cleber dioni tentardini O juiz Eugênio Couto Terra, da 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, encerrou a fase de inspeção nas coleções da Fundação Zoobotânica (FZB) do Rio Grande do Sul e abriu prazo de 20 dias úteis para as partes envolvidas – o Governo do Estado e o Ministério Público Estadual – manifestarem-se e juntar aos autos do processo fotos dos locais inspecionados. “Após, em princípio, haverá decisão”, garantiu nesta segunda-feira. O magistrado está julgando uma Ação Civil Pública, do MP-RS, em defesa da FZB. Terra já realizou duas inspeções. Na primeira, no dia 25 de agosto, visitou o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA), o serpentário, que está fechado, e uma área restrita do Jardim Botânico que faz limite com a vila Juliano Moreira, cuja entrada é pela avenida Cristiano Fischer. Ali, pode constatar a falta de segurança da área porque partes do muro que separa o JB das casas caiu e não foi reconstruído. A segunda visita ocorreu no dia 21 de setembro. Desta vez, começou a visita pelo Bromeliário e o Cactáreo do JB, e depois foi ao herbário e à coleção de insetos do Museu de Ciências Naturais. As inspeções judiciais foram acompanhadas pelas promotoras de Justiça Annelise Steigleder e Ana Maria Marquesan, da Defesa do Meio Ambiente, pelos funcionários curadores das coleções, pelo presidente da FZB e diretores do JB e MCN. Ação Civil Pública corre desde fevereiro A liminar solicitada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre impede que o governo do Estado demita o quadro técnico-científico e se desfaça de qualquer bem, móvel, imóvel e de animais que constituem o patrimônio material e imaterial do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, duas das três instituições vinculadas à FZB. O Parque Zoológico não está contemplado nesta ação. O pedido de liminar proíbe ainda a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica, e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Jardim Botânico. No caso de descumprimento, multa de R$ 50 mil. A ação requer que o Estado apresente em juízo um plano para a extinção da FZB que garanta a continuidade e a mesma qualificação de todos os serviços e atividades do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, e providenciar imediatamente o conserto do muro que faz a divisa com a Vila Juliano Moreira com o Jardim Botânico. Por fim, determina ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) a inscrição do Jardim Botânico no Livro Tombo, por já ter sido declarado patrimônio cultural do Estado, em 2003. 2i4e72
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Com escassez de soro, Estado conta com Zoobotânica para reduzir acidentes com cobras 5f70m
Cleber Dioni Tentardini
A chegada da primavera neste final de setembro e o aumento da temperatura deixa as cobras mais ativas em busca de alimento e acasalamento. Naturalmente, aumenta o risco de acidentes com a população.
Diante do quadro limitado de soro antiofídico na rede hospitalar, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), da Secretaria de Saúde, quer desencadear uma campanha de prevenção aos acidentes e elaborar um diagnóstico que inclui a identificação das serpentes mais comuns nas regiões em que é alto o número de pessoas picadas.
Para produzir o diagnóstico vai contar com a ajuda dos especialistas da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul.
O Estado está entre os dez estados brasileiros com maior número de acidentes com cobras. Em 2016, foram registradas 841 ocorrências, sendo que um paciente morreu.
O soro antiofídico é a única medicação capaz de neutralizar o veneno das serpentes, mas teve a produção reduzida pelos laboratórios. Essa escassez atinge vários países, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A bióloga sanitarista Cynthia da Silveira é responsável no CEVS pelo controle e distribuição de soros antivenenos aos hospitais no Estado. Ela diz que depois de uma década coordenando o abastecimento dos soros, em 2013 viu os estoques reduzidos drasticamente, na medida em que os acidentes continuaram ocorrendo como antes.
Sua equipe, então, soou o alerta de que era preciso remanejar a distribuição dos medicamentos recebidos do Ministério da Saúde. “Priorizamos os hospitais referências nas 19 coordenadorias regionais do Estado. Em tese, são esses hospitais que recebem as ampolas com soros, mas há municípios em que há mais ocorrências, então são deixados estoques mínimos de soro também”, afirma.
Mas a bióloga sabe que essa readequação não é suficiente porque ao suprir um município com mais soros, vai deixar outros sem. E isso acontece com frequência.
O Centro de Informações Toxicológicas (CIT), do Estado, antes ligado à Fundação Estadual de Pesquisa em Saúde (FEEPS), agora um departamento do CEVS, deve participar das ações, embora existam alguns contratempos como a alta demanda pelos seus serviços de teleatendimento 24 horas e o quadro reduzido de funcionários do CIT.
Num primeiro momento, Cynthia convidou os biólogos Roberto Baptista de Oliveira e Acácia Winter, da FZB, para uma reunião. Tão logo o projeto for formatado pelos três, será apresentado ao secretário da Saúde para que marque uma reunião com o presidente da Zoobotânica.
Roberto é especialista em serpentes e Acácia tratadora de animais silvestres. Ambos trabalham no Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA), vinculado ao Museu de Ciências Naturais da FZB.
Canguçu e região têm mais ocorrências
Cynthia fez um mapa do Estado onde registrou a média do número de ampolas com soro antibotrópico usada no período de 2010 a 2016. Por aí, apontou onde ocorre o maior número de acidentes. E constatou que foram utilizadas 720 ampolas com soro antibotrópico por ano em municípios que estão na 2ª, 3ª e 4ª coordenadorias regionais.
Figuram municípios como Canguçu, Dom Feliciano, São Lourenço do Sul, Piratini, Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul, Encruzilhada do Sul e Camaquã.
Pode-se presumir que ocorrem entre 60 e 180 acidentes. A classificação é leve, moderado e grave e determina o número de ampolas a ser usado.
Para um acidente com jararaca ou cruzeira considerado leve são usadas quatro ampolas. Lesão moderada exige oito ampolas, e grave, 12 ou mais ampolas de soro antibotrópico. Pelo protocolo o limite são 12, mas pode chegar a 20 ampolas, se não estancar a hemorragia que leva à morte.
Noroeste e Norte do Estado também registram alto índice de ocorrências. Naquelas cidades, foram usadas, em média, 500 ampolas com soros por ano, de 2010 a 2016.
Cada veneno de animal tem uma reação e, por isso, cada um tem seu soro específico. O soro antibotrópico é usado contra o veneno das jararacas e cruzeiras. Junto com as cascavéis, as três espécies são responsáveis por 90% dos acidentes no Rio Grande do Sul.
Se o paciente busca atendimento e o médico não consegue identificar o animal que o picou, recorre ao 0800 do CIT, que vai ar orientações para o atendimento médico adequado.
O CIT orienta os exames necessários, o tipo e a quantidade de soro que o paciente precisa receber. Porque varia conforme a quantidade de veneno que o animal injetou e uma série de informações do paciente e da lesão.
“A gente precisa entender o que acontece naquelas localidades onde há um número tão grande de acidentes, se é o tipo de atividade agrícola, tipo de vegetação, microclima, e também quais as espécies de Bótropes predominam naquela região”, explica a bióloga. “Em São Lourenço, por exemplo, não há uma vegetação uniforme, o tipo de relevo, então precisamos saber exatamente onde está o problema para realizar ações de prevenção junto às comunidades”, completa.
A maioria das vítimas está na faixa etária produtiva, dos 19 aos 50 e poucos anos. Os acidentes normalmente acontecem no final do dia. Cynthia desconfia que é justamente nesse horário quando os agricultores estão voltando para casa, cansados e desatentos por onde am. O animal prefere o entardecer pra sair em busca de alimento e ataca porque se sente ameaçado.
Nos municípios da Campanha, onde também há muitos animais peçonhentos, há poucos acidentes porque geralmente as pessoas andam protegidas com botas de couro e, em certos locais, usam até caneleiras que vão até o joelho.
“Quero que a Zoobotânica me aponte quais as espécies que estão lá em Canguçu e arredores. Porque eu vou poder analisar também se o veneno de uma determinada espécie é mais potente que o das outras”, afirma.
HPS atende entre 4 e 5 pacientes por mês
Na área rural de Porto Alegre ocorrem mais acidentes com a jararaca pintada, que é uma das menores do gênero, mas muito agressiva.
Na capital, os atendimentos são concentrados no Hospital de Pronto Socorro, que dispõe hoje de 56 ampolas com soro antibotrópico. É suficiente para atender quatro pacientes com lesões consideradas graves.
O hospital atende, por mês, durante as estações mais quentes, primavera e verão, entre 4 e 5 vítimas. É preocupante se considerar que a Capital não possui atividade agrícola expressiva. No primeiro semestre do ano ado, foram atendidos 34 pacientes picados por serpentes.
O HPS atende também os pacientes da Região Metropolitana, com exceção dos municípios de Novo Hamburgo e Montenegro, que também recebem os soros.
Agricultores estão mais vulneráveis, diz especialista
Para o biólogo Roberto Baptista de Oliveira, é preciso fazer uma avaliação no local para dizer o que pode estar acontecendo naquela região. Pode ser o número muito grande de espécimes ou a diminuição dos predadores, entre os quais existem mamíferos como os gambás, aves, lagartos e cobras que se alimentam de outras.
“Na minha percepção à distância, acredito que o número elevado de acidentes pode estar associado a características das atividades humanas, ao uso do solo, o trabalho manual nas pequenas lavouras. A gente sabe que tem muita jararaca pintada ali, então provavelmente essa espécie esteja causando um grande número de acidentes. É uma espécie própria de afloramento rochoso, área de campo”, avalia o biólogo.
Em torno de 90% dos acidentes são causados por jararaca, jararaca-pintada e cruzeira. A jararacuçu, no RS, é restrita à região do Parque Estadual do Turvo, e são raros os acidentes.
As corais verdadeiras são muito abundantes em todo o Estado, mas os acidentes são raros, devido principalmente ao comportamento pouco agressivo da espécie; o padrão de coloração chamativo também pode ser um fator que colabora com o baixo número de acidentes, pois torna fácil sua visualização.
“Agora é o momento ideal para realizarmos estudos nesses locais. Estão mais ativas para alimentação, termorregulação e reprodução. Os acasalamentos ocorrem principalmente neste período (final do inverno e primavera), e os nascimentos ocorrem principalmente entre o verão e início do outono”, ressalta Oliveira.
No Estado ocorrem aproximadamente 80 espécies de serpentes. Dessas, quatro foram incluídas em alguma categoria de espécies da fauna ameaçadas de extinção no RS (Decreto Estadual No 51797 de 2014),: Apostolepis quirogai, na categoria “Em Perigo”, e Atractus thalesdelemai (cobra da terra), Bothrops jararacussu (Jararacuçu) e Hydrodynastes gigas (Boipevaçu), na categoria “Vulnerável”. Outras 12 espécies foram consideradas como “Dados Insuficientes” para avaliação.
Dez espécies são consideradas peçonhentas de importância médica: seis do gênero Bothrops (grupo das jararacas), uma do gênero Crotalus (cascavel) e três do gênero Micrurus (corais-verdadeiras).
NOPA orienta equipes de saúde e segurança
A bióloga Acácia Winter ressalta a importância de capacitar o maior número possível de agentes de saúde para que possam rear as informações às comunidades. Os servidores do NOPA regularmente oferecem treinamento de contenção, manejo e identificação de serpentes aos soldados da Brigada Militar e do Exército, bem como aos agentes de saúde e ambientais.
Acácia lembra que o Núcleo ainda acolhe serpentes capturadas e que não podem ser soltas na natureza novamente e conforme a demanda, fornece peçonha para pesquisas científicas nas faculdades.
Hoje, o NOPA é o único serpentário do Estado que realiza extração de peçonha. Mantém cerca de 350 cobras de 16 espécies, sendo oito peçonhentas. Há espécies que ocorrem somente no Rio Grande do Sul como a Jararaca-pintada (Bothrops pubescens). São encontradas ali, também, a cruzeira, a coral verdadeira, a cascavel, a jiboia, entre outras.
O contrato com o Instituto Vital Brazil, (IVB), um dos quatro laboratórios responsáveis pela produção nacional de soro antiofídico, está suspenso desde janeiro deste ano. Assim como permanece fechada a área de visitação pública do serpentário.
Ainda em janeiro deste ano, falou–se na possibilidade de transferência do serpentário para IVB, que fica no Rio de Janeiro. Na época, o diretor científico do Vital Brazil, Rafael Cisne, disse que o Instituto tinha interesse em receber as serpentes do NOPA, mas dependia de recursos do Estado para efetuar a remoção dos animais. Mas, o impacto financeiro que essa transferência acarretaria aos cofres públicos deficitários do Rio inviabilizou o envio dos animais.
Em 2016, 841 pessoas foram picadas no Estado
O Rio Grande do Sul está entre os dez estados brasileiros com maior número de acidentes com cobras. Figuram como campeões os estados do Pará, Minas Gerais e Bahia.
Em 2016, foram notificados ao Ministério da Saúde 841 casos de acidentes com serpentes no Rio Grande do Sul, sendo que um paciente morreu. No Brasil, foram 26.244 casos e 116 óbitos. Em 2015, foram registrados 886 acidentes e um óbito em solo gaúcho, e 27.120 casos e 106 óbitos no país.
Acidentes com serpentes (Brasil)
Ano 2014 – 26.185
2015 – 27.120
2016 – 26.244
Acidentes com serpentes (RS)
Ano 2014 – 805
2015 – 886
2016 – 841
Os óbitos (BR)
Ano 2014 – 101
2015 – 106
2016 – 116
Os óbitos (RS)
Ano 2014 – 5
2015 – 1
2016 – 1
“Se não tiver soro, o mundo vem abaixo”
Impressiona a rede de saúde e logística montada para prestar atendimento às vítimas de picadas de cobras. A dor intensa e os efeitos visíveis provocados pelo veneno desse animal acabam mobilizando todos na sua volta.
A estratégia é de guerrilha. Cynthia tem planilhas atualizadas diariamente. Um banco de dados na internet tem que estar com as informações em dia. Hoje, ela sabe exatamente o estoque de ampolas que possui o Hospital de Santo Ângelo ou a Santa Casa de Misericórdia, de Santana do Livramento. Com a condição de que os estoques dessas instituições tenham sido atualizados.
A bióloga carrega um telefone celular só para atender as chamadas dos hospitais e não tem hora, às vezes ligam à meia-noite para saber onde há soro mais próximo de um determinado município.
A rede está montada para atender de forma ágil. As primeiras três horas após a picada são imprescindíveis para neutralizar o veneno. Cynthia tem que saber onde estão as ampolas para mandar buscar o mais rápido possível. Se o paciente tem condições, o SAMU o leva até o hospital que possui a medicação, mas se está com quadro hemorrágico grave e não pode ser transferido, a prioridade, então, é que algum motorista leve o soro até onde ele está.
“Se um paciente chegar ao hospital e não tiver soro, o mundo vem abaixo. Porque ele pode morrer. Como as pessoas têm muito medo de cobras, quando acontece um acidente, isso gera uma comoção impressionante. Nos 18 anos em que trabalho nesse programa, nunca recebi um não para atender alguma ocorrência, seja a hora que for”, explica.
A bióloga narra situações que acontecem seguidamente: “Verão de 2017, oito horas da noite de um domingo, me ligam de Bagé. Estavam sem soro. Eu peguei minha planilha e vi que havia tantas ampolas lá. O problema é que eles não haviam registrado o uso e estavam sem a medicação. Liguei para o lugar mais próximo, em Pelotas, e disse que alguém teria que levar as ampolas para Bagé. Não daria para enviar por ônibus, era caso de emergência. Um motorista tem que ser liberado para ir buscar soro. Mas o funcionário era novo e ficou em dúvida porque implicaria no pagamento de horas extras. O motorista se prontificou na hora, buscou o carro e levou as ampolas”.
“Em Santo Ângelo, tivemos uma situação peculiar tempos atrás, onde foram atendidos num só dia seis pacientes picados”.
“Um jovem agricultor de 32 anos foi picado, em questão de meia hora já estava recebendo todo o atendimento adequado, mas foi ao óbito porque tinha uma gastrite e não conseguiram reverter o quadro hemorrágico”.
CIT é referência em emergências há 41 anos
O Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) completou 41 anos em agosto como a principal referência no Estado para auxiliar profissionais de saúde em caso de intoxicações dos pacientes e orientar a população sobre os primeiros socorros e na prevenção de acidentes.
O CIT funciona através de um sistema informatizado de atendimento, feito por 21 pessoas que se revezam nos plantões. Trabalham ali universitários de semestres avançados, como estagiários, e profissionais das áreas da medicina, veterinária, biologia e farmácia. É o que chamam de uma unidade de telemedicina, que atende em regime de plantão 24 horas, nos sete dias da semana, através do seu 0800.721.3000.
Até 2016, o Centro era vinculado à Fundação Estadual de Produção e Pesquisa em Saúde (FEPPS), extinta pelo governo estadual. Hoje, é ligado ao Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS), da Secretaria da Saúde. Está com quadro de funcionários bem reduzido, 21 funcionários, embora cresça a cada ano a demanda por seus serviços.
O secretário adjunto da SES e diretor do Departamento de Assistência Hospitalar e Ambulatorial (DAHA), Francisco Zancan Paz, ressalta que o CIT mantém em estoque permanentemente amostras de soros necessários para o tratamento de intoxicações por todo tipo de picada de animais peçonhentos encontrados no Estado.
“Temos condições de, em uma hora, disponibilizar o soro indicado para qualquer parte do Estado, desde que cumpridos os protocolos pois face a pequena capacidade de produção de soros no país, tem sido necessário manter-se um rigoroso controle de estoque, para evitar situação de desabastecimento. Mas as utilizações de soro nos hospitais polos são rapidamente repostas”, afirma.
Paz destaca ainda a importância de o CIT realizar campanhas de prevenção, nas regiões com mais ocorrências do Estado, principalmente com a chegada dos meses mais quentes.
A bióloga Kátia Moura, servidora há 17 anos no Centro, afirma que os casos mais comuns envolvem intoxicações por medicamentos, animais e plantas.
Por se tratar sempre de atendimento de emergência médica, através de ligação gratuita, o Centro acaba recebendo demandas de todo o país.
“Seguidamente recebemos ligações de outras regiões do Brasil e até de países da América Latina como Uruguai e Argentina porque os profissionais da saúde buscam atendimento em um 0800 e, se não conseguem, já tentam outro até receberem as orientações que precisam”, explica Kátia.
Entre as principais vítimas de intoxicações estão crianças com idade abaixo de cinco anos. Os acidentes nesta faixa etária ocorrem normalmente dentro de casa e com produtos químicos de uso frequente como medicamentos, limpadores, desinfetantes, solventes, detergentes, produtos de higiene e cosméticos.
O CIT mantém ainda um pequeno plantel de animais peçonhentos, entre aranhas, escorpiões e serpentes, mas não extrai mais veneno, que era doado às universidades. Além de ar orientações, realiza análises laboratoriais e de diagnósticos para tratamento das exposições tóxicas.
Além do telefone 0800, a página na internet do CIT (http://www.cit.rs.gov.br/) contém muitas informações úteis.
Para evitar acidentes com animais peçonhentos
Medidas Preventivas:
Usar botas de borracha (até o joelho), ou botinas com perneiras ao andar no campo ou mata;
Usar luvas de raspa de couro e/ou abrigo com mangas longas nas atividades de jardinagem. Manter jardins e quintais limpos. Limpar terrenos baldios próximos das residências. Evitar folhagens densas junto a paredes e muros de casas. Usar graveto, enxada ou gancho ao mexer em lenha, buracos, folhas secas, troncos ocos;
Rebocar paredes para que não apresentem rachaduras ou frestas;
Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha. Colocar telas nos ralos das pias ou tanques;
Consertar rodapés soltos;
Colocar telas nas janelas;
Evitar o contato com lagartas urticantes. Observar a presença de folhas roídas, fezes ou pupas no solo.
Primeiros socorros:
Lave o local da picada com água e sabão;
Mantenha a vítima sentada ou deitada para não favorecer a circulação do veneno. Se a picada for na perna ou no braço, mantenha-os em posição mais elevada;
Leve a vítima ao serviço de saúde mais próximo para que possa receber atendimento;
Se possível, fazer registro fotográfico da cobra causadora do acidente, para que seja feito o tratamento adequado;
Ligue para o CIT/RS – 0800 721 3000.
O que não fazer?
Não fazer torniquete ou garrote, não colocar substâncias no local da picada (café, fumo, folhas, urina etc), não cortar ou queimar o local da picada, não sugar o veneno, não ingerir bebidas alcoólicas ou outras substâncias. Atenção: só o soro cura a picada de cobra.
O soro não é vendido. Ele só pode ser aplicado em hospitais. Em caso de acidente na região de Porto Alegre, deve-se procurar o Hospital de Pronto Socorro (HPS), pelo telefone 192 ou, em qualquer parte do Estado, o Centro de Informação Toxicológica (CIT), pelo telefone 0800-721 3000.
Não matar as cobras
Além de serem animais silvestres protegidos por lei, as cobras são predadores e presas, responsáveis pelo controle populacional de outros animais (ratos, por exemplo). O veneno é usado para fabricar medicamentos, entre eles o tratamento para picada de serpentes e remédio para pressão alta. No Rio Grande do Sul, estão ameaçadas de extinção a jararacussu, a cotiara e a surucucu do Pantanal.
Ministério da Saúde tem estoque limitado de soros antiofídicos
Há quatro laboratórios conveniados com o Ministério da Saúde, que produzem os nove tipos de antivenenos, incluindo os cinco tipos de soro antiofídico: o Instituto Butantan (SP), Instituto Vital Brazil (RJ), a Fundação Ezequiel Dias (MG) e o Centro de Produção e Pesquisa de Imunobiológicos (PR).
O Ministério requisita anualmente um número determinado de ampolas com soros, que será distribuído para todo o Brasil. O contrato em vigor neste ano de 2017 prevê a entrega de 495.500 ampolas de antivenenos. Destas, 360.500 ampolas correspondem aos soros para os acidentes com serpentes. Esse estoque dá para atender cerca de 30 mil acidentes, considerando a utilização de, no máximo, 12 ampolas para cada paciente, procedimento padrão em ocorrências com certa gravidade.
As solicitações são realizadas mensalmente pelos estados, exceto em situações especiais quando poderão ser solicitadas remessas extras.
Para o Rio Grande do Sul, em 2016 foram enviadas 8.600 ampolas de antivenenos, sendo 6.300 de antiofídicos. Em 2017, até o momento, já foram enviadas 5.630 ampolas, sendo 4.395 ampolas de antivenenos de cobras.
Problema no abastecimento começou em 2013
O problema no abastecimento começou em 2013. O Ministério da Saúde avisou que iria ter uma escassez de soro com o argumento de que a Anvisa havia determinado uma reorganização nos laboratórios produtores para atender a um manual de boas práticas, conforme ficou acertado em reunião da OPAS – Organização Pan-americana de Saúde.
“Antes, todos os hospitais no Estado, independente de registrar ou não acidentes com cobras, tinham no mínimo 12 ampolas de soro em seu estoque. Mas tivemos que centralizar em função da falta de soro, diz Cynthia, do CEVS gaúcho.
OMS alerta para escassez global de antídotos
Cada vez menos empresas produzem soro antiofídico. A Organização Mundial da Saúde divulgou um comunicado no final de agosto alertando para a escassez global de antídotos contra venenos de cobras devido a diminuição de empresas produtoras de soro antiofídico e o consequente aumento do número de mortes por envenenamento.
Mais de 100 mil pessoas morrem anualmente no mundo em consequência de picada de cobra, sendo que o problema é particularmente grande na África. Até 30 mil pessoas morrem por ano no continente após serem picadas por serpentes. Na Índia, o número de vítimas mortais sobe para 50 mil.
Testes em laboratório
Além dos cavalos utilizados para a produção de soros, está sendo testadas substâncias com ajuda de vacas e ovelhas, cujos genes dos sistemas imunológicos animais foram trocados por genes humanos. O método já está sendo testado nos EUA, com resultados promissores. “Mas o novo método ainda não é uma alternativa para produção das grandes quantidades de soro antiofídico necessárias”, pondera Nübling.
Juiz faz segunda inspeção nas coleções da Fundação Zoobotânica 1y5g53
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O juiz Eugênio Couto Terra, que está julgando o pedido de liminar do Ministério Público Estadual em defesa da Fundação Zoobotânica (FZB) do Rio Grande do Sul, realizou junto com sua equipe da 10ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, nesta quinta-feira, 21/09, uma segunda inspeção na Zoobotânica. Desta vez nas coleções do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, ambos vinculados a FZB. Em 25 de agosto já tinha ocorrido uma primeira visita.
A promotora de Justiça Ana Maria Marquesan, da Defesa do Meio Ambiente, uma das autoras da ação civil pública, acompanhou a inspeção.
O juiz reuniu os biólogos curadores das coleções e começou a visita pelo Bromeliário do JB. Ali se encontram algumas espécies ameaçadas de extinção. Depois, visitou o Cactáreo, com aproximadamente 50 espécies do RS, muitas delas também ameaçadas.
No Museu, visitou a coleção de insetos e o herbário da FZB, que possui 130 mil plantas depositadas, sendo 230 tipos (plantas que serviram de referência para a descrição da espécie).
O magistrado quis saber dos funcionários que trabalham em cada seção a quantidade de servidores considerados estáveis segundo o parecer da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e se a Secretaria de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) teria pessoal capacitado para assumir a responsabilidade sobre as coleções visitadas. Os curadores reiteraram que a SEMA não tem servidores habilitados para tal.
Após as visitas, o juiz Eugênio fez uma reunião com os funcionários, o presidente da FZB e os diretores do JB e MCN.
Ação Civil Pública corre desde fevereiro
A liminar solicitada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre impede que o governo do Estado demita o quadro técnico-científico e se desfaça de qualquer bem, móvel, imóvel e de animais que constituem o patrimônio material e imaterial do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, duas das três instituições vinculadas a FZB. O Parque Zoológico não está contemplado nesta ação.
O pedido de liminar proíbe ainda a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica, e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Jardim Botânico. No caso de descumprimento, multa de R$ 50 mil.
A ação requer que o Estado apresente em juízo um plano para a extinção da FZB que garanta a continuidade e a mesma qualificação de todos os serviços e atividades do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, e providenciar imediatamente o conserto do muro que faz a divisa com a Vila Juliano Moreira com o Jardim Botânico. Por fim, determina ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) a inscrição do Jardim Botânico no Livro Tombo, por já ter sido declarado patrimônio cultural do Estado, em 2003.
O juiz não adiantou uma data para a decisão final sobre o assunto.
Jornada de Iniciação Científica da FZB e Fepam tem 105 trabalhos qualificados 2y6e4o
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A décima terceira edição da Jornada de Iniciação Científica-Meio Ambiente (XIII JIC), promovida pela Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-RS) em parceria com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam), qualificou 105 trabalhos de 27 instituições de ensino e pesquisa.
As atividades realizadas no Jardim Botânico de Porto Alegre encerraram na sexta-feira, 15 de setembro.
O engenheiro agrônomo Alexandre Krob, do Instituto Curicaca, abriu o evento com a palestra “A Pesquisa Científica e a Gestão da Biodiversidade”.
Estudantes e seus orientadores e coorientadores apresentaram em 22 sessões trabalhos inscritos nas categorias de Botânica, Ecologia, Ecotoxicologia, Educação Ambiental, Engenharia Ambiental, Microbiologia Ambiental, Genética Ambiental/Toxicológica, Geoquímica, Gestão Ambiental, Paleontologia, Química Ambiental e Zoologia.
Segundo o biólogo Patrick Colombo, da FZB/RS, um dos coordenadores da Jornada, os trabalhos foram avaliados através na análise do seu resumo, mini-pôster e de sua apresentação oral.
“Alem da quantidade de trabalhos, o que nos alegrou muito foi o excelente nível deles. Ao longo dos anos da Jornada os estudos dos alunos e alunas vem mostrando uma ótima qualidade. Este ano, as bancas tiveram uma enorme dificuldade em escolher um destaque, em função disso. É gratificante pensar que as Fundações (FZB e FEPAM) estão capacitando cada vez melhor seus/suas bolsitas de iniciação cientifica, entregando para sociedade futuros profissionais cada vez mais qualificados”, ressaltou Colombo.
Além dos pesquisadores, orientadores, estudantes de pós-graduação, de iniciação científica, técnicos e demais funcionários da FZB-RS e FEPAM, também participaram da Jornada membros do Comitê Externo do CNPq, professores Larissa Rosa de Oliveira (Unisinos), Paula Beatriz de Araújo (Ufrgs/Biociências), Silvia Miotto (Ufrgs/Biociências) e Victor Pereira (Ufrgs/Geociências).
Os trabalhos envolveram também as instituições de ensino e pesquisa Ceclimar/Ufrgs, Embrapa Pecuária Sul, Feevale, Fepam, FZB, ICMBio, Instituto Federal do Rio Grande do Sul, PUC/RS, SEMA/RS, Secretaria do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Porto Alegre, Teia Projetos Ambientais, UCS, Uergs, Universidade Federal de Goiás, UFPel, UFSM, UFV, Viçosa, MG, Ulbra, Unesp, Uniasselvi, Unilassale, Unipampa, Uniritter, Unisc, Univates, Urcamp e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões.
Aniversário de 59 anos do Jardim Botânico de Porto Alegre atrai grande público 6a233k
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“Jardim Botânico, o que dizer de ti? Hoje voltando aqui resgatei todos os momentos da minha infância e adolescência. Meus pais, eu e meu irmão chegamos aqui no bairro no final do ano de 1951, fomos morar na rua Surupá (nome indígena que significa ave sem rabo), até eu completar 23 anos, ainda chamado de Vila Russa, mais tarde, Vila São Luiz, até ganhar o nome de Jardim Botânico (…) És um palco de vida pra mim, onde sempre colhi os registro da natureza (…). Espero que esse culto à natureza seja sempre respeitado”.
O breve depoimento da artista plástica Elizabeth Nicolaidis, que volta a Porto Alegre depois de residir um tempo em Maceió, emocionou os biólogos que estavam participando das atividades de aniversário de 59 anos do Jardim Botânico de Porto Alegre, nesse domingo escaldante, onde a temperatura bateu nos 34 graus.
As atividades do projeto JardinAção começaram às 10h. Todas buscaram interação com a comunidade. Às onze e meia, os alimentos doados tiveram que ser realocados para uma mesa maior, na entrada do JB. O grande movimento pela manhã, que normalmente é fraco, já indicava o que seria logo adiante. Às duas da tarde, não tinha mais vaga no estacionamento.
Exposições, cantorias, oficinas, palestras, práticas de yoga e meditação, pinturas, massagens, visitas guiadas às coleções de plantas e trilha pelo arboreto.
O Museu de Ciências Naturais, também ligado à Fundação Zoobotânica do RS, participou com as atrações do projeto Ciência na Praça. Um microscópio à disposição do público fez toda a diferença, para adultos e crianças. E o interesse pelas cobras, então?
No meio da tarde, os pais corriam para as sombras, enquanto os filhos queriam mais uma foto com o jacaré empalhado. Teve gente que montou “acampamento” no gramado e preferiu apenas desfrutar das áreas de lazer.
Como não foi cobrado ingresso, tem-se um cálculo aproximado do público, cerca de duas mil pessoas. Os alimentos foram doados para a Associação Comunitária Vó Chica.
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Pesquisadores da FZB são coautores de livro didático sobre Ecossistemas do RS 1d4r4l
Cleber Dioni Tentardini
Fundação Zoobotânica do RS assinam capítulos do livro recém lançado pela Editora da FURG, “Ecos Terrestres do Sul: Articulando os Ecossistemas ao Ensino de Ciências”. A publicação faz parte da iniciativa de uma rede brasileira que visa melhorar o ensino de ciências por meio de cursos e da elaboração de materiais paradidáticos voltados ao Ensino Básico, estimulando o interesse pela ciência.
A obra, coordenada pelas especialistas em Educação, Lavínia Schwantes e Paula Costa Ribeiro, busca auxiliar na fundamentação teórica dos professores numa linguagem menos técnica e com exemplos locais, sendo organizada em três eixos: a problematização do ensino de ciências nas escolas, os ecossistemas terrestres do RS e, por fim, sugestões de atividades e propostas pedagógicas.
Os capítulos que compõe a obra são de autoria de pesquisadores e estudantes da FURG, de professores do Ensino Fundamental do município de Rio Grande. Pela FZB, participaram os biólogos Marco Azevedo e Jan Karel Mahler Jr., que assinam um capítulo sobre as unidades de conservação como forma de preservação dos ecossistemas; Martin Molz, que aborda as formações florestais do estado; e Luiza Chomenko (atualmente na SEMA), que trata sobre os ecossistemas de campos do RS.
Os exemplares do livro deverão ser distribuídos a professores de ciências da rede pública.
Jardim Botânico de Porto Alegre chega aos 59 anos como um dos melhores do país 724z2l
Cleber Dioni Tentardini
Considerado um dos melhores e maiores do país, o Jardim Botânico de Porto Alegre completa 59 anos no dia 10 de setembro e, para comemorar, a direção e servidores em conjunto com entidades e profissionais autônomos prepararam uma série de atividades nas áreas de saúde, cultura e meio ambiente para compartilhar com a comunidade.
As atrações integram o projeto JardinAção, que chega aos 10 anos oferecendo exposições, oficinas, palestras, práticas de yoga e meditação, apresentações artísticas, visitas guiadas às coleções de plantas e trilha pelo arboreto.
O Museu de Ciências Naturais, também ligado à Fundação Zoobotânica do RS, vai participar com as atrações do projeto Ciência na Praça, onde os biólogos, técnicos e estudantes organizam exposições de plantas, fósseis e animais vivos e das coleções, além de disponibilizar espaço interativo para as crianças.
As atividades acontecem das 10h às 17 horas. O ingresso é a doação de 1kg de alimento. Será cobrado apenas estacionamento, no valor de R$ 11 por veículo. Confira a programação completa no final da matéria.
Um sexagenário de categoria A
O Brasil possui 31 jardins botânicos: um distrital, dois privados, seis estaduais, oito federais e 13 municipais. Estão nos estados do Rio Grande do Sul (5), Paraná (1), São Paulo (7), Rio de Janeiro (4), Espírito Santo (1), Minas Gerais (3), Goiás (1), Brasília (1), Bahia (1), Pernambuco (1), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (1), Ceará (1), Pará (2) e Amazonas (1).
No RS, existem dois JBs municipais, de Caxias do Sul e Lajeado, um privado, da Unisinos, um ligado à Universidade Federal de Santa Maria, e o da FZB, o maior, classificado na categoria A porque atende a todos os critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Há 97 espécies ameaçadas de extinção nas coleções de plantas reunidas no Jardim Botânico de Porto Alegre. São bromélias, cactos, orquídeas, espinilhos, araucárias e espécies das famílias da goiabeira, araçá e pitanga, do pau-brasil, feijão e erytrina-do-banhado e de diversos tipos de samambaias.
Estão preservadas lá o butiá da serra e o pinheiro bravo. Entre as herbáceas, há o bolão-de-ouro e a efedra, que ocorre no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Um dos cinco maiores do Brasil
O Jardim Botânico de Porto Alegre, uma das três instituições vinculadas à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, foi criado em 1958 e planejado por uma equipe de cientistas, médicos, engenheiros, arquitetos e urbanistas, entre eles Alarich Schultz, padre Balduino Rambo, Curt Mentz, Edvaldo Pereira Paiva, além do senador Mem de Sá e do jornalista Say Marques.
O terreno original incluía uma colônia agrícola e a antiga chácara do Visconde de Pelotas, “compreendendo a elevação de um morrinho granítico a 50 metros sobre o nível do mar, vales de alguns arroios à sua periferia, marginados por várzeas de regular extensão”, na descrição do jesuíta Teodoro Luís, conservacionista espanhol que coordenou a implantação do Jardim Botânico.
Dos 81,5 hectares de sua área original já perdeu mais da metade. Hoje, giram em torno de 36 hectares. Ainda assim é considerado como um dos cinco maiores jardins botânicos brasileiros, com um acervo significativo da flora regional. O local abriga mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, mais de 100 espécies de aves, além das cerca de 3 mil espécies de plantas.
Em 1960, foi iniciada a construção da Casa das Suculentas, também conhecida como Cactário, tendo sido inaugurado em 1° de maio de 1962, pelo governador Leonel Brizola.
Há outra placa que ficou escondida por 40 anos e marca um plantio de mudas no JB, no Dia da Árvore, em 1959, pelo governador Leonel Brizola, acompanhado de seus secretários, Alberto Hoffmann, da Agricultura, e Mário Maestri, de Obras Públicas. E só foi redescoberta porque o funcionário autor da proeza, seu Julião Prado, hoje aposentado, esteve em 2016 no Jardim Botânico e relatou o ocorrido.
Em 2003, o JB foi declarado Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, pela Lei nº 11.917. Em 2004, foi publicado o Plano Diretor do Jardim Botânico de Porto Alegre.
Há um projeto do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que propõe o tombamento do imóvel onde está a sede do JB. Se aprovado, o imóvel ará a integrar o Patrimônio Cultural e Histórico do Município de Porto Alegre, ficando vedadas alterações que o modifiquem ou descaracterizem.
A programação de aniversário do JB
Exposições:
Agafape (Associação Gaúcha de Familiares de Pacientes Esquizofrênicos)
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
Associação Fundo de Quintal: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
Brahma Kumaris: Exposição de quadros e livros
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
COA-Clube de Observadores de Aves de Porto Alegre: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Instituto Ambiental Bugio Ruivo: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Jisui Zendo: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Museu de Ciências Naturais/FZB: Ciência na Praça
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
ONG Pachamama: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Jeannine Krischke: Lançamento Estampas Autorais Jardim Botânico Vivo
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
JB /FZB: Plantas Fascinantes
Horário: 10 às 17 h
Local: Quiosque
Associação dos Produtores da Economia Solidária Contraponto: Exposição de Produtos e Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Apresentações musicais
Agafape: Apresentação Coral
Horário: 13 h
Local: Estacionamento
Oficinas:
Grupo Tardes no Botânico: Reciclagem em papel maché
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
UFRGS: Libras (Língua brasileira de sinais)
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Cataventus: Oficinas Lúdicas
Horário: 10 às 17 h
Local: Próximo ao Orquidário
Jardim Botanico: Artesanato com folhas
Horário: 13h
Jisui Zendo: Meditação
Horário: 14 h
Local: Estacionamento
EARTE- Escola de Música e Artes: Musicalização infantil (2 à 6 anos)
Horário: 15 h
Local: Estacionamento
EARTE- Escola de Música e Artes: Confecção de Mandalas Naturais
Horário: 16 h
Local: Estacionamento
Jisui Zendo: Lian Qong, prática chinesa de cultivo da energia
Horário: 16 h
Local: Estacionamento
Palestras:
Brahma Kumaris: Raja Yoga: posturas mentais para conquista da felicidade
Horário: 13 h 30
Local: Centro de Visitantes
ONG Pachamama: Consciência Pachamama e os Direitos da Mãe-Terra
Horário: 14 h
Local: Centro de Visitantes
JISUI ZENDO: Meditação no Mundo Secular
Horário: 16 h
Local: Centro de Visitantes
Visita orientada
JB /FZB: Visita às Coleções Especiais (bromélias, cactos e mais)
Horário: 11 h e 15 h
Local: Centro de Visitantes
JB /FZB: Visita à Coleção de Plantas Medicinais
Horário: 14 h
Local: Centro de Visitantes
JB /FZB: Visita ao Arboreto (coleção de árvores)
Horário: 14 h 30
Local: Centro de Visitantes
Vivências
Brahma Kumaris: Jogo “Escolha a calma” e “Horóscopo das virtudes”
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Reiki no Parque: Aplicação de Reiki
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Instituto Ambiental Bugio Ruivo: Bate papo com o Bugio
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Brahma Kumaris: Prática de meditação ao ar livre
Horário: 15 h 30
Local: Estacionamento
Espaço Yoga Vera Edler: Prática de Yoga
Horário: 11 h e 15 h 30
Local: Próximo ao quiosque
Rede de Integração e Cidadania (RINACI): Biodanza no parque
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Comunidade Kilombola Morada da Paz: Brincando CoMPaz: Vivências do Kilombo de Mãe Preta
Horário: 10 às 17 h
Local: Próximo ao quiosque
Juiz faz inspeção antes de decidir sobre Fundação Zoobotânica 525k69
Cleber Dioni Tentardini
O juiz Eugênio Couto Terra foi o primeiro a chegar nesta sexta-feira de manhã ao Jardim Botânico de Porto Alegre para realizar a inspeção judicial.
O magistrado está julgando o pedido de liminar do Ministério Público Estadual em defesa da Fundação Zoobotânica do RS . A Ação Civil Pública tem por fim proteger as coleções de plantas, animais e fósseis, e impedir a demissão dos pesquisadores da FZB.
Pouco antes das 9h30 chegou sua equipe da 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre e as promotoras de Justiça Annelise Steigleder e Ana Maria Marquesan, acompanhadas dos seus assessores da Defesa do Meio Ambiente.
Foram recebidos pelo presidente da Zoobotânica, Luiz Fernando Branco, e pelo diretor do JB, Cristian Barreto. Logo depois da reunião, que durou 10 minutos, visitaram o Núcleo Regional de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA).
“Quais as condições do serpentário hoje”, perguntou o juiz Eugênio à coordenadora do NOPA, Maria Lúcia Alves, e servidora do Museu de Ciências Naturais/FZB desde 1974.
A pesquisadora disse que o núcleo está funcionando, mas não estão fornecendo mais o veneno para a produção de soro antiofídico.
O presidente da FZB, Luiz Branco, complementou afirmando que as tratativas para renovação do contrato estão em andamento.
Dali, foram ao serpentário, onde a bióloga Josy Matos, representante da associação dos funcionários, relatou o arrombamento, que resultou no fechamento do local para visitação pública, e a necessidade de substituir a porta danificada que custaria, segundo orçamentos, cerca de mil reais, com a colocação.
A próxima parada foi uma área restrita do Jardim Botânico que faz limite com a vila Juliano Moreira, cuja entrada é pela avenida Cristiano Fischer. O grupo percorreu uma boa parte da extensão de um muro que separa o JB das casas até alcançar um local totalmente sem proteção. Um arquiteto do Ministério Público se prontificou a elaborar um orçamento para ter noção dos custos a fim de reerguer o muro.
Após uma caminhada de 30 minutos sob um sol de 30 graus, o juiz Eugênio sugeriu encerrar a inspeção e marcar uma segunda, para o dia 21 de setembro, que incluirá as coleções científicas e o orquidário, cuja estrutura apresenta infiltrações e outros problemas.
“Achei interessante vir porque a percepção in loco facilita bastante quando a matéria é de fato e não de direito. E como aqui tem problemas na infraestrutura, além de outras coisas, e há um pedido de medida liminar que ainda não foi apreciado, que tem muito haver com a questão da segurança de tudo ali e a contenção do muro, eu precisava ver a situação concreta e comparar com o que as partes dizem para esclarecer as dúvidas e depois relatar a decisão”, explicou o magistrado.
Ação Civil Pública corre desde fevereiro
A liminar solicitada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre impede que o governo do Estado demita o quadro técnico-científico e se desfaça de qualquer bem, móvel, imóvel e de animais que constituem o patrimônio material e imaterial do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, duas das três instituições vinculadas a FZB. O Parque Zoológico não está contemplado nesta ação.
O pedido de liminar proíbe ainda a rescisão de acordos ou contratos que impliquem as atividades de educação ambiental, preservação dos acervos ou pesquisa científica, e impede o desmembramento ou fracionamento da matrícula do imóvel do Jardim Botânico. No caso de descumprimento, multa de R$ 50 mil.
A ação requer que o Estado apresente em juízo um plano para a extinção da FZB que garanta a continuidade e a mesma qualificação de todos os serviços e atividades do Jardim Botânico e do Museu de Ciências Naturais, e providenciar imediatamente o conserto do muro que faz a divisa com a Vila Juliano Moreira. Por fim, determina ao IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) a inscrição do Jardim Botânico no Livro Tombo, por já ter sido declarado patrimônio cultural do Estado, em 2003.
Pesquisadoras da Zoobotânica podem ajudar a conter mexilhão dourado no Guaíba 3r1j4
Cleber Dioni Tentardini
A decisão da Justiça Federal para que o Estado do Rio Grande do Sul elabore um projeto a fim de controlar o mexilhão dourado no lago Guaíba deve envolver a Fundação Zoobotânica do RS. Isso porque é no Museu de Ciências Naturais, vinculado a essa instituição que o governo quer extinguir, onde trabalham as únicas duas especialistas, chamadas malacólogas, a serviço do Estado. São as biólogas Ingrid Heydrich e Janine Oliveira Arruda.
A bióloga Ingrid Heydrich participou de um grupo de estudos que, entre os anos de 1998 e 2000, fez levantamentos e revelou os primeiros dados qualitativos e quantitativos do mexilhão dourado no Delta do Jacuí, no Lago Guaíba e na Laguna dos Patos. Envolveu pesquisadores brasileiros e argentinos. Os resultados foram publicados na Revista Brasileira de Zoologia, em março de 2003.
Janine Oliveira Arruda é malacóloga do MCN/FZB desde 2014. É taxonomista, capacitada a identificar e descrever novas espécies, e curadora das coleções de moluscos.
A determinação do TRF4 envolve também o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama. Sua assessoria informa que foi contratado o biólogo Daniel Pereira, em Porto Alegre, para elaborar um diagnóstico e propor estratégias de manejo do molusco. Daniel está formando a equipe de pesquisadores e tem até dezembro para entregar o estudo, segundo o órgão federal.
O mexilhão é uma espécie invasora, proveniente da Ásia, que provoca modificações na qualidade de água, problemas às companhias de abastecimento e às hidrelétricas e alterações nos ambientes, causando inclusive a morte de outras espécies. O molusco chegou até o Rio Grande do Sul através da água de lastro dos navios. Ele se fixa em um objeto ou local, e um sob o outro acabam por obstruir os canos. Técnicos da Corsan e do DMAE seguidamente enfrentam transtornos com essa espécie exótica. Nas hidrelétricas, prejudicam o sistema de resfriamento. Em 2003, foi criada até uma força tarefa para combater o mexilhão dourado em todo o país.
Especialista alerta para extinção de espécies nativas
O que mais preocupa a bióloga Janine é a ausência de um plano de manejo para as espécies exóticas e de leis mais restritivas que protejam os ambientes naturais e as espécies nativas. “Os moluscos não fazem mal a ninguém. Estão ali se alimentando, são herbívoros, servem como bio-indicadores de qualidade ambiental, como outros animais. Eles próprios servem de alimento para os lagartos e as saracuras, que são famosas comedoras de moluscos”, ressalta Janine.
No entanto, algumas espécies de moluscos podem trazer transtornos, e até se tornarem pragas, como o mexilhão dourado. Outra espécie encontrada na maioria dos estados é a Achatina fulica, nome científico para o caramujo gigante africano, introduzido no Brasil sem controle sanitário para fins comerciais, acabou tornando-se muito comum no país e virou uma praga, principalmente agrícola. No Rio Grande do Sul ainda não foi registrada oficialmente essa espécie.
Natural de Dores do Indaiá, distante cerca de 290 km de Belo Horizonte, formou-se em biologia em 2004 pela Universidade Federal de Minas Gerais e, no ano seguinte, arrumou as malas e embarcou para Porto Alegre. Como já tinha estado na capital gaúcha em 2003, onde fez um estágio de três semanas na PUC com o professor Thomé, lhe chamou à preferência para dar continuidade aos estudos no Sul a presença deste e da professora Mansur.
Começou com estágio em 2001, em Minas, fazendo pesquisas com uma lesma que viria a ser seu objeto de estudos durante toda a vida acadêmica. Aos 36 anos, já tem curso de doutorado em sua especialidade, uma lesma do gênero Omalonyx, que tem seis espécies descritas e ocorre em toda América do Sul e no Caribe.
As lesmas que Janine estuda ficam entre os ambientes terrestre e aquático. Eles não andam na terra e não ficam dentro d’água. São encontrados nas plantas aquáticas. Fica na borda de açudes.
Uma parte da parede da sala da bióloga no Museu é coberta de cópias de vários sistemas reprodutores dos moluscos que ela pesquisa. Acontece que as maiores características que diferenciam as espécies são o pênis.
Janine explica que não existe uma frequência determinada para os moluscos colocarem ovos, mas acredita que a frequência aumente em épocas mais quentes.
Os moluscos são hermafroditas, ou seja, não precisam de outro indivíduo para se reproduzirem. “Mas, preferem o acasalamento, a troca de variabilidade genética”, garante a pesquisadora.
Especialidade atrai poucos alunos
Comparativamente com outras áreas, pode-se dizer que há poucos malacólogos hoje no Brasil, porque os grandes pesquisadores de moluscos já estão aposentados, segundo Janine. “Como são grupos bem difíceis de estudar, não atraem muito os estudantes”, lamenta.
Mas, no MCN/FZB há dois bolsistas de iniciação científica no setor de Malacologia. A Thalita Miller, estudante do 5º semestre da Biologia da Unisinos, bolsista há dois anos e meio na FZB, onde desenvolve o projeto Levantamento da Malacofauna do Jardim Botânico de Porto Alegre.
“Como aqui é muito grande, dividimos o terreno em áreas e estamos pesquisando para ver se há espécies novas de moluscos aqui, depois vamos comparar com estudos mais antigos”, explica.
O Thiago Antoniazzi, do 5º semestre de Biologia da Ufrgs, e bolsista há um ano na Zoobotânica, onde estuda a Morfologia de conchas de bivalves de água doce Anodontites. “Desde criança sempre tive interesse pelos moluscos”, diz.
Estado tem cinco moluscos na ‘lista vermelha’
A lista de espécies da fauna gaúcha ameaçadas de extinção, também chamada de lista vermelha, inclui duas espécies de molusco terrestres (Anthinus henseli e Megalobulimus proclivis-aruá-alongado, que só se encontra no Estado) e três marinhas (Olivancillaria contortuplicata, Olivancillaria teaguei e Olivella formicacorsii). Essa relação é de 2014. A próxima lista deve sair em 2018.
“A extinção de qualquer espécie compromete o delicado e dinâmico equilíbrio ambiental pois uma serve de alimento para outra, serve de substrato para outros organismos, então qualquer alteração no ambiente gera impacto em outros animais e/ou plantas”, alerta Janine.
Museu é referência em pesquisas no Brasil
Setor de Malacologia, da Seção de Zoologia de Invertebrados, do Museu de Ciências Naturais/FZB. Por aqui aram alguns dos maiores especialistas em moluscos do Brasil: José Willibaldo Thomé e Maria Cristina Dreher Mansur.
A professora da Ufrgs, hoje aposentada, ainda é a principal referência em moluscos bivalves de água doce, animal caracterizado por possuir uma concha que se divide em duas partes, muito comum também em espécies marinhas. Foi ela quem coordenou as pesquisas para produção do livro Moluscos Límnicos Invasores no Brasil.
O professor Thomé, falecido há pouco mais de um ano, era um dos maiores especialistas no estudo dos moluscos terrestres no Brasil. Foi um dos primeiros pesquisadores do então Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais, ao lado de Ludwig Buckup, Thales de Lema e do padre jesuíta Balduíno Rambo.
A coleção de moluscos da MCN/FZB está entre as quatro maiores do Brasil, com mais de 41 mil lotes. Um lote pode conter de uma até cem ou duzentas espécimes. São duas coleções, na realidade: José Willibaldo Thomé e Eliseo Duarte. Esta última foi adquirida com verba do CNPq de um colecionador uruguaio, que foi homenageado com o nome da coleção. Possui cerca de 20 mil lotes. A outra coleção recebeu o nome de seu maior incentivador. Ambas as coleções possuem material dos cinco continentes nos ambientes marinhos, de água doce (límnicos) e terrestres.
Destacam-se em âmbito nacional, também, as coleções dos museus da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande – Furg e a do Museu Nacional, no RJ.
Biólogas serão coautoras de obra internacional
A bióloga Maria Cristina Mansur é incansável. Começou como estagiária em 1964 no Museu Rio-grandense de Ciências Naturais, na época ainda era um departamento da Secretaria de Educação e funcionava próximo à Santa Casa. Formada em Historia Natural pela PUC gaúcha, deu aulas na Ufrgs e trabalhou como pesquisadora da Fundação Zoobotânica até se aposentar.
A professora, no entanto, ainda pode ser vista com frequência no Museu, envolvida em pesquisas e ando orientações aos pesquisadores. Ela foi convidada junto com Janine a participar da 4ª edição do livro Ecologia e Classificação de Invertebrados de Água Doce, editado pelos renomados pesquisadores norte-americanos J. H. Thorp e A. P. Covich.
Janine vai escrever nesse livro sobre as lesmas Omalonyx e outros caracóis. O trabalho busca falar sobre a biologia, ecologia, importância econômica, sistemática, taxonomia, chave de identificação e métodos de preparação e preservação das espécies de Succineidae.
A obra é um manual de referência sobre os invertebrados das águas interiores do mundo e destina-se aos profissionais de universidades, agências governamentais e empresas privadas, bem como estudantes de graduação e pós-graduação.
Maria Cristina Mansur foi a primeira bolsista do professor José Willibaldo Thomé. “Foi meu grande orientador. Ele trabalhava com gastrópodes terrestres, e me indicou estudar os bivalves de água doce. Eu não sabia nada, então tive bolsas de iniciação científica, até que, em 1968, fui a Santa Fé, na Argentina, visitar o Instituto Nacional de Limnologia, um laboratório maravilhoso, com grandes tanques de piscicultura, e onde trabalhava o doutor Bonetto, um cientista de renome internacional especialista em animais de agua doce. Naquela época, eles já controlavam os peixes e moluscos no rio Paraná e a extração de pérolas dos bivalves de água doce”, lembra.
Buckup e Thales de Lema iniciaram coleções
O acervo malacológico iniciou em 1955 com as coleções de conchas doadas por Ludwig Buckup e Thales de Lema e a transferência do Acervo Histórico do Museu Julio de Castilhos. Mais tarde, foi assumida por Willibaldo Thomé.
Abriga moluscos marinhos, terrestres e de água doce e contém espécimes de valor histórico com cinco lotes coletados por Reinhold Hensel no RS, entre 1864 e 1866, e identificados por Eduard von Martens, 1868.
RS está livre do caramujo gigante africano
Há uns anos atrás apareceram notícias nos telejornais em que os moradores de Santa Catarina relatavam apavorados terem encontrado centenas de moluscos gigantes nos pátios de casa. É o caramujo gigante africano.
A comunidade científica considera essa espécie invasora uma das cem piores do mundo, por causar sérios danos ambientais.
O primeiro registro no Brasil foi um trabalho científico de 1975, relatando a ocorrência em Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1988, o caramujo africano foi apresentado em uma feira agropecuária no Paraná como uma forma barata de substituir o escargot na gastronomia. Quando o negócio não deslanchou como o prometido, foram liberados no ambiente. Sem predadores naturais no país, esses animais se proliferaram sem controle algum por quase todos estados.
“Ainda não chegou ao Rio Grande do Sul, pelo menos ainda não há registros comprovados, mas é questão de tempo”, acredita Janine.
Segundo ela, um pesquisador venezuelano Ignácio Agudo, identificou em uma área no Distrito Industrial de Cachoeirinha, região metropolitana de Porto Alegre, um caramujo como sendo o Achatina fulica, mas não comprovou sua descoberta. Uma equipe da Fundação Zoobotânica investigou o local em que ele afirmou ter visto e não encontrou nada.
“Perguntei a ele onde estava guardado o animal, mas ele disse que não havia coletado, só fotografado. Falamos com moradores, comerciantes, mostramos fotos, e ninguém viu esse caramujo. Descartamos parcialmente o aparecimento dele no Estado porque onde aparece um, normalmente existem muitos outros. Eles se reproduzem em larga escala. E como são grandes, assustam, chamam a atenção nas lavouras, em pátios, lixões. Devoram tudo por onde am”, afirma Janine.
O mesmo pesquisador fez um registro na Base de Dados Nacional de Espécies Exóticas invasoras (I3N Brasil) para o caramujo gigante africano em Torres, litoral Norte, mas a Vigilância Sanitária do Município não confirmou o aparecimento da espécie. E o Centro Estadual de Vigilância Sanitária não tem registros do molusco em nenhum município gaúcho, segundo sua assessoria de comunicação.
Ameaça à fauna e a outras espécies
“Além de competir com as nativas, o gigante africano é muito voraz, come tudo o que vê pela frente, plantações, jardins, e há registros dele comendo jornais e revistas e até outros moluscos, configurando o canibalismo”, alerta Janine.
A espécie adapta-se muito facilmente. Carrega consigo uma concha marrom escura com listras esbranquiçadas, no formato de um cone. Os indivíduos adultos podem pesar meio quilo e chegar a 20 cm de comprimento. Podem realizar até cinco posturas por ano, com 50 a 600 ovos por postura.
Os ovos são pouco maiores que uma semente de mamão, branco-amarelados, que poderão ser enterrados ou depositados em uma superfície, como folha, ou sob uma pedra.
Além dos prejuízos ambientais, são potencialmente transmissores de doenças aos animais e seres humanos, quando infectados por vermes. Os parasitas, do gênero Angiostrongylus, podem causar doenças abdominais, cujo sintoma é como se fosse uma apendicite, e até meningite, o que é mais grave e, inclusive, já foi detectado na espécie em 2007, na Fundação Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz.
Ativo no inverno, resistente ao frio e à seca, geralmente a o dia escondido e sai para se alimentar e reproduzir à noite ou durante e logo após as chuvas.
SC criou Programa de Espécies Exóticas Invasoras
Santa Catarina criou o Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras onde produz e divulga materiais informativos sobre formas eficazes de controle de espécies invasoras, especialmente para conter a dispersão do caramujo gigante africano, que pode ocorrer também de forma acidental através do transporte.
A bióloga Luthiana Carbonell dos Santos, da Gerência de Unidades de Conservação e Estudos Ambientais, da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), de Santa Catarina, explica que os métodos de controle utilizados são eficazes para redução da proliferação e devem ser realizados continuamente, uma vez que a espécie se reproduz o ano todo. Além disso, o potencial invasor e a severidade dos impactos causados pelas invasões podem ser intensificados em razão das mudanças climáticas.
“No caso do Rio Grande do Sul, há um cenário positivo para o controle. Assim, como o caramujo gigante africano, muitas outras espécies são introduzidas sem a devida análise de risco de invasão e biossegurança, e é importante aprendermos com os equívocos do ado para evitá-los no futuro. Temos no Brasil um litoral extenso com alta diversidade de espécies de peixes, no entanto, cogita-se a introdução do peixe panga (Pangasius hypophthalmus) espécie com histórico em outras partes do mundo, e cujas análises de risco resultaram em alto risco de invasão. Por isso, é de suma importância que a introdução de uma nova espécie seja precedida de análise de risco de invasão, estudos de biossegurança e de viabilidade de mercado”, completa.
Governo pode ceder área de reserva florestal da Zoobotânica para Tecnosinos v1l15
Cleber Dioni Tentardini
Cerca de 50 hectares da Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo, no entorno do Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, ambos pertencentes à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, podem ser reados ao Parque Tecnológico da Unisinos, o Tecnosinos.
Na quinta-feira, 17, durante reunião-almoço na Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Tecnologia de São Leopoldo (ACIST-SL), o prefeito Ary Vanazzi e representantes da Universidade e lideranças empresariais entregaram ao governador José Ivo Sartori e à secretária do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Ana Pellini, uma carta requerendo a transferência de propriedade de uma parte da área da reserva florestal para a Tecnosinos que quer expandir o seu parque tecnológico.
O reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino, ressaltou que o Estado tem um conjunto de parques tecnológicos com excelentes recursos humanos e empreendedorismo, o que tem formado um arranjo muito produtivo.
“Queremos construir uma base para dar uma vida melhor para a população da região, por isso estamos retomando o tema”, disse.
O prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, também defendeu a ideia de cedência do horto. “O projeto alia inovação e preservação ambiental, por isso usaria 50% do espaço para construção da estrutura e 50% seria de preservação”, declarou.
O governador disse que já conhecia o trabalho realizado pela Tecnosinos e que iria estudar uma contrapartida.
Nos últimos três anos, o Tecnosinos inaugurou a Unitec 2 (2015) e a Unitec 3 (2016). Atualmente, o Parque trabalha organizado em cinco áreas tecnológicas: Tecnologia da Informação; Automação e Semicondutores; Tecnologias para a Saúde; Tecnologias Socioambientais; e Comunicação e Convergência Digital.
*Com informações de Michelli Machado, do Notícias Unisinos
Área mais cobiçada da Região Metropolitana
Os 780 hectares mais cobiçados da Região Metropolitana de Porto Alegre envolve o Parque Zoológico, que o governo quer rear a concessão à iniciativa privada, e o desmembramento da Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo, que enfrenta vários problemas fundiários. Centenas de famílias moram ilegalmente em seu interior e estão sendo retiradas diante de ações de reintegração de posse conquistadas pela FZB.
A proposta de utilização de uma área da Reserva pelo Tecnosinos surgiu durante a gestão de Susana Kakuta, atualmente diretora-presidente do Badesul.
Em 2015, levantou-se a hipótese de ter parte cedida a um congregado empresarial alemão, o Medical Valley, que reúne indústrias e centros de pesquisas na área biomédica, responsáveis por 43% da área de patentes na Alemanha.
Uma comitiva do governo Sartori visitou a Alemanha e ouviu dos empresários a necessidade de uma área física para viabilidade logística do complexo empresarial e benefícios fiscais para as empresas deste chamado “Cluster de Tecnologias para Saúde”.
O diretor-executivo do Medical Valley, Tobias Zobel, retribuiu a visita no final de 2015. Durante palestra no Badesul, em Porto Alegre, disse que o plano de internacionalização da Medical Valley é criar uma rede de colaboração internacional entre Brasil, Estados Unidos e China. No caso do Brasil, o estado escolhido foi o Rio Grande do Sul. Os países atuarão em estreita cooperação no fomento da indústria e da pesquisa em saúde.
A área do Zoológico pertencia à Companhia Geral de Indústrias e, em 1930, foi adquirida pelo Estado. Em 1934 o espaço foi consolidado como uma propriedade da antiga Viação Férrea do Rio Grande do Sul.
Mais de 25 anos depois, no dia 16 de março de 1957, foi promulgada pelo presidente Juscelino Kubitschek a Lei Federal nº 3.115 ando todos os bens da Viação Férrea para a União. Somente a área atual do Zoológico permaneceu sob domínio do Rio Grande do Sul.
No dia 27 de julho de 1959, João Caruso, secretário de Obras Públicas na ocasião, entregou um estudo contendo sugestões para criar um parque público. A partir de então, a responsabilidade da área ficou com a Comissão Estadual de Prédios Escolares (CEPE), sob a denominação de Grupos de Parques e Jardins. A sede era no próprio Horto Florestal.
Os funcionários da Zoobotânica temem que a especulação imobiliária acabe fatiando a reserva. A pressão para venda da área é histórica. Em 1957, a justificativa era pela necessidade de recursos para a execução do plano que previa a construção de mil escolas no RS.
Ministério Público acompanha processos

Annelise disse que estuda a legislação para que o horto seja enquadrado como área de preservação.
Semapi divulgou nota
O Sindicato dos Empregados em Empresas de Assesssoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do Rio Grande do Sul (SEMAPI) divulgou nota de repúdio contra transferência de área:
Governo Sartori pretende negociar área da FZB
Cada vez fica mais clara a motivação para extinguir fundações que prestam um serviço primoroso e de baixo custo para o Estado. O governo Sartori, em vez de investir nas instituições e fortalecer a pesquisa, a tecnologia e a cultura no Rio Grande do Sul, prefere retirar incentivos, sucateando as instituições, para que, assim, sejam vendidas para a inciativa privada, favorecendo parceiros/empresários.
Além do mais, as áreas ocupadas por estas entidades são nobres e têm grande valor comercial. Exemplo disto é a situação da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), que teve seu terreno permutado antes mesmo que o Projeto de Lei que autoriza a sua extinção fosse votado. Agora, o governo mostra novamente a que veio querendo acabar com parte da Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo, pertencente à Fundação Zoobotânica.
Localizada em espaços territoriais descontínuos divididos pela BR-116 entre os municípios de Sapucaia do Sul e São Leopoldo, a reserva possui 620 hectares e vem sofrendo com a falta de segurança, permitindo que o local seja ocupado por famílias de baixa renda. Como desculpa para a venda, a secretária do Meio Ambiente, Ana Pellini, chegou a dizer que “Pior que o dano ambiental é a invasão.”
É inissível que uma secretária que se diz do Meio Ambiente prefira acabar com parte de uma área preservada e importante para o Estado em vez de responsabilizar-se por ela, protegê-la. Totalmente alinhado a este pensamento, o governo Sartori não investe em segurança e permite o abandono da instituição, tendo, assim, subsídios para convencer a população de que é necessário se desfazer dela.
Pois a FZB resiste e segue funcionando assim como outras fundações que tiveram sua extinção autorizada pelos deputados aliados de Sartori (PMDB). Não vamos permitir que o meio ambiente seja moeda de troca para este governo entreguista. Não à extinção!
Reserva homenageou padre jesuíta e naturalista
A Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo encerra uma das maiores, senão a maior, extensão florestal contínua inserida na área urbana na região metropolitana de Porto Alegre, com cerca de 450 ha de bosques misto, contendo eucaliptos no estrato superior e mata nativa composta de espécies típicas da bacia do Rio dos Sinos, crescendo em pleno vigor, no estrato médio e inferior da floresta. Na sua totalidade, considerando campos e floresta, são mais de 700 ha reservados à conservação ambiental, conforme o Plano de Manejo da reserva.
Assim descreveu o Decreto 41.891, de 16 de outubro de 2002, assinado pelo governador Olivio Dutra, que reconheceu a importância ambiental dessas florestas estabelecendo a Reserva como área de conservação ambiental, atrelando à Fundação Zoobotânica, através do Parque Zoológico,e batizando de Reserva Florestal Padre Balduíno Rambo.
Com 620 hectares de extensão, a reserva localiza-se entre São Leopoldo e Sapucaia do Sul. Abriga cerca de 200 mil pés de eucaliptos e mais de 35 espécies de árvores nativas da região crescendo abaixo das copas de eucaliptos, com exemplares que atingem os 20 m de altura, encravados na área de maior aglomeração urbana do Estado.
Cientificamente comprovada está a atuação do maciço florestal na manutenção de um oásis térmico na região de Sapucaia e São Leopoldo. Serve também de proteção de parte da bacia hidrográfica do Rio dos Sinos, para a formação de um banco genético da flora nativa regional, atuação como abrigo para a fauna, e para a realização de pesquisas visando a conservação da biodiversidade e a promoção de atividades de educação ambiental.
O homenageado foi o padre jesuíta gaúcho, natural de Tupandi, e naturalista. Rambo fez campanha pela criação de um Jardim Botânico em Porto Alegre e conseguiu que o Itaimbezinho fosse declarado Parque Nacional.
Em 1942, publicou sua primeira grande obra, A fisionomia do Rio Grande do Sul, uma descrição detalhada da geografia do Estado, incluindo mapas e 30 ilustrações paisagísticas, feitas a partir de fotos aéreas tiradas por ele em viagens por todo o território que mapeou a Estado em meados do século ado
Suas pesquisas botânicas resultaram num acervo de plantas de 50 mil exemplares, em 1948, cerca de 90% da flora nativa. Organizou o Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais e fundou a revista Iheríngia.