Eleição não suspende o direito à informação 1d6x6o

Elmar Bones * O Clube da Opinião, que reúne os mais importantes colunistas e blogueiros de Porto Alegre, decidiu não opinar sobre o processo que envolve o jornal JÁ, condenado numa ação judicial movida pela matriarca da família Rigotto. A sugestão foi discutida entre os associados e a conclusão foi de que qualquer manifestação deveria aguardar o resultado final das eleições de outubro de 2010, para “evitar a conotação político-eleitoral”. A “conotação político-eleitoral” foi explicitada por um dos mais influentes integrantes do Clube, o jornalista Políbio Braga. Braga escreveu em seu blog que o “resgate do caso do jornal JÁ” foi retirado de “um saco de maldades” como parte de uma “campanha subterrânea” e um “jogo sujo”, com o propósito “oblíquo” de minar a candidatura ao Senado do ex-governador Germano Rigotto. Pode ser uma maneira cômoda de contornar uma situação espinhosa, mas essa interpretação não encontra base nos fatos e contraria a lógica da democracia. O processo eleitoral, que exige verdade e cobra opinião do eleitor, não pode ser usado como pretexto para a omissão, o silêncio e a desinformação. O “resgate do caso do jornal JÁ” foi feito pelos próprios advogados da família Rigotto, que recorreram ao juiz e obtiveram no início de agosto o bloqueio on line das contas pessoais dos sócios da empresa que edita o jornal – uma autorização que atropelou os procedimentos legais. Os sócios não foram sequer informados de que estavam sendo responsabilizados diretamente pelo pagamento, o que caracteriza grave desrespeito aos direitos individuais consagrados pela lei e pela civilização. Era impossível ao JÁ “aguardar”, pelo silêncio ou pela omissão, para não dar “conotação político-eleitoral” ao episódio. A única defesa que restou ao JÁ e seus editores foi a denúncia imediata da medida arbitrária. Foi o mesmo que aconteceu no final do ano ado, quando o juiz nomeou um perito para controlar as contas do jornal e garantir o pagamento da indenização. Se alguém deu alguma conotação eleitoral a esse caso não fomos nós. O processo no qual a editora foi condenada em 2001 estava arquivado, desde julho de 2007. Foi desarquivado em fevereiro de 2009, a pedido dos advogados da família Rigotto, justamente quando se noticiavam as primeiras movimentações do ex-governador Germano Rigotto como possível candidato do PMDB ao Palácio Piratini. São conhecidas e notórias as dificuldades que a editora do JÁ enfrenta, decorrentes justamente desse processo, que se arrasta por quase dez anos. Ao longo de todo esse tempo, nos limitamos a poucas notas no jornal e no nosso site, para informar sumariamente sobre o andamento da ação judicial. Na eleição de 2006, em que Germano Rigotto foi candidato à reeleição, recusamos a oferta de um partido político adversário do então governador para reimprimir 100 mil exemplares da edição do jornal que gerou o processo da família Rigotto, e que pretendiam distribuir na campanha eleitoral. Nosso jornal não é instrumento político de ninguém. Nosso jornal é um instrumento da cidadania, que tem direito à informação. O Brasil é, talvez, o único país no mundo em que o direito à informação está inscrito na sua Constituição. Foi uma proposta dos jornalistas, que encontrou respaldo nos constituintes de 1988. Nosso esforço é para fazer valer na prática esse direito, essencial para uma democracia que se constrói com muitas eleições e com muita opinião — e sempre com a verdade. * Elmar Bones é jornalista e editor do JÁ. 474r21

0 comentário em “Eleição não suspende o direito à informação” 322659

  1. Pobre Clube de Opinião se tem entre os seus membros mais “influentes” o jornalista Políbio Braga. Conotação político-eleitoral…..Não devem ter lido toda a matéria do Luiz Cláudio Cunha nem as do Elmar….E o que eles será que ele dizem sobre o que os jornalões brasileiros estão fazendo nesta reta final de campanha?..não vale a pena ir nos blogs deles para ver.

  2. Ué, mas na eleição o eleitor não é chamada justamente pra dar sua opinião? Daí os opinadores ditos profissionais se omitem? Isso não faz sentido!

  3. Prezado Elmar, este publicista não deve ser levado a sério… Basta visitar o sítio de internet dele e já se vê com quem ele anda acompanhado: noblat, reinaldo azevedo e por aí vai. Pelo que pesquisei, também, este tal clube de opinião é mais ou menos como um tal de instituto millenium, só que em chave menor.
    O que aconteceu com os senhores é um atentado seríssimo e eu me solidarizo completamente, a ponto de dizer que este tal juiz fraga envergonha a Justiça, as Leis e os Cidadãos. Um sujeito como ele não poderia ser Juiz. Aliás, caso ele queira me processar, eu faria muito gosto, já que ia embaixo daquela excelente matéria sobre outro minúsculo, o lindomar. Para facilitar a ação dele, meu nome é Henrique Finco e sou facilmente encontrável no Centro de Comunicação e Expressão da Universidade Federal de Santa Catarina, onde estou lotado no Curso de Cinema.

  4. O senhor que se omite em nome da isenção deita o verbo diariamente a favor dos seus e contra os demais.
    E pra ele se justifica que as maldades estão em um saco só de um lado.
    Por óbvio, esse senhor está do lado do bem e dos bons, ele próprio sendo o melhor de todos os bons.
    Como não é de hoje que é assim tão bom, perfeitamente compreensível fica o muro em que pensa instalado estar.

  5. BRASIL REAL:O estudo do IBGE mostra que, em 2000, foram registrados mais de 800 mil casos de seis doenças – dengue, malária, hepatite A, leptospirose, tifo e febre amarela – que estão diretamente ligadas à má qualidade da água, às enchentes, à falta de tratamento adequado do esgoto e do lixo. Naquele ano, mais de 3 mil crianças com menos de cinco anos morreram de diarréia. A pesquisa do IBGE demonstra grande desigualdade na distribuição dos serviços pelas grandes regiões do País. A região Sudeste se destaca como a área com os melhores serviços de saneamento. Por outro lado, as regiões Nordeste e Norte são as que apresentam os piores índices. No Nordeste, mais da metade dos municípios não conta com rede de abastecimento de água e de esgotos.

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