Ministro do Meio Ambiente confirma as piores expectativas do ambientalismo 2q4a26

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) divulgou no domingo pelas redes sociais, como sempre, a escolha de Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente (MMA). Ex-diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e militante de extrema direita, Salles é apontado como responsável pelo desmonte do setor no estado de São Paulo, onde foi secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB). 3b654a

O novo ministro é acusado de “trabalhar contra os institutos de pesquisa e tentar ganhar vantagens com a negociação de imóveis estaduais e de alterar de maneira ilegal o plano de manejo de uma área de proteção ambiental Várzea do Tietê para beneficiar empresários ligados à Fiesp”.

Em maio de 2017, o Ministério Público Estadual ajuizou uma ação civil pública ambiental e de improbidade contra Salles.

“É o homem certo no lugar certo. O presidente eleito, afinal, já deixou claro que enxerga a agenda ambiental como entrave e que pretende desmontar o Sistema Nacional de Meio Ambiente para, nas palavras dele, ‘tirar o Estado do cangote de quem produz’. Nada mais adequado do que confiar a tarefa a alguém que pensa e age da mesma forma”, lamentou em nota a coordenação do Observatório do Clima, uma rede brasileira de ONGs e movimentos sociais sobre mudanças climáticas.

Segundo a nota, a indicação de um réu por improbidade istrativa para o primeiro escalão do governo é outra contradição que deixa o futuro ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, em saia justa.

O Observatório do Clima diz que ao nomeá-lo Bolsonaro faz exatamente o que prometeu na campanha e o que planejou desde o início: subordinar o Ministério do Meio Ambiente ao Ministério da Agricultura.

“Se por um lado contorna o desgaste que poderia ter com a extinção formal da pasta, por outro garante que o Meio Ambiente deixará de ser, pela primeira vez desde sua criação, em 1992, uma estrutura independente na Esplanada. Seu ministro será um ajudante de ordens da ministra da Agricultura”.

A pasta da Agricultura será comandada pela deputada estadual Tereza Cristina (DEM-MS). A parlamentar ganhou da oposição o apelido de “musa do veneno”, após conseguir aprovar em comissão especial um substitutivo para projetos de lei que praticamente revogam a atual Lei dos Agrotóxicos.

“O ruralismo ideológico, assim, compromete o agronegócio moderno – que vai pagar o preço quando mercados se fecharem para nossas commodities”, adverte a carta do Observatório.
A organização ambientalista Greenpeace também se manifestou por nota. Nela, o coordenador de Políticas Públicas Marcio Astrini afirma que a escolha é coerente com a lógica de Jair Bolsonaro, que já havia deixado claro que deseja reduzir a pasta do Meio Ambiente a uma espécie de subsede do Ministério da Agricultura.
A nomeação de Salles ocorre no momento em que a área ambiental recebe más notícias: o desmatamento da Amazônia registrou o maior índice dos últimos dez anos, e o país acaba de retirar sua candidatura para sediar a COP-25.
Além disso, o futuro Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, deu declarações em que nega a existência das mudanças climáticas, prometendo colocar o país na contramão dos esforços realizados por mais de 190 países. Com a decisão de não sediar mais a COP em 2019, Bolsonaro começa a cumprir sua lista de ameaças ao meio ambiente”, continua a nota.
Ainda conforme a organização, as promessas do presidente eleito eram de que “a principal função do novo ministro será a promoção de uma verdadeira agenda antiambiental, colocando em prática medidas que resultarão na explosão do desmatamento na Amazônia e na diminuição do combate ao crime ambiental. O que já está ruim, pode piorar”, conclui Astrini.
(Com informações da RBA)

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