir as metas assumidas pela comunidade internacional, o aquecimento teria que ser contido — bem mais do que vem sendo feito atualmente.

Os cientistas afirmam que aumento do nível dos oceanos se acelera e o ritmo subiu na última década a quatro milímetros por ano, em vez de três, em consequência do derretimento acelerado das calotas polares no Norte e Sul, algo confirmado por diversos estudos e análises de satélite.

As indústrias de carvão, petróleo e gás prosseguiram com seu avanço em 2018. As emissões de gases do efeito estufa também aumentaram e em 2019 serão “no mínimo tão elevadas” quanto no ano ado, preveem os cientistas que coordenaram o relatório.

Ampliar os esforços 5i544w

Em 2009, líderes mundiais assumiram o compromisso de manter o aquecimento global em apenas 2ºC, considerando os padrões pré-industriais. Em 2015, uma segunda meta, mais rígida, foi assumida: a de manter o aquecimento em apenas 1,5ºC.

Os esforços para reduzir as emissões de carbono teriam que ser triplicados para evitar que o mundo se aqueça 2ºC , de acordo com a OMM. Para que não se chegue à marca de 1,5ºC seria preciso ainda mais rigor. As iniciativas de redução de emissões teriam que ser ampliadas em cinco vezes.

“Existe um reconhecimento crescente de que os impactos do clima estão nos atingindo de maneira mais forte e mais cedo do que as avaliações climáticas indicavam apenas uma década atrás”, diz a página 28 do relatório.

Os últimos dados confirmam a tendência dos quatro anos anteriores, que já foram os mais quentes desde 1850, quando a temperatura média mundial começou a ser registrada. Julho de 2019, quando várias ondas de calor afetaram a Europa, foi o mês mais quente da história.

Na quarta-feira (25) um novo relatório deve ser divulgado pelo Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), considerando também os impactos do aquecimento global sobre as geleiras e os oceanos.

Repercussão do relatório 6139

O relatório, publicado dois dias depois das grandes manifestações de estudantes pelo clima em todo o planeta e na véspera do encontro de líderes mundiais em Nova York para a Assembleia Geral anual da ONU, faz um balanço da falta de ação dos Estados para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

O climatologista Michael Mann, da Universidade do Estado da Pennsylvania, afirmou à agência “Associated Press” que o objetivo de comparar as temperaturas atuais com os níveis pré-industriais já é excessivamente otimista. Segundo ele, a redução nas emissões deveria ser ainda maior, pois mesmo no séculos 18 e 19 houve aquecimento causado pela ação humana. Portanto, na sua opinião, o parâmetro usado é alto demais.

Já a climatologista da agência espacial americana (Nasa) Cynthia Rosenzweig afirmou em uma sessão na ONU que, se o mundo buscar a meta de 1,5ºC, em vez de 2ºC, 420 milhões de pessoas deixariam de ser expostas a ondas de calor.
Além disso, 10 milhões de pessoas ficariam menos vulneráveis à elevação do nível do mar.

A também climatologista Natalie Mahowald, da Universidade Cornell, espera que o novo relatório da OMM desperte a atenção para que se façam mais progressos na redução das emissões de dióxido de carbono. “Espero que a Cúpula do Clima da ONU motive mais ação”, afirmou à AP.

A concentração de CO2 na atmosfera deve alcançar um novo recorde no fim do ano, 410 partículas por milhão, de acordo com dados preliminares.

Para o professor Dave Reay, da Universidade de Edimburgo, esta é a pior notícia do informe.

“É como receber uma conta de cartão de crédito depois de cinco anos de gastos sem pagar”, escreveu. E seguindo com a metáfora bancária, ele completa: “Alcançamos o máximo mundial de nosso crédito de carbono. Se as emissões não começarem a cair, o preço será infernal”.

Cúpula do Clima 5f526c

A Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) começou no sábado (21) com jovens discutindo o futuro do planeta. A reunião termina na segunda-feira (23) e terá a presença de cerca de 60 chefes de estado.

Mais de 500 jovens foram selecionados pelas Nações Unidas para participar da cúpula.

Já a climatologista da agência espacial americana (Nasa) Cynthia Rosenzweig afirmou em uma sessão na ONU que, se o mundo buscar a meta de 1,5ºC, em vez de 2ºC, 420 milhões de pessoas deixariam de ser expostas a ondas de calor. Além disso, 10 milhões de pessoas ficariam menos vulneráveis à elevação do nível do mar.

Entenda o que está em jogo com o limite de aumento da temperatura média do planeta em 1.5 º C 6945n

 
Nós ouvimos e lemos diariamente que o aquecimento global e as mudanças climáticas são o grande desafio deste século. Os noticiários, volta e meia, estampam os alertas emitidos em relatórios do grupo formado por centenas de cientistas do Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que dão o e aos governos de pelo menos 195 países, nas negociações nas Conferências das Partes da Convenção-Quadro sobre a Mudança do Clima (COPs).
Inúmeras vezes, somos impactados por uma mensagem, que vem sendo repetida, desde o Acordo de Paris, na COP 21, em 2015. – “Os países se comprometeram a fazer esforços para limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais até o final do século, por meio da diminuição das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs)”. Afinal, o que estará, então, em jogo, na COP 25, em dezembro, no Chile?
Compromissos brasileiros no Acordo de Paris
Abrindo parênteses, não podemos esquecer qual é o papel do Brasil neste cenário geopolítico ambiental, não é? O governo brasileiro ratificou o Acordo de Paris, por aqui, em setembro de 2016, após a aprovação pelo Congresso. E a promulgação foi estabelecida com o Decreto nº 9073, de 2017.
Com o que nos comprometemos mesmo?
A reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% abaixo dos níveis de 2005, em 2025, com uma contribuição indicativa subsequente de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 43% abaixo dos níveis de 2005, em 2030. Para isso, o país se comprometeu a aumentar a participação de bioenergia sustentável na sua matriz energética para aproximadamente 18% até 2030, restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas, bem como alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética em 2030. (Fonte: Ministério do Meio Ambiente – MMA)
“O Brasil tem de cumprir seus compromissos, será cobrado pelas metas e pela situação atual de desmatamento. Na área de matriz elétrica e energética, a combinação com energia solar e eólica tem sido um bom caminho no país, que tem de ser ampliado”, analisa o Doutor em Meteorologia, especialista em Modelagem Climática José Marengo, que foi um dos revisores do relatório especial do IPCC sobre o Aquecimento Global de 1,5 °C, divulgado no final do ano ado.
“Com a estação seca agora, um dos problemas no país ocorreu com a diminuição da fiscalização em um período que historicamente tem aumento de incêndios e queimadas. Devemos lembrar que é uma situação urgente não só aqui, mas na Pan-Amazônia, que atinge a Bolívia e no norte do Paraguai. Os aerossóis originados com o fogo não têm fronteiras, que afetam o ciclo hidrológico. É um processo que tem de ser controlado”, analisa.
Segundo Marengo, é importante frisar que é necessário haver a redução do desmatamento em todo o mundo, nesta contabilidade de GEEs. Dados da Global Forest Watch apontam que de 2001 a 2018, houve um total de 361 Mha de perda de cobertura arbórea globalmente, o equivalente a uma redução de 9.0% desde 2000 e 98.7Gt de emissões de CO₂.
E que tal compreendermos o que são, de fato, os GEEs?
Primeiramente é necessário compreender que o efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a preservação da vida na Terra, porque tem o papel de manter o planeta aquecido e habitável ao permitir que parte da radiação solar refletida de volta para o espaço seja absorvida pela Terra.
O que acontece, desde o início do período industrial até hoje, é que os GEEs estão sendo produzidos de forma cada vez mais descontrolada, tanto pela emissão provocada por combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural e derivados) para transporte e produção de energia, e decorrentes do desmatamento e do mau uso da terra (iniciativas extensivas agropecuárias, de mineração) e, inclusive, da destinação que damos aos nossos resíduos. Com isso, acarretam as mudanças climáticas e o aquecimento global. E quais são os principais gases em questão? Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido Nitroso (N20) e Hidrofluorcarbonetos (HFCs), entre outros.
O caminho para a revolução climática está calcado justamente na mudança dos padrões das matrizes energéticas. Segundo o secretário-geral da ONU António Guterres, em todo o mundo, mais da metade da nova geração de energia vem de fontes renováveis, sendo que este percentual é de 90% na Europa. Este esforço vem ao encontro dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs) estabelecidos pelos países, no âmbito da ONU, para serem cumpridos até 2030.
Os 17 propósitos principais dos ODS tratam de temas importantes, como erradicação da pobreza, energia limpa e ível, cidades e comunidades sustentáveis e ação contra a mudança global do clima.
Quem mais emite GEEs?
– China;
– EUA;
– União Europeia;
– Índia;
Atualmente, o Brasil figura em 7º lugar.
Qual é a quantidade de GEEs atualmente no planeta?
A concentração na atmosfera do planeta estava na casa de 300 partes por milhão (ppm), no início do século XX. Já em maio deste ano estava em 415 ppm, segundo a NASA. O limite seguro à saúde, de acordo com os cientistas, é de no máximo 350 ppm. Bem, é só fazer as contas. A situação está complicada já em 2019, não é?
Ação antrópica está no centro do desafio
Cientistas brasileiros do IPCC destacam que os principais desafios que estão colocados à mesa e alternativas para revertê-los giram em torno justamente da ação antrópica, ou seja, de nós, seres humanos. Não estamos falando do outro, mas de nós mesmos e da figura institucional dos governos, dos poderes legislativos e judiciários, das empresas, das organizações não governamentais municipais e federais. O que está em xeque é o modelo de desenvolvimento que queremos e como afetará as atuais e futuras gerações.
“A atividade humana já provocou um Aquecimento Global, entre 0,82 a 1,05 graus C. No Ártico, por exemplo, em algumas estações do ano, atinge 3,5 vezes mais que 1,5 graus C”, alerta a vice-presidente do IPCC, a cientista Thelma Krug, Segundo ela, nem um centésimo de aumento pode ser desprezado. “Cada pedacinho tem um efeito. Quanto mais forem retardadas ações de mitigação (redução de danos), teremos mais dificuldades de atingir as metas do Acordo de Paris”, diz. Atualmente o que se observa é o aumento de 0,2º por década. Neste ritmo, atingir a temperatura média de 1,5º C pode ocorrer antes da metade do século.
“De 20 a 40% da população global já vivem em regiões que na última década experienciou um aquecimento de mais de 1,5º C acima do nível pré-industrial”, diz a Doutora em Ecologia Humana Patrícia do Pinho, uma das cientistas brasileiras que integrou a equipe que elaborou o relatório 1.5º C do IPCC. Ela analisa que grupos humanos que menos contribuíram para o aumento dos GEEs sofrem as maiores consequências. Assim é possível identificar que entre as regiões mais vulneráveis estão os continentes africano e sul-americano.
O contexto urbano tem cada vez mais um papel relevante nesta análise, porque a projeção é de que até 2040, 90% da população mundial estará vivendo nas cidades. Isso implica também necessidade de mudanças no estilo de vida na sociedade, que parte desde a dieta alimentar ao uso sustentável de energia, além das ações de governança.
Mitigação e adaptação são as palavras da vez
Pois é, o que vimos agora, é que o que está em questão a todo momento gira em torno de duas palavras: mitigação e adaptação, no caso daquilo que não podemos frear, como comprometimentos de eventos climáticos extremos. Estamos falando de aumento do número de ocorrências de ciclones, tornados, furacões, secas, processos de desertificação, enchentes, deslizamentos em decorrência destes eventos.
“A mitigação é um enfoque que deve ser buscado ao máximo, independentemente de podermos ou não nos adaptar aos impactos considerados irreversíveis. A adaptação, por outro lado, não se limita somente às medidas para lidar com eventos climáticos extremos: está relacionada com os impactos irreversíveis e ou não evitáveis, independentemente de serem eventos extremos (tópicos/ agudos) ou problemas ‘crônicos’ “, avalia Rubens Born, diretor interino da 350.org Brasil e América Latina.
As combinações de todos estes fatores levam a projeções maiores, que são a grande preocupação mundial na atualidade, num limiar de aumento populacional na casa de 10 bilhões de pessoas até a metade deste século: segurança alimentar, o à água potável, poluição do ar, degradação da terra e dos oceanos e extinção de espécies, entre outras. A lista é longa e tem a ver com toda nossa dinâmica de vida.
Refugiados climáticos
Os problemas já podem ser identificados na atualidade, e tem rostos e histórias de vida. “Podemos exemplificar o caso da Síria. Parte da crise política começou com uma seca, causando fome e falta de alimentos. O que detectamos no Brasil é principalmente no Nordeste. A seca atingindo pequenos agricultores no sertão, no semiárido. Não conseguem sobreviver lá e migram para grandes cidades. Mas as capitais já têm problemas sociais suficientes e estas questões são ampliadas nestas áreas mais carentes”, diz Marengo. Já em São Paulo e no Rio de Janeiro, ele alerta que extremos de chuva têm aumentado.
“As pessoas são deslocadas forçadas pelas mudanças climáticas. Em regiões como a Amazônia, a resposta adaptativa é muito baixa”, explica Patrícia. E alerta que as megacidades já correm o risco de exposição de pessoas a calor letal, um contingente de mais de 350 milhões de cidadãos.
Sobre a 350.org Brasil e a causa climática e indígena
A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e íveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.
Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima.