Plástico verde fica em Triunfo 5q233l

Elmar Bones A primeira fábrica mundial de polietileno feito a partir do etanol, extraído da cana de açúcar, será construída pela Braskem em Triunfo até 2010. O anúncio provocou prolongados aplausos no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, onde a governadora reuniu nesta quinta feira todos os secretários, os principais aliados políticos colaboradores, além de todos os poderes. O presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, oficializou a escolha e justificou mencionando “o grande entendimento nas relações com o governo do Estado” que tem os mesmos propósitos da empresa, de crescer e promover desenvolvimento sustentável. A governadora Yeda Crusius também ressaltou as boas relações que decorrem da disposição da Braskem na área da responsabilidades social. “Não há evento cultural ou social em Porto Alegre que não se veja a marca da Braskem”, disse Yeda. Ao final, a governadora entregou a Grubisich a licença ambiental prévia (LP) para produção de até 204 mil toneladas. Foi uma vitória importante da governadora. A tecnologia que torna viável a produção de resinas a partir do etanol foi desenvolvida pelo Centro de Pesquisas da Braskem, no pólo de Triunfo, onde desde março de 2007 uma planta piloto produz eteno a partir do álcool. A melhor alternativa para uma instalação industrial, no entanto, seria a Bahia, junto ao pólo de Camaçari, por causa da matéria prima. Ali a fábrica estaria no centro de duas regiões produtoras complementares, uma dá safra no verão, outra no inverno. O Rio Grande do Sul praticamente extinguiu sua produção de cana. O etanol terá que ser importado de São Paulo, 450 milhões de litros por ano. Mesmo assim venceu. Além de outros aspectos ressaltados por Grubisich (como a qualidade da mão de obra, o nível da academia) pesou, certamente, o fator político. A Braskem assumiu o controle do pólo de Triunfo há um ano. Há dois anos, quando tentou obter o controle pela primeira vez, enfrentou resistência política e o sindicato dos petroquímicos chegou a dizer que o pólo de triunfo “seria esvaziado” se ela se tornasse controladora. A empresa tem mostrado o contrário. Já investiu R$ 300 milhões em suas unidades em Triunfo e pretende investir R$ 1 bilhão até 2011, metade na planta de polietileno verde metade em outros projetos de expansão da empresa no pólo gaúcho. O projeto já dobrou de tamanho antes de começar. A primeira formatação previa 100 toneladas de polietileno por ano, vai sair com 200 mil toneladas. Ainda não está pronto, mas a Braskem já assina acordos de fornecimento. Prevê faturar US$ 400 milhões por ano. A demanda pelo polietileno verde hoje no Brasil, segundo avalia a Braskem, seria de 600 mil toneladas por ano. Seus representantes negam, mas não é improvável que a empresa anuncie a curto prazo uma outra fábrica em Camaçari. O plástico verde tem dois apelos decisivos nos dias atuais: o do ambiente e o da matéria prima. O primeiro pela necessidade de seqüestrar carbono e reduzir o aquecimento global e o segundo pela escalada do preço do petróleo, que chega aos US$ 130 dólares. As obras devem começar ainda em 2008 e vão ocupar 1.500 trabalhadores durante a construção. Segundo a Braskem a fábrica terá 100 empregados, mas sua influência na economia será responsável por outros 7 mil empregos. Empresa já produziu plástico verde Na verdade não é a primeira vez que se vai produzir petroquímicoa a partir do etanol em escala industrial. A própria Braskem há vinte anos produzia 100 mil toneladas de eteno, consumindo 230 milhões de toneladas de etanol da cana. No catalizador, o álcool hidratado perde uma molécula e se transforma em eteno mais puro do que o produzido por nafta. A Braskem usava também o etanol para produzir PVC na planta de Alagoas até 1992. Também naquela época a Companhia Alcoolquímica Nacional produzia acido acético a partir do etanol. Em São Paulo, a Union Carbide tinha uma planta de polietileno com o processo semelhante para produzir PVC. Com a estabilização dos preços do petróleo na década de 1990, o etanol perdeu competitividade como matéria prima para a petroquímica. Nos últimos 25 anos, os catalisadores utilizados pela petroquímica aram por uma grande revolução. Houve ganhos tecnológicos em todos os sentidos. E, principalmente, os preços do petróleo saíram do controle. O etanol volta competir no preço, até por que permite ao produtor cobrar um “premio”. Viabilidade econômica aliada ao apelo ambiental torna o negócio mais que atraente. (Sérgio Lagrana, Revista JÁ) 6n135l

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