Hélices do mal antecipam O Anjo Exterminador 1x5y27

O grupo Teatrofídico prepara para estrear em novembro de 2005 o espetáculo O Anjo Exterminador – uma adaptação da obra cinematográfica de Luis Buñuel. O processo de pesquisa de linguagem estética e de conteúdo rendeu o primeiro resultado concreto, “As velozes hélices do mal”. A peça tem criação coletiva, e conta quatro histórias baseadas em temas recorrentes da obra do cineasta surrealista: A burguesia, A igreja católica, A opressão e A morte. De forma fragmentária, o grupo utiliza os mais diversos estilos de interpretação e estética múltipla entrelaçando as histórias em um novelo de símbolos e conteúdos. As Finandeiras do Destino mostra três mulheres – as moiras – tecendo o destino da humanidade e dela próprias. Intervalo para o Guaraná conta, num futuro próximo, como a sociedade já livre de preconceitos sexuais se mostra ainda fútil e desumana. A Santa Igreja utiliza a técnica do teatro fórum de Augusto Boal, para mostrar uma religião hipócrita. O Patrão Nosso de Cada Dia fala de um mundo comandado pela força do emprego que aliena e automatiza o ser humano sensível. Em todas histórias o mal e a perversão perambulam entre os personagens de forma sombria e tragicômica. As Velozes Hélices Do Mal Direção: Eduardo Kraemer Elenco: Renato Del Campão, Marco Sório, Jairo Klein, Sayonara Sosa, Claudia Canedo, Magali Leite, Debora Geremia, Rosaura Costa, Caue Soares, Rafael Guerra e Henri Lunes. Onde: Sala 302 da Usina do Gasômetro Quando: dias 14, 21 e 28 de agosto – domingos, às 19hs Confira outros espetáculos do Projeto Gestação Cultural Usina das Artes (Usina do Gasômetro): • “El Titiritero de Banfield” – Sala 309 Dias 13 e 14 de agosto, às 21h Sérgio Mercúrio – Argentina. • “En Camino” – Sala 309 Dias 20 e 21 de agosto, às 21h Sergio Mercúrio – Argentina • “Cabe na Mala?” – Sala 309 Espetáculo Infantil e Exposição Interativa Dias 27 e 28 às 16h Grupo Tapetes Contadores de Histórias – RJ. • “Retalhos de Drummond” – Sala 309 Espetáculo Adulto Dias 27 e 28 às 21:00 Tapetes Contadores de Histórias – RJ Oficina de teatro de formas animadas Sala 309 com Sergio Mercurio (El Titiritero de Banfield) de 15 a 19 de agosto, das 19h às 22h. Valor: R$ 80,00 Inscrições: 30194088 ou 99598281 Oficina permanentes NAP – Núcleo Aberto de Palhaços – pesquisa prática sobre a arte do palhaço – Sala 309 Grupo Firuliche. Terças – feiras das 18h30min às 22h Mensalidade: 25,00 Danças Circulares Sagradas com Patrícia Preiss – Sala 309 Quartas – feiras das 18h às 20h Mensalidade: 45,00 Informações: 3339-6382 5q6o26

Projeto das áreas culturais vai para Câmara em agosto 6p3i53

Guilherme Kolling
Uma boa notícia para quem se preocupa com a preservação do patrimônio histórico de Porto Alegre. A prefeitura vai encaminhar o projeto de lei das áreas especiais de interesse cultural para a Câmara Municipal em agosto.
Uma má notícia para quem quer a manutenção dos casarões antigos da cidade. Os vereadores, já no oitavo mês do mandato, ainda não criaram a Comissão Especial de Avaliação do Plano Diretor. Ou seja, ainda vai levar um bom tempo até o projeto ser apreciado.
A Secretaria do Planejamento Municipal (SPM) escalou cinco arquitetos para finalizar o texto até 8 de agosto. O prazo vence hoje, no entanto o executivo da SPM, Isaac Ainhorn (foto), garante que o atraso não a de alguns dias.
“A discussão é polêmica, mas precisamos de uma conclusão neste assunto. Por isso defini uma data. Depois, a Câmara, que representa toda a sociedade, irá resolver os pontos em que não há consenso”, prevê o secretário.
Antes de ser entregue aos vereadores, o novo projeto de lei será apresentado ao Conselho do Plano Diretor e ao prefeito José Fogaça, que tem cobrado uma resposta da SPM para o tema.
O petista João Verle entregou uma proposta para a lei no final de 2004, com base em um estudo de técnicos da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) em conjunto com a Faculdade de Arquitetura do Centro Universitário Ritter dos Reis.
O texto foi recolhido pela nova istração do Município no início do ano, para modificações. Manteve-se o número de locais protegidos, são 80. Mas o regime urbanístico do entorno, isto é, as regras para construir em volta desse patrimônio da cidade, recebeu ajustes em alguns casos.
É o caso do 4º Distrito – o presidente de uma das associações da região apontou as novas áreas de interesse cultural como um entrave à revitalização do ponto, durante seminário realizado em março. “Tivemos a preocupação de dar uma oxigenada naquela área”, conta o secretário do Planejamento, que considera o novo trabalho mais avançado e evoluído que o original.
Mas ainda restam definições que podem influir na opinião da sociedade sobre o estudo. Das 80 áreas identificadas, há consenso sobre 60 delas – as outras 20 não são unanimidade nos quesitos tamanho e regime urbanístico.
Boa parte da discussão se concentra nos bairros da região central de Porto Alegre. No Moinhos de Vento, que tem três áreas, já está definido que no quarteirão da Caixa D’Água a altura máxima será 9 metros.
Também se concluiu que na Praça Maurício Cardoso a altura dos novos prédios não deve ultraar 12,5 metros no miolo, e 27,5 metros no entorno. No Morro Ricaldone, o terceiro ponto contemplado, projeta-se um limite de 12,5 metros para futuras edificações no topo, e 27,5 metros ao redor. Falta delimitar com precisão o contorno do mapa dessas áreas.
No Petrópolis restam ainda algumas indefinições nas duas áreas elencadas. A da Casa da Estrela, por exemplo, transformada em símbolo pelos moradores, corre o risco de ser demolida para dar lugar a um edifício. “Não há uma decisão final sobre essa questão pontual, mas posso afirmar que a escadaria da rua Guararapes será toda preservada”, revela o secretário Isaac Ainhorn.
Vereadores terão três meses de debate
A ilusão de concluir a revisão do Plano Diretor em 2005 se foi. Mais um ano em que o assunto que afeta toda cidade tem seu debate postergado. A Câmara Municipal ainda não instalou a Comissão Especial para tratar do assunto. Como estamos em agosto, na melhor das hipóteses, serão três meses de debate.
Acontece que depois de instalada a Comissão, os parlamentares têm que eleger presidente, relator-geral e relatores temáticos, além de definir horário e periodicidade dos trabalhos. Na primeira Comissão criada para tratar do novo Plano Diretor, em 2003, esse trâmite burocrático durou mais de um mês – as sessões eram semanais.
Como essa nova safra de legisladores – parte dela nem tão nova assim – está encontrando dificuldades para acertar o número de integrantes da comissão e a composição partidária, é bem provável que só em outubro a discussão comece de fato.
E mais provável ainda que, de posse do projeto das áreas especiais de interesse cultural, os vereadores não consigam transformá-lo em lei este ano, já que devem ser convidados para opinar, pela enésima vez, o movimento Porto Alegre Vive, o Sinduscon, e outras entidades de classe e representantes da sociedade civil.
Ao final da oitiva – palavra tão em moda nesses tempos de I – deverá estar findando o ano parlamentar, e os vereadores não terão tempo hábil para transformar em lei esta parte tão importante do Plano Diretor – as áreas especiais de interesse cultural.
Lista das áreas e lugares identifcados
As áreas especiais de interesse cultural são previstas pelo Plano Diretor de Porto Alegre, em vigor desde 2000. São locais com ocorrência de patrimônio cultural que deve ser preservado. Por isso, o regime urbanístico (o quanto e como se pode construir) nessas áreas é diferenciado devido a sua importância cultural, ambiental ou urbanística.
O estudo feito pela Prefeitura, em parceria com a Ritter dos Reis acrescentou 40 novas áreas à lista do Plano Diretor de 1979. Ao todo, a soma de áreas e lugares identificados pela equipe e arquitetos soma 80: são 19 no Centro; 13 na Orla, e 48 no Interior, que engloba todos os outros bairros da cidade.
A Secretaria do Planejamento vai encaminhar o projeto de lei por etapas. Primeiro vai um texto para o Centro e um para o Interior. A seguir, será enviado o projeto para a Orla.
Estudo segue engavetado
“O primeiro compromisso da atual gestão é com as áreas especiais de interesse cultural. A revisão do regime urbanístico proposto pelo Plano Diretor será objeto de uma segunda etapa”, diz o secretário do Planejamento, Isaac Ainhorn.
Da afirmação, pode-se depreender que a outra polêmica do Plano Diretor – o regime urbanístico, que envolve alturas, afastamentos e as regras de como se pode construir na cidade – ainda não tem data para ter uma definição.
Depois de uma longa discussão nos seminários da Conferência de Avaliação do Plano Diretor, em 2003, ficou definido que seriam feitos estudos para monitorar o crescimento da cidade e estabelecer ou não, novos parâmetros para o regime urbanístico.
Na primeira fase, seriam estudados quatro bairros da região central (Moinhos de Vento, Menino Deus, Petrópolis e Rio Branco). Num segundo momento, toda a área radiocêntrica (entre o Centro e Terceira Perimetral) para finalmente aplicar o estudo no resto da cidade.
Arquitetos da Secretaria do Planejamento concluíram a etapa inicial, coletando dados valiosos para cidade – é o primeiro monitoramento do novo Plano Diretor, o que aliás está previsto na lei.
Entre as conclusões, um alerta – da forma que está crescendo a cidade, ao invés de aproveitar a infra-estrutura ociosa, o Município terá prejuízos, já que a densidade está superando a relação ideal entre habitantes e área.
Com isso, haverá a necessidade de aumentar redes viária, de água, esgoto, obras caras, que muitas vezes exigem financiamento internacional. O estudo da SPM, por enquanto, segue engavetado, pelo até a prefeitura voltar a tratar do assunto.

Cidade não é mercadoria g464x

Margarete Moraes, Vereadora
Art. 92. As Áreas de Interesse Cultural são áreas que apresentam ocorrência de Patrimônio Cultural que deve ser preservado a fim de evitar a perda ou o desaparecimento das características que lhes conferem peculiaridade.
Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, Lei Complementar 434 de 1999.
As cidades vivenciam uma elaboração cultural em movimento constante, a partir da cidade real, procurando compatibilizar o novo com o existente. A partir desta concepção, estudo realizado pela Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (EPAHC), da Secretaria Municipal da Cultura, em 2003, em conjunto com a Faculdade de Arquitetura do Centro Universitário Ritter dos Reis, dentro de convênio firmado pelas duas instituições, considera as raízes de Porto Alegre de nossos dias, uma cidade que se mantém um tanto provinciana, um tanto cosmopolita, mas sempre hospitaleira e fiel as suas vinte e cinco etnias.
Um estudo que pretenda alçar alguns bens culturais ao patamar de patrimônio deve guardar coerência com o ado e com o presente. Sobretudo, deve ter um comprometimento ético com um futuro saudável e sustentável para as próximas gerações. Partindo destes princípios, a pesquisa apurou a necessidade de tratamento especial em oitenta áreas, divididas em quatro macro-regiões. Essas áreas, verdadeiros nichos patrimoniais, concentram-se na orla do Guaíba, no Centro, no interior da malha urbana e na área rural, neste caso, já prevista nos próprios parâmetros do Plano Diretor. Segundo as propostas, é possível construir, demolir e reestruturar edificações seguindo normas definidas universalmente que orientam a ocupação dos espaços privados e oferecem diretrizes para o espaço público, respeitando a vocação e as peculiaridades de cada área.
A Agenda 21 da Cultura, assinada por mais de 200 autoridades locais, em Barcelona, 2004, recomenda: “Os governos locais desenvolverão estudos e legislações específicas que objetivem a proteção de bens imóveis, conjuntos arquitetônicos incomuns, espaços de sociabilidade pública, bairros, quarteirões ou ruas e avenidas, lugares e ambientes que guardem relação de identidade histórica ou social com as populações, prevendo a necessidade de impedir suas descaracterizações e/ou a agressão aos mesmos pelo mercado imobiliário”.
Os porto-alegrenses podem se orgulhar do trabalho, que já vinha sendo realizado pela istração Popular na valorização da memória e da história, incluindo o patrimônio urbano edificado. O Orçamento Participativo aprovou a restauração e reciclagem do Mercado Público, amparados por trabalho da pesquisa histórica da EPAHC, garantindo o significado e a mística daquele espaço referencial à sociedade. Em 1993, teve início a restauração da Casa Torelly, sede da Secretaria Municipal da Cultura. Antes disso, o Conselho do Orçamento Participativo aprovou a reciclagem da Escola Apelles Porto Alegre, transformada no arquivo municipal Moisés Vellinho, equipado com reserva técnica totalmente climatizada e informatizada, compatível com as normas internacionais, espaço freqüentado por escolas e pela comunidade. Já o Solar da Travessa Paraíso, talvez o exemplar “vivo” da casa mais antiga de Porto Alegre, tornou-se um centro de educação patrimonial e ambiental, desde 1997, aberto às escolas e à comunidade, com oferta de oficinas, mostras e cursos, depois de salvo pelos bombeiros de incêndio, provavelmente criminoso, e efetivada sua restauração pelo poder público. O governo municipal devolveu à cidade o viaduto Otávio Rocha restaurado, comprou e reconstruiu a cobertura da Casa Godoy, exemplar raro de arquitetura art nouveau, restaurou a Fonte Talavera e o Paço Municipal, tombou o Parque Farroupilha. A Usina do Gasômetro, um bem tombado e restaurado pelo poder público, foi reciclado como um centro cultural plural, reconhecido internacionalmente, e abriga a Galeria Iberê Camargo, o cinema P.F. Gastal, o espaço Vasco Prado.
São exemplos de trabalhos que ilustram a função constitucional do poder público, em diversos âmbitos, para valorizar, preservar e difundir a memória das comunidades expressas em sua materialidade. Os critérios de intervenção propostos pelos EPAHC, em 1994, foram respeitados pelo governo municipal, até 2004.
Infelizmente, é preciso registrar, que hoje a Casa da Travessa Paraíso encontra-se fechada ao público, para uso istrativo, portanto, espaço cultural público perdido pela cidade. A Usina do Gasômetro está loteada entre diversos grupos artísticos, sem cuidados com a preservação patrimonial e respeito às diretrizes da EPAHC. Também no Paço Municipal reformado, áreas destinadas a galerias de arte foram tomadas ao público para uso istrativo.
Não se preserva para o ado, mas para o futuro. Uma lição simples, mas difícil de ser compreendida por alguns setores. Valores culturais, morfológicos, funcionais e paisagísticos se repetem em algumas situações, mas sempre se articulam e se complementam. Em uma época em que a tendência avassaladora da globalização coloca em perigo a sobrevivência da diversidade cultural planetária, a preservação das identidades é um dever de todos aqueles que se comprometem com o futuro. Só assim Porto Alegre será saudável e sustentável.

Marcelino Pies nega ree de Marcos Valério ao PT gaúcho 35574c

Guilherme Kolling
A notícia de que uma empresa de Marcos Valério teria reado R$ 1,2 milhão ao PT do Rio Grande do Sul caiu como uma bomba no Estado. Enquanto jornais estampavam o fato nas machetes, deputados do partido exigiram explicações.
O presidente regional, David Stival, se disse surpreso com as declarações da gerente da SMP&B, Simone Vasconcelos, e negou qualquer envolvimento do Diretório com o esquema do empresário mineiro.
Mas o suposto sacador do dinheiro, o ex-secretário estadual de Finanças e atual secretário de Assuntos Institucionais do PT gaúcho, Marcelino Pies (foto), ficou 48 horas incomunicável depois da denúncia.
Ontem(3/08)ele divulgou nota afirmando que não houve ree da SMP&B para o partido no Estado. “Pelo que me consta, não existiram movimentações financeiras envolvendo as empresas do Sr. Marcos Valério referentes ao Diretório Regional do partido”, afirma.
O dirigente petista revela, ainda, que quando era secretário de Finanças, em 2003, foi “designado pela direção estadual do PT-RS para buscar junto à direção nacional recursos para quitação das dívidas do partido”.
E ite que ainda “não dispõe de todas as informações sobre movimentações financeiras executadas pela direção nacional, através do Sr. Delúbio Soares”. Marcelino conta que vai prestar todas informações para o esclarecimento do fato aos órgãos competentes.
Questionada pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT) durante depoimento à I dos Correios, a gerente da SMP&B confirmou o ree ao PT gaúcho e revelou que falou por telefone pelo menos uma vez com um dos receptores no Estado (os nomes de Marcelino Pies, Jorge e Marcos otto figuram na lista) para colocá-lo em contato com Marcos Valério. Ela não soube precisar se o dinheiro foi distribuído através de saque ou depósito bancário.
O presidente nacional do PT, Tarso Genro, negou que a verba tenha sido utilizada para pagar despesas de sua campanha.
Leia a íntegra da nota de Marcelino Pies:
Nota de Esclarecimento
Diante das notícias veiculadas com base em depoimento prestado à Polícia Federal pela senhora Simone Vasconcelos, “a partir de anotações do empresário Marcos Valério”, venho a público esclarecer:
1 – Na campanha eleitoral de 2002 do PT/RS, todas as receitas e despesas foram devidamente declaradas no Tribunal Regional Eleitoral e aprovadas por suas instâncias;
2 – No início de 2003, enquanto estava interinamente exercendo a função de Secretário de Finanças, fui designado pela direção estadual do PT/RS para buscar junto à direção nacional recursos para quitação das dívidas do partido;
3 – Pelo que me consta não existiram movimentações financeiras envolvendo as empresas do Sr. Marcos Valério referentes ao Diretório Regional do partido;
4 – Como não disponho de todas as informações sobre as movimentações financeiras executadas pela direção nacional, através do Sr. Delúbio Soares, adotarei as medidas cabíveis para esclarecer e estabelecer a verdade;
5 – Continuarei buscando e prestando todas as informações essenciais para o pleno esclarecimento da população e dos órgãos competentes para tratar dessa questão, a respeito de quaisquer fatos ou denúncias, na certeza de que tanto as Is, quanto a Polícia Federal e o Ministério Público saberão de forma isenta, estabelecer a verdade dos fatos.
Porto Alegre, 03 de agosto de 2005.
Marcelino Pies
Ex-secretário Estadual de Finanças e
atual Secretário de Assuntos Institucionais do PT/RS

Caingangues terão luz e água fresca 5z5a1w

Se os caingangues que ocupam o Parque Natural do Morro do Osso abandonarem o local, irão ter luz, água, telefone público na esquina, ônibus na porta de casa, escola bilíngüe, centro-cultural e muito mais. A promessa é da Prefeitura, em parceria com o governo do Estado.
Enquanto espera a decisão do cacique Jaime Kentanh Alves, o município está negociando a desapropriação de uma área de 10 hectares no Beco Otaviano Pinto, no bairro Canta Galo, na zona Sul. O cacique ainda mantém a posição de “não arredar o pé” do Morro do Osso. Apesar da teimosia, foi obrigado pela Justiça Federal a retirar uma casa que a tribo havia construído na área de reserva ambiental do morro.
A área que a prefeitura pretende oferecer aos caingangues é um terreno plano, de vegetação nativa das plantas taquara e cipó utilizadas pelos índios na fabricação de utensílios e artesanato. O terreno possui poço artesiano, e, segundo a Emater, tem condições de abrigar dois açudes. O local fica à beira da estrada do Lami, a 30 quilômetros do Centro. O meio de o é o ônibus Canta Galo – Lami, com terminal na avenida Borges de Medeiros.
No entorno do terreno tem uma escola e um posto de saúde. A Prefeitura também está estudando a possibilidade de criar uma feira de artesanato junto à Praia do Lami. “Ali eles terão toda infra-estrutura para viverem muito bem. A Secretaria Estadual do Planejamento irá construir um centro cultural, um local para a escola bilíngüe e 26 casas, que serão de excelente qualidade”, diz Kevin Krieger, secretário municipal dos Direitos Humanos e Segurança Urbana.
Krieger esteve no local nesta segunda-feira, junto com Dulcimar Portella, coordenador do Programa Indígena da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) para apresentar o terreno ao secretário do Planejamento e a integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal e da Emater.
O presidente da comissão de Justiça e Direitos Humanos da Câmara, vereador Ervino Besson (PDT), disse que ficou convencido de que a mudança irá melhorar em 100% a vida dos caingangues. “Não conheço área melhor para eles morarem em Porto Alegre. Sugiro que a Funai venha conhecer. É um lugar excelente”.
Na sexta, dia 22, um grupo representante da tribo de 114 adultos e as 53 crianças esteve na área do bairro Canta Galo. A primeira reação foi gostar bastante do lugar. No entanto, mudou de opinião, após uma reunião “interna”.

Lideranças do PT no Estado pedem expulsão de companheiros d603e

Guilherme Kolling
Duas lideranças regionais do PT gaúcho se manifestaram ontem (28/07) pedindo a expulsão de companheiros do partido, envolvidos em casos de corrupção. “Não consigo entender como ninguém ainda foi expulso”, declarou o deputado Flávio Koutzii (foto), líder da Bancada do PT na Assembléia Legislativa, durante o programa Frente a Frente, na TVE.
Em entrevista ao Jornal JÁ, o ex-prefeito de Porto Alegre João Verle também defendeu a saída de integrantes que cometeram atos ilícitos. “Falha no caráter é uma característica humana e o maior partido do país não ficou imune a isso. Agora devemos expurgar essas pessoas que ferem a nossa ética partidária, um ponto forte que ostentamos. Se isso não acontecer, vamos nos igualar aos demais partidos”, prevê.

Verle é da tendência Democracia Socialista, Koutzii é da Esquerda Democrática. As duas são da ala mais à esquerda do PT, e fazem oposição ferrenha ao Campo Majoritário, que comandou o partido com José Dirceu, Genuíno-Delúbio-Sílvio Pereira. Agora Tarso Genro está a frente, embora o ex-ministro da Educação tenhadeclarado que o Campo Majoritário acabou. Mesmo assim, a oposição ao seu nome é clara.

“Esse Campo Majoritário, direta ou indiretamente, é responsável pelo que aconteceu. Temos que mudar a correlação de forças, reformular o PT. E o PED (Processo de Eleições Diretas) é a grande oportunidade para mudar a direção do partido”, afirma João Verle.

“O PT está com seus valores em crise e a possibilidade de ter o patrimônio destruído. As pessoas expressam dor, vergonha, indignação. E depois de um período de perplexidade, dirigentes petistas e quadros de expressão estão falando em fazer um corte nisso agora. Se não mudarmos a política, não resolveremos a questão. Queremos ganhar a direção do partido aqui e lá (no Estado e no País)”.

As chances de uma vitória da esquerda do PT para dirigir o partido nacionalmente aumentaram em nível diretamente proporcional à crise. “Esse tsunami foi tão violento que deslocou as forças no partido. Sem esses fatos, seria um eio para o Genoíno”, acredita Koutzii.

Se houver vitória do Campo Majoritário, ainda que não usando este nome, haverá um racha no partido. “É possível sim que alguns nomes saiam do PT. Mas não se pode dizer, ‘se perdermos, vamos sair’. Isso não tem sentido”, analisa Verle. Flávio Koutzii também acredita que o partido pode sofrer um encolhimento.

“Já perdemos gente no início do Governo Lula, na Reforma da Previdência, na definição do salário mínimo, na expulsão dos companheiros que formaram o P-SOL. Até os intelecutais que líamos se afastaram. O PT é um patrimônio inestimável, que vive sua maior crise histórica. Só a eleição direta pode dar uma mexida nesse quadro”, aponta o líder da bancada do partido na Assembléia.

“Bandidos privatizaram as ruas” 523o3p

Guilherme Kolling
O secretário municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic), Idenir Cecchim, denuncia que “bandidos privatizaram as ruas do Centro de Porto Alegre” e as alugam para camelôs. São “donos” de espaços cadastrados para o comércio ambulante, que recebem R$ 300 a R$ 400 por mês de terceiros.
“Eles justificam que essas pessoas são auxiliares, mas de auxiliar elas não têm nada. São autônomos, que simplesmente pagam uma taxa ao mês”, revela. O executivo da Smic aponta, ainda, o grupo como principal interessado em que os camelôs continuem nas ruas, liderando a resistência. “É óbvio, pois com a criação dos Centros Populares de Compras, eles perderiam uma fonte de renda”, explica.
O secretário ite que a negociação é difícil e que há um bom percentual de ambulantes que preferem a rua. Na área em frente ao Chalé da Praça XV, onde há 400 barracas, o grupo está dividido. E aumenta a cada dia.
A Prefeitura quer resolver o problema com os Centros Populares de Compras, o novo nome que a istração municipal está dando aos shopping populares, a pedido dos próprios camelôs. O objetivo é ar uma idéia de local mais ível, não elitista.
A Smic quer criar três shoppings populares em prédios do Centro, já a partir de outubro. O projeto de lei vai para a Câmara Municipal no início de agosto. Depois, a Secretaria licencia a atividade em três prédios escolhidos. Os camelôs vão pagar menos do que hoje, R$ 200 a R$ 250. “Para eles é vantajoso. É um custo menor do que o gasto com depósito e aluguel”, compara Cecchim.
A partir da inauguração dos Centros Populares de Compras, a fiscalização será intensificada. “Ao invés de organizar as bancas cadastradas, os funcionários da Smic vão cuidar de quem estiver na rua, com o apoio da Brigada Militar e câmeras de monitoramento”, projeta o secretário de Indústria e Comércio.

À espera de projeto h3o10

Guilherme Kolling
Na tarde de uma segunda-feira ensolarada de julho, o comércio na avenida Osvaldo Aranha era um contraste. De um lado, lojas com liquidações de inverno, gente ando em frente às vitrines a todo momento, e até uma fila de candidatos a emprego numa ferragem.
Ali em frente, no Parque da Redenção, jazia o Mercado Bom Fim, quase as moscas. Das 25 lojas do local, nada menos que treze estavam fechadas. E o movimento era fraco nas abertas.
É um problema e ao mesmo tempo uma grande oportunidade para a Prefeitura redefinir um projeto para o local. Mesmo num ponto nobre, o centro de compras reaberto há cinco anos não deslanchou.
Agora, uma dezena de espaços do Mercado estão com a permissão de uso vencendo. Outros quatro são ocupados por projetos do Município. E alguns não funcionam há meses. Cabe à Secretaria da Produção, Indústria e Comécio (Smic) escolher a futura utilização do prédio.

O executivo da Smic, Idenir Cecchim, desde o início do ano fala em criar um mix de lojas para dar nova cara ao Mercado. “Temos que ver o tipo de comércio e serviços que as pessoas querem. Devemos atender o maior número de pessoas possível”, prevê.

“O projeto é que não haja mais entrada pelos fundos, criando mais os pela frente, sem grandes transformações arquitetônicas. Já temos interessados em instalar restaurantes temáticos. Mas primeiro temos que limpar a área, senão os investidores não aparecem”, justifica.
O secretário diz que esbarrou em liminares na Justiça, como a do Bar Escaler, e que está negociando com atuais permissionários. Cecchim já adiantou que não pretende renovar a permissão de uso dos bares, que em alguns casos afastam o público.
Seu próximo o é abrir licitação para os espaços vazios. Outra proposta é promover a idéia de o porto-alegrense ar o dia no local. “Primeiro, o visitante olha as lojas, leva a criança no parquinho de diversões, almoça no Mercado, depois eia, toma um café. Vamos fazer um link entre as atrações”, projeta.
Um dos comerciantes mais tradicionais do ponto, Antenor Guerra, do Luar Luar, sugere a diversificação de atividades, exemplificando com dois ramos – restaurante e florista – que, na visão dele, “já tem demais”.

Exclusivo: a última entrevista do velho João 2e3e51

Guilherme Kolling
Quando o Bar João completou um ano e seis meses fechado, em 31 de novembro de 2004, o Jornal JÁ foi ouvir o fundador, João Brum. A reportagem ou uma tarde no acanhado apartamento do senhor de 89 anos, no Parque dos Mais. Lúcido e animado, ele ainda falava com energia quando lembrava histórias da Osvaldo Aranha.
O estabelecimento para o qual ele deu seu nome continua fechado. Foi atingido por uma retroescavadeira que demolia o Baltimore em 2003. Júlio Leite, dono do bar, entrou com uma ação na Justiça para embargar a obra vizinha, que prevê um centro comercial e residencial. Também pediu indenização pelos prejuízos. A decisão ainda corre no Judiciário.
Enquanto isso, o Bom Fim perdeu um de seus personagens históricos, o velho João, que morreu no dia 23 de maio, de doença pulmonar e parada A seguir, republicamos matéria veiculada em dezembro de 2004, a última entrevista de João Brum.
“Os melhores anos da minha vida”
Aos 89 anos, João da Silva Brum está bem lúcido, e lembra detalhes do bar que criou e batizou com seu nome. Ele vive no bairro Parque dos Maias, de onde sai raramente. Recebe notícias do Bom Fim através dos filhos, que também trabalham no comércio, um deles na Osvaldo Aranha.
A avenida traz ótimas recordações para o velho João. “Foram os melhores anos da minha vida”, lembra. Trabalhou no local por mais de quatro décadas, “os 365 dias do ano”. Nesse período, presenciou a transformação da área, com a construção do Hospital de Pronto Socorro e do Mercado Bom Fim.
ou por diversos estabelecimentos até iniciar seu negócio. Veio como empregado do lendário Bar do Serafim, mais conhecido como “Fedor”. O irmão de Serafim tinha o bar Dalila, na Azenha, e um certo dia disse para João: “Olha, tu és muito trabalhador e não merece ficar aqui. Vou arranjar trabalho melhor para ti”.
E assim João começou no Fedor, em 1937. Logo foi promovido a gerente. “Eu era muito atencioso com a freguesia”, explica. Até hoje ele arregala os olhos quando lembra do movimento. “Aquilo fervia. Tinha até cancha de jogo do osso”, conta.
Depois de 11 anos no Bar do Fedor, João montou o Bar Imperial com um sócio, na Osvaldo Aranha, 1344. “Levei toda a clientela comigo. O Serafim ficou louco de raiva”. A sociedade durou quatro anos. Foi quando ele comprou o Bar Azul, também na Osvaldo Aranha, número 1008. Ali nasceu o Café-Bar João.
Ficava num sobrado comprido e espaçoso. No andar de cima morava o senhor Lewgoy, que saiu depois de uns meses por causa do barulho. João, que morava nos fundos, reformou o espaço, colocou umas mesas de snooker e foi morar no segundo pavimento. “Era imenso, tinha 13 peças. O problema é que eu quase não podia dormir, ava um barulhão pelo forro de madeira”. Mesmo assim, morou lá 27 anos.
O velho João conta que o salão do bar era muito familiar, com toalha e flores nas mesas. O movimento começava às 5h da madrugada: eram leiteiros, açougueiros, fiscais da saúde – gente que trabalhava cedo e que ia tomar café lá. Seguia aberto até a meia-noite ou o último cliente. Tinha dias que ficava 24 horas sem fechar.
Era freqüentado pelos mais variados tipos – funcionários do HPS, professores, médicos, marginais, advogados, jornalistas, estudantes. “A freguesia era muito boa”, resume João. “E o ambiente agradável. Os velhos judeus ficavam horas lá, jogando pauzinho. Também se falava muito em futebol. O Carangate, um judeu “gremista doente”, era famoso também porque falava muito alto. A maioria no bar era gremista. Eu fui até sócio”, conta.
Café e snooker
O café era uma atração a parte. Cheiroso e moído na hora, vendia 4kg por dia. “Não tinha quem não parasse para tomar um”, garante João. Para dar conta do movimento, duas copeiras e dois garçons, um deles cuidando do snooker.
Bilhar – “Mesa de bilhar dá um lucro extraordinário, mas é um desastre”. O jogo causou algumas confusões no Bar João que, segundo o antigo proprietário, quase nunca tinha briga. “O problema é o jogo, que sempre atrai malandro”, explica o pioneiro. Com seu 1,68m de altura, João Brum deu fim a desentendimentos sérios, quase sempre na base da conversa.
“Uma vez me meti num conflito e fiquei sob a mira de um revólver. Tudo por causa de um cruzeiro que o cara não queria pagar. Consegui levar o sujeito armado lá para fora e conversei com ele: ‘Ô, rapaz, tu é casado, tem filho, vai se meter com malandro e deixar um tiro e estragar tua vida?!’. Ele respondeu ‘o senhor tem razão’, e me disse: ‘Vou continuar vindo armado, mas o revólver fica no balcão’, prometeu”. E assim foi feito.
Em 1979, João Brum vendeu seu bar. “Foi um dinheiro bom”. Mas garante que não enriqueceu com o estabelecimento. “Fui muito roubado. Não tinha como ter controle do dinheiro que entrava”. Ao invés de se aposentar, abriu um bar no Centro, que durou quatro anos, e encerrou a carreira no Colégio Vera Cruz, onde comandou a cantina por 11 anos.
Com o novo proprietário, Júlio Leite, o Bar João ficou no número 1008 da Osvaldo Aranha até 1992 – o sobrado foi demolido para a construção de uma garagem. Daí, se mudou para o número 1026, onde está a fachada até hoje.

Zero Hora e os jornais de bairro 1uh6m

Por Elmar Bones
Zero Hora está lançando quatro cadernos de bairro em Porto Alegre – Bom Fim, Moinhos de Vento, Bela Vista e Zona Sul.
Para nós é uma vitória ver que o maior jornal do Estado reconhece a importância desses mercados.
Há quase duas décadas nós apostamos no micro-jornalismo e defendemos a importância da informação local, da cobertura aos fatos e à vida das comunidades, geralmente abandonadas pelos grandes veículos.
Agora, eles se voltam para o mercado local. A concorrência é sempre saudável e informação nunca é demais. Diversidade é a palavra chave quando se trata de comunicação.
Mas é preciso atentar para o seguinte: não é a primeira tentativa que Zero Hora faz no jornalismo de bairro em Porto Alegre. A primeira, há dez anos mais ou menos, durou dois anos e meio, o tempo suficiente para aniquilar um florescente grupo de pequenos jornais, que se firmavam nos principais bairros da cidade.
O nosso JÁ Bom Fim foi um dos poucos que sobreviveu e levou anos para se recuperar. Hoje há uma segunda leva de jornais comunitários florescendo na cidade. Serão novamente arrasados?
Acredito que as condições são muito diferentes hoje e pode ocorrer o contrário: com seu poderio, ZH chamar atenção para os mercados dos bairros, valorizando não só os seus cadernos mas toda essa rede de pequenos jornais locais – são mais de vinte.
Se a iniciativa deriva do espírito monopolista e a intenção for apenas limpar o mercado de “ervas daninhas”, pode ser mais um tiro no pé. Os jornais de bairro hoje são pequenos arbustos, bem enraizados.
Se for uma iniciativa consciente, voltada para os interesses das comunidades, poderá representar o amadurecimento e a profissionalização do jornalismo de bairro em Porto Alegre. Quem viver verá.