A reversão da história 3d4l1i

Luiz Carlos Maciel O advento de um novo inverno em nossa civilização – para lembrar a metáfora que usei em meu livro As Quatro Estações – se apresenta como, no mínimo, desconcertante. Todos os avanços que vivemos, por várias décadas, em termos de liberdade existencial, percepção social e política, aprofundamento da vida espiritual e, numa palavra, expansão da consciência, parecem abandonados como se simplesmente nunca tivessem acontecido. O progresso do espírito parece ter estancado, num mundo sanguinário, dividido entre Bush e Bin Laden, no qual o único instinto ativo para ser o da morte. Parou por que? Por que parou? Uma das idéias mais interessantes surgidas na reflexão de Jean Baudrillard sobre o nosso tempo é a de que assistimos a uma reversão da própria História que tendo imperceptivelmente ultraado o próprio fim inverte o seu sentido para o ado. Ele cita um texto de Elias Caneti, publicado em 1978, época em que se definiria a precipitação de nosso mundo no virtual. A partir de um certo ponto, a História não era mais real. Sem que se percebesse, toda a humanidade subitamente abandonou a realidade; tudo o que aconteceu desde então supostamente não foi verdadeiro; mas nós supostamente não percebemos. Nossa tarefa agora seria encontrar esse ponto e enquanto não o localizarmos, estaremos condenados a mergulhar em nossa destruição presente. A História ocultou de nós o seu fim e começou o caminho de volta, na direção oposta. Por disso, o tempo não é mais contado progressivamente, por adição, a partir da origem mas por subtração, a partir do fim. Não temos mais o futuro a nossa frente mas uma dimensão anoréxica na qual se estende uma realidade virtual. Nela, o simulacro precede o real, a informação precede o acontecimento. Estamos imobilizados entre nossos fósseis e nossos clones. Ou seja: estamos diante do desaparecimento da História real, dominada por uma memorização fanática. Em vez de nascerem e morrerem, os seres surgem já como fósseis virtuais. A História teria sido infectada por um retrovirus e seu novo movimento privilegia a retaguarda. Isso explica, segundo Baudrillard, o fenômeno do desaparecimento das vanguardas e o ressurgimento de formas adas e arcaicas, utopias retrospectivas que engendram uma História espectral, feita de acontecimentos-fantasmas. Foi o advento da chamada era da mediocridade. De repente, algum dejá-vu qualquer ressurge como uma assombração imprevista. Como isso foi possível? Ele não pertencia ao ado? Só o retrovirus explica. Nos tempos atuais, a humanidade anda de marcha ré. Os sinais desse inesperado movimento, considerado simplesmente impossível ou absurdo pelo pensamento estratificado durante séculos de especulação racionai, podem ser percebidos hoje pelo olhar atento. Essa inversão é apenas disfarçada, mas não desmentida, pelo progresso científico e tecnológico, que não cessa de inventar novos brinquedos, muitos deles mortíferos. Não é de irar, por exemplo, que a dialética da História humana tenha sido substituída por um estruturalismo petrificador, num movimento de recuo do pensamento, de acordo com a metáfora de Sartre, da imagem dinâmica do cinema para a fotografia parada. Ou que as perspectivas de uma nova organização econômica, política e social tenha sido abandonadas em favor de um neoliberalismo selvagem que, como contrapartida, precipitou nossa civilização num terrorismo fundamentalista. Ou que a ética seja fundamentada na restauração de valores iluministas, pré-marxistas. Ou que a experiência espiritual genuína tenha sido sepultada por igrejas e seitas igualmente fundamentalistas. Os sinais de inversão da dinâmica coletiva estão por toda parte. Assistimos, por toda parte, a um triunfo deprimente da caretice – ou seja, do formalismo sobre a espontaneidade, da aparência sobre a essência, dos títulos, comendas e medalhas sobre o mérito legítimo, da hipocrisia burguesa num ápice surpreendente sobre a vida natural e autêntica. A reversão da História permitiu às classes médias assegurar a sobrevivência de seus deuses ao mesmo tempo que condena seus saudáveis demônios ao esquecimento. Essas tarefas foram confiadas às armas com que ainda conta, em especial, na mídia e na academia. Essas duas instituições alavancaram o processo de reversão. Primeiro exemplo: a moral tradicional, baseada na hierarquia indiscutível, na prepotência e na submissão, na obediência e no conformismo – ou seja, numa palavra, na repressão – teve de enfrentar a emergência de uma moral libertária que cresceu durante a maior parte do século ado, de uma maneira aparentemente irresistível. Com raízes na psicanálise de Freud, que desmascarou essa moral repressiva como origem da neurose, ou na subversão de valores de Nietzsche, que a denunciou como contrária aos interesses da própria vida, a nova perspectiva moral ganhou uma enunciação aguda no pensamento de Sartre, que viu claramente seu fundamento na liberdade. O auge desse processo de manifestação da nova moral libertária foi alcançado, na prática, pelo movimento que se convencionou chamar de contracultura. Sua reversão restaurou alguns dos mais renitentes preconceitos da moral tradicional. Mas a situação atual, segundo Baudrillard, não é simplesmente contraditória ou irracional – ela é paradoxal. Há uma ironia objetiva no processo recente: quanto mais os sistemas políticos, sociais e econômicos progridem mais geram a própria descontrução, a realização deflagra a reversão automática, pura e simples. Essa reversão provocou euforia na cidadela da classe média, o que enfatizou paradoxos simplesmente escandalosos. Com a reversão da História, o mais recente é o mais remoto; o mais distante é o mais avançado. Assim, apesar dos avanços de Wilhelm Reich, Herbert Marcuse e Norman O. Brown, ou contra eles, a psicanálise acomodou-se em sua missão de promover a adaptação iva e portanto o conformismo. A pretexto de contestar a dependência de Sartre ao cogito cartesiano, o estruturalismo o declarou superado, numa manobra logo abençoada pelas universidades. O Sistema cujo poder fora denunciado é, então, consagrado como insuperável, uma estrutura inabalável. Com tal fundamento teórico, as novas gerações são facilmente convencidas da verdade suprema do realismo cínico. Ao mesmo tempo, a mídia encarregou-se da diluição da contracultura, apressando sua retração. Substituiu-a, no espírito das novas gerações, pelo culto ao aparecimento incessante de novas maravilhas do entretenimento, graças à nova tecnologia digital. Um computador e um celular de última geração são apresentados – e o que é pior: acreditados – como suficientes para assegurar a felicidade final. O estado de consciência vigente foi reforçado por meios mais sutis, subliminais. Assegurou-se, assim, nas novas gerações a auto-hipnose e o emparedamento mental que inibe a liberdade original da consciência e tende a congelá-la, como diria Sartre, na rigidez do ser em-si. O panorama atual provoca espanto. Como compreendê-lo? Baudrillard sustenta que uma História virtual, na qual a informação substitui o acontecimento, está ocupando, hoje, o lugar da História real, e que isso resulta em nossa falta de responsabilidade, tanto individual quanto coletiva. Assim, por exemplo, o apelo de Sartre pela liberdade e conseqüente responsabilidade, é considerado, para todos os efeitos da reversão, uma mera ilusão do ado. No plano econômico, político e social, a reversão foi ainda mais espetacular. O desaparecimento da União Soviética e o triunfo do capitalismo selvagem, na nova encarnação neoliberal, serviu de pretexto para a desconsideração do pensamento teórico marxista. O objetivo, naturalmente, é a supressão radical da rica tradição do pensamento crítico, mais uma vez beneficiando a aceitação iva e o conformismo. O deus da classe média, ao qual ela deve sua existência, o fundamento metafísico do capitalismo, é o dinheiro. Nos dias que vivemos, experimenta sua promoção a uma espécie de deus, glorificado em prosa, verso e uma enxurrada incessante de tratados de economia, organizações econômicas e seus templos máximos que são os bancos. Esse fetiche abstrato, o vil metal, a culpa materializada da Humanidade, segundo Norman O. Brown, a por obra de Deus ou da Natureza – e parece existir como o céu e o mar, o Sol e a Lua, as montanhas e as árvores existem. A mera existência do dinheiro, portanto, é a verdadeira origem da alienação, segundo Marx, da reificação, segundo Lukacs, ou da serialização, segundo Sartre. Estes três conceitos descrevem, de diferentes ângulos, o mesmo fenômeno mórbido que caracteriza nossa vida em comum – o endeusamento do vil metal. Mas Baudrillard vai, hoje, mais longe. Ele considera termos como alienação,. reificação e serialização, obsoletos demais para indicar o que acontece hoje – e descreve nosso mundo em termos de excrescência tecnológica, obscenidade e obesidade proliferantes e virtualidade desenfreada. Com um humor e um sarcasmo necessários à filosofia de hoje, Baudrillard é implacável. A nossa situação, já se encontra além da física e da metafísica, é totalmente patafísica – uma paródia que, segundo seu criador Alfred Jarry, é “a ciência das soluções imaginárias”. A contestação mais enérgica, no século ado, foi feita, além do marxismo e do existencialismo, por este outro demônio que assombrou a classe média – a contracultura. Foi preciso exorcizá-lo de todas as maneiras. Ele acenava com uma liberação sexual natural, saudável, uma emancipação das falsas necessidades materiais, uma libertação do espírito. Retomava a inspiração anarquista no que ela tinha de mais positivo e mais fértil. Seus arroubos juvenis pareciam anunciar, de fato, uma nova era. A reversão se manifesta nesse ponto em que a ameaça da contracultura começava a parecer irresistível. Foi o ponto de mutação para a degeneração presente. A mudança qualitativa inverte então seus vetores, uma inversão diabólica. A liberdade sexual torna-se permissividade e obscenidade; as necessidades materiais são absolutizadas, numa distorção maligna que deifica o mercado capitalista; o crescimento espiritual regride para as formas petrificadas das igrejas tradicionais e das novas seitas. E por aí vai. A “nova era” caminha para trás. Tudo tem a ver com tudo, na paisagem sombria da reversão. Só é preciso, em cada caso, encontrar o ponto em que a conexão maligna se faz. O recuo deliberado que estamos vivendo hoje apresenta suas justificativas e desculpas em nome da ciência e da tecnologia e de seus progressos aparentemente maravilhosos. Os alertas de Heidegger são solenemente ignorados, como devaneios místicos. A ciência não pensa e a tecnologia é o estágio final do esquecimento do ser. A metáfora da primeira parte dos filmes sobre a Matrix, a que interessa, ilustra artisticamente esse abismo Beaudrillard chama ao processo de “Assassinato do Real”; trata-se de um “Crime Perfeito” um extermínio do qual nada resta, nenhum traço, “nem mesmo um cadáver”. Neste ponto cego da reversão da História, nada mais é verdadeiro ou falso, e tudo perambula indiferentemente entre a causa e o efeito, entre a origem e sua finalidade, uma mutação crucial de um estado crítico para um estado catastrófico. Hoje, toda reflexão sobre a realidade é, no máximo, uma precária hipótese de trabalho, justificada apenas por tentar satisfazer nosso misterioso instinto especulativo – ou, no máximo, uma criação de índole artística, uma edificação imaginária. Como isso aconteceu? O engenho da feitiçaria científica e tecnológica acabou por criar essa tal de realidade virtual – e quando suas características e sua própria essência foram comparadas com as da suposta verdadeira realidade, as diferenças efetivas não podiam mais ser detectadas. Eram tão similares que se confundiam. Uma espantosa equação entre o real e o virtual, foi inevitável. A realidade na qual a Matrix, do filme, existe e opera é, em tudo, similar à realidade virtual que ela cria. As categorias de tempo e espaço, matéria e energia são rigorosamente as mesmas. Não há “realidade” substancial em nenhum dos casos. Eis o que Baudrillard chama de Crime Perfeito. Quando se fala em História, não se trata da História vivida no modo do ser para-si, no sentido de Sartre, mas a História registrada no modo do em-si. Esta “História”, objeto de filósofos e historiadores, é uma criação mais ou menos arbitrária, largamente subjetiva – e, como tal, mais próxima da obra de arte do que da medição científica. Seu carácter numinoso, sempre envolto em mistério, contudo, não impede que, à sua maneira, também se apresente como um desvelamento do ser pois, como sustenta Heidegger, o próprio ser é histórico, a aletheia é tempo.. Entretanto, tal fábula – a pretensa História – , embora reveladora como os antigos mitos, não pode ser contemplada com uma crença factual, ingênua. A alegada “reversão da História” é uma metáfora para um declínio evidente que macula, hoje, o instante. Da mesma maneira, pode-se falar de um Assassinato do Real, ou de um Crime Perfeito, como uma metáfora relevante para a consciência de nosso tempo. Baudrillard chega ao âmago da questão quando percebe que o Assassinato do Real significa, no fundo, o Assassinato da Ilusão, o extermínio dessa “ilusão radical e objetiva do mundo”. A situação descrita por Baudrillard, uma visão que muitos julgam pessimista, é uma oportunidade para o despertar espiritual. Sua compreensão simplesmente exige o desvanecimento dos véus de Maya. Diz Baudrillard: Afinal de contas, pode ser que a humanidade, por intermédio de uma compulsão enigmática, esteja envolvida intimamente nesse processo catastrófico e portanto esteja condenada a desaparecer. :Se for este o caso, seria muito melhor tratarmos nosso desaparecimento como uma forma de arte –exercitá-lo, representá-lo, criar uma arte do desaparecimento. É melhor que a alternativa, que seria desaparecer sem deixar traços, sem sequer o espetáculo de nossa destruição. 334w19

Campo do Força e Luz deve dar lugar a projeto imobiliário 1b3331

Sócios querem vender área no bairro Santa Cecília(Tânia Meinerz)

Duas grandes construtoras estão tentando botar abaixo um pedaço da história do futebol gaúcho. O projeto delas é comprar o tradicional Estádio Timbaúva e erguer um espigão no terreno.
Os sócios do clube esportivo estão divididos sobre a venda do espaço. Alegando falta de dinheiro para manter as instalações, a diretoria já deu sinal verde para a transação, embora tema reação da comunidade. Só falta acertar o preço.
O time de futebol participa apenas das competições oficiais da Federação Gaúcha de Futebol na categoria juniores. Usa um time de alunos do colégio Anchieta, sem gastar um tostão com a iniciativa: o objetivo é garantir a isenção de IPTU dada aos clubes.
O campinho já foi um terreno do governo. A comunidade usa o espaço há 70 anos. Hoje ele pertence à Associação dos Funcionários da CEEE. Seus donos são os 379 sócios da entidade. Nem todos concordam com a venda, mas a pressão das construtoras pelo terreno é grande.
Corretores imobiliários da área avaliam o terreno em R$ 10 milhões. As empresas estão oferecendo menos do que isso à diretoria do clube. Se a venda sair, o dinheiro deve ser distribuído entre os sócios – na hipótese de R$ 10 milhões, cada um levaria R$ 27 mil.
O campo do Força e Luz é a última área aberta de lazer do bairro Santa Cecília. O presidente Jorge Nunes, eleito em 2002, fica no cargo até dezembro, quando se realizam novas eleições – ele quer a venda até o final de seu mandato. A diretoria não quer dar publicidade à possível venda, temendo a rejeição da vizinhança e dos usuários do espaço.
Na versão do presidente Nunes, o clube estaria tendo prejuízo para manter o local. Sem revelar os valores arrecadados com as contribuições dos sócios e do aluguel do campo, ele garante que não é o suficiente para as despesas, reforçando a necessidade da venda.
O Timbaúva ocupa 16 mil m2 de uma área já densamente construída, na rua Alcides Cruz, entre as avenidas Ipiranga e Protásio Alves.
Tchilla Helena Kuhn, vizinha do estádio há 20 anos, está preocupada: “Se fizerem outro espigão vão acabar com o meu sol, eu me mudo na hora”.
Num típico domingo ensolarado, famílias fazem churrasco e peladeiros profissionais jogam futebol no local. Ademir Costa é um dos que freqüenta o Timbaúva toda a semana: “Para a gente é muito ruim perder o estádio”.
Foram funcionários da CEEE (então chamada CEERG) que fundaram o clube, em 1921, no tempo em que a empresa, com a Carris, fazia parte de um grupo estrangeiro. O estádio foi erguido em 1934. A união da Carris com a CEEE, hoje novamente desmembradas, é que originou o nome Força e Luz. O estádio se chama Timbaúva devido às árvores desta espécie que existem no terreno.
Jorge Gomes Delfino, membro do conselho deliberativo do clube, é apontado por todos como a memória viva do time. Entre as histórias pitorescas, a mais famosa ocorreu na década de 60, quando o “Forcinha” cedeu ao Grêmio o zagueirão Airton Ferreira da Silva, apelidado “Pavilhão”, justamente porque foi trocado pelo pavilhão que ainda hoje está no local. Airton? Foi o Figueroa da época.
Reportagem Eduardo Jung

A Blitz do cabo Rosinha estréia hoje na capital q6w1i

Adriana Lampert

Medo, angústia, desconfiança. O clima tenso faz parte do espetáculo Blitz, nova produção do Depósito de Teatro, escrita por Bosco Brasil e dirigida por Roberto Oliveira. A história conta o drama de um policial militar que tenta provar para a mulher que é inocente da morte de um garoto baleado em uma blitz no colégio. Apesar das súplicas do marido, Heloísa prefere acreditar no que está escrito nos jornais.
Antes disso, o cabo Rosinha era irado no bairro por buscar sempre a harmonia entre os moradores. Com as notícias sobre a blitz na escola, deixa de ser herói e a a ser criticado pelos vizinhos. Para piorar a situação, ele ainda carrega a dor e a culpa de ter sido responsável pela morte de seu próprio filho, que nasceu com uma doença hereditária. A esposa, que antes era a simpática atendente da padaria, a a ser tratada com frieza pelos clientes.
Ao mesmo tempo que o cabo tenta conter seu lado agressivo, desesperado com a falta de confiança da esposa, ela, revela que tem alucinações, por conviver com os “mortos” do marido. Entre uma cena e outra, aparecem “flash backs” de momentos felizes do casal. O jogo dos dois atores do elenco é intenso e dramático. Homem e mulher aos poucos vão se distanciando dos sonhos que tiveram na juventude.
O diretor do espetáculo chama a atenção para o fato de que por trás de um policial militar existe um ser humano. “A forma como todos nós vemos a ação da polícia acaba sendo até preconceituosa”, opina Roberto Oliveira. “Este é um espetáculo que vê a condição humana do brigadiano e da mulher do brigadiano (termo que usamos pejorativamente). Pretendemos transcender este preconceito”.
Elenco: Charlie Severo e Sofia Salvatori
Diretor: Roberto Oliveira
Assistência de Direção: Sandra Possani
Local: Studio Stravaganza (rua Olinto de Oliveira, 66)
Quando: de 18 de agosto até 05 de setembro.
Temporada: quintas, sextas e sábados, às 21h e domingos e segundas, às 20h.

Ou vai ou racha 16w2x

Guilherme Kolling
Se ainda resta alguma esperança à sobrevivência do Partido dos Trabalhadores (PT), ela a pelo dia 18 de setembro, quando ocorrem as eleições para o comando de diretórios municipais, estaduais e nacional.
As tendências de esquerda do PT – insatisfeitas com os rumos do partido já antes do escândalo do mensalão – apostam em assumir o poder e dar uma guinada no partido, buscando a volta às origens, com uma defesa radical da ética e dos valores que formaram a sigla.

“O PT vive sua mais grave crise histórica. Esses dias que antecedem o pleito são decisivos”, avalia o deputado estadual Flávio Koutzii, líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa. “Tenho falado na imprensa diretamente para os militantes, porque nem todos perceberam a dimensão deste momento. Só a eleição direta pode dar uma mexida nesse quadro”, completa.

Waldir Bohn Gass, presidente do diretório do partido em Porto Alegre também aposta na militância para salvar a sigla. “É fundamental a insurgência da base, que ela assuma o PT para que haja uma redemocratização do partido”, aponta.
O chamado Campo Majoritário, ala moderada que comanda o partido há anos, sofreu um abalo com o envolvimento do ex-ministro José Dirceu e de toda cúpula – Genoino-Delúbio-Silvio Pereira e Marcelo Sereno – nos escândalos de corrupção e caixa 2. Todos caíram.
Para botar ordem na casa, foi chamado o ex-ministro da Educação, Tarso Genro, que assumiu o partido num mandato tampão. Ele é o candidato do grupo moderado para as eleições de setembro.
“O Campo Majoritário, direta ou indiretamente, é responsável pelo que aconteceu. Temos que mudar a co-relação de forças, reformular o PT. E o PED (Processo de Eleições Diretas) é a grande oportunidade para mudar a direção do partido”, afirma o ex-prefeito de Porto Alegre João Verle.
De fato, a crise pode ser a chance para outras tendências do partido chegarem ao poder. “Com certeza, se não tivessem sido expostos esses fatos envolvendo o PT, a reeleição do José Genoino seria um eio. Esse tsunami foi tão violento que deslocou as forças no partido”, acredita Koutzii.
Entre os candidatos de oposição, estão Valter Pomar, Plínio de Arruda Sampaio e os gaúchos Raul Pont e Maria do Rosário. Uma vitória da ala light, assumindo ou não o nome de Campo Majoritário (que Tarso falou que não existe mais), pode ser o estopim para uma debandada do PT. O racha deve afastar até quadros históricos.
“Já perdemos gente no início do governo Lula, na Reforma da Previdência, na definição do salário mínimo, na expulsão dos companheiros que formaram o P-SOL. Até os intelectuais que líamos se afastaram. Se a eleição for muito frustrante, pode provocar algumas perdas importantes”, aponta Flávio Koutzi.
O deputado estadual Edson Portilho tem a mesma impressão. “Pessoas descontentes com o rumo do partido já estão se desfiliando. E a continuar nesse ritmo, muitos militantes e dirigentes vão deixar o Partido dos Trabalhadores”, acredita. João Verle também prevê baixas, mas não aceita o “se perdermos, vamos sair”. “Isso não tem sentido”.
Quem destoa nesse ponto é o deputado Raul Pont, que evita falar em racha em caso de derrota. “Eu vou continuar militando no PT, construindo o partido, e defendendo que quem tenha algum envolvimento com corrupção ou malversação de recurso público, seja expulso e indiciado criminalmente”.
O presidente do Diretório do PT na capital gaúcha, Waldir Bohn Gass, por outro lado, chega a afirmar que, se houver vitória do Campo Majoritário e esta tendência comandar sozinha o partido, com um possível desânimo da militância, o PT pode não se recuperar mais.
Alguns já fazem comparações com outras siglas. É caso do deputado federal Chico Alencar (RJ). Desiludido com a reunião do Diretório Nacional, em 6 de agosto, ele afirmou que o PT vai virar um partido de massas sem identidade. “Um fenômeno parecido ao que aconteceu com o PMDB, que hoje serve para abrigar alguns políticos de nome, mas sem um programa”.
Um grupo de parlamentares federais, insatisfeitos com a orientação da liderança do partido, lançou o Bloco Parlamentar de Esquerda, que vai atuar com autonomia no Congresso.
Petistas pedem expulsão dos companheiros
Ninguém. Nem Delúbio Soares foi expulso do PT depois da reunião do Diretório Nacional, em 6 de agosto. Representantes do partido no Rio Grande do Sul cobram medidas mais fortes. “Chega de panos quentes! Há evidências devidamente comprovadas. Não consigo entender como ninguém ainda foi expulso”, ataca o deputado Flávio Koutzii.
“O PT está com seus valores em crise, é um patrimônio que pode ser destruído. As pessoas expressam dor, vergonha, indignação. E depois de um período de perplexidade, dirigentes petistas e quadros de expressão estão falando em fazer um corte nisso. Se não mudarmos a política, não resolveremos a questão. Queremos ganhar a direção do partido aqui e lá (no RS e no país)”, declara Koutzii, líder da bancada do partido na Assembléia.
O ex-prefeito de Porto Alegre João Verle também defende a saída de integrantes que cometeram atos ilícitos. “Falha no caráter é uma característica humana e o maior partido do país não ficou imune a isso. Agora devemos expurgar essas pessoas que ferem a nossa ética partidária, um ponto forte que ostentamos. Se isso não acontecer, vamos nos igualar aos demais partidos”, prevê.
Sete vereadores da bancada do PT na Câmara de Porto Alegre (Aldacir Oliboni, Carlos Comassetto, Carlos Todeschini, Margarete Moraes, Maria Celeste, Maristela Maffei, Sofia Cavedon) enviaram nota ao Diretório Nacional, na véspera do encontro de 6 de agosto. Eles se uniram ao coro dos que clamam pela saída de filiados comprovadamente envolvidos com irregularidades.
Outra voz dessa causa é o deputado Edson Portilho. “Não podemos comprometer 800 mil filiados, militantes que doaram a vida para a construção desse projeto, por irresponsabilidade e descompromisso de alguns dirigentes”, protesta.
“O PT é maior do que qualquer uma dessas pessoas. Se elas estiverem de fato envolvidas, que sejam expulsas, não importa que tenham 20 anos, 5 anos ou 5 meses de partido”.

As causas da crise

É consenso entre lideranças que o Partido dos Trabalhadores vive uma crise sem precedentes, que as denúncias devem ser apuradas e que os culpados devem ser punidos. Mas não há concordância sobre as causas, a origem do problema que afeta o PT.
O presidente nacional, Tarso Genro, analisou a conjuntura em artigo publicado na Folha de S. Paulo, em julho. Além da questão histórica (o buraco que se abriu com o fracasso de experiências de esquerda pelo mundo), e a política econômica do país, que não teve o avanço esperado no governo Lula, o ex-ministro critica a tese do partido dono de uma moral superior aos demais.
“Esquecemos que qualquer organismo da sociedade civil, por mais vontades positivas que contenha, reproduz, sempre, algo da moralidade média da sociedade na qual este organismo está imerso”. Tarso apela para uma renovação, sem arrogância, para defender a democracia e continuar a construção de um novo projeto para o país. “Precisamos, no PT, de uma reforma política, programática e de métodos de direção”.
Outro ponto de vista veio também em artigo publicado na Folha. Duas lideranças gaúchas, o ministro Miguel Rossetto e o deputado Raul Pont, contestaram a tese da arrogância do partido, que teria uma moral superior a dos demais.
“Numa notável inversão, pede-se desculpas pelo PT ter tido no ado uma postura intransigentemente ética. Responsabiliza-se os paradigmas de esquerda e de igualdade fundadores da nossa identidade pelos fatos que, agora, são a sua negação. Numa espécie de autocrítica do outro, critica-se o que fez o PT ser diferente, sem criticar nada que o faz ficar agora igual ao deformado sistema político brasileiro”.
Os dois apontam que a crise tem como origem a ruptura com a tradição do partido, pela “fratura entre discurso e prática, o distanciamento das bases e dos movimentos sociais, a hegemonia da lógica eleitoral, a despolitização da política, as alianças não-programáticas e, especialmente, a auto-suficiência das decisões de cúpula”.
Pont e Rossetto falam claramente que as explicações sobre a crise devem partir do grupo que agiu em nome do PT, “mas sem compartilhar essas decisões com o conjunto do partido ou sequer comunicar-lhe suas deliberações, afogando uma história de 25 anos num lodaçal de suspeições”. A dupla afirma que “a história do PT não acaba assim”. E projeta um futuro “com um rigoroso ajuste de contas com o presente, para ter uma agenda radicalmente republicana, democrática e popular para o Brasil”.
Outro texto que teve repercussão, neste mea culpa público feito pelo PT, foi o do jornalista Marcos Rolim, publicado em Zero Hora. Ele aponta que “o partido foi substituído por uma máquina de poder capaz de legitimar práticas tradicionais como o aliciamento e a demagogia, o aparelhamento do Estado e o canibalismo interno”. Rolim denuncia a “omissão diante de casos de abuso de poder econômico em campanhas eleitorais e de indícios de enriquecimento ilítico. E conclui: Mais que criminosos, “são ladrões de sonhos”.
Esperança no futuro
Alguns petistas sonham com a volta por cima ainda no Governo Lula. O 1º vice-presidente da Assembléia Legislativa, deputado Ronaldo Zulke, aposta na mudança de rumo, a ponto de possibilitar que críticos hoje desiludidos com o presidente apóiem a reeleição. Na visão dele, seria necessário vencer três pontos do debate: a ética partidária, a política de alianças do Governo, e a política econômica. “Defendemos mais recursos para programas sociais e uma redução no superávit, que está exagerado. Outra medida é a redução drástica da taxa de juros, para estimular a criação de empregos e o crescimento econômico”, explica.
Sobre o papel do partido nesta empreitada, quem fala é o otimista Waldir Bohn Gass, presidente do diretório de Porto Alegre. “Se chegamos ao poder num governo de coalizão, tudo bem. Mas o PT tem que tencioná-lo para a esquerda. O partido deve ter autonomia, não pode ser o menino de recados da presidência, como era no tempo do Genoino”.
David Stival, presidente do PT/RS também acredita que o partido pode dar perspectivas positivas para sua base. “Todos os partidos erram. Devemos levantar a cabeça e resgatar os valores éticos e morais do PT”, sugere. “Temos que ser inflexíveis na punição dos culpados e retomar o programa do partido no Governo Lula, abrindo canais para a participação social”, aponta.
Stival lembra ainda a “experiência vitoriosa no Governo Olívio-Rossetto, com uma diferença abissal em relação ao Governo Lula. O Rio Grande do Sul é uma referência para o projeto do partido, e pode influenciar o PT nacional, o que não significa romper”, acredita.
Bonh Gass fala em brigar pela história do PT, também citando as experiência em Porto Alegre e do Governo Olívio. “Mostramos um novo jeito de governar, com uma participação social – Orçamento Participativo – que dá força e garante um controle do governo”, opina.
O deputado Ronaldo Zulke concorda que o PT/RS, pelo acúmulo de gestões importantes, é um capital político importante para o PT nacional. “Não é a toa que temos três candidatos gaúchos na disputa pelo Diretório Nacional”, lembra.
Olívio pode assumir o partido no Estado
Os setores mais à esquerda do Partido dos Trabalhadores continuam trabalhando para que o ex-governador Olívio Dutra seja aclamado presidente do Diretório Estadual, em setembro, quando ocorrem as eleições do PT.
A mudança no rumo da disputa pelo diretório gaúcho surgiu após a demissão de Olívio do Ministério das Cidades. Ele teve uma volta triunfal, sendo recebido por centenas de militantes, empunhando bandeiras do PT e gritando palavras de ordem.
Mas disse “que não tem vocações individuais”, sobre uma possível candidatura à presidência estadual do PT. Na semana seguinte, não descartava assumir o partido no Estado para a alegria de militantes como Maurício Zimmermann, da Juventude do PT, que foi recebê-lo no aeroporto. “O partido deve ser ‘salvo’ por figuras como ele”, acredita.
O deputado Raul Pont, presente na recepção, reconheceu que “o companheiro tem o respaldo da militância e representa o partido”. O vereador Adeli Sell estava tão entusiasmado que declarou que “a refundação do partido aconteceu aqui, nesse ato” (no aeroporto), e que Olívio deveria aceitar conduzir o PT estadual.
“Queremos construir um consenso em torno do nome de Olívio, que tem todas as condições para construir uma nova direção para o partido”, conta o deputado Ronaldo Zulke, da Democracia Socialista, uma das tendências que apóiam o ex-governador.
O deputado Edson Portilho também aprova a idéia, assim como os presidentes do diretório de Porto Alegre, Waldir Bohn Gass e do RS, David Stival, que considera Olívio um símbolo de honestidade.
Entre os sete candidatos, quatro já abdicaram em nome do ex-governador. Mas pelo menos um concorrente não ite renunciar, a não ser que haja consenso em nível nacional – e não há. É o deputado Estilac Xavier que deve polarizar a disputa com Olívio.

Estilac representa o PT Amplo e Democrático e outras três tendências na disputa pelo Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores. O deputado justifica que o partido deve usar o mesmo critério em nível nacional e regional. “Se não conseguirmos unificar o partido nacionalmente, porque adotar esse modelo só no pleito do Rio Grande do Sul?”, questiona.

Estilac ite conversar sobre uma possível renúncia apenas se houver chapa única ao Diretório Nacional. “Aí podemos discutir o plano local da mesma forma, mas antes de renunciar teria que falar com as tendências que represento”.

O parlamentar do PT revela que é do grupo que defendeu realizar as eleições do partido só em 2007, mas que foi voto vencido. “Acho que seria importante um encontro preparatório agora, quando indicaríamos para direção uma chapa de unidade política, para a transição do partido. Em 2006 não haveria clima, já que é ano eleitoral, por isso, o ideal seria 2007”, analisa.
Colaborou Helen Lopes

Gás natural chega ao Moinhos em outubro 5r1ls

Guilherme Kolling
A Sulgás realiza hoje (15/8) testes finais na primeira rede de gás natural que vai atender comércio e residências no bairro Moinhos de Vento. O engenheiro Luiz Antonio Monza Koller (foto), gerente de Distribuição Urbana da Companhia, estima que o fornecimento comece em outubro.
A estatal já pediu licença de operação para a Secretaria de Meio Ambiente do Município. Além da autorização da Smam, a empreitada depende da contratação de uma empresa para fazer a ligação da rede com as residências – o edital da licitação está sendo preparado.
Quatro edifícios já contrataram o serviço – três estão na rua Santo Inácio. O outro fica na Hilário Ribeiro, via não contemplada nesta primeira fase. Mas a Sulgás fez uma extensão de 25 metros para atender ao prédio, que é novo, e não vai precisar de adaptação, pois já foi construído pensando no uso de gás natural.
Outros cinco condomínios estão em tratativas finais para contrato. A idéia da Sulgás é entrar no mercado aos poucos, como uma alternativa ao GLP (gás de cozinha). O retorno já está garantido por clientes âncora – o Hospital Moinhos de Vento, que já recebe gás natural, e os clubes Grêmio Náutico União e Associação Leopoldina Juveinl, que já am contrato. A Companhia negocia ainda com o complexo Sheraton-Moinhos Shopping.
Em 2006, a idéia é ampliar a rede para uma grande área do bairro. O projeto ainda está sendo desenvolvido, e deve ser entregue para análise da Prefeitura ainda este ano.
Um dos fatores que vai influenciar na adesão ou não ao gás natural é o preço. A Sulgás trabalha com outras companhias para que a Petrobrás não aumente a tarifa. Hoje, a Companhia garante um valor 5% a 20% mais baixo que o GLP, dependendo do tamanho e da estrutura do prédio.
“Mas alguns edifícios concordam em pagar mais caro. A lenha, por exemplo, é bem mais barata. Mas as pessoas não querem mais ter que istrar o combustível”, afirma Koller.
O engenheiro também descarta um eventual desabastecimento, em virtude da crise na Bolívia. Ele diz que a Petrobrás reorganizou o calendário de funcionamento da Bacia de Santos, que deve oferecer o combustível a partir de 2008.
Paralelamente, a estatal negocia com Peru um novo gasoduto, para abastecer também ao Chile e a Argentina. Num eventual corte da Bolívia, antes dessas alternativas estarem em funcionamento, haveria ainda um plano de contingência, interrompendo o abastecimento de grandes clientes que podem utilizar outros combustíveis, como carvão e energia elétrica, saída que não é possível nas residências.
“De qualquer forma, o cliente residencial é cativo, e terá o fornecimento garantido”, sustenta o engenheiro.

Lixo da construção civil é depositado clandestinamente em Porto Alegre 155r39

Ingrid Holsbach
O processo de verticalização pelo qual a a cidade de Porto Alegre – com a construção de um sem número de condomínios residenciais e comerciais – finalmente gerou alguma preocupação aos vereadores. O depósito clandestino de resíduos da construção civil.
Até novembro de 2003 existiam dois aterros legalizados para essa finalidade, o João Parise, na zona norte e outro chamado de Terras do Exército, na zona sul. De lá para cá, com o esgotamento do João Parise, sobrou apenas o aterro na zona sul como alternativa para as empresas de caçambas.
Em decorrência da distância da maioria das obras até o aterro, muitas empresas começaram a depositar seus dejetos em locais clandestinos, fato que gerou denúncia à Câmara Municipal e, na manhã do dia 9, foi motivo de reunião da Comissão de Saúde e Meio Ambiente (Cosmam).
Cerca de 90 empresas de caçambeiros estariam despejando resíduos em vários locais clandestinamente na zona norte da cidade. Os responsáveis pelo encaminhamento das denúncias e pela reunião foram os vereadores Sebastião Melo e Haroldo de Souza, ambos do PMDB. Melo abriu os trabalhos constatando o óbvio ululante. “O despejo acontece em áreas clandestinas por causa da saturação dos aterros existentes na capital”, afirmou.
Convidado pelos vereadores, o Departamento Municipal de Meio Ambiente (DMLU) prometeu, em conjunto com várias entidades do setor, a ampliação do aterro João Parise e a abertura de um outro local apropriado próximo ao aeroporto Salgado Filho, na divisa com o município de Canoas.
Conforme o secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, o problema não é responsabilidade exclusiva dos órgãos públicos: “A prefeitura está cumprindo sua parte, porém falta uma parceria com a construção civil. A lei é clara, o destino final dos resíduos é de responsabilidade de quem gera, e o setor da construção civil não está fazendo o que lhe cabe”, protestou. Mais uma vez, o vereador Melo caiu na obviedade. “O Poder Público tem de fazer cumprir a lei”, destacou.
O presidente da Associação dos Transportadores de Caçambas Estacionárias e Similares de Porto Alegre (ATCE), Ivan Pedrotti, afirmou que o maior problema não é a falta de aterros, mas sim de um local onde possa ser separado o material colocado nas caçambas.
Segundo ele, não há locais para triagem dos resíduos, e nas construções todo o lixo é colocado misturado na caçamba, junto com galhos de árvores e até mesmo lixo doméstico. De acordo com Pedrotti, os aterros, na maior parte das vezes, não aceitam os resíduos misturados, pois desta forma contaminam o lençol freático.
“Nós não geramos os resíduos e não podemos ser penalizados”, defendeu-se Pedrotti. “O que seria da cidade sem a opção da caçamba? Nós, na verdade, estamos ajudando o DMLU, realizando um trabalho que seria de responsabilidade deles”, afirmou.
Solução paliativa
Frente a este problema, o diretor-presidente do DMLU, Garipô Selistre, propôs uma solução paliativa para ser adotada ainda esta semana até a reabertura do novo aterro, que terá um centro de triagem. Selistre planeja colocar duas ou três caçambas e uma retroescavadeira na entrada do João Parise para fazer a separação correta dos resíduos.
As caçambas seriam obtidas com a Empresa Pública de Transporte Coletivo (EPTC), com custo zero à prefeitura e aos donos das empresas responsáveis pelo recolhimento dos entulhos. A previsão é de que na próxima semana o novo aterro já esteja funcionando.
Também está sendo estudada a hipótese de abrir um quarto aterro com um centro de triagem em uma área localizada na frente da empresa Vonpar, também na zona norte. A empresa responsável pela obra já teria inclusive encaminhado o licenciamento ambiental.
Muito lixo
Segundo dados da Smam, Porto Alegre produz cerca de 1000 toneladas de lixo por dia proveniente da área da construção civil. Logo, a construção de aterros não é a solução, mas sim uma medida temporária, já que os mesmos têm um tempo de vida útil de aproximadamente um ano.
A solução, segundo o secretário Beto Moesch, seria um plano de reaproveitamento dos dejetos da construção civil, medida proposta em 2002, porém nada foi feito desde então. “Na gestão ada a Smam não participava desta questão, ficando apenas a cargo do DMLU, que fazia a separação por amostragem”, lembrou.
Parceria com Sindicato da Construção
No encontro, também foi proposta uma parceria com o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon), que ainda não foi chamado para participar da busca por soluções.
A entidade afirmou que apenas de 10 a 15% dos entulhos produzidos em Porto Alegre são oriundos da construção civil e que cerca de 70% são das obras do conduto Álvaro Chaves, que usou dois aterros para destinação dos resíduos produzidos, um deles localizado em Canoas e outro na Zona Sul de Porto Alegre.

Itinerários da cultura brasileira 5e6x2e

O Projeto Copesul Cultural 2005 pretende fazer um balanço das transformações da cultura brasileira nas últimas quatro décadas. Debates sobre artes visuais, literatura, música, cinema. O que aconteceu nos rebeldes anos 60? A ditadura dos anos 70, a abertura política nos 80, fora Collor nos 90. Luiz Carlos Maciel, Nelson Motta, Fernando Gabeira, Affonso Romano de Sant’Anna, no jornalismo e literatura. Hermeto Pascoal, Francis Hime, MPB 4, Renato Borghetti, na música. Mais artes plásticas e mostra de cinema. O nome do projeto é Itinerários da Cultura Brasileira e acontece em setembro, em Porto Alegre.
Seminário 4X Brasil
A programação inicia no dia 13 de setembro, na Casa de Cultura Mario Quintana, com dois lançamentos e um seminário: o livro de ensaios 4X Brasil, organizado pelos professores Gunter Axt e Fernando Schüler, e a exposição de mesmo nome que tem curadoria do filósofo, jornalista e escritor Luiz Carlos Maciel.
Um grupo de reconhecidos intelectuais brasileiros, liderados pelo filósofo, jornalista e escritor Luiz Carlos Maciel, conhecido como “guru da contracultura”, vai fazer um balanço das transformações da cultura brasileira nas últimas quatro décadas. Acompanhado de Nelson Motta, Fernando Gabeira(foto)e Affonso Romano de Sant’Anna, Maciel vai indagar sobre a originalidade das manifestações, das utopias e vanguardas culturais que se desenvolveram na década de 60 no país.
Exposição
Na quarta-feira, dia 14 de setembro, terá abertura na Galeria Xico Stockinger, da Casa de Cultura Mario Quintana, a exposição 4 X Brasil – Itinerários da Cultura Brasileira. O objetivo é apresentar uma visão panorâmica dos movimentos, obras e artistas representativos do teatro, música, poesia e literatura das décadas de 60, 70, 80 e 90 que foram fundamentais para as metamorfoses do pensamento e do comportamento que forjaram o Brasil contemporâneo.
Movimentos como Bossa Nova, Tropicalismo, Manguebeat; grupos como Arena, Asdrúbal, Oficina, Vertigem; escritores como Rubem Fonseca, Carlos Heitor Cony, João Ubaldo Ribeiro, Moacyr Scliar, Milton Hatoum; poetas como Augusto e Haroldo de Campos, Murilo Mendes, Alice Ruiz, Manoel de Barros, Chacal, entre inúmeros outros, estarão presentes com suas brilhantes e inesquecíveis obras. Haverá também uma exposição de fotografias históricas apresentando importantes acontecimentos políticos ocorridos no país durante o período.
A exposição tem direção de arte de Andréia Vigo, apoio de Marcelo Ferla (música), Alexandre Brito (poesia), Luis Augusto Fischer (literatura), Lílian Santiago (teatro) e produção do Bureau de Cinema e Artes Visuais. Haverá também uma mostra de fotografias históricas apresentando importantes acontecimentos políticos ocorridos no Brasil nesse período.
Até o dia 16 de outubro, o público terá a oportunidade de ver imagens inéditas, clássicas, conhecer, relembrar e interagir com todo esse universo, refletindo as últimas quatro décadas do nosso país. A exposição terá visitação pública e visitas programadas de escolares.
Show
Na quinta-feira, 15 de setembro, às 21 horas, no Teatro do Sesi, acontece o espetáculo musical do Projeto Copesul Cultural 2005 – 4X Brasil. Além do show, o projeto apresenta no mês de setembro várias outras atividades.
A noite mesclará o som dos violinos, do piano, da viola e da gaita-ponto com a sinfonia da Orquestra Camerata Porto Alegre e com os diversos instrumentos do gênio Hermeto Pascoal. Duofel, Francis Hime(foto), MPB 4, Renato Borghetti, Zeca Collares, Fernando Deghi e João Tavares Filho também se apresentam no espetáculo que homenageia as últimas quatro décadas brasileiras.
O show apresentará o retrato de quatro décadas brasileiras – os anos 60, 70, 80 e 90. As principais músicas populares brasileiras e os movimentos de maior sucesso dessa época estão no repertório. Os músicos vão mostrar 26 canções, entre elas, obras da Tropicália, dos Festivais, da Bossa Nova e do Rock Rural. Cantores como Elis Regina, Jair Rodrigues e grupos como os Novos Baianos serão homenageados.
Mostra de cinema
Finalizando a série de atividades do Projeto Copesul Cultural 2005 – 4X Brasil, acontecerá de 27 a 30 de setembro, na Sala Paulo Amorim (na Casa de Cultura Mario Quintana), a terceira edição da Mostra Copesul de Cinema.
A mostra tem como objetivo refletir a forma estética e temática das décadas de 60, 70, 80 e 90. Filmes de ficção, documentários, obras clássicas e contemporâneas inéditas estarão compondo três programas nacionais e um internacional. Junto à mostra de filmes haverá uma exposição de imagens e registros dos principais acontecimentos ocorridos nestes 40 anos de trajetória brasileira no cinema.
A mostra é uma realização da Copesul, através do sistema LIC, com a coordenação de Andréia Vigo e Marcus Mello e produção do Bureau de Cinema e Artes Visuais.
Programação:
TERÇA-FEIRA, 13 de setembro
O QUE: Lançamento da Exposição “4X Brasil”
QUEM: Curadoria de Luiz Carlos Maciel.
QUANDO: 13 de setembro, às 18h30min, para imprensa e convidados.
Aberto ao público de 15 de setembro a 16 de outubro, de terças a sextas, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados das 12h às 21h.
ONDE: Galeria Xico Stockinger – Casa de Cultura Mario Quintana – (Rua dos Andradas, 736)
QUANTO: Entrada franca
TERÇA-FEIRA, 13 de setembro
O QUE: Lançamento do livro “4X Brasil” (Editora Artes & Ofícios)
QUEM: Luiz Carlos Maciel, Affonso Romano de Sant’Anna, Fernando Gabeira, Nelson Motta, Artur de Faria, Flávio Kiefer, Francisco Carlos Teixeira da Silva, Luís Augusto Fischer, Luis Zanin, Miltão de Maia Ricardo, Ricardo Silvestrin, Santiago Nazarian, Suzana Gastal e Zilda Gricoli Lokoi.
QUANDO: Terça-feira, 13 de setembro
ONDE: Sala Sotero Cosme – Casa de Cultura Mario Quintana – 6º andar (Rua dos Andradas, 736)
QUANTO: a definir
HORÁRIO: 18h30min
TERÇA-FEIRA, 13 de setembro e
QUARTA-FEIRA, 14 de setembro
O QUE: Seminário 4X Brasil
QUEM: Luiz Carlos Maciel, Affonso Romano de Sant’Anna, Fernando Gabeira e Nelson Motta, com mediação de Fernando Schuler.
QUANDO: 13 e 14 de setembro.
ONDE: Casa de Cultura Mario Quintana – Teatro Bruno Kiefer – 6º andar
QUANTO: R$ 30 (dá direito ao livro de ensaios 4X Brasil).
ONDE COMPRAR: Casa de Cultura Mario Quintana e Livraria Siciliano do Shopping Praia de Belas, a partir de 20 de agosto.
HORÁRIO: das 19h30min às 22h.
QUINTA-FEIRA, 15 de setembro
O QUE: Show 4X Brasil
QUEM: Hermeto Pascoal, Duofel, Francis Hime, MPB 4, Renato Borghetti, Zeca Collares, Fernando Deghi, João Tavares Filho e Orquestra Camerata Porto Alegre.
QUANDO: quinta-feira, 15 de setembro.
ONDE: Teatro do Sesi
QUANTO: R$ 15
ONDE COMPRAR: Lojas Multisom dos shoppings Iguatemi, Praia de Belas, Moinhos e Total, a partir do dia 20 de agosto.
HORÁRIO: 21h
DE TERÇA-FEIRA, 27 de setembro a
SEXTA-FEIRA, 30 de setembro
O QUE: Mostra Copesul de Cinema 4X Brasil
QUEM: curadoria de Andréia Vigo e Marcus Mello.
QUANDO: de terça-feira, 27 de setembro a sexta-feira, 30 de setembro
ONDE: Cinemateca Paulo Amorim – Casa de Cultura Mario Quintana
QUANTO: R$ 5
ONDE COMPRAR: a definir
HORÁRIO: a definir

Hélices do mal antecipam O Anjo Exterminador 1x5y27

O grupo Teatrofídico prepara para estrear em novembro de 2005 o espetáculo O Anjo Exterminador – uma adaptação da obra cinematográfica de Luis Buñuel.
O processo de pesquisa de linguagem estética e de conteúdo rendeu o primeiro resultado concreto, “As velozes hélices do mal”.
A peça tem criação coletiva, e conta quatro histórias baseadas em temas recorrentes da obra do cineasta surrealista: A burguesia, A igreja católica, A opressão e A morte.
De forma fragmentária, o grupo utiliza os mais diversos estilos de interpretação e estética múltipla entrelaçando as histórias em um novelo de símbolos e conteúdos.
As Finandeiras do Destino mostra três mulheres – as moiras – tecendo o destino da humanidade e dela próprias. Intervalo para o Guaraná conta, num futuro próximo, como a sociedade já livre de preconceitos sexuais se mostra ainda fútil e desumana. A Santa Igreja utiliza a técnica do teatro fórum de Augusto Boal, para mostrar uma religião hipócrita. O Patrão Nosso de Cada Dia fala de um mundo comandado pela força do emprego que aliena e automatiza o ser humano sensível.
Em todas histórias o mal e a perversão perambulam entre os personagens de forma sombria e tragicômica.
As Velozes Hélices Do Mal
Direção: Eduardo Kraemer
Elenco: Renato Del Campão, Marco Sório, Jairo Klein, Sayonara Sosa, Claudia Canedo, Magali Leite, Debora Geremia, Rosaura Costa, Caue Soares, Rafael Guerra e Henri Lunes.
Onde: Sala 302 da Usina do Gasômetro
Quando: dias 14, 21 e 28 de agosto – domingos, às 19hs
Confira outros espetáculos do Projeto Gestação Cultural Usina das Artes (Usina do Gasômetro):
• “El Titiritero de Banfield” – Sala 309
Dias 13 e 14 de agosto, às 21h
Sérgio Mercúrio – Argentina.
• “En Camino” – Sala 309
Dias 20 e 21 de agosto, às 21h
Sergio Mercúrio – Argentina
• “Cabe na Mala?” – Sala 309
Espetáculo Infantil e Exposição Interativa
Dias 27 e 28 às 16h
Grupo Tapetes Contadores de Histórias – RJ.
• “Retalhos de Drummond” – Sala 309
Espetáculo Adulto
Dias 27 e 28 às 21:00
Tapetes Contadores de Histórias – RJ
Oficina de teatro de formas animadas
Sala 309
com Sergio Mercurio (El Titiritero de Banfield)
de 15 a 19 de agosto, das 19h às 22h.
Valor: R$ 80,00
Inscrições: 30194088 ou 99598281
Oficina permanentes
NAP – Núcleo Aberto de Palhaços – pesquisa prática sobre a arte do palhaço – Sala 309
Grupo Firuliche.
Terças – feiras das 18h30min às 22h
Mensalidade: 25,00
Danças Circulares Sagradas com Patrícia Preiss – Sala 309
Quartas – feiras das 18h às 20h
Mensalidade: 45,00
Informações: 3339-6382

Projeto das áreas culturais vai para Câmara em agosto 6p3i53

Guilherme Kolling
Uma boa notícia para quem se preocupa com a preservação do patrimônio histórico de Porto Alegre. A prefeitura vai encaminhar o projeto de lei das áreas especiais de interesse cultural para a Câmara Municipal em agosto.
Uma má notícia para quem quer a manutenção dos casarões antigos da cidade. Os vereadores, já no oitavo mês do mandato, ainda não criaram a Comissão Especial de Avaliação do Plano Diretor. Ou seja, ainda vai levar um bom tempo até o projeto ser apreciado.
A Secretaria do Planejamento Municipal (SPM) escalou cinco arquitetos para finalizar o texto até 8 de agosto. O prazo vence hoje, no entanto o executivo da SPM, Isaac Ainhorn (foto), garante que o atraso não a de alguns dias.
“A discussão é polêmica, mas precisamos de uma conclusão neste assunto. Por isso defini uma data. Depois, a Câmara, que representa toda a sociedade, irá resolver os pontos em que não há consenso”, prevê o secretário.
Antes de ser entregue aos vereadores, o novo projeto de lei será apresentado ao Conselho do Plano Diretor e ao prefeito José Fogaça, que tem cobrado uma resposta da SPM para o tema.
O petista João Verle entregou uma proposta para a lei no final de 2004, com base em um estudo de técnicos da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural (Epahc) em conjunto com a Faculdade de Arquitetura do Centro Universitário Ritter dos Reis.
O texto foi recolhido pela nova istração do Município no início do ano, para modificações. Manteve-se o número de locais protegidos, são 80. Mas o regime urbanístico do entorno, isto é, as regras para construir em volta desse patrimônio da cidade, recebeu ajustes em alguns casos.
É o caso do 4º Distrito – o presidente de uma das associações da região apontou as novas áreas de interesse cultural como um entrave à revitalização do ponto, durante seminário realizado em março. “Tivemos a preocupação de dar uma oxigenada naquela área”, conta o secretário do Planejamento, que considera o novo trabalho mais avançado e evoluído que o original.
Mas ainda restam definições que podem influir na opinião da sociedade sobre o estudo. Das 80 áreas identificadas, há consenso sobre 60 delas – as outras 20 não são unanimidade nos quesitos tamanho e regime urbanístico.
Boa parte da discussão se concentra nos bairros da região central de Porto Alegre. No Moinhos de Vento, que tem três áreas, já está definido que no quarteirão da Caixa D’Água a altura máxima será 9 metros.
Também se concluiu que na Praça Maurício Cardoso a altura dos novos prédios não deve ultraar 12,5 metros no miolo, e 27,5 metros no entorno. No Morro Ricaldone, o terceiro ponto contemplado, projeta-se um limite de 12,5 metros para futuras edificações no topo, e 27,5 metros ao redor. Falta delimitar com precisão o contorno do mapa dessas áreas.
No Petrópolis restam ainda algumas indefinições nas duas áreas elencadas. A da Casa da Estrela, por exemplo, transformada em símbolo pelos moradores, corre o risco de ser demolida para dar lugar a um edifício. “Não há uma decisão final sobre essa questão pontual, mas posso afirmar que a escadaria da rua Guararapes será toda preservada”, revela o secretário Isaac Ainhorn.
Vereadores terão três meses de debate
A ilusão de concluir a revisão do Plano Diretor em 2005 se foi. Mais um ano em que o assunto que afeta toda cidade tem seu debate postergado. A Câmara Municipal ainda não instalou a Comissão Especial para tratar do assunto. Como estamos em agosto, na melhor das hipóteses, serão três meses de debate.
Acontece que depois de instalada a Comissão, os parlamentares têm que eleger presidente, relator-geral e relatores temáticos, além de definir horário e periodicidade dos trabalhos. Na primeira Comissão criada para tratar do novo Plano Diretor, em 2003, esse trâmite burocrático durou mais de um mês – as sessões eram semanais.
Como essa nova safra de legisladores – parte dela nem tão nova assim – está encontrando dificuldades para acertar o número de integrantes da comissão e a composição partidária, é bem provável que só em outubro a discussão comece de fato.
E mais provável ainda que, de posse do projeto das áreas especiais de interesse cultural, os vereadores não consigam transformá-lo em lei este ano, já que devem ser convidados para opinar, pela enésima vez, o movimento Porto Alegre Vive, o Sinduscon, e outras entidades de classe e representantes da sociedade civil.
Ao final da oitiva – palavra tão em moda nesses tempos de I – deverá estar findando o ano parlamentar, e os vereadores não terão tempo hábil para transformar em lei esta parte tão importante do Plano Diretor – as áreas especiais de interesse cultural.
Lista das áreas e lugares identifcados
As áreas especiais de interesse cultural são previstas pelo Plano Diretor de Porto Alegre, em vigor desde 2000. São locais com ocorrência de patrimônio cultural que deve ser preservado. Por isso, o regime urbanístico (o quanto e como se pode construir) nessas áreas é diferenciado devido a sua importância cultural, ambiental ou urbanística.
O estudo feito pela Prefeitura, em parceria com a Ritter dos Reis acrescentou 40 novas áreas à lista do Plano Diretor de 1979. Ao todo, a soma de áreas e lugares identificados pela equipe e arquitetos soma 80: são 19 no Centro; 13 na Orla, e 48 no Interior, que engloba todos os outros bairros da cidade.
A Secretaria do Planejamento vai encaminhar o projeto de lei por etapas. Primeiro vai um texto para o Centro e um para o Interior. A seguir, será enviado o projeto para a Orla.
Estudo segue engavetado
“O primeiro compromisso da atual gestão é com as áreas especiais de interesse cultural. A revisão do regime urbanístico proposto pelo Plano Diretor será objeto de uma segunda etapa”, diz o secretário do Planejamento, Isaac Ainhorn.
Da afirmação, pode-se depreender que a outra polêmica do Plano Diretor – o regime urbanístico, que envolve alturas, afastamentos e as regras de como se pode construir na cidade – ainda não tem data para ter uma definição.
Depois de uma longa discussão nos seminários da Conferência de Avaliação do Plano Diretor, em 2003, ficou definido que seriam feitos estudos para monitorar o crescimento da cidade e estabelecer ou não, novos parâmetros para o regime urbanístico.
Na primeira fase, seriam estudados quatro bairros da região central (Moinhos de Vento, Menino Deus, Petrópolis e Rio Branco). Num segundo momento, toda a área radiocêntrica (entre o Centro e Terceira Perimetral) para finalmente aplicar o estudo no resto da cidade.
Arquitetos da Secretaria do Planejamento concluíram a etapa inicial, coletando dados valiosos para cidade – é o primeiro monitoramento do novo Plano Diretor, o que aliás está previsto na lei.
Entre as conclusões, um alerta – da forma que está crescendo a cidade, ao invés de aproveitar a infra-estrutura ociosa, o Município terá prejuízos, já que a densidade está superando a relação ideal entre habitantes e área.
Com isso, haverá a necessidade de aumentar redes viária, de água, esgoto, obras caras, que muitas vezes exigem financiamento internacional. O estudo da SPM, por enquanto, segue engavetado, pelo até a prefeitura voltar a tratar do assunto.

Marcelino Pies nega ree de Marcos Valério ao PT gaúcho 35574c

Guilherme Kolling
A notícia de que uma empresa de Marcos Valério teria reado R$ 1,2 milhão ao PT do Rio Grande do Sul caiu como uma bomba no Estado. Enquanto jornais estampavam o fato nas machetes, deputados do partido exigiram explicações.
O presidente regional, David Stival, se disse surpreso com as declarações da gerente da SMP&B, Simone Vasconcelos, e negou qualquer envolvimento do Diretório com o esquema do empresário mineiro.
Mas o suposto sacador do dinheiro, o ex-secretário estadual de Finanças e atual secretário de Assuntos Institucionais do PT gaúcho, Marcelino Pies (foto), ficou 48 horas incomunicável depois da denúncia.
Ontem(3/08)ele divulgou nota afirmando que não houve ree da SMP&B para o partido no Estado. “Pelo que me consta, não existiram movimentações financeiras envolvendo as empresas do Sr. Marcos Valério referentes ao Diretório Regional do partido”, afirma.
O dirigente petista revela, ainda, que quando era secretário de Finanças, em 2003, foi “designado pela direção estadual do PT-RS para buscar junto à direção nacional recursos para quitação das dívidas do partido”.
E ite que ainda “não dispõe de todas as informações sobre movimentações financeiras executadas pela direção nacional, através do Sr. Delúbio Soares”. Marcelino conta que vai prestar todas informações para o esclarecimento do fato aos órgãos competentes.
Questionada pelo deputado Pompeo de Mattos (PDT) durante depoimento à I dos Correios, a gerente da SMP&B confirmou o ree ao PT gaúcho e revelou que falou por telefone pelo menos uma vez com um dos receptores no Estado (os nomes de Marcelino Pies, Jorge e Marcos otto figuram na lista) para colocá-lo em contato com Marcos Valério. Ela não soube precisar se o dinheiro foi distribuído através de saque ou depósito bancário.
O presidente nacional do PT, Tarso Genro, negou que a verba tenha sido utilizada para pagar despesas de sua campanha.
Leia a íntegra da nota de Marcelino Pies:
Nota de Esclarecimento
Diante das notícias veiculadas com base em depoimento prestado à Polícia Federal pela senhora Simone Vasconcelos, “a partir de anotações do empresário Marcos Valério”, venho a público esclarecer:
1 – Na campanha eleitoral de 2002 do PT/RS, todas as receitas e despesas foram devidamente declaradas no Tribunal Regional Eleitoral e aprovadas por suas instâncias;
2 – No início de 2003, enquanto estava interinamente exercendo a função de Secretário de Finanças, fui designado pela direção estadual do PT/RS para buscar junto à direção nacional recursos para quitação das dívidas do partido;
3 – Pelo que me consta não existiram movimentações financeiras envolvendo as empresas do Sr. Marcos Valério referentes ao Diretório Regional do partido;
4 – Como não disponho de todas as informações sobre as movimentações financeiras executadas pela direção nacional, através do Sr. Delúbio Soares, adotarei as medidas cabíveis para esclarecer e estabelecer a verdade;
5 – Continuarei buscando e prestando todas as informações essenciais para o pleno esclarecimento da população e dos órgãos competentes para tratar dessa questão, a respeito de quaisquer fatos ou denúncias, na certeza de que tanto as Is, quanto a Polícia Federal e o Ministério Público saberão de forma isenta, estabelecer a verdade dos fatos.
Porto Alegre, 03 de agosto de 2005.
Marcelino Pies
Ex-secretário Estadual de Finanças e
atual Secretário de Assuntos Institucionais do PT/RS