Recuperação econômica põe candidatura Yeda em pé 5z6b6r

Se confirmadas as perspectivas que se abrem para a economia gaúcha nos primeiros 60 dias do ano, a governadora Yeda Crusius vai entrar na campanha eleitoral numa situação que, no início do ano ado, seria impensável mesmo para o mais devoto palaciano. Já se mencionou aqui o risco que a oposição corria quando concentrou seu foco nas denúncias de corrupção e no “fora Yeda”, sem prestar a devida atenção ao quadro favorável que se delineava para o governo, por conta da recuperação da economia. Pois aí está a situação configurada. Os números divulgados pela Secretaria da Fazenda esta semana confirmam a tendência de crescimento da receita de ICMS no Rio Grande do Sul, em 2010. Como aconteceu em janeiro, a arrecadação de fevereiro deverá superar o previsto no orçamento. O aumento é pequeno, de R$ 46 milhões. Mas é bom sinal, numa época de reduzida atividade econômica. Além disso, segundo a secretaria da Fazenda, algumas rubricas importantes da arrecadação, como telecomunicações e energia elétrica, foram transferidos para 1º. de março. Seriam mais uns R$ 160 milhões, segundo o secretário Ricardo Englert. As previsões de recuperação da indústria e de boas safras agrícolas completam o quadro bastante positivo para as finanças estaduais em 2010. Não é só isso. Todo o governo Yeda transcorre numa conjuntura econômica favorável, que deu ao Estado uma seqüência de boas arrecadações, sem precedentes nesse período. Mesmo a crise atingiu principalmente a indústria exportadora, que tem muitas isenções de imposto. O agronegócio, que ainda é o que conta na economia estadual, vai muito bem obrigado. Quando assumiu, em janeiro de 2007, a governadora queria aumentar os impostos para obter cerca de R$ 3 bilhões em três anos para equilibrar o caixa, em déficit crônico. Ela obteve bem mais do que isso só em 2008, com o crescimento na arrecadação do ICMS. No ano ado houve uma queda, mas em função de uma expectativa bastante alta. O caixa não chegou a ser atingido. O investimento foi prejudicado, mas o governo conseguiu manter suas contas em dia, o que sempre significa gasto menor e melhor. Neste lado, que depende mais da gestão, são menores os resultados, mas igualmente relevantes em face da conjuntura. Todos os governadores nas três décadas de déficit crônico tiveram como prioridade o corte de custos. Alceu Collares cortou o cafezinho nas repartições ao assumir, para sinalizar austeridade. Pedro Simon amargou um trimestre com os professores em nome da contenção de gastos. Mas, talvez, só Olívio Dutra, nesse período, tenha conseguido manter um controle dos gastos depois do segundo ano de mandato. Yeda garante que vai manter até o fim sua política de austeridade, com corte nas verbas de custeio. Não se tem uma avaliação do lado negativo dessa política – do custo desse arrocho, em perdas de serviços essenciais para a população. Certamente não é pequeno. O equilíbrio alcançado ainda é circunstancial e se dá a custa de um enorme represamento de demandas e investimentos, que deixará enormes sequelas. Basta olhar os quadros reproduzidos abaixo, com os dados de fevereiro, para perceber as distorções contidas no orçamento estadual. Apesar do desempenho positivo da arrecadação de ICMS, o resultado financeiro do mês deve ficar negativo em R$ 302,2 milhões. O excessivo peso da dívida pública e o escasso investimento não deixam dúvidas da precariedade da situação. Em síntese: déficit zero ainda é exagero, mas sustenta um discurso eleitoral. Quem no auge da crise do ano ado acreditou que a governadora estava liquidada, terá que rever rapidamente seus planos para a campanha deste ano. Vai perceber que talvez ja seja tarde demais para impedir que Yeda Crusius chegue ao segundo turno. PREVISÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA – FEVEREIRO 2010 RECEITAS Valores líquidos ICMS (valor bruto – R$ 1,089 bilhão) R$ 653,3 milhões Demais receitas líquidas disponíveis R$ 255 milhões IPVA R$ 27,7 milhões Outros tributos estaduais e outras receitas operacionais R$ 65,3 milhões Rees da União e outros (FPE, IPI-Exportação, ressarcimento exportações, retorno Fundeb, salário-educação etc R$ 161,9 milhões Total da receita líquida disponível R$ 908,2 milhões DESPESAS Valores líquidos Pessoal e encargos, inclusive outros Poderes R$ 866,4 milhões Dívida pública R$ 155,3 milhões Investimentos R$ 18,8 milhões Precatórios e RPVs R$ 13,9 milhões Demais custeios (combustíveis, alimentos, medicamentos, manutenção das escolas, órgãos e repartições, e dos outros Poderes) R$ 156,1 milhões Total da despesa líquida do mês R$ 1,210,52 bilhão Previsão da situação financeira – Fevereiro 2010 R$ 302,2 milhões DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO – FEVEREIRO 2010 Receitas de contribuições – Pessoal Civil e Militar R$ 100,1 milhões Despesa previdenciária – Pessoal Civil e Militar R$ 498,5 milhões Resultado Previdenciário – Fevereiro/2010 R$ 398,4 milhões 4v3b1k

Crônica de uma morte anunciada 706g60

Christopher Goulart*
Na famosa obra de Gabriel Garcia Marques – “Crônica de uma morte anunciada”, sabemos desde o início que uma morte é dada como certa, mas essa revelação em nada diminui a curiosidade do leitor até o final da história.
Pois bem. Temos algo semelhante no processo eleitoral deste ano. Todos nós sabemos que o eleitor vai fulminar o projeto de nação Neoliberal do ado de FHC, ou então, o atual, de Lula, com índices de desenvolvimento favoráveis ao país.
Invariavelmente, tudo indica que a escolha será fundamentada pela comparação das gestões presidenciais do PSDB e PT.
Em recente declaração pública a um jornal americano, The Miami Herald, o ex-presidente tucano atacou Dilma, sentenciando: “O coração de Dilma é mais próximo da esquerda”.
Uma provocação visando à confrontação costumeira entre a conhecida “direitona” e a esquerda.
O fato é que um importante fator de escolha entre um ou outro sempre será a opção pelos pequenos e pobres, pois eles não têm nada a esconder, e desnudam toda e qualquer ideologia.
E ser de esquerda é optar pelos pequenos e pobres.
Ideologias à parte, em tempos de liberdades democráticas, tal realidade eleitoral lembra à época de ditadura militar, onde apenas a Arena e o MDB exemplificavam a insensatez do bipartidarismo.
Por mais que a atual Constituição brasileira garanta ampla liberdade partidária, o que se observa na prática é a polarização eleitoral em dois blocos.
Que bom seria se por Lei, obrigatoriamente, todos os partidos pudessem lançar candidatos em condições iguais num primeiro turno, para deixar as coligações apenas ao segundo turno.
Certamente, raposas conhecidas da política tradicional cairiam como castelo de cartas. Mas não. A idéia eleitoral que se quer transmitir é a de que temos que votar já no primeiro turno entre Dilma ou entre Serra.
Vivemos num país pluripartidário, com a garantia de participação plena de todas as correntes partidárias. Visto isso, a manipulação descarada das oligarquias políticas, pregando interesses individuais no processo eleitoral é uma manobra que deve ser observada pelo eleitor, sob pena de testemunharmos constantemente a crônica de uma morte anunciada.
*Presidente da Associação Memorial João Goulart