Como o Poa Jazz Festival tornou a capital gaúcha o centro musical mais sofisticado do País 3z542q

Higino Barros O músico entra no palco, liga seu lap top (marca Apple), põe para soar uma base de bateria eletrônica, pega seu instrumento e manda ver. A grosso modo assim pode ser descrita a apresentação do saxofonista Rudresh Mahanthappa, na primeira noite do Poa Jazz Festival, evento realizado no Barra Shopping. Mahanthappa foi a cereja do bolo, de um evento que durante três dias, de 9 a 11 de novembro, tornou a capital gaúcha o centro sonoro mais sofisticado do País, já que o festival é considerado o melhor do Brasil na atualidade, segundo o homenageado dessa edição, o jornalista Zuza Homem de Mello. Zuza sabe do que fala. É um dos jornalistas culturais mais ativo e respeitado do Brasil. Todas as atrações e performances do festival, a cada noite, reforçaram suas palavras. O jazz é um gênero musical que faz uma ponte entre o popular e o erudito, desde que foi criado, tornou-se uma marca registrada da música norte-americana, conquistou público diversos e faz parte hoje da indústria cultural em todo o planeta. No Rio Grande do Sul sua consolidação é visível, tanto pelo número de músicos que o praticam, como por casas noturnas que se caracterizam como ambientes jazzísticos, além de um público cada vez mais mais numeroso. Marco nessa história é o programa diário que o jornalista Paulo Moreira manteve durante 19 anos, na rádio FM Cultura, e que acabou há poucos meses, no processo de extinção das fundações do governo estadual. Outro marco significativo nesse processo é a realização do Poa Jazz Festival, em sua quarta edição esse ano. É ele que tem trazido para a cidade nesse período, o que há de mais representativo na área em nível internacional, mesclando-os com talentos locais e do Brasil. Essa quarta edição, talvez tenha sido, segundo os responsáveis pelo evento, o de maior equilíbrio nessa busca de mostrar o tradicional e o contemporâneo no cenário do jazz. Bourbon Sweethearts. Foto: Ricardo Stricher/Já Porto Alegre Sotaque indiano Além do jazz free com sotaque indiano de Mahanthapa, acompanhado pelo guitarrista Rezz Abbasi e Dan Weis, na tabla, a primeira noite do festival, teve como destaque as “chicas portenhas”, do Bourbon Sweethearts, um trio de ótimas instrumentistas e cantoras, que emula o estilo das Andrews Sisters, explorando o gênero Dixieland, em canções próprias, desconhecidas, mas de imediato agrado do público. Tanto que foi um dos três grupos mais aplaudidos das três noites de apresentação. Aliás, os argentinos caíram no agrado dos gaúchos, já que na segunda noite, o Mariano Loiácono Quinteto também foi muito aplaudido.  O jornalista Paulo Moreira gostou mais do segundo, classificando o trio feminino de “exagerado”. Moreira, ao ser indagado porque não gostou das Sweetheartes, brincou: “razão pessoal e intransferível”. Mas no quesito popularidade talvez quem mais tenha agradado foi o veterano gaitista brasileiro, Maurício Heinhorn, um dos destaques da última noite do festival. Do alto dos seus 86 anos, o músico carioca ao lado de guitarrista Nelson faria e do baixista gaúcho Guto Wirti, desfilou clássicos da Bossa Nova, do qual é um dos protagonistas e contou “causos” e piadas de sua extensa carreira. Dizendo que em Portugal chamam o “samba de uma nota só”, de “Samba de uma porrada de notas”; que a “Mulher de 30”, canção de sucesso do cantor Miltinho, na década de 1950, e do qual participou, “deve estar com uns 92 anos” e na hora de executar, um dos seus principais sucessos, a música “Pra dizer adeus”, arrematou: “vou tocar ela agora, mas vocês não vão embora”, arrancando gargalhadas do público. A tal ponto que seu colega de palco, Nelson Faria, brincou também: “ O Maurício vai estrear na carreira de “stand up”.  A apresentação de Heinhorn foi seguida do Gilson Peanzzetta Trio, outro nome emblemático da música instrumental brasileira dos últimos 40 anos e que fez c dupla com o gaitista também, em trabalhos memoráveis. Marmota Jazz. Foto; Ricardo Stricher/ JÁ Porto Alegre Representação gaúcha Da representação do novo jazz brasileiro, os grupos Vitor Arantes Quarteto e o Edu Ribeiro Quinteto, trouxeram ao palco seus trabalhos autorais, numa demonstração que o gênero vai bem, obrigado, tanto na composição como na execução. Já os grupos  Marmota Jazz, tendo como convidado o cantor Pedro Veríssimo, e o Instrumental Picumã defenderam com brilho e galhardia o jazz que se faz no Rio Grande do Sul. No balanço final, a quarta edição do Poa Jazz festival, foi mais uma vez a oportunidade de Porto Alegre exercer sua condição de esquina do mundo, ao abrigar um evento cosmopolita e sofisticado dessa natureza. O local, Barra Shopping, é de fácil o, a produção das apresentações é impecável, o astral do público é ótimo e numa época de crise, o evento ser bem sucedido só pode ser saudado e celebrado. Os méritos, na sua maior parte, são de Carlos Badia, Rafael Rhoden e Carlos Branco, responsáveis pela empreitada. Assim só resta registrar: vida longa ao Poa Jazz Festival ! Atrações da segunda noite (fotos Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre) Edu Ribeiro Quinteto Vitor Arantes Quarteto Mariano Loiácono Quinteto Atrações da terceira noite (fotos Ricardo Stricher/JÁ Porto Alegre)      Instrumental Picumã Mauricio Heinhorn Trio Gilson Peranzzetta 2e5g2d

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