Será cremado em São Paulo, onde vivia, o corpo do compositor, arranjador, luthier, maestro e pesquisador gaúcho José Kruel Gomes, internacionalmente conhecido como Zé Gomes, que faleceu na manhã de hoje (05/06/09), vítima de infarto, aos 72 anos.
Zé Gomes começou a tocar profissionalmente aos 14 anos. Natural de Ijuí, aos 17 muda-se com a família para Porto Alegre e ingressa no Movimento Tradicionalista, com o grupo “Tropeiros da Tradição”, com Paixão Cortes. A formação serviria de modelo a todos os conjuntos que os sucederam.
No início da década de 1950, integrou o conjunto “Os Gaudérios”. Aos 18 anos, viaja com o conjunto à França, para participar do Festival Internacional de Folclore promovido pela Universidade Sorbonne, e volta ao Brasil com o primeiro prêmio.
Em 1955 trabalhou com João Gilberto, juntamente com Luis Bonfá, compositor da música do filme Orfeu no Carnaval, que já tinha elementos da Bossa Nova.
Em 1958 criou o Curso de Violão José Gomes, no qual ensinou mais de 1.500 alunos em uma década de funcionamento, época em que freqüentemente palestrava em seminários culturais ou integrava a OSPA.
Em 1966, Zé Gomes funda, com Bruno Kieffer e Armando Albuquerque, o Seminário Livre de Música (Selim), que dois anos depois vira o Centro Livre de Cultura. Em 1969, por concurso público, torna-se professor na Escola de Artes da UFRGS.
De 1968 a 1971 participa, como arranjador, de vários festivais. Muda-se para São Paulo no início dos anos 70, onde, além de continuar lecionando, compõe músicas para teatro, trilhas para cinema, fábulas infantis, quartetos, trios e duos instrumentais, corais, peças para viola e rabeca (instrumento que mais tarde viria a construir), e música sacra.
Zé Gomes participou de mais de 200 gravações, com Chico Buarque, Heraldo do Monte, Arthur Moreira Lima, Diana Pequeno, Grupo Tarancon, Renato Teixeira, Elomar, Pena Branca e Chavantinho, Paulino Pedra Azul, Marluí Miranda, Alzira Spíndola, João do Valle, entre muitos outros. Ultimamente, gravava discos independentes com suas prórpias composições.
É considerado um dos maiores intérpretes de Villa-Lobos, cuja obra estudou profundamente. Dedicou-se ao estudo da rabeca e da viola de cocho.
Com os parceiros Almir Sater e Paulo Simões, viajou a cavalo mais de mil quilômetros pelo Pantanal, para fazer um filme sobre o homem pantaneiro e pesquisar a música da região.
Criou inúmeros projetos de artesanato e fabricação de instrumentos musicais, tais como rabeca acústica, chorongo ou baixo acústico, calimba cromática, violino mudo.
A última vez que se apresentou em Porto Alegre foi ao violino, acompanhando Almir Sater no Projeto Acorde Brasil, do Sesc, em 2007.