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Laureano, Valmir, Leandro e Israel no Fórum, com o alvará de soltura (Fotos Naira Hofmeister)
Guilherme Kolling
O caso do ataque de skinheads a três rapazes judeus na Cidade Baixa, em 8 de maio, teve uma reviravolta. A Justiça itiu nesta quinta-feira, 25 de agosto, que os quatro jovens acusados pelo crime são inocentes.
A juíza de Direito Marta Borges Ortiz, da 2a Vara do Júri, concedeu alvará de soltura para Valmir Machado Jr., 26 anos, Israel da Silva, 24 anos, Laureano Vieira Toscani, 20, e Leandro Braun, 26. Depois de o documento de liberdade, eles voltaram para o Presídio Central para recolher os pertences – é o fim de uma jornada de mais de 100 dias na cadeia. A liberdade é provisória.
Juíza Marta Ortiz: surpresa com a semelhança física dos presos com novos acusados
Estava previsto o depoimento das três vítimas para esta manhã, mas apenas uma compareceu ao Fórum Central. A sessão foi suspensa. Havia grande expectativa dos familiares e advogados dos presos, pois no dia 3 de agosto, um dos judeus agredidos inocentou os supostos skinheads, ao não reconhecê-los como os atacantes, conforme revelou o Jornal JÁ Porto Alegre na edição de agosto.
Mesmo com o depoimento suspenso, por volta das 9h10 a juíza chamou advogados e o promotor para comunicar que havia um fato novo na investigação, o que a obrigava a liberar os acusados. “É algo totalmente inusitado para todos nós, magistrados, defensores, promotores”, disse depois à imprensa.
“As investigações do delegado (Paulo Cesar Jardim) apontam outros 3 participantes do ataque. E a polícia identificou um quarto nome. O que causa perplexidade é a semelhança impressionante entre os acusados e os novos suspeitos”, afirmou a juíza.
Ou seja, os quatro indiciados foram pegos por serem muito parecidos com os reais agressores. “Parecem gêmeos”, garante a juíza. “Mostraram a foto de um dos novos suspeitos ao advogado e ele reconheceu como seu cliente, mas não era”, ilustra ela.
Segundo a magistrada, um novo inquérito deve ser aberto em uma semana, quando a polícia tiver informações mais conclusivas. A juíza Marta fez um pedido aos jornalistas antes da entrevista. “Que o fato tivesse o mesmo espaço e a mesma repercussão que tiveram as notícias após a prisão dos acusados, em maio”.
Entre familiares e os jovens presos – agora livres –, o clima era um misto de alegria e revolta. A felicidade, claro, pela libertação dos acusados, depois de 100 dias. Abraços apertados, felicitações e choro.
Amor incondicional: Valmir dá abraço emocionado em sua mãe, Dona Zeonilda
Por outro lado, queixas contra a polícia, a Justiça e a imprensa. “Antes de o nome do meu filho aparecer no inquérito, ele foi citado na TV como um dos criminosos”, queixou-se a mãe de Laureano, enquanto enxugava as lágrimas de alegria pela libertação do filho.
Israel da Silva fez questão de deixar um recado para os jovens atacados. “Quero muito agradecer a eles pela sinceridade, que permitiu a nossa libertação. Não os conheço, nem pretendo conhecê-los, mas quero dizer obrigado”, falou.
Israel agradeceu pela sinceridade de jovem agredido