Condenação da Monsanto nos EUA coloca agrotóxicos no banco dos réus l6f9

O jardineiro Dwayne Johnson trabalhou dois anos com um herbicida à base de glifosato, um dos agrotóxicos mais usados no mundo.  Contraiu um câncer incurável e foi à Justiça munido de atestados médicos que atribuíam ao veneno a causa de sua doença. Na sexta-feira ada, um júri de São Francisco reconheceu as provas apresentadas por Johnson e condenou a Monsanto, fabricante do veneno, a pagar US$ 290 milhões por não alertar que o glifosato contido em seus herbicidas era cancerígeno. O juri considerou que a companhia “agiu com malícia” e que seus herbicidas RoundUp e RagenrPro, contribuíram “substancialmente” para a doença terminal do jardineiro californiano. Cabe recursos e a multinacional  Monsando vai usar todo o seu imenso poderio para reverter a sentença, em outras instâncias. “Sentimos empatia com o senhor Johnson e sua família (…) mas defenderemos vigorosamente este produto com 40 anos de história e que continua sendo vital, efetivo e seguro para agricultores e outros”, declarou a empresa. De qualquer forma, essa primeira condenação desloca os agrotóxicos do debate ambiental, para os tribunais da Justiça, na condição de réu, agora já não mais primário. O próprio Johnson, depois da sentença, falando aos jornalistas disse que está  ajudando “numa causa”. “Estou contente em poder ajudar em uma causa que vai além de mim. Espero que esta decisão dê ao assunto a atenção que necessita”. No Brasil, além das ações judiciais que possa provocar, o caso vai ter um impacto direto no rumo do projeto que tramita na Câmara Federal para abrandar os controles na venda e no uso dos agrotóxicos nas lavouras do país, que é um dos maiores consumidores do mundo.  Vai reacender a reação. Dois dias depois que o caso do jardineiro americano teve seu desfecho anunciado, o jornal espanhou El País, resgatou para sua primeira página um levantamento inédito feito pela Agência Pública, que analisou os prontuários de quase 40 mil pessoas atendidas pelo SUS após serem expostas a agrotóxicos nos últimos dez anos. Constatou que, desse total, 26 mil pacientes tiveram intoxicação confirmada por médicos, com sinais clínicos como náuseas, diarreias ou problemas respiratórios, ou mesmo alterações bioquímicas no sangue e urina detectadas por exames laboratoriais.   A média equivale a sete pessoas intoxicadas por dia. Homens são a maioria dos afetados por agrotóxicos agrícolas e a maioria dos pacientes tem ensino fundamental incompleto. Segundo os registros, na maior parte dos casos o paciente foi curado. Mas há centenas de casos de mortes: 1.824 pessoas morreram devido à intoxicação e outras 718 pessoas permaneceram com sequelas, como insuficiência respiratória, problemas nos rins ou lesões no fígado. O levantamento foi feito com base em registros de 2007 a 2017 no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. Os dados revelam também uma grande quantidade de tentativas de suicídio por agrotóxicos e milhares de envenenamentos no ambiente de trabalho. O levantamento completo está no site da Agencia Pública.   5f1316

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