Está marcada para 4 de fevereiro, na 18a. Vara em Porto Alegre, a primeira audiência do processo que o policial aposentado João Augusto da Rosa, o Irno, move contra o jornalista Luiz Cláudio Cunha, autor do livro “O Sequestro dos Uruguaios”, um dos lançamentos mais premiados em 2009. Irno, segundo o jornalista, era um dos policiais que estavam num apartamento do Menino Deus, em Porto Alegre, em novembro de 1978, para sequestrar os uruguaios Lilian Celiberti e Universindo Dias. Irno seria o chefe da operação e foi ele quem apontou a pistola para a cabeça do jornalista, que com o fotógrafo J.B. Scalco, surpreendeu a ação em pleno andamento. Reconhecido e identificado pelos jornalistas, o policial chegou a estar preso, mas foi inocentado em 1983, por falta de provas. Na ação judicial, por dano moral (indenizatória), ele alega que foi ridicularizado no livro em que Luiz Claudio Cunha reconstrói toda a história 30 anos depois. Alega também que não é mencionada sua absolvição e que foram publicadas fotos suas sem autorização. “Não menciono a absolvição porque minha história termina em 1980, com a condenação do Didi Pedalada, o outro policial que flagramos no apartamento. Quanto às fotos, todas já foram publicadas pela imprensa na época, são públicas, portanto”. Para se defender, o jornalista convocou o testemunho de Lilian Celiberti, que hoje vive em Montevidéo. Pela primeira vez, depois de 30 anos, ela estará frente a frente com o homem que, segundo o relato de Cunha, comandou o sequestro, um dos mais rumorosos casos da repressão política nos anos das ditaduras do Cone Sul. Quando Irno foi absolvido, em 1983, Lilian estava presa no Uruguai. “Irno foi absolvido por falta de provas porque a principal prova contra ele estava no pau de arara naquele momento”, resume Cunha. s575c