Na Feira, a história do menino Brizola 3h355x

Leonel de Moura Brizola não é uma personalidade que se encaixe nos padrões tradicionais dos políticos. Carismático, arrojado, seria o clássico demagogo, que cativa a massa instintiva e instantaneamente. Mas não era só isso. Era um gestor, um planejador, um realizador, tudo isso temperado por uma capacidade de trabalho descomunal e uma refinada sensibilidade para a questão social. Deputado estadual, deputado federal, prefeito de Porto Alegre, governador do Estado, em dez anos – de sua estreia em 1947 à eleição espetacular de 1958. Brizola pagou o preço de permanecer fiel ao povo de onde emergiu. Se o tivessem apanhado nos dias do golpe de 1964, ele teria sido morto. Sobreviveu e voltou ao Brasil depois de 15 anos de exílio e perseguições que nunca cessaram, para retomar o fio de sua trajetória. Foi duas vezes governador do Rio de Janeiro, mas as elites mais uma vez o impediram de chegar à presidência. O menino que se tornou Brizola, ao trazer fatos inéditos da fase inicial de sua vida, é uma valiosa contribuição à compreensão do fenômeno Brizola, o líder popular fiel às suas origens. A busca pelas raízes de Brizola Cleber contou com o apoio de jornalistas experientes como João Borges de Souza – editor executivo do livro –, Kenny Braga e Elmar Bones, para criar uma grande reportagem sobre a vida de Leonel de Moura Brizola, recheada de curiosidades, vitórias, derrotas, decepções, fúrias, perseguições, traições, conchavos, em páginas ilustradas com dezenas de fotos, charges e reproduções de jornais. Através do relato de colegas e professores das séries iniciais, familiares, amigos de infância, correligionários e, inclusive, a versão de desafetos políticos, Cleber narra a luta do adolescente para sobreviver na cidade grande e sua persistência nos estudos, as amizades, o início do namoro com sua futura mulher, o primeiro contato de Brizola com o trabalhismo, até se tornar um grande nome da política nacional. Também traz o depoimento de militares que acompanharam as últimas horas de Brizola em Porto Alegre, antes de se retirar para o litoral gaúcho e, em seguida para o Uruguai. Para narrar como o ex-prefeito e ex-governador viveu os anos de angústia no exílio, o autor foi a campo, entrevistar correligionários, vasculhar arquivos históricos, museus, bibliotecas, secretarias de escolas, igrejas e cartórios. E percorreu os mesmos caminhos onde nasceu e cresceu o quinto filho de Oniva e José Brizola, nos distritos de Cruzinha e São Bento, até encontrar o pequeno cemitério, numa estrada de chão batido, onde repousam os Moura Brizola. 3h5y4v