Alexandre Haubrich Uma a de ferro sem utilidade e um talento culinário capaz de fazer a massa de pizza crescer no fogo direto é a receita que levou com sucesso os 48 anos do Bar Pedrini, sinônimo de boa mesa e idéias renovadoras na Cidade Baixa (av. Venâncio Aires, 204). Depois de tanto tempo, a pizza na a continua sendo exclusividade da casa. “É a única no mundo”, garante Guilherme Pedrini, filho do fundador Osíris e sobrinho da criadora do prato. Guilherme assumiu o negócio no começo de 2008, com a aposentadoria do pai. Promoveu uma ampla reforma no ambiente do bar, mas manteve a vocação original da casa: fomentar debates políticos regados pelo chopp cuidadosamente servido pelos garçons. Foi nos anos 1970 que o Pedrini adquiriu essa característica, quando começou a ser freqüentado por importantes nomes da esquerda gaúcha, que encontravam ali um refúgio ao endurecimento da ditadura. “Nessa época, a lotação total se sucedia seis vezes em uma única noite. Era um movimento totalmente fora do comum”, relata. Depois das dificuldades enfrentadas na década de 1980, o fim do século trouxe nova vida ao Pedrini, com a aposentadoria dos fundadores Osíris e Antônio. As idéias do jovem resgataram os freqüentadores e atualmente a casa está sempre cheia. “O Pedrini atende muita gente com mais de quarenta anos, mas uma nova geração começou a freqüentar o bar. A movimentação de políticos e jornalistas também voltou, e as famílias continuam vindo”. Primeiro o minimercado Guilherme se criou entre as mesas do bar Pedrini. Mas ele não participou da montagem do antigo mini-mercado, primeiro negócio dos irmãos Osíris e Antônio, ainda na década de 1950, instalado na rua Fernandes Vieira, no bairro Bom Fim. Começou a trabalhar quando o mercadinho se mudou para a avenida Venâncio Aires. “Trabalhei com meu pai nas mais diversas funções”, observa. Foi justamente o espaço maior que possibilitou a ampliação do negócio. “Eles começaram vendendo dois ou três pratos na hora do almoço”, revela. Aos poucos, as prateleiras foram dando lugar a mesas e o local transformou-se definitivamente em um restaurante. Comércio da Venâncio se multiplica O Pedrini é possivelmente o mais antigo negócio da Venâncio Aires, mas o comércio da rua está em expansão. Apenas no primeiro semestre de 2008, as quadras compreendidas entre a João Pessoa e a José do Patrocínio ganharam, pelo menos, seis novos espaços. Concluída em poucos meses, uma obra em frente ao bar Pedrini abriga desde o início do ano, uma agência do banco Bradesco. A concorrência chega em breve, com a inauguração de mais um Banrisul no mesmo prédio. Entre os dois bancos, o antigo estacionamento permaneceu, agora coberto. A padaria Pão e Café foi inaugurada em setembro de 2007, quase na esquina da Venâncio com a Lima e Silva. Além dos serviços tradicionais do ramo, a Pão e Café é confeitaria, lancheria e até restaurante, servindo a la minuta na hora do almoço. A pretensão do proprietário Jairo Teixeira da Silva, é transformar o amplo espaço em um centro cultural para divulgar a produção de artistas da Cidade Baixa. No momento, quem entra na padaria pode apreciar pinturas da artista plástica Walquíria Cardona dos Santos, inspiradas em poemas de Mário Quintana. Silva já negocia uma série de pequenos shows com um cantor da região. O proprietário também está em busca de fotos antigas da casa de número 249, que abriga a padaria. “Foi construída em 1907, por uma família alemã e tem muita história para contar”, acredita. Atravessando a Lima e Silva, o Expresso do Café é outro “faz tudo” da região. Aberto para ser uma locadora de DVDs há cerca de dois anos, o estabelecimento ou a café e hoje é um bar. “Mas um bar diferente”, pontua o dono, Cristiano Araújo. “Tem livros para ler aqui ou para comprar”, revela. Essa reportagem é um dos destaques da edição 385 do jornal JÁ Bom Fim/Moinhos. A publicação é quinzenal e circula gratuitamente nos 10 bairros da área central de Porto Alegre. 1l3f57