Congresso apresenta modelos e propostas culturais 4f6u12

Por Letícia Chiochetta e Camila Nunes, especial para o Jornal Já com colaboração de Caroline Tatsch A efervescência cultural brasileira e seu mercado em expansão trazem cada vez mais o assunto para o foco das discussões. Acompanhando essa tendência, profissionais, estudantes e comunidade reuniram-se esta semana no Congresso Economia, Cultura e Sociedade para debater propostas de políticas públicas e modelos culturais para a sociedade. Promovido pelo departamento de Difusão Cultural da Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o evento reuniu importantes pensadores da área cultural brasileira e do exterior, como Claudia Toni, Teixeira Coelho e a inglesa Anamaria Wills, da Creative Industries Development Agency. Na abertura das atividades, o representante do Ministério da Cultura, Paulo Brum Ferreira, destacou que nunca houve tanta liberdade de expressão no Brasil quanto nesse momento. Brum defendeu ainda a participação efetiva da comunidade na sugestão das propostas para o Plano Nacional de Cultura, em tramitação no Congresso Nacional. O ciclo de conferências contou com a palestra da arquiteta e urbanista Heliana Comin Vargas. A professora da FAUUSP demonstrou preocupação com a valorização dos espaços públicos e defendeu que as interferências nas cidades devem estar de acordo com as necessidades de cada espaço: “Os empreendimentos precisam se adequar às realidades locais. Há necessidade de estudar, de respeitar e de ouvir a população local”, fundamentou Heliana. No decorrer das palestras foram explanados diversos exemplos de projetos culturais bem-sucedidos e modelos de financiamento para a cultura. A antropóloga Rachel Gadelha apresentou ao público o caso da cidade de Guaramiranga, do interior cearense, que foi beneficiada economicamente com a criação de um festival de música instrumental. Também nesta linha, a a cultural Claudia Toni lembrou a cidade inglesa Gateshead e o desenvolvimento gerado pela implantação de um centro cultural na localidade. Outro caso que instigou os participantes foi o modelo de funcionamento da agência inglesa CIDA (Creative Industries Development Agency), apresentado por Anamaria Wills. Com quase dez anos de existência e atuação em diversas partes do mundo, a gerente executiva da CIDA acredita que uma das singularidades de sua empresa é perceber que o trabalho com a indústria criativa não é igual aos demais negócios. Aponta, no entanto, a relevância da convivência direta com as mais diversas áreas. “Eu acho que esse contato pode ajudar os demais negócios a entender o nosso trabalho e nós também podemos auxiliá-los a trabalhar criativamente”, explicou. No workshop Modelos de Financiamento para a cultura, a representante da região sul do Ministério da Cultura, Rosane Maria Dalsasso, explicou as novas propostas do MinC para a Lei Roaunet. Assunto que, de acordo com a estudante Nathalia Rezende, é extremamente atual e pertinente. A mestranda em Design pela PUC/RJ veio à capital gaúcha exclusivamente para participar do congresso e ficou satisfeita com a troca de informações e o diálogo estabelecido. A democratização do o aos conteúdos também esteve presente na pauta do congresso. O músico e agitador cultural Richard Serraria expôs que a banda Bataclã FC optou por disponibilizar sua produção artística na internet como forma de expandir o alcance de seu trabalho. Na oficina que realizou, da qual também participou a documentarista e produtora de cinema Isabela Cribari, foram debatidos assuntos como propriedade intelectual e direito autoral, temática que despertou fervorosas discussões. A problemática enfrentada pelos produtores de cinema no país foi outro assunto presente. Questões como a pirataria, a defasagem das leis de incentivo à produção audiovisual, as dificuldades de distribuição e a elevada carga tributária são alguns dos entraves à produção nacional do cinema. No encerramento das atividades, Teixeira Coelho refletiu sobre os direitos culturais e as propostas de investimento em cultura. O pensador ainda manifestou sua oposição ao Plano Nacional de Cultura: “O novo projeto apresentado pelo governo é extremamente problemático para quem trabalha com cultura. É um retrocesso muito grande”, criticou Coelho. O Congresso Economia, Cultura e Sociedade, de acordo com a Pró-Reitora de extensão da UFRGS, Sandra de Deus, é grande por seu valor reflexivo. “Fazer cultura é ainda extremamente caro para a sociedade brasileira, principalmente para uma universidade. E nós tivemos a ousadia de realizar um evento desta importância”, enfatizou. A coordenadora do evento, Carla Bello, ressaltou que o intuito do congresso, idealizado pelo Departamento de Difusão Cultural da UFRGS, era possibilitar a discussão sobre o fazer cultural e suas implicações na atividade econômica. “Trouxemos profissionais de diferentes áreas da cultura para gerar um debate diversificado”, assinalou. 692cd

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