Por Emily Canto Nunes Em dezembro, o shopping Iguatemi inaugurou seis salas de exibição. “Cinema como Porto Alegre Nunca Viu” é o texto de propaganda. De fato, eu nunca tinha visto um atendimento tão ruim quanto esse. Fui lá assistir dois dos grandes sucessos de bilheteria em cartaz. Foram duas experiências infelizes. Entre todas as tecnologias esperadas – som sei lá das quantas e tela com sei lá qual definição – o GNC do Iguatemi oferece a compra de ingresso com lugar marcado, aliás, o grande trunfo da rede. Antes de criticar é necessário fazer justiça aos outros serviços que o cinema oferece: lounge confortável, bilheterias especiais para atendimento a crianças e cadeirantes, sala para projeção em 3D e sala com som THX, telas gigantes de alta definição, poltronas reclináveis e duas bomboniéres. Em tese, o sistema de local marcado seria o fim das filas. No guichê, uma atendente mostra numa tela os assentos disponíveis. Além da rapidez, o lugar marcado evita aquele constrangimento de pedir para o cara ao lado mudar de lugar para que você e seu acompanhante caibam nas duas poltronas que restam naquela fila. Também existe a possibilidade do cliente comprar o ingresso antecipado com lugar marcado através de um dos totens de auto-atendimento localizados por perto. Tudo muito bonito, tudo muito bom, mas, na prática, não foi tão legal assim. No sábado 10, fui ver Bolt – Supercão (sim, dublado) com meu primo de cinco anos. Após alguns minutos toleráveis de atraso, o filme iniciou. ados os trailers, começou aquela inconfundível e característica sucessão de logos dos filmes brasileiros e eu me questionei sobre quanto desinformada estava para não saber que o filme que veríamos era brasileiro. Durante o prólogo, notei uma movimentação de mães da platéia, mas não dei bola, estava mais preocupada em me afundar na poltrona confortável e me preparar para as horas que viriam a seguir: os desenhos tinham vozes tão chatas e eram tão bobos que se meu primo de cinco anos pedisse para ir embora no meio da sessão eu não me espantaria e concordaria de imediato. Porém, assim que apareceu o título do filme – O Grilo Feliz E Os Insetos Gigantes – a projeção parou. Sim, alguém errou o filme, não eu. Mais alguns minutos de espera e a sessão que era para durar 1h36min durou praticamente duas horas. O comentário do meu primo, após a sessão, foi: “Gostei. Só achei muito comprido”. Já no domingo 11, retornei ao mesmo cinema com uma amiga para ver A Troca, de Clint Eastwood. Chegamos 10 minutos antes de iniciar a sessão. Ao nos dirigirmos à sala, deparamo-nos com o impossível: uma fila. A sessão estava atrasada. E, pelo número de pessoas esperando próximo às portas, não era somente a nossa. Mas, e aquela história de escolher o lugar para acabar com as filas? Ba-le-la. Após 10 minutos aguardando, finalmente entramos na sala e sentamos para, sim, aguardar por mais outros 15 minutos o filme começar. As pessoas chegaram a bater palmas em protesto, o que motivou uma funcionária a entrar na sala e tentar explicar, sem sucesso, o ocorrido. Ou melhor, o inexplicável. Cinema que cobra caro e atrasa muito o início da sessão mesmo funcionando com sistema de lugar marcado é algo que, realmente, Porto Alegre nunca tinha visto. 6c32g