Especulação imobiliária trava inventário de Petrópolis 4j5k4u

Pesados interesses do setor imobiliário estão por trás da legítima preocupação dos proprietários com o inventário dos imóveis indicados para preservação em Petrópolis. O inventário que listou 200 imóveis para preservação foi anulado pelo prefeito José Fortunati nesta quarta-feira. Em oito bairros, inclusive no 4° Distrito, o inventário foi feito sem problemas. Com relação a Petrópolis as “influências” começaram já na etapa inicial quando a Secretaria do Planejamento não atendeu aos reiterados pedidos do Compac para que fizesse o “bloqueio” do bairro. “Bloqueio” é a expressão técnica que indica a inclusão do bairro no processo de inventário e determina sua divulgação junto aos moradores da área. Bins Ely era o secretário do Planejamento ao tempo em que os pedidos foram feitos. Petrópolis é o bairro onde são permitidas as maiores alturas em toda aquela região da cidade, porque esta fora das restrições que a Aeronáutica impõe às áreas próximas ao aeroporto, por causa da segurança dos vôos. O inventário dos imóveis indicados para preservação começou em maio de 2012, não mereceu atenção da imprensa… Até que chegou em Petrópolis. 315b70

Quadrilha da Procempa ameaça testemunha 206r5e

Arthur Danton
Ao apresentar-se à I da Procempa, uma testemunha revelou que recebeu ameaças se “falasse demais”. Um homem armado entrou no seu carro e falou de sua filha, um bebê. Por isso, não daria novas informações. Ela apenas confirmou informações que a I já tinha. Disse ter orientação de seus advogados para falar somente em juízo. Outra testemunha aguardada na sessão da manhã de hoje não compareceu.
O presidente da I, vereador Mauro Pinheiro, considerou o fato grave, mas não se surpreendeu. “É uma quadrilha”, disse. “É o primeiro caso de uma testemunha revelar ameaças publicamente, mas duas outras já tinham informado que não falariam tudo o que sabem em razão de terem sido ameaçadas.”
A revelação de uma testemunha de que havia sofrido ameaças de morte marcou a sessão da I da Procempa, realizada nesta quarta-feira (4) no plenário da Câmara Municipal. A sessão foi breve, já que Adriana Nunes Boniatti, ex-funcionária da estatal de tecnologia da informação de Porto Alegre, invocou o direito constitucional de permanecer calada. A outra depoente esperada não compareceu.
Boniatti disse aos vereadores que recebeu ameaças por telefone, mas que o episódio que a deixou mais assustada ocorreu em outubro, quando voltava para casa à noite. Um homem armado entrou no seu carro e lhe disse para ter muito cuidado, pois sofreria as conseqüências se falasse demais, mencionando inclusive sua filha de nove meses.
Só em juízo
O incidente ocorreu após ela ter comparecido ao Ministério Público para depor sobre o caso. Após procurar orientação legal, Boniatti decidiu que só falaria em juízo.
O vereador Mauro Pinheiro (PT), presidente da I, considerou o fato gravíssimo, mas diz não se surpreender diante do esquema de quadrilha que se está constatando nas investigações, o qual teria desviado em torno de R$ 50 milhões segundo avaliação do Ministério Público.
O vereador disse que este é o primeiro caso de uma testemunha revelar ameaças publicamente, mas duas outras já lhe tinham informado que não falariam tudo o que sabem em razão de terem sido ameaçadas.
Ainda assim, Boniatti dispôs-se a responder algumas perguntas dos vereadores. Ela confirmou o que havia sido revelado por outra depoente quanto ao modo como frequentemente eram realizados pagamentos de fornecedores na Procempa.
Em novembro, a supervisora de Licitações e Compras da Procempa, Clarisse Lemos da Costa, tinha revelado à I que licitações eram forjadas, por meio da elaboração e tramitação dos documentos após a realização dos serviços e seu pagamento.
Boniatti ressalvou que não era ordenadora de despesas. Afirmou que, na sua condição de funcionária com cargo em comissão, a pressão era muito grande no sentido de fazer o que lhe era ordenado sem questionar.
Quanto à depoente que faltou à sessão, Lucia Solassi Manfrói, também ex-funcionária da Procempa, Pinheiro disse que seu depoimento será remarcado. E no caso de não comparecer pela segunda vez, a Câmara solicitará auxílio à Justiça para que seja cumprida a convocação da I.

Cercar ou drenar: qual é a prioridade da Redenção 53354f

Antes de discutir o cercamento da Redenção, os vereadores deveriam fazer um levantamento da situação do parque, que é a segunda sala de visita dos portoalegrenses. Veriam que cercar o parque, diante da situação em que ele se encontra, está muito longe de ser uma prioridade.
Aliás não só os vereadores. A imprensa também prestaria um bom serviço à comunidade se abordasse questões graves como a deterioração completa do sistema de drenagem da Redenção.
A Zero Hora, por exemplo, em vez de dar uma página com explícito apoio à ideia esdrúxula do cercamento, poderia mostrar as poças e o barro que tomam conta de extensas áreas do parque à mínima chuva.
Em alguns pontos, como mostra a foto, os alagamentos duram semanas… É uma situação que se agrava paulatinamente, há uma década.

'Pioneiros da Ecologia' inspira exposição na Câmara Municipal 25508

O Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre apresenta até 30 de junho a exposição História do Ambientalismo Gaúcho, que homenageia a agem do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de Junho). A mostra é inspirada no livro Pioneiros da Ecologia, dos jornalistas Elmar Bones e Geraldo Hasse, lançado pela JÁ Editores, e reúne 16 banners que abordam os principais aspectos do movimento em defesa da natureza no Rio Grande do Sul.
A exposição aponta as contribuições de Henrique Luis Roessler e do Padre Balduíno Rambo, até a emergência da geração de militantes formada por José Lutzenberger, Augusto Carneiro, Caio Lustosa, Flávio Lewgoy e Sebastião Pinheiro. Também valoriza o trabalho das mulheres ao movimento ecológico, citando as pioneiras Hilda Zimmermann, Giselda Castro e Magda Renner, além do papel da imprensa local nas lutas pela preservação da natureza.
“As mulheres foram intelectuais de destaque no movimento, escrevendo notáveis textos em defesa da ecologia”, afirma o coordenador do Memorial da Câmara, Jorge Barcellos. “A imprensa gaúcha tomou uma posição na luta ambientalista porque colaborou na divulgação, através de inúmeros artigos de seus militantes e de pautas ambientalistas.”
Os painéis não deixam de fora grandes lutas dos ecologistas gaúchos, como o combate ao uso dos agrotóxicos e pela constituição de políticas voltadas para o meio ambiente no Estado e no município de Porto Alegre. Recordam, especialmente, que a primeira associação de ecologistas da América Latina foi a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
O próprio Lutzenberger, no entanto, dizia que “o cara que começou tudo isso” foi Roessler, que fundou a União Protetora da Natureza (UPN) 16 anos antes. A história deste precursor do ambientalismo está em Roessler – o primeiro ecopolítico, do jornalista Ayrton Centeno, também da JÁ Editores.
Com entrada franca, a exposição pode ser visitada das 9 às 18 horas, de segundas a quintas-feiras, e das 9 às 16 horas, às sextas-feiras, no térreo da Câmara Municipal (Avenida Loureiro da Silva, 255). Escolas interessadas em visitas orientadas devem entrar em contato pelo telefone (51) 3220-4187.

Troca de acusações na I do ProJovem 6c24m

A I do ProJovem, em andamento na Câmara de Porto Alegre, ouviu Rafael Fleck, ex-coordenador do programa na gestão do vereador Mauro Zacher (PDT), entre 2005 e 2007, e hoje chefe de gabinete do vereador. Ele disse o que se esperava: que o foco do inquérito está equivocado.
Para Fleck, o alvo da investigação não deve ser a gestão de Zacher, indiciado pela Polícia Federal, mas as gestões de Juliana Brizola, de três meses, e do seu marido, Alexandre Rambo, de dois anos e oito meses.
Juliana Brizola (PDT) possivelmente dará um novo depoimento, devido às suas contradições. Já Rambo não atendeu aos chamados da I.
– O Alexandre Rambo já foi chamado, agora se ele não se apresentar vamos pedir o apoio da Brigada, alerta o vereador Mauro Pinheiro (PT).
O braço direito de Zacher relatou que a Secretaria Municipal da Juventude (SMJ) fez algumas contratações de pessoal sem qualificação, mas que eram cabos eleitorais de Juliana. E que a deputada contratou a Fundação Ulbra (que recebeu 40% do pagamento antes de começar as aulas, embora o contrato previsse 20%) para executar o programa, em substituição à Fundação Educacional e Cultural para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae), sem licitação.
E confirmou a denúncia feita por Adriane Rodrigues, de que servidores foram coagidos a devolver parte do salário, para manejo da campanha de Juliana Brizola.
Rafael Fleck foi à comissão com habeas corpus preventivo, segundo ele, para evitar um processo criminal, já que tem conhecimento de informações sigilosas.
Ele também se defendeu da acusação feita pelo empresário Douglas Bouckardt, que prestou serviços de sonorização para Secretaria e disse que foi ameaçado de morte por Fleck.
Um dado importante revelado pelo chefe de gabinete de Zacher é que Jonatas Ouriques, assessor jurídico da Secretaria da Juventude nas gestões de Juliana Brizola e de Alexandre Rambo, comprou uma casa no valor de 500 mil reais com dinheiro de desvios. A I pediu quebra do sigilo bancário.
SECRETÁRIO DA JUVENTUDE É CRITICADO
Fleck criticou o atual secretário da Juventude, Luizinho Martins (PDT), que depôs antes dele, por não ter divulgado auditoria que mostra adiantamentos para prestadores de serviço na SMJ.
Segundo o vereador Pinheiro, foram comprovados 40 pagamentos para a DAM Vídeo, oriundos da SMJ e da própria Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
O secretário da Juventude evitou entrar no foco das investigações, disse que não tem muitos detalhes sobre as ações anteriores e que pode responder apenas pelo tempo que ocupa o cargo.
No momento, quem executa as ações do ProJovem em Porto Alegre é a Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Extensão da Unisul (Faepesul), ligada à Universidade do Sul de Santa Catarina, que venceu a concorrência pública.

Projeto do metrô será apresentado aos vereadores 2mu2s

A Câmara Municipal de Porto Alegre instala hoje, às 15h, na sessão ordinária, a Frente Parlamentar do Metrô. Será presidida pelo vereador Mauro Pinheiro (PT), autor da proposição, para acompanhar o projeto de construção da primeira linha do metrô de Porto Alegre.
A linha transportará 600 mil habitantes diariamente, do eixo norte da cidade até o bairro Azenha, na zona leste. Hoje o Executivo Municipal deverá apresentar os projetos aos vereadores.
Segundo a assessoria da presidente da Casa, Sofia Cavedon, os vereadores poderão fazer sugestões para assegurar que a proposta encaminhada ao Governo Federal contemple critérios como sustentabilidade operacional dos sistemas, compatibilidade entre a demanda e os modais propostos e ibilidade, além priorizar os projetos que beneficiem áreas com população de baixa renda que tenham situação fundiária regularizada.

Qual deve ser o aumento dos vereadores? 62v5v

A Câmara Municipal de Porto Alegre vai perguntar ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) qual deve ser o “reajuste dos vencimentos dos vereadores”. A decisão foi tomada na manhã desta quinta-feira (20/1), em reunião da Mesa Diretora.
Os vereadores da capital não tem reajuste em seus subsídios desde 2007, segundo a presidente do legislativo, Sofia Cavedon.
A frente de uma comissão, que incluiu Reginaldo Pujol (DEM), João Dib (PP), Mario Manfro (PSDB) e Adeli Sell (PT), ela foi recebida pelo presidente em exercício do Tribunal, Cezar Miola, na quarta-feira.
Miola “reforçou a posição do Tribunal de que as câmaras devem observar o princípio de anterioridade”. Na nota distribuída pela assessoria não esclarece o que significa esse princípio, nem menciona o valor do subsídio atual dos vereadores da capital.

Tribuna Popular sobre jornais de bairro hoje na Câmara 1w2f31

Nesta segunda, 27, haverá uma “Tribuna Popular” na Câmara Municipal de Porto Alegre que terá como tema: a importância dos Jornais de bairros (e mídia alternativa) nas questões da cidadania da cidade.
A “Tribuna Popular” foi solicitada pelo “Amigos da Gonçalo de Carvalho” e o orador será o “Amigo da Gonçalo” e jornalista Elmar Bones, editor do jornal JÁ.
Por favor, compareçam e prestigiem aquela importante parcela da mídia que normalmente é a única que nos dá voz!
Local: Plenário da Câmara Municipal de Porto Alegre
Data: 27 de setembro de 2010
Horário: 13h 45min

PERFIL – João Pancinha: mandato voltado ao Plano Diretor 5h3l

Por Marcelo Gigante Ortiz


Foto: Bruno Todeschini
Porto-alegrense, 47 anos, casado, pai de 2 filhos, tem formação em Engenharia Civil e pós-graduação em edificações. Tais informações são suficientes para fazer uma apresentação formal do novo vereador da capital João Pancinha (PMDB). Porém, é pouco para descrever o homem João Antônio Pancinha Costa, que tem em sua trajetória de vida ligada ao Rotary Club de Porto Alegre e ao Sport Club Internacional. Eleito com 3.242 votos, o peemedebista direcionará seu mandato a propor melhoras no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental (PDDUA) de Porto Alegre.
Para isso, o vereador fez questão de participar da Comissão da Câmara que revisa o PDDUA, na qual ele integra a 5ª Temática, Proteção e Preservação do Patrimônio Cultural e Natural da Cidade. Entre as alterações necessárias, Pancinha destaca a necessidade de um plano específico para a Orla do Guaíba e um que trate da maré viária. “Eu, que sou ligado à área da engenharia, estou muito preocupado com o assunto”, conta o vereador, que também demonstra inquietação por causa das famílias que moram em áreas irregulares.
É na própria família que o engenheiro, que gosta de usar roupa social e ler a Revista Isto É, busca o exemplo para a sua atuação como profissional e político. “Eu procuro seguir muito a linha da minha família, a minha família é uma referência, meu pai é uma referência”, conta o vereador, que seguiu a mesma profissão do seu progenitor.
Casado com Rose Costa há 23 anos e pai de Thiago, 19, e Lucas, 14, Pancinha escolheu para os filhos o mesmo colégio em que estudou durante boa parte de seu período escolar. A escolha: La Salle Dores. O motivo: “é uma escola voltada mais à família, à responsabilidade, ao cuidado com o próximo”, justifica.
A preocupação com o próximo e o desejo de praticar o bem levou o agora vereador a ingressar no Rotary Club de Porto Alegre, uma organização de líderes empresariais e profissionais que prestam serviços humanitários. Sócio há cerca de 15 anos, Pancinha já foi duas vezes presidente, além de secretário e governador-assistente.
O que o peemedebista também praticou bastante nos últimos quatro anos foi o diálogo com as comunidades de Porto Alegre. Isso porque, de 2005 a 2008, Pancinha trabalhou como Coordenador da Assessoria Comunitária do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP). Neste período, o DEP realizou uma das obras mais famosas da gestão do prefeito Fogaça, o Conduto Forçado Álvaro Chaves, que tem o objetivo de terminar com as enchentes na capital gaúcha. “Eu ia lá, explicava como era a obra, quanto tempo ia ficar parado, aberto. Aquela situação me jogou dentro das comunidades”, explica o vereador.
Outro vínculo que o pai do Thiago e do Lucas criou com parte da população porto-alegrense ocorreu através do seu trabalho no Sport Club Internacional. No colorado, ele teve um grande desafio como : ser diretor das categorias de base na transição da Lei do e para a Lei Pelé. Após a aprovação da Lei Pelé, os clubes perderam o vínculo com os seus jogadores, que ficam livres após o término de seus contratos. “Naquele período nós fizemos 94 contratos de atletas das categorias de base. Foi o que possibilitou ao Inter se garantir”, conta.
Ainda nas categorias de base, Pancinha trabalhou com o atual técnico do Corinthians, Mano Menezes. Segundo o vereador, os dois são responsáveis pela descoberta de Nilmar, hoje ídolo do Inter. “Eu sou o culpado”, diz orgulhoso, se referindo ao sucesso do craque no Beira-Rio. Sobre Mano, ele diz que será um dia o técnico da Seleção Brasileira, entre outros elogios.
Quem também recebe elogios do peemedebista são figuras históricas da política nacional e “sinônimos de retidão”, como Tancredo Neves, Ulisses Guimarães e Pedro Simon. Por sinal, os três do PMDB. Sobre a escolha da sigla para a sua trajetória na política, Pancinha justifica lembrando a luta contra o regime militar na época em que só existiam o MDB e a Arena.
É também dentro do partido que o engenheiro tem suas referências políticas mais próximas: o deputado federal Mendes Ribeiro Filho e o deputado estadual Luiz Fernando Záchia. Sobre os dois, o vereador diz querer seguir a forma honesta e transparente que eles fazem política. Aliás, Pancinha foi o coordenador da campanha que levou Mendes à Câmara dos Deputados em 2006.
As boas relações no PMDB, o trabalho comunitário no DEP, as atividades do Rotary Clube e a ligação com o Internacional são fatores que com certeza ajudaram o vereador a alcançar os seus mais de 3 mil votos nas eleições de 2008. Agora eleito, além de trabalhar no Plano Diretor, o rotariano pretende formar parcerias entre o terceiro setor e o poder público. “Gente querendo ajudar está cheio. Nós temos que fazer com que quem queira trabalhar chegue perto de quem precisa”, explica. “Se eu conseguir fazer isso, acho que realizo um bom mandato”, completa confiante.

PERFIL – Fernanda Melchionna: a vereadora sem papas na língua 2c394e

Por Marcelo Gigante Ortiz
Na porta de entrada do gabinete, um cartaz não perdoa a governadora do Estado: “fora Yeda”, diz. Em uma parede, um retrato de George W. Bush acompanhado da afirmação: “procurado por crimes contra a humanidade”.
No centro de todos esses órios, a personalidade política combativa da mais jovem vereadora de Porto Alegre, Fernanda Melchionna (Psol). Vinda do movimento estudantil, a bibliotecária de 25 anos é iradora de Che Guevara e Hugo Chávez, mas não se entusiasma com o líder norte-americano Barack Obama.
Por todos esses ingredientes, seria fácil taxar Fernanda de radical. Porém, quem a observar além das adjetivações poderá perceber uma jovem com boa capacidade oratória, acompanhada de um vocabulário rico e conhecimento sobre política. Certa ou errada defende suas ideias com paixão.
Essa paixão pela política teve início em 1997, quando a menina de Alegrete se mudou com a mãe para Porto Alegre. Na época, o governador do Rio Grande do Sul era Antonio Britto (ex-PMDB), que teve seu governo marcado pelas polêmicas privatizações da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) e da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
“Aquela época me despertou. A luta do movimento estudantil, do grêmio da minha escola despertou em mim a necessidade de lutar contra a precarização e a venda do patrimônio público do Estado”, conta a vereadora. Na ocasião, ela tinha 13 anos e estudava no Sévigné, único colégio particular em seu histórico escolar.
Então a socialista se filiou ao Partido dos Trabalhadores (PT) e iniciou a sua militância política, que não foi interrompida pela necessidade de retornar à cidade natal. Em Alegrete, onde o pai de Fernanda participou da fundação do PT local, ela ajudou na organização do partido e participou de campanhas eleitorais.
De volta a Porto Alegre, em 2001, Fernanda ingressou na Faculdade de Biblioteconomia da UFRGS e consolidou sua adesão ao movimento estudantil, chegando a coordenar o DCE da universidade posteriormente.“Foi um ano muito peculiar do ponto de vista da universidade federal(…).
Em diversas, o corte de investimento levou ao sucateamento brutal e a privatização branca”, critica a socialista, se referindo também ao aumento de linhas de crédito concedidas pelo governo a faculdades privadas, muitas vezes de qualidade duvidosa. Aliás, esse tipo de reclamação era comum entre os filiados do Partido dos Trabalhadores.
Porém, em 2003, a opção pelo PT se transformou em decepção. Ela abandonou a sigla e se juntou a Luciana Genro, Heloísa Helena e tantos outros que fundaram o Partido Socialismo e Liberdade (Psol), do qual Fernanda nunca mais saiu. Ao justificar a mudança, a vereadora cita a frustração provocada pelas reformas da Previdência e Universitária, propostas pelo governo Lula na época.
Mas o atual Presidente da República não é o único alvo do arsenal de críticas da jovem. Mesmo sem ser provocada, ela lista diversas situações e personagens da política nacional que a incomodam.
Edmar Moreira (DEM), ex-corregedor da Câmara de Deputados e dono de um castelo, Daniel Dantas, banqueiro bem relacionado no meio político e investigado por crimes como lavagem de dinheiro e sonegação fiscal e o petista Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-candidato à presidência da Câmara, não são perdoados. Sobre o último, ela alfineta: “era advogado do movimento social e agora é advogado do Daniel Dantas, olha que degeneração política e moral”.
Em relação ao governo do Estado, Fernanda pega mais pesado. Além de questionar a eficácia do projeto da secretaria de Educação que vincula os benefícios dos professores a índices de desempenho e criticar o fechamento de escolas, a vereadora chama o grupo governante de “a quadrilha instituída lá no Palácio Piratini”. Continuando assim, não será difícil criar muitos adversários no mundo político.
Preferências
Porém, quem quiser enfrentar a jovem em um debate terá que estar bem preparado. Além de conhecer política, ela mostra ter bastante cultura. Por sua retina, já aram a literatura de Jorge Amado, Gabriel García Márquez e Dostoiévski.
Ainda sobre livros que leu, Fernanda cita “O Abusado”, de Caco Barcellos e “Os Miseráveis”, de Victor Hugo, de cunho social. E como não poderia deixar de ser, Marx, “O Manifesto Comunista” e “O Capital” (livro que ela ainda está lendo), e Eduardo Galeano, “As Veias Abertas da América Latina”, leituras obrigatórias para qualquer ativista de esquerda.
Sobre cinema, também preponderam filmes que exploram problemas sociais, embora estes não sejam todos. Na lista, encontram-se “Pão e Rosas”, que narra a situação de trabalhadoras imigrantes mexicanas nos EUA, “Coisas Belas e Sujas”, que fala sobre imigração e tráfico de órgãos, “Princesas”, que conta a estória de duas prostitutas que vivem na Espanha. Além destes, “Ensaio sobre a Cegueira”, do diretor brasileiro Fernando Meirelles e “Diários de Motocicleta”, que narra uma viagem que o estudante de medicina argentino Ernesto Guevara de la Serna fez pela América Latina, antes de se tornar um revolucionário.
Aliás, esse tal estudante, hoje conhecido como o revolucionário comunista Che Guevara, é um dos ídolos da moça. O motivo, “sonhar e acreditar que os sonhos se concretizem”, que era o que ele fazia segundo ela. Ainda na América Latina, a vereadora diz irar o governo do venezuelano Hugo Chávez e enfatiza o sucesso dos números sociais de sua istração.
No Brasil, a vereadora se guia pelas correligionárias Luciana Genro e Heloísa Helena, por achar que elas não se venderam ao jogo sujo do poder. “Por serem mulheres também. A gente sabe da diferença de gênero que ainda existe na nossa sociedade”, completa, demonstrando um viés feminista.
Mas a iração emprestada à Chávez e às colegas de partido não se estende ao novo presidente dos EUA, Barack Obama. Segundo a vereadora, a eleição do democrata foi uma negação dos norte-americanos à Guerra do Iraque orquestrada por George W. Bush, e só. Pela equipe econômica e pelas primeiras ações de Obama, a socialista acredita que ele se transformará em uma “frustração eleitoral”.
Fernanda, porém, não pretende frustrar seus 2.984 eleitores. Para isso, a aquariana de olhos verdes, que foi empossada vereadora com uma bandeira da Palestina nas costas, promete lutar contra o projeto do Pontal do Estaleiro, que permite a construção de residências em parte da orla do Guaíba.
Sobre o projeto ela afirma: “estão rasgando o Plano Diretor de Porto Alegre”. Outra preocupação da jovem é a regularização fundiária de 800 comunidades da cidade, que, segundo ela, não recebem a mesma atenção dos políticos que os projetos que mudam a fotografia da cidade.
Fora isso, restam algumas preocupações privadas, como uma eventual desorganização do gabinete, uma conta atrasada para pagar no banco e a dificuldade em diminuir, ou talvez um dia, acabar com o hábito de fumar. “Eu vou ver se consigo estabelecer uma meta diária e tentar controlar os cigarros por dia”, conta esperançosa.