A divisão política da França. ( entrevista de Piketty para libération Jan.2016 ) “Que espaço encontrar entre o projeto da soberania de le pen e o programa liberal de macro? O Bloco Nacionalista obteve cerca de 30 % dos votos, se somarmos o pen, Dupont-Aignan e uma parte de Fillon. O Bloco Liberal – MacroN e uma parte de Fillon – digamos 30%. O BLOCO DE ESQUERDA 30 % também – no qual, claro, existem nuances entre as várias tendências. A França está dividida em três: Grosso modo a tríade nacionalismo-liberalismo-socialismo do livro de Karsenti e Lemieux (1). Mas essas fronteiras são porosas e não congeladas. Tudo dependerá das legislativas e a capacidade desses blocos a unir-se. Faço parte daqueles que lamentam que face ao bloco liberal em formação, a esquerda não ter organizado uma preliminar para apresentar apenas um único candidato”. [Thomas Piketty é um dos iniciadores da chamada para uma primária de toda a esquerda, em Libertação, em Janeiro de 2016, o nr]. Os ânimos, no Brasil, estão muito acirrados para se pedir moderação e tolerância. É como se estivéssemos no mata-mata. Não há adversários, só inimigos, na arena política, cada vez mais polarizados.Logo, não está havendo Política, mas sua continuação pela gritaria que é a ante-sala da guerra interna.(?) Quando digo isso, quero dizer não só que as opiniões estão dividas ao meio – CONTRA x A FAVOR e A FAVOR x CONTRA como uns e outros estão se radicalizando em extremos. Nesse contexto, pobre dos centristas, maioria silenciosa em quase todas as crises. Isso ficou claro na Greve do dia 28. Quem promoveu e sustentou a greve foram, realmente, as forças organizadas da esquerda – Sindicatos, Partidos, Movimentos, um grupo de vanguarda, relativamente pequeno, dando-lhe uma coloração nitidamente vermelha. Mas os que a radicalizaram com atos de enfrentamento à Polícia e quebradeiras, foram, em grande parte, segmentos de extrema esquerda, já conhecidos por tais atitudes. Entre eles sempre permeiam os ‘agents provocateurs’ de sempre. Contra a greve ficaram os azuis, metáfora que identifica todos aqueles que são e foram contrários à Era Lulo-Petista e que, nas suas extremidades se associam cada vez mais ao fascismo, como o Prefeito Dória que acusa os grevistas de vagabundos, perdendo crescentemente o centro. Querem o império da letra da Lei e não a interpretação que a legitima, que para os jurisconsultos ganha o nome sofisticado de hermenêutica. E por isso estão satisfeitos com o Governo Temer cujo lema, aliás positivista, de afirmação conservadora das normalidades sociais, é ORDEM E PROGRESSO. Não se dão conta, tais setores, que a Oposição a Temer é muito maior e mais ampla do que os promotores da Greve. Ela foi acompanhada pela maioria silenciosa engrossada pela classe média. Segundo pesquisas recentes, apenas 9% dos brasileiros apoiam o Governo Temer. Não se dão conta, portanto, que, apesar do número relativamente pequeno de manifestantes na sexta feira, há uma imensa maioria que rejeita Temer e seu Governicho .Isso demonstra que o Governo perdeu a luta ideológica. Os eleitores não querem a PONTE PARA O FUTURO em curso. Aliás, quem idealiza o futuro com o sacrifício da geração presente, geralmente o faz em benefício próprio. Não haverá nada neste futuro construído sobre cassação de direitos. Além, portanto, da Greve em si, há que se ver as repercussões da Greve. Elas são marcantes e um jornal como o ESTADÃO o reconheceu. Entramos numa nova fase da conjuntura. Estudo da Fundação Getulio Vargas demonstra essas repercussões na INTERNET: A greve geral de 24 horas realizada nesta 6ª feira (28.abr.2017) pelas centrais sindicais e por movimento sociais provocou uma inflexão na disputa política. Os grevistas venceram a disputa narrativa e conseguiram colar o rótulo de perda de direitos nas reformas trabalhista e da Previdência, prioridades do governo de Michel Temer. JOGO SE REEQUILIBRA O relatório aponta que os grupos mobilizados pelo impeachment de Dilma Rousseff –denominados “azuis”– e os defensores da ex-presidente –”vermelhos”– continuaram dominando as discussões nas redes após a ascensão de Michel Temer –FGV sobre a repercussão da greve geral na internet – /confira-a-analise-da-fgv-sobre-a-repercussao-da-greve-geral-na-internet/. Do fundo da minha alma, proclamo, pois, para a recuperação da esperança:: ‘VAGABUNDOS , VAGABUNDAS, E VAGA – LGBT DE TODO MUNDO, UNI-VOS” Só a vagabundagem, ampla, universal e irrestrita é capaz de nos dar uma luz nesta era de trevas… 5m2l3h