Blog de Wladymir Ungaretti disponibiliza memória fotográfica e afetiva de Porto Alegre 5w5a5l

  Higino Barros Logo que se aposentou da Faculdade de Comunicação da UFRGS, no final de 2016, o professor de Jornalismo e fotógrafo Wladymir Ungaretti ou a se dedicar de forma integral a um projeto acalentado há tempos: disponibilizar ao público seu imenso acervo de fotografias, documentos e publicações jornalísticas e culturais que acumulou nos últimos 50 anos. O resultado é o blog www.pontodevista.jor.br, com novo formato desde janeiro de 2017, com renovação quase diária de conteúdo. São mais de 1.500 fotografias já postadas. De produção própria são 20 mil negativos de filmes fotográficos, dos quais cerca de quatro mil estão digitalizados, a partir de 2005. Apaixonado pelo Centro de Porto Alegre, principalmente pelo Largo Glênio Peres e arredores, Ungaretti se especializou em fotografar o que ele denomina de “os invisíveis”. Geralmente moradores de rua, mendigos, deserdados da sociedade de consumo, gente sem glamour e sem a beleza da estética predominante. Voyer da vida “Sou um voyer da vida”, define-se Wladimir. Ele fotografa de perto, pede autorização a seus retratados e procura estabelecer um diálogo com o modelo da fotografia. “Às vezes faço cópias dessas fotos e presenteio, quando tenho oportunidade, a quem fotografei. É uma experiência única a reação deles.” Na sua paixão pelo centro de Porto Alegre, há espaço especial para o Mercado Público. Ele vem realizando o mapeamento humano e arquitetônico do local, cuja parte superior está interditada desde 2013, pelo incêndio ocorrido no lugar. Outro espaço de sua predileção no Centro é a Rua da Praia, confluência com a Esquina Democrática (avenida Borges de Medeiros). São locais da cidade que, segundo ele, refletem agudamente as transformações ocorridas na capital gaúcha, principalmente em seus tipos humanos. “Primeiro vieram os grupamentos de índios, agora existe a leva dos haitianos e grupos de africanos. É uma população de imensa riqueza cultural, jogada na luta pela sobrevivência”, comenta o fotógrafo. Preto e branco A maioria das fotos são em preto e branco, sua opção estética também para a série de fotos que faz sobre prédios, construções e edificações da cidade. “Procuro um certo grafismo nessas composições. Compor uma paisagem, dar um formato gráfico, com enquadramentos simples, em cima da concretagem urbana, é sempre um desafio”, observa. Rostos, em geral femininos, e uma série dedicada a erotismo, completam os seis eixos de fotografias autorais do blog de Ungaretti. Ele posta igualmente reproduções de revistas brasileiras a partir dos anos 1950, tornando íveis reportagens, fotografias, artigos e conteúdo de publicidade que fazem parte da memória impressa nacional. Ele conta que em sua experiência de professor de Jornalismo sempre procurou instigar seus alunos a fotografar o mundo real. “O universo da fotografia digital é imenso e com toda sua oferta é fascinante, mas também é muito fútil. É o reinado do filtro. É um território muito egocêntrico, de muita vaidade. Procuro ir contra essa tendência”, conclui Wladymir Ungaretti. Ungaretti torna-se referência na área a que se dedica. Ele não desiste de sonhar com uma parceria com uma instituição que amplie ainda mais o seu alcance. Afinal, assim como na fotografia, sonhar não é proibido. 441yw

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