Elmar Bones. Chamo de “jornalismo ivo” essa pratica, dominante na nossa imprensa, de produzir notícias com base somente em declarações de fonte oficial, a chamada autoridade. É uma pratica que vem dos tempos da ditadura e se mantém por várias razões, todas de conveniência para os grandes grupos de mídia. Fazer um jornalismo oficioso é cômodo até por questões de custos. No fundo, é nocivo para o jornalista, enganoso para o leitor/eleitor e incalculavelmente danoso para a sociedade que se pretende democrática. Aí está o Caso Eliseu, como exemplar porque envolveu um homem público, de grande notoriedade. Toda a cobertura foi baseada nas informações dadas pela polícia. Está bem, digamos que a polícia realmente esclareceu o crime, apontou os culpados e já apanhou dois deles. Gol. Do ponto de vista da investigação policial, caso encerrado. Mas, quantas perguntas ficaram sem resposta? Pela versão consagrada, Eliseu foi morto porque reagiu. Ele reagiu porque andava predisposto, se dizia ameaçado. Quem andava ameaçando o secretário da saúde? Que ameaças eram essas? O noticiário mencionou nos primeiros dias numa empresa de segurança que teria contrato com o município para manter guardas nos postos de saúde e que Eliseu estaria tentando substituir. Isso ficou esclarecido? Não é um bom “gancho” para falar dessas terceirizações que propiciam contratos milionários? Os brigadianos que fizeram a ocorrência, quando um dos criminosos foi atendido no hospital em Esteio, ainda não tinham recebido qualquer informação. A que horas foi isso?. Não há um sistema de comunicação entre as polícias? Segundo a polícia, grupos especializados em roubo de carros, com base em Sapucaia, agem há cinco na Floresta e outros bairros da capital naquela região. Cinco anos? O que tem sido feito, se as ocorrências quando envolvem pessoas comuns são apenas registradas, quando o são? Enfim, são muitas as respostas que a polícia talvez não queira ou não possa dar, mas que a um jornalismo ativo caberia continuar buscando. 6c2s4x
Eliseu, santo só no nome
Caro Elmar
Não só concordo plenamente contigo como fico pasmo com o “jornalismo investigativo” da grande imprensa.
O Eliseu na véspera da morte confessou na polícia federal que já tinha apagado um, além de também ter baleado outro numa briga de trânsito. Só um parêntesis. O nosso secretário da saude era um completo insano. Era tanta a sua agressividade e arrogância que no seu velório não compareceu ninguém da sua secretaria, além dos aspones mais próximos. Isso nos remete para a polêmica da ficha limpa. Um cara desses jamais poderia ser um gestor público, muito menos da saúde. Também nos livramos de mais um psicopata no trânsito. Fechando parêntesis. Onde estão nossos reporteres policiais que, ao saber que um secretário e ex-prefeito já tinha matado um cara, não sairam correndo para desvendar esse caso para seus curiosos leitores? Assim como o filho secreto do FHC ninguém toca no assunto. Deve ser alergia…ao jornalismo.
Grande abraço,
Dudu Tavares