Ana Amélia erra a mão ao lidar com a mídia eletrônica 56m50

A veterana jornalista Ana Amélia Lemos sabe o que faz alguém que se sinta caluniado por um meio de comunicação: pedir direito de resposta ou processar o autor da notícia. A reação da senadora pelo PP e candidata ao governo gaúcho Ana Amélia Lemos foi outra: pedir à Justiça que tirasse do ar dois blogs que noticiaram a ausência de bens na declaração ao Tribunal Regional Eleitoral. A denúncia publicada pelos blogs Sociedade Política e Cloaca News é que não aparece na declaração uma fazenda de 1.700 hectares em Goiás. Segundo seus advogados, tal latifúndio foi declarado no imposto de renda do espólio do seu marido, o suplente de senador biônico Octávio Omar Cardoso, morto em 2011, quando ela já era senadora. Espólios por morte existem enquanto não são concluídos os trâmites jurídicos dos inventários, sempre morosos. Enquanto não for feita a partilha entre os herdeiros, é o espólio que declara ao fisco. Os juízes auxiliares do TRE/RS, Otávio Roberto Pamplona e Liselena Schifino Robles Ribeiro, que relataram as ações, estranharam a reação da candidata. Não viram necessidade de liminar. Deram cinco dias para os acusados e o Ministério Público Eleitoral se manifestarem. Os acusados, antes de serem notificados, ficaram sabendo das ações judiciais e dos prazos pela internet, no jornal Sul21. 3f6m5

TCU cogita suspender obra de rodovia quase pronta m1u3k

Quase pronta, com custo final estimado em R$ 1 bilhão e inauguração prevista para dezembro, a BR-448 – a maior obra rodoviária federal em andamento no Rio Grande do Sul – corre o risco de ser suspensa por recomendação do Tribunal de Contas da União, cujo presidente João Augusto Ribeiro Nardes a visitou no início de novembro.
Ex-deputado do PP com base em Santo Ângelo, nas Missões, Nardes agiu baseado em evidências técnicas que apontam superfaturamento na obra. Até aí, nenhuma novidade, mas há quem veja disputa política na área, já que o ministro sonha voltar à política quando deixar o TCU. Além de currículo, não lhe falta cacife.
Seu potencial eleitoral ficou à vista na última Feira do Livro de Porto Alegre, quando ele autografou um livro de 320 páginas sobre as origens da família Ribeiro Nardes. Entre diversos políticos e ex-detentores de cargos públicos que fizeram fila de mais de duas horas pelas alamedas da Praça da Alfândega, destacou-se a senadora Ana Amélia Lemos (PP), apontada como candidata ao governo do Estado em 2014.
Com apenas 18 quilômetros ligando Porto Alegre a Sapucaia do Sul, a BR-448 foi projetada, licitada e executada às pressas para desafogar a BR-116 (Porto Alegre-Vale do Sinos), que vive congestionada. Por contar com o apoio e a torcida da presidenta da República, a BR-448 é conhecida como a Rodovia da Dilma.
Uma injustiça
Não por acaso, a presidenta “sentiu” a recomendação do TCU. De agem pelo Estado no mesmo fim-de-semana, ela protestou dizendo que seria “uma injustiça” paralisar uma obra tão urgente na reta final. Sua reclamação foi apoiada por editorial do Jornal do Comércio, de Porto Alegre.
Por tabela, as suspeitas de irregularidades respingam nos preparativos para o prolongamento da BR-448 de Sapucaia do Sul até Estância Velha. A obra está na fase do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA), cuja conclusão está prevista para março de 2014.
O traçado final desse trecho de 32 quilômetros ainda não está definido mas, como atravessa uma região menos densamente povoada, deve ter um custo bem mais baixo – estimativas preliminares do DNIT falam em R$ 500 milhões. Na mesma região, no vale do rio dos Sinos, estão sendo feitos estudos e projetos para alargar as pistas e melhorar as condições de segurança da congestionada BR-116. A resolução desses gargalos vai custar mais de R$ 200 milhões.
A prioridade do governo federal é desafogar o tráfego de automóveis de eio e caminhões de carga nos horários de pico na região metropolitana e nas rodovias que ligam a capital ao vale do Sinos, a Pelotas (BR-116) e esta ao porto de Rio Grande (BR-392).
As duplicações de rodovias existentes visam nitidamente recuperar um atraso de décadas. É um esforço superior ao realizado para duplicar a BR-101 no trecho Osório-Torres, obra de 90 quilômetros que começou em 2004, levou oito anos para ficar pronta e foi inaugurada várias vezes, por trechos, pelo presidente Lula. Registre-se ainda que foi concluída este ano, sem foguetes, a penosa duplicação dos menos de 20 quilõmetros da BR-290 no trecho Eldorado do Sul-Guaíba.

Senado deve voltar a debater acordo ortográfico 6h6d6b

O novo acordo ortográfico, elaborado sob o argumento de unificar a língua culta nos sete países de língua portuguesa, já gerou grandes negócios no mercado editorial brasileiro. No ano ado, o segmento didáticos faturou R$ 2,1 bilhões, num total do setor editorial de cerca de R$ 4,5 bilhões.
O Brasil prevê concluir sua implementação em 2013, mas nos demais países o acordo enfrenta resistências, inclusive em Portugal.
Após reunião esta semana com o professor Ernani Pimentel, autor de diversas críticas ao novo acordo ortográfico, a senadora Ana Amélia Lemos, do PP gaúcho, anunciou que solicitará à Comissão de Educação do Senado que promova no início do ano que vem uma audiência pública sobre o assunto.
Pimentel criou o Movimento Acordar Melhor para defender a simplificação das regras, porque o novo acordo contém “incoerências, incongruências e muitas exceções”. Um dos vários exemplos que citou foi a dificuldade para se compreender quando usar ou não usar o hífen. “Por que ‘mandachuva’ se escreve sem hífen e ‘guarda-chuva’ se escreve com hífen? É ilógico. E há muitos outros exemplos.”
“Nenhum professor de português de nenhum país signatário é capaz de escrever totalmente de acordo com as novas regras e, como os professores não têm condições de compreender, os países não terão condições de implantá-las”, afirmou.
Ele também sugeriu que os países signatários criem um órgão similar à Real Academia Espanhola, que seria responsável pela uniformização da ortografia nos países de língua portuguesa.
Ao comentar as resistências externas ao acordo, ele lembrou que alguns países alegam – “com razão”, observou – que as novas regras foram pensadas somente a partir de Brasil e Portugal, ignorando especificidades culturais de outras nações de língua portuguesa.
Em Portugal, segundo ele, há os que defendem o acordo e os que preferem adiá-lo devido aos interesses do mercado editorial português (que, dessa forma, não enfrenta a concorrência de livros brasileiros em seu próprio país e também nos países africanos de língua portuguesa).
Sobre a atuação do Ministério das Relações Exteriores, Pimentel entende que “o Itamaraty está correto ao querer a unificação, mas está errado ao permitir que o interesse político desconsidere as questões educacionais, pedagógicas e culturais”. “Ao forçar o acordo, o Brasil está sendo visto como impositor. É importante que haja discussão entre os países”, avalia.
“Nada me convencerá do contrário: a reforma ortográfica, implementada por um conselho de notáveis escolhido a dedo, não a de uma política cínica para incrementar a venda de livros, milhões de livros, e engordar os lucros do setor livreiro do país e fora dele. Dicionários e gramáticas novos, livros didáticos e paradidáticos encabeçam o mercado brasileiro”, comentou o jornalista paulista Eduardo Maretti em seu blog Fatos Etc. “Espero que o Congresso Nacional faça alguma coisa contra esse crime de lesa-língua.”
* Com informações da Agência Senado