Revitalização do entorno da arena do Grêmio ainda depende de verbas 4f3l6g

A Prefeitura entregou, neste dia 28/02, à Caixa Econômica Federal, o projeto da primeira fase do sistema viário que compreende o entorno da Arena do Grêmio, localizado no bairro Humaitá. A Emenda Parlamentar, da bancada gaúcha, foi de R$ 20 milhões, porém a União empenhou apenas R$ 8,7 milhões, sendo mais R$ 1 milhão o valor da contrapartida do município. O projeto para ter funcionalidade custa R$ 15.349.274,54, exigindo a busca de mais recursos pelo executivo municipal. Serão contempladas neste Projeto, parte da Avenida Voluntários da Pátria, Rua Padre Leopoldo Brentano e a construção da Rua 1 (obra viária que fará o contorno da Arena). Conforme o secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico, Urbano Schmitt, o Projeto que está sendo entregue á Caixa, depois de analisado, em seguida será licitado. “A meta da Prefeitura é o contrato com a empresa vencedora da licitação, antes de junho de 2012, em razão do prazo estabelecido pela legislação eleitoral para as obras públicas”, enfatizou o secretário. Urbano salientou que a duração da obra é de cerca de um ano, mas a parte básica para viabilizar a mobilidade urbana de entorno da Arena estará em condições de inaugurar o novo estádio do Grêmio no final deste ano. O secretário de Gestão estará, nesta quarta-feira, 29, em Brasília participando de reunião com a bancada gaúcha e o DNIT, com objetivo de conseguir mais recursos para revitalização do bairro Humaitá. 1d1i55

Arena do Grêmio: peões retornam ao nordeste 1l5f3o

Ainda não foi regularizada a situação no canteiro de obras da Arena do Grêmio.
Não é permitida a entrada no local, mas de fora dá para ver a semi-paralisação dos trabalhos.
Segundo os operários, nos últimos dez dias mais de 100 peões trazidos do nordeste para trabalhar na obra pela empreiteira OAS retornaram ao local de origem.
Uma história comum
Um dos operários trazidos do nordeste pela OAS conversou com o JÁ.
José Edison de Oliveira, corintiano, natural de Barrocas, cidade baiana com 14 mil habitantes, há 200 km de Salvador. Emancipada em 2000, sobrevive da pequena produção agrícola das antigas fazendas, na maioria oriundas do século XIX – com mais história que produção, da exploração da mina de ouro Fazenda Brasileira, do grupo canadense Yamana Gold Inc, e do comércio, concentrado num única rua, onde fica a pequena farmácia que Edison trabalhava.
Corria em Barrocas a notícia que uma empresa estava contratando trabalhadores e pagava bem.
Foi quando dois ônibus da OAS, empreiteira responsável pelas obras da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, apareceram na cidade. Edison embarcou, com outros 120 trabalhadores.
Durante a viagem no ônibus confortável, com ar-condicionado, Edison pensava em Carla, sua noiva e motivo da empreitada. Ele veio para Porto Alegre com esperança de juntar R$ 10 mil e comprar um terreno em Barrocas para que seu sogro libere o casamento. No trajeto, suas economias foram gastas em alimentação.
Desembarcando em Porto Alegre, dia 26 de março, uma surpresa: muitos operários, com histórias parecidas com a dele, estavam indo embora. A reclamação: salários menores que o prometido, demora na da carteira de trabalho, prazo para visitar os familiares – a cada quatro meses – desrespeitado.
Edison está assustado, não recebeu vale transporte, nem o dinheiro da alimentação gasto durante a viagem, apenas sua hospedagem foi paga, no Hotel Minuano, pois os alojamentos da área de vivência, incluindo os banheiros, refeitório e chuveiros foram interditados pelo Ministério do Trabalho pelas péssimas condições de higiene.
O jovem baiano irá esperar até o dia do pagamento, 30 de abril, se receber apenas o salário bruto de 660 reais vai tomar o caminho de volta, como os outros, e Carla terá que esperar.

Sindicato denuncia construtora da arena do Grêmio 3vb6x

Com a alegação de que há escassez de mão de obra na cidade, a OAS está importando mão de obra barata do nordeste para construir a arena do Grêmio, no Humaitá.
Cerca de 500, de um total de mil nordestinos, já estão trabalhando no local.
No início de março, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Porto Alegre foi conferir a situação e se deparou com um caso de polícia: trabalhadores sem carteira assinada, condições de trabalho indignas, alojamento insalubre.
A denúncia foi protocolada na Delegacia do Trabalho pelo secretário geral do Sindicato, Gelson Santana. .
No dia 2 de março, auditores do Ministério do Trabalho interditaram a área de vivência, que inclui os banheiros, refeitório, chuveiros e alojamentos.
Em greve durante três semanas, por ganharem menos do que o prometido e não poderem visitar seus familiares no período estipulado, a maioria dos trabalhadores não teve a carteira de trabalho assinada.
Genário de Jesus, um dos operários vindo do Maranhão conta que a empresa não pagou nem os 300 reais gastos com a viagem.
Além de manter o assunto longe da mídia até o momento, a OAS obteve uma liminar da Justiça que afasta o Sindicato de Porto Alegre do caso. Os representantes do Sindicato estão proibidos de entrar no canteiro de obras, nos alojamentos e de contatar os trabalhadores.
O Sindicato vai recorrer.

ARENA DO GRÊMIO: PERGUNTAS SEM RESPOSTA 2q2l1n

Tania Jamardo Faillace*
Projeto imobiliário, que vai mudar a fisionomia do Humaitá, importante bairro operário de Porto Alegre, foi apresentado em audiência pública. Apesar da grandiosidade da obra e suas consequências, muitas perguntas que seriam fundamentais para a discussão da proposta ainda não tem resposta.
Chamam a atenção os seguintes dados da transação legal/fundiária:
1. A obscuridade das transações e documentos legais, doações condicionadas, permutas, e a impossibilidade de se compreender quem, afinal, é proprietário da área.
2. Quais as posições respectivas, nessa estória: do Governo do Estado, Federação dos Círculos Operários, Grêmio Football Portoalegrense, Grêmio Empreendimentos, e se há mais um agente chamado Empreendimento Arena do Grêmio ou assemelhado, e suas inter-relações.
3. Há discrepâncias em relação às áreas, seriam 38 ha originalmente, lá pelas tantas alcançando os 66 ha, e também há discrepâncias em seus respectivos valores, havendo a determinar oficialmente quais as perdas do Estado nessas transações.
4. Não se sabe porque razão um empreendimento turístico-esportivo foi considerado mais importante para a Zona Norte, do que as atividades educativo-pedagógicas de dois colégios, um deles com instalações de altíssima qualidade, inclusive em seu complexo esportivo, com um ginásio como poucas escolas em Porto Alegre dispõem..
5. Ignora-se igualmente a razão pela qual a Federação dos Círculos Operários foi despejada do bairro Humaitá, dentro do coração da área industrial da RM, e com grande população da classe trabalhadora, para ganhar uma nova doação com o mesmo objetivo (criação da Universidade do Trabalho), na estrada Costa Gama, de população rarefeita.
6. Não há clareza quanto a ter havido transações financeiras e de que valor (compra, venda, arrendamento, luvas) entre os atores do episódio.
Chamam a atenção os seguintes pontos negativos no projeto em si:
1. A perda de uma escola com a qualidade técnica e construtiva da Santo Inácio, e seu entorno ecologicamente preservado. Se o Círculo Operário tem que ser desalojado por inadimplência das condições contratuais e da doação condicionada, que a Secretaria de Educação do Estado assuma a escola em sua integralidade, parece-nos a medida mais adequada e favorecedora da população de Porto Alegre;
2. A destruição do ambiente natural e da vegetação de grande e pequeno porte em quase sua totalidade, conforme ficou bem claro pelo EIA/RIMA apresentado (400 árvores adultas a serem erradicadas sem reposição, e 195 outras espécies a serem desalojadas e perdidas);
3. A inadequação de um empreendimento de alto luxo como o conjunto Arena, em relação a um bairro como o Humaitá, ocupado predominantemente pela classe trabalhadora e pequena classe média, com atividades industriais ou de pequenos serviços – sabe-se que essas enxertias sociais e econômicas tendem a expulsar os moradores originais pela sobrevalorização fundiária e o aumento dos impostos;
4. A alta taxa de impermeabilização do solo prevista, (1/3 da área a ser ocupado com um estacionamento para 6 mil automóveis) convidando a mais alagamentos e enchentes numa gleba de cota extremamente baixa, cercada por outras de cota negativa, inclusive um lixão aterrado, mas que ainda emite gases;
5. O exagero das vagas de estacionamento incentivando o transporte individual paraagravar os problemas viários da Entrada da Cidade; conhecem-se os havidos com o Gigante da Beira Rio, e lá, trata-se apenas da comunicação com a zona Sul (área relativamente menos densificada da cidade), e, no caso presente, trata-se de todo o transporte da Região Metropolitana, inclusive o transporte de cargas e o interestadual;
Há ausência ou insuficiência de infraestrutura nos aspectos:
a) viário – não haveria escoamento para a população permanente e a população visitante previstas (jogos, eventos, hotelaria, shoppings, etc.), ainda mais considerando tratar-se da Entrada da Cidade, com grande tráfego da Região Metropolitana, transporte de cargas, e transporte interestadual;
b) previsão de problemas graves de enchentes e alagamentos pela ausência de um sistema amplo e eficiente de drenagem de águas pluviais e do próprio lençol freático que empapa todo o terreno;
c) esgotos – não há tratamento de esgotos para a população atual; na conclusão do conjunto Arena do Grêmio, haveria o acréscimo de cerca de 70 mil pessoas a essa população, entre residentes e flutuantes;
d) coleta de lixo – não há estimativa do que representaria essa nova população em termos de produção de lixo.
e) segurança pública – tampouco se conhecem as necessidades de efetivos e equipamentos de segurança pública num projeto de tal monta, acrescido a um bairro já com muitos problemas nesse setor.
Em resumo, serão mais uns vinte mil residentes permanentes, de 30 a 40 mil como clientes dos shoppings e hotelaria e provavelmente mais de 70 mil em dias de eventos, que sobrecarregarão os serviços de água, luz, esgotos, e outros. Sem mencionar um estacionamento para 6 mil carros, que será um atrativo extra para a criminalidade sediada na região e nos municípios vizinhos, etc., etc.
Tampouco há dinheiro para construir essa ilha da fantasia. O que equivale a dizer que esse dinheiro será buscado no mercado financeiro estatal (BRDE, BNDES, CEF) e no mercado dos investidores em geral.
Certamente, não chegamos a mencionar a questão da segurança de vôo, embora se possa assinalar que o grupo emprendedor faltou com a verdade ao dizer que o projeto já tinha sido aprovado, com prédios de até 64m de altura. Não o foi, segundo informação do próprio V Comar, que é o órgão que disciplina a segurança aérea e ainda não recebeu o projeto definitivo para pronunciar-se em relação ao mesmo.
Finalmente, sugerimos a visita à página.