Novo fôlego para o cinema de rua em Porto Alegre 6c1h2f

Por Demétrio Rocha Pereira Após a gradual extinção dos cinemas de calçada porto-alegrenses, a sétima arte volta a respirar fora dos grandes centros comerciais. O projeto CineSesc propõe sua versão ao ar livre. A atração coloca em cartaz produções nacionais e internacionais em fevereiro, oferecendo uma alternativa à clausura paga das salas de cinema. No dia 4, o documentário Cartola movimentou a Praça da Matriz. A próxima estação é o Parque Farroupilha, no dia 7, às 20h, com a exibição de Piaf, filme biográfico sobre a cantora sa Édith Piaf. Na Praça da Matriz, o espetáculo estava marcado para as 20h, mas quis a insistente claridade do dia que a sessão de cinema esperasse a escuridão. E assim, pouco antes das 21h, o documentário sobre a vida do sambista carioca se anunciou na tela branca erguida às costas do Monumento a Júlio de Castilhos. Cadeiras plásticas foram distribuídas para acomodar o público. À esquerda, um casal abraçado. Uma moça ao fundo recepciona o filme com os de samba. Ao redor do monumento, crianças jogam bola, outras tantas se divertem nos brinquedos da pracinha. “Olha, é o Chico Buarque”, repara uma das três gurias que tomam chimarrão. Dois rapazes chegam de bicicleta e resolvem ficar. Um entregador de lanches decide sentar por uns poucos minutos – a encomenda não esfriará tanto assim. Tudo sob a luz de uma lua espetada pela chama que a estátua da República erguia no topo do obelisco. Para Giovani Borba, da Tela Brasil Cinema Itinerante, uma das características do cinema “de calçada” é a espontaneidade do público: “Em relação às salas, o cinema de rua é um termômetro mais fiel. Durante as sessões, é comum ouvir comentários engraçados e respostas mais desinibidas ao filme”. Para ele, os locais públicos estimulam uma interação que faz do cinema uma experiência em comunidade, ao contrário do individualismo das salas. Adriana Lampert, produtora cultural do Sesc RS, diz que o projeto busca levar o cinema para quem não tem o ou não costuma frequentar as salas. “A programação atual privilegia produções nacionais”, salienta. A ideia é dedicar um espaço para a difusão não apenas do cinema brasileiro, mas também de obras pouco conhecidas pelo público. Borba explica: “Se exibíssemos Se eu fosse você, se encheriam as cadeiras aqui. Mas vale a pena promover um choque estético no público”. Moradora do centro de Porto Alegre e atenta espectadora, Rosângela Almeida, 52 anos, concorda: “Filmes brasileiros e documentários costumam estar íveis apenas na TV por . Além disso, não há espaço para curtas-metragens”. Na cadeira ao lado, Karina Tatim, de 45 anos, moradora de Novo Hamburgo, reclama que o ingresso para as salas nos shoppings são caras demais: “Isso acaba elitizando o público”. O espetáculo gratuito na Praça da Matriz mereceu a atenção de uma plateia diversificada. O espaço público não oferece discriminações, a julgar pelos mais de cinquenta espectadores que se acomodaram e transitaram pelo local. Além de Piaf, fecham a programação de fevereiro do CineSesq – Cinema de rua os filmes Tapete Vermelho (dia 11, na Praça da Matriz) e Cidade Baixa (dia 14, no Parque da Redenção), sempre a partir das 20 horas. 4w4e1

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