Carlos Matsubara A área plantada com florestas para fins industriais apresentou uma leve queda nos últimos cinco anos no Estado. Conforme dados de 2014 divulgados no relatório “A Indústria de Base Florestal no Rio Grande do Sul”, a área de plantio utiliza hoje 2% do território gaúcho. O documento, disponível aqui , foi produzido pela Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), em parceria com empresas do setor. Em 2009, segundo levantamento da mesma entidade, eram 738 mil hectares, ou 2,62% do território estadual ocupados por florestas plantadas. Uma pequena queda, portanto. A redução vai na contramão do que vinha sendo observado até então, já que em 2009 a área havia dobrado em relação a 2002, quando os plantios de pinus, eucalipto e acácia ocupavam 360 mil hectares, equivalentes a 1,3% do território gaúcho. Projetos não saíram do papel Essa queda, no entanto, pode ser explicada em parte com a não confirmação de três grandes projetos na área de celulose no Rio Grande do Sul: Stora Enso, Votorantim Celulose e Aracruz Celulose. Os plantios, em sua quase totalidade, eram apoiados financeiramente por essas empresas, que tinham interesse em construir megaplantas de celulose por aqui. A Aracruz, absorvida pela chilena CMPC Celulose Riograndense, cuja recente ampliação da unidade em Guaíba vem sendo criticada por ONGs ambientalistas, ainda poderá ser investigada pelo Ministério Público. Área ocupada é insignificante perto de pecuária e agricultura No Rio Grande do Sul existem 596,7 mil hectares de florestas plantadas, o que equivale a 8% da área com plantios florestais no Brasil. As “fazendas” de eucalipto representam 52% (309 ha), enquanto o pinus e a acácia representam 31% e 17% da área plantada no Estado, respectivamente. Para efeito de comparação, enquanto os plantios de florestas ocupam 2% da área total do RS, a pecuária e a agricultura, ocupam pela ordem, 33% e 25%. Ainda de acordo com o relatório da Ageflor, a região de Encruzilhada do Sul é a que possui maior concentração de florestas plantadas no Estado, com aproximadamente 49,3 mil hectares de pinus, eucalipto e acácia em proporções semelhantes. O município de São Francisco de Paula ocupa a 2ª posição, com 33,5 mil hectares predominantemente de pinus (90%), seguido por Piratini com cerca de 30,7 mil ha das três espécies. Setor quer reconhecimento O presidente da Ageflor, João Fernando Borges, ressalta que o setor florestal contribui com 4% do PIB gaúcho, gerando 7% dos empregos e 3% da arrecadação de impostos, além de responder por 2% do valor das exportações por meio de produtos originários da madeira e derivados químicos. “Nosso principal desafio é criar condições para a retomada dos investimentos da indústria florestal. O Rio Grande do Sul tem excelentes condições para o crescimento do setor, mas temos gargalos que reduziram nossa competitividade”, lamenta. Para Borges, é necessário restabelecer a atratividade do setor com visão de longo prazo, equilibrando desenvolvimento e conservação dos recurso naturais. “Neste sentido, achamos fundamental disponibilizar os dados do relatório para sermos reconhecidos como m setor sustentável e relevante para economia gaucha”, conclui. 136n25