Serpentário da Zoobotânica completa um ano fechado 34466f

cleber dioni tentardini Ambientalistas, estudantes e servidores da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul protestaram no final da manhã de hoje contra o fechamento da área de visitação do serpentário do Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA), que completou um ano no dia 18 de janeiro. O ato começou no Largo Glênio Peres, com distribuição de panfletos à população sobre as atividades da FZB, e terminou em frente ao prédio da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA), na avenida Borges de Medeiros. Os manifestantes carregavam um boneco gigante de uma cobra cascavel como representação. “O serpentário é um dos espaços que desperta interesse direto, ainda é muito procurado pelos visitantes da FZB, que ficam decepcionados ao saber que continua fechado, depois de tanto tempo. Isso é um absurdo, o serpentário da FZB não pode ficar fechado para a comunidade gaúcha, porque faz parte da divulgação do trabalho de pesquisa com ofídios, compartilha o conhecimento sobre biodiversidade e trabalha a educação ambiental’, diz o texto do evento promovido nas redes sociais. A secretária da SEMA, Ana Pellini, não quis se manifestar. Protesto foi para a entrada do prédio da SEMA O presidente da Fundação, Luiz Fernando Branco, diz que a sala de exposição das serpentes é vulnerável e, por isso, não reabrirá ao público enquanto não tiver segurança, com instalação de alarme e câmeras e o bloqueio de uma das portas, que é de vidro. Segundo ele, um videomonitoramento custaria cerca de R$ 7 mil, valor de que não dispõe no orçamento. Na noite de 18 de janeiro de 2017, houve uma tentativa de arrombamento da sala de exposição do serpentário, até hoje não esclarecida. A porta foi danificada e pedras arremessadas contra os abrigos das cobras, mas as grades de ferro impediram o o e maiores danos. Desde então permanece fechado. Área de visitação do serpentário/Cleber Dioni As diretorias da SEMA e da FZB já sinalizaram com desinteresse pela reabertura do espaço, inclusive houve uma tentativa frustrada de transferir as serpentes para o Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro. As cerca de 350 serpentes, de 16 espécies, são mantidas no Núcleo de Ofiologia de Porto Alegre (NOPA), da FZB, que continua em funcionamento. Estado não fornece mais peçonha para produção de soro antiofídico  Além da interdição da área de visitações, também foi suspenso o envio de veneno das serpentes nativas ao Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, porque a Fundação Zoobotânica não renovou o convênio com o laboratório carioca, reduzindo a matéria-prima para produção de soro antiofídico fornecido ao Ministério da Saúde, que redistribui aos hospitais do Estado. A parceria entre FZB e IVB foi firmada em setembro de 2009 e previa, além da remessa de peçonha, um acordo de cooperação técnico-científica permitindo o intercâmbio entre técnicos, bolsistas e pesquisadores das duas instituições. Soro antiveneno da coral verdadeira, cuja lesão é considerada grave/Cleber Dioni A remessa do material ocorria de duas a três vezes por ano, de acordo com a demanda do Vital Brazil. “Os venenos das cobras mudam de acordo com a espécie e região de incidência. Aqui no RS tem cascavéis com uma concentração maior da substância chamada Crotamina. Essa toxina é um diferencial para produção de soro mais eficaz”, lembrou o biólogo Roberto Oliveira. NOPA, criado por Thales de Lema, foi pioneiro no país O NOPA foi criado em 1987 pelo professor Thales de Lema, um dos pioneiros do Museu de Ciências Naturais, da FZB. Com verba do Ministério da Saúde, Lema montou um laboratório de pesquisas e extração de veneno de serpente, a peçonha, para fornecer aos centros produtores de soro antiofídico nacionais. Em seguida, o professor organizou a Rede Nacional de Núcleos de Ofiologia (RENNO), criando nos estados núcleos similares ao NOPA. “A FZB tem uma história brilhante de lutas e conquistas e possui um acervo científico invejável e internacionalmente usado”, ressalta Thales de Lema, especialista no estudo de anfíbios e répteis, e que ao lado de Ludwig Buckup deram início a maioria das coleções do MCN e lançaram a Revista Iheringia, as séries de Zoologia (1956) e de Botânica (1958). Lema chegou a ser convidado pelo Laboratório Farmacêutico do Rio Grande do Sul (Lafergs) para criar o soro antiofídico gaúcho, tanto para uso humano como veterinário, mas não chegou a concluir o trabalho porque aposentou-se e assumiu como professor, em dedicação exclusiva, do Programa de Pós-Graduação em Zoologia da PUC, criando as linhas de pesquisa em Ictiologia e Herpetologia. 230k

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