O Ibase, um dos promotores do evento, realiza desde 2003 uma pesquisa entre os participantes dos debates centrais do Fórum Social Muncial. Os resultados indicam um público predominantemente jovem e com bom nível de escolarização. No encontro de 2009, em Belém (PA), 64% dos participantes tinham até 34 anos de idade e 81% tinham ou estavam cursando uma faculdade. Foram ouvidos 2.262 num universo de 150 mil participantes. Para eles, o papel do Fórum é “propor políticas públicas” e “oferecer espaço para trocas culturais” (ambas com 19% das citações), além de “construir articulação internacional” (16%). “Pressionar governos” e “protestar”. Para 89%, o “ponto forte” do Fórum é a “diversidade”; para 60%, o “ponto fraco” é a sua organização. Apresentados a nove instituições, 85% dos participantes disseram que não confiam no Fundo Monetário Internacional (FMI) e nas “empresas transnacionais” (83%). Também não confiam nos parlamentos (79%), no Banco Mundial, no Sistema Jurídico (77%), nos blocos regionais (60%) e em governos nacionais (62%). A Organização das Nações Unidas (ONU) foi a que mais dividiu opiniões (49% não confiam e 44% confiam). Em Belém, 80% dos participantes eram brasileiros, 13% da América Latina e Caribe e 7% do “resto do mundo”, num total de 142 países representados. A alta concentração de pessoas do próprio país que sedia o Fórum ocorre em todas as reuniões centrais do FSM. O fato de 76% dos que estiveram em Belém estarem participando de uma reunião central do Fórum pela primeira vez (12% pela segunda vez) indica, segundo os técnicos do Ibase, um bom potencial de renovação do Fórum. IDENTIFICAÇÃO COM MOVIMENTOS OU “LUTAS” Foi perguntado: você pertence ou tem maior identificação com algum tipo de movimento ou luta? As principais alternativas assinaladas foram: 21% se identificam com a Luta Ambientalista 16% com Movimentos por Direitos Humanos 11% com Movimento Cultural e Artistico Apenas 10% dos entrevistados identificam-se com o Movimento Estudandil. Um detalhe: 20% dos entrevistados não têm identidade com nenhum movimento. Observação: os pesquisadores do Ibase concluíram que “as lutas com caráter mais universalista têm maior destaque”, o que sugere que os participantes do Fórum Social Mundial têm uma “visão com foco amplo sobre os problemas e desafios” do mundo atual – embora seja preciso destacar que um quinto dos entrevistados afirme não se identificar com nenhum movimento específico (tendência que se acentua entre os mais jovens). Foi perguntado: De que tipo de organização ou entidade você participa? (o entrevistado podia escolher mais de uma opção). As mais citadas foram: Movimento social – 27% ONG – 17% Grupo Religioso – 12% Associação – 11% Grupo Cultural – 10% Sindicato – 8% Partido político – 8% Economia solidária – 3% NENHUMA – 30% (quase um terço dos participantes não integra nenhuma organização ou entidade). . GLOBALIZAÇÃO Foi perguntado: o que você pensa sobre a globalização? (foram apresentadas 3 alternativas) A maioria dos entrevistados (54%) respondeu que “deve haver mudança radical”; Outros 34% acreditam que “deve-se criar formas de melhorar” e apenas 7% acham que a globalização deve seguir o seu curso “da forma como se dá hoje”. 5% não sabiam ou não tinham opinião. Também foram apresentadas aos entrevistados medidas para o enfrentamento da situação de crise financeira mundial. Parcela expressiva (53% dos entrevistados) defendeu que haja um aumento “do controle estatal sobre o sistema financeiro”. A imensa maioria (83%) rejeita a redução de direitos trabalhistas e a flexibilização de leis ambientais,90% são contrários como medidas para evitar demissões. A IMPORTÂNCIA DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL Foi perguntado: o que o Fórum Social Mundial tem de mais importante? 19% dos entrevistados responderam “oferecer espaço para trocas culturais” 19% responderam “propor políticas públicas” 16% “construir articulação internacional” Foram citadas ainda “pressionar governos”, “protestar”, entre outras. Para a maioria dos participantes (89%) o principal “ponto forte” do Fórum é a “diversidade”; já o principal “ponto fraco” do FSM (para 60% dos entrevistados) é sua organização. . O A INFORMAÇÃO Foi perguntado sobre qual o principal meio utilizado para obter informação. Os principais meios citados foram a Internet (60% dos entrevistados), seguida de Televisão (19%) e jornal diário impresso (13%). O principal uso da Internet é para e-mails (56%), sendo que entre os mais jovens, os sites de relacionamento aparecem como primeira opção (entre os jovens de 14 a 17 anos, 46% usam a Internet com esta finalidade). Quando perguntados, porém, sobre “qual forma de comunicação e informação mais influencia as suas opiniões”, 22% responderam “revistas e jornais impressos comerciais”, opção seguida por “debates com amigos e parentes” (19%), estudos (16%) e publicações impressas de “organizações e entidades de movimentos sociais” (13%). TEMAS DA AGENDA PÚBLICA O que mais dividiu opiniões entre os participantes do Fórum em Belém foi a legalização do aborto: 45% foram a favor e 44% contra (o restante não tinha opinião). Sobre a discriminalização das drogas, 49% foram contra e 40% a favor (o restante, sem opinião). Já a união civil entre pessoas do mesmo sexo é aceita por ampla maioria: 65% foram favoráveis e 27% contrários (o restante não tem opinião formada). Observação: a polarização de opiniões (particularmente em temas como a legalização do aborto e descriminalização das drogas) aponta, segundo os pesquisadores do Ibase, o caráter de diversidade do Fórum Social Mundial. (Fonte: IBASE -Instituto Brasileiro de Análise Social e Econômica ) 1hd5h