Higino Barros Abre a partir dessa sexta-feira, 06/05, para o público mais uma edição da Bienal de Artes do Mercosul. É a décima primeira vez que o evento é realizado. Agora numa versão bem menos grandiosa do que as primeiras edições, mas não menos ambiciosa, segundo seus realizadores. Em um momento que as atividades envolvendo gastos com a área cultural estão sendo reduzidas em todo o País, principalmente no Rio Grande do Sul, a versão atual da Bienal tem o custo de R$ 5 milhões, dinheiro investido na amostragem da arte contemporânea do continente africano, europeu e sul-americano. O evento acontece de seis de abril a três de junho e exibe trabalhos de 77 artistas. Sendo 21 da África, 19 do Brasil, 20 da América do Sul, 11 da Europa e seis da América do Norte. As obras estão exibidas no MARGS, Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural, Igreja Nossa Senhora das Dores, Comunidade Quilombola do Areal e Casa 6, em Pelotas. Sob o tema “O Triângulo Atlântico”, a proposta para o evento é lançar um olhar sobre o espaço atlântico. “Pela força poética em diálogo com a história, a exposição constrói uma linha de pensamento que aborda problemáticas relativas à miscigenação oceânica em encontro com as artes. Com o olhar atentos aos fluxos migratórios – sejam estes de natureza voluntária, ou em sua maioria involuntária, se busca compreender a relação entre o indivíduo e sociedade estabelecida a partir da travessia do Atlântico, do comportamento humano e de sua organização. Sob a perspectiva cultural, a diáspora do Atlântico Negro levou a um intenso trânsito de religiões, idiomas, tecnologias e artes”, sinalizam os curadores da mostra. Ligações escassas Obras em exposição no Margs / Ricardo Stricher / JÁ O curador chefe da Bienal, Alfons Hug, destacou na apresentação do evento, a espécie de dívida que a sociedade brasileira e a gaúcha em particular, tem com as populações oriundas da África, “já que as ligações culturais entre o Atlântico Sul são escassas e as relações uma acumulação de cataclismos, possibilitando um depósito de memórias”. Hug destaca a parcela de trabalhadores escravos nas charqueadas no Rio Grande do Sul, constituindo-se 30% da população, maior do que as registradas na época, em Salvador e Rio de Janeiro. Testemunho dessa presença, até hoje, é a existência de 130 quilombos no Estado, sendo seis localizados em Porto Alegre. Por conta dessa história, em Pelotas também haverá exposição da 11 ª Bienal do Mercosul. A Bienal traz também a participação de artistas indígenas, em instalação na Igreja Nossa Senhora das Dores, em conjunto com artistas nigerianos. Para saber mais sobre programação da 11ª Bienal de Artes do Mercosul consulte o site ou a página do Facebook. Obra fotográfica em exposição no Margs / Ricardo Stricher / JÁ Ricardo Stricher / Jornal JÁ 5t4z6q