Campo do Força e Luz deve dar lugar a projeto imobiliário 1b3331

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Sócios querem vender área no bairro Santa Cecília(Tânia Meinerz)

Duas grandes construtoras estão tentando botar abaixo um pedaço da história do futebol gaúcho. O projeto delas é comprar o tradicional Estádio Timbaúva e erguer um espigão no terreno.
Os sócios do clube esportivo estão divididos sobre a venda do espaço. Alegando falta de dinheiro para manter as instalações, a diretoria já deu sinal verde para a transação, embora tema reação da comunidade. Só falta acertar o preço.
O time de futebol participa apenas das competições oficiais da Federação Gaúcha de Futebol na categoria juniores. Usa um time de alunos do colégio Anchieta, sem gastar um tostão com a iniciativa: o objetivo é garantir a isenção de IPTU dada aos clubes.
O campinho já foi um terreno do governo. A comunidade usa o espaço há 70 anos. Hoje ele pertence à Associação dos Funcionários da CEEE. Seus donos são os 379 sócios da entidade. Nem todos concordam com a venda, mas a pressão das construtoras pelo terreno é grande.
Corretores imobiliários da área avaliam o terreno em R$ 10 milhões. As empresas estão oferecendo menos do que isso à diretoria do clube. Se a venda sair, o dinheiro deve ser distribuído entre os sócios – na hipótese de R$ 10 milhões, cada um levaria R$ 27 mil.
O campo do Força e Luz é a última área aberta de lazer do bairro Santa Cecília. O presidente Jorge Nunes, eleito em 2002, fica no cargo até dezembro, quando se realizam novas eleições – ele quer a venda até o final de seu mandato. A diretoria não quer dar publicidade à possível venda, temendo a rejeição da vizinhança e dos usuários do espaço.
Na versão do presidente Nunes, o clube estaria tendo prejuízo para manter o local. Sem revelar os valores arrecadados com as contribuições dos sócios e do aluguel do campo, ele garante que não é o suficiente para as despesas, reforçando a necessidade da venda.
O Timbaúva ocupa 16 mil m2 de uma área já densamente construída, na rua Alcides Cruz, entre as avenidas Ipiranga e Protásio Alves.
Tchilla Helena Kuhn, vizinha do estádio há 20 anos, está preocupada: “Se fizerem outro espigão vão acabar com o meu sol, eu me mudo na hora”.
Num típico domingo ensolarado, famílias fazem churrasco e peladeiros profissionais jogam futebol no local. Ademir Costa é um dos que freqüenta o Timbaúva toda a semana: “Para a gente é muito ruim perder o estádio”.
Foram funcionários da CEEE (então chamada CEERG) que fundaram o clube, em 1921, no tempo em que a empresa, com a Carris, fazia parte de um grupo estrangeiro. O estádio foi erguido em 1934. A união da Carris com a CEEE, hoje novamente desmembradas, é que originou o nome Força e Luz. O estádio se chama Timbaúva devido às árvores desta espécie que existem no terreno.
Jorge Gomes Delfino, membro do conselho deliberativo do clube, é apontado por todos como a memória viva do time. Entre as histórias pitorescas, a mais famosa ocorreu na década de 60, quando o “Forcinha” cedeu ao Grêmio o zagueirão Airton Ferreira da Silva, apelidado “Pavilhão”, justamente porque foi trocado pelo pavilhão que ainda hoje está no local. Airton? Foi o Figueroa da época.
Reportagem Eduardo Jung

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