Ex-secretário propõe pacto entre PMDB e PT no Estado 226g5n

Elmar Bones As palavras mais pertinentes e sensatas sobre a crise no setor público do Rio Grande do Sul estão na entrevista do ex-secretário do Planejamento, João Carlos Brum Torres, deu ao repórter Guilherme Kolling, publicada no Jornal do Comércio desta segunda-feira. Pela primeira vez alguém com autoridade chama a atenção para a brutalidade do “ajuste fiscal” que já se estende por pelo menos quatro governo, sem conseguir dar um equilíbrio estável às contas do Tesouro do Estado. “O ajuste vem sendo feito há muito tempo à custa da diminuição de investimentos e sucateamento de serviços públicos, inclusive em áreas importantes como segurança e educação”, diz Brum Torres. “Para o Presídio Central se tornar o pior do Brasil é porque há muito tempo estamos fazendo investimentos baixos nessa área, por conta do ajuste de contas”. “Há uma necessidade de manter a sanidade fiscal, mas é preciso se dar conta de que algumas coisas do ajuste fiscal foram longe demais”. Ponderado, mas contundente, o ex-secretário diz que o governo Yeda apenas aprofundou os cortes que já vinham sendo feito e que o equilíbrio obtido, principalmente pelo aumento da arrecadação, é instável. “É um equilíbrio que depende de crescimento econômico forte e preservação dos custos baixos do setor público”. Um exemplo citado por Brum Torres mostra o que significa o ajuste em termos de futuro para o Estado: em 2009 o governo Yeda investiu em torno de R$ 1 bilhão; o governo de José Serra, do mesmo partido, em São Paulo, investiu R$ 20 bilhões. Ou seja: a economia de São Paulo é cinco vezes a gaúcha, mas os investimentos são vinte vezes maiores. A distância só vai aumentar. O ex-secretário aponta dois desafios principais: um desafio de gestão, “de conseguir a reestruturação da máquina pública, sem conflagrá-la”. Os governos anteriores não conseguiram, “este governo não está conseguindo”. Um desafio de representatividade: “Não temos sido capazes de fazer com que o Rio Grande do Sul seja uma voz ouvida no cenário nacional”. A saída, segundo Torres, está na política. Ele avalia que na eleição deste ano se repetirá o confronto PMDB- PT. E vê uma oportunidade: “Acho que ambos podem vir a compreender que o Rio Grande do Sul tem tudo a ganhar se houver um entendimento mínimo de composição entre os dois partidos, em função dos grandes interesses do Estado”. Torres acredita que o perfil dos candidatos já indicados (José Fogaça e Tarso Genro) facilita as coisas. “Ambos devem estar conscientes de que o entendimento entre esses dois partidos é uma condição para a melhora da posição do Rio Grande do Sul no contexto nacional. Deveria haver um pacto de, pelo menos, uma oposição construtiva, por ambas as partes.” k1d69

Crise sem fim abala a cúpula política do RS 4xe6z

Cleber Dioni
Motivo do inquérito permanece em segredo
Parece não ter fim a crise ética que atinge as estruturas do poder no Rio Grande do Sul. Desde o início de 2008 não a uma semana sem que estoure uma bomba, envolvendo políticos e funcionários situados na cúpula do poder político do Estado.
Começou com a “fraude dos selos”, que envolveu dois deputados estaduais e funcionários graduados da Assembléia Legislativa no desvio de R$ 3 milhões.
O caso ainda ocupava as manchetes quando uma bomba ainda maior estourou com a “Operação Rodin” em que a Polícia Federal desmontou um esquema criminoso que desde 2003 já havia se apropriado de R$ 44 milhões do Departamento Estadual de Trânsito.
Por conta da “fraude do Detran” já caíram quatro secretários do governo estadual e o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas foi afastado do cargo.
Na I que procurou estabelecer as responsabilidades políticas no caso, surgiu a denúncia de irregularidades na compra da casa da governadora Yeda Crusius, hoje sob investigação do TCE.
Agora, fica-se sabendo que desde o dia 1º. de agosto, o Ministério Publico Federal está autorizado pelo do Supremo Tribunal Federal investigar oito pessoas num inquérito, originado em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre e que corre em segredo de Justiça.
A autorização do STF era necessária, porque o caso envolve quatro pessoas com foro privilegiado: os deputados federais José Otávio Germano, ex-secretário estadual de Segurança, e Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes (Governo FHC), o presidente da Assembléia Legislativa, Alceu Moreira (PMDB), o prefeito de Sapucaia do Sul, Marcelo Machado, e o secretário estadual de Habitação e Saneamento, Marco Alba, também deputado pelo PMDB.
O inquérito, de número 2.741, com 12 volumes e 2.895 páginas, por decisão do ministro Marco Aurélio de Mello, relator do processo, foi mantido em segredo de Justiça. Além dos quatro políticos com mandato e, portanto, com foro privilegiado, estão implicados o chefe de gabinete da Prefeitura de Sapucaia do Sul, Renan Presser; o secretário de Governo da Prefeitura Municipal de Canoas, Francisco de Oliveira Fraga (PTB), um dos réus na fraude do Detran; e Marco Antônio Camino.
No site do STF consta que no dia 15 de agosto, o deputado José Otávio Germano pediu para ter o ao processo, o que lhe foi negado. A mesma providência foi tomada por Eliseu Padilha, com o mesmo resultado.
Nem o MPF, nem o ministro Marco Aurélio Mello, revelaram o objeto do inquérito. Pelas ligações entre os envolvidos, depreende-se que a denúncia envolva desvio de verbas na área de saneamento, onde estão investidos R$ 1 bilhão em recursos do PAC, o programa de aceleração do crescimento do governo federal.
Quem é quem
Otávio Germano (PP) foi secretário de Segurança no governo anterior (Germano Rigotto) e tem seu nome implicado nas investigações da Operação Rodin, que indicia várias pessoas próximas ao deputado.
Eliseu Padilha é secretário geral do PMDB no Rio Grande do Sul e trabalha para ter seu nome indicado pelo partido para concorrer a governador em 2010.
Alceu Moreira (PMDB) é o atual presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Ele foi secretário da Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano no governo Germano Rigotto.
Marco Alba exerce, no momento, o cargo de Secretário Estadual de Habitação, Saneamento e Desenvolvimento Urbano no governo de Yeda Crusius (PSDB).
Alceu Moreira e Marco Alba tem vínculos estreitos com o deputado federal Eliseu Padilha. Alba tem sob sua responsabilidade a aplicação de um bilhão de reais em obras de saneamento incluídas no PAC.
Francisco Fraga é secretário de governo da prefeitura de Canoas, e também ligado a Eliseu Padilha.

Raízes da crise no Estado presentes na eleição k4e1h

As eleições municipais acontecem em meio a uma grave crise política no governo de Yeda Crusius, mas com conseqüências para todos os partidos.
As siglas foram duramente atingidas na sua credibilidade e a classe política como um todo está abalada.
Parece que ninguém aprendeu a lição.
As candidaturas concorrentes ao Paço Municipal repetem a fórmula das alianças pragmáticas, que, via de regra, resultam no loteamento de cargos após o pleito, como foi escancarado pelo ex-chefe da Casa Civil Cézar Busatto no governo do Estado.
Para ganhar mais tempo na propaganda eleitoral gratuita, Onyx Lorenzoni (DEM) entregou a vice-candidatura de sua chapa a Mano Changes (PP) e prometeu pagar as despesas de rádio de tevê dos candidatos progressistas na proporcional.
Manuela D’Ávila busca convencer o eleitor de que a união entre PPS e PCdoB é coerente e demonstra a vontade de superar antigas divergências entre os partidos. Corre o risco de ser ver a história do Piratini se repetir na esfera municipal, com outros personagens.
Disfarçando a candidatura de Marchezan Jr. de independência política, o PSDB não precisou entrar no jogo antes do segundo turno e poderá escolher com tranqüilidade quem apoiar quando o momento oportuno chegar.
Como seus tradicionais apoiadores optaram por candidaturas próprias em busca de um projeto de poder, a Frente Popular do Partido dos Trabalhadores foi formada com uma sigla de empresários, o PRB, que abriga o vice de Lula, José Alencar.
No meio de tudo isso, o eleitor não pode contar nem com os jornais, que desde os tempos da ditadura, desaprenderam a ter um discurso próprio, repetindo apenas o que as assessorias de imprensa escrevem nos press-releases.

Yeda tenta sair do olho do furacão 436a1a

Cleber Dioni e Elmar Bones
A governadora Yeda Crusius decidiu não esperar a segunda-feira para tomar providências e tentar tirar seu governo do epicentro do furacão político que há uma semana abala as estruturas do poder no Rio Grande do Sul.
Na tarde chuvosa do sábado, convocou a imprensa para anunciar a saída de quatro auxiliares diretos – dois secretários (já são três), o chefe da representação do Estado em Brasília, e o comandante da Brigada Militar – envolvidos em denúncias de corrupção..
“Eu consultei muita gente, nós somos de um partido cujo estatuto é parlamentarista, nós realizamos uma reunião do Conselho Político e nós queremos reafirmar a bandeira da ética e da transparência, ” disse a governadora.
A posição de Delson Martini, secretário geral do governo, era insustentável desde segunda-feira quando foram divulgadas na I do Detran as gravações feitas pela polícia federal na Operação Rodin, onde ele era mencionado em diversos diálogos.
Cézar Busatto, chefe da Casa Civil, foi abatido na sexta-feira com a divulgação da fita de uma conversa entre ele e o vice-governador Paulo Feijó. No diálogo, Busatto dá uma aula de realismo político para justificar porque foi acobertado o Detran e não se investiga o Banrisul. São “fontes de financiamento”, um do PP, outro do PMDB, diz Busatto.
O chefe da representação estadual em Brasília, Marcelo Cavalcante caiu ante a evidência de suas relações com Lair Ferst, um dos pivôs do esquema que desviou R$ 44 milhões do Detran. Mais ou menos o mesmo motivo que derrubou o secretário do Planejamento, Ariosto Culau, há duas semanas.
O comandante da Brigada Militar, coronel Nilson Bueno, é um caso a parte. Ele é acusado de receber diárias por viagens em que não estava a serviço. A Justiça Militar acolheu a denúncia do Ministério Público e o coronel, que nega as acusações, terá que permanecer afastado durante as investigações que apuram os fatos.
Nos comentários que fez após o anúncio das demissões, a governadora manifestou sua indignação “pelo comportamento do vice-governador” e fez questão de deixar claro que a conversa com Feijó ocorreu por conta e risco do chefe da Casa Civil.
“Busatto é um homem espiritualista, um homem de paz, não me avisou, porque achava que podia fazer esse trabalho e resultou nisso que ele saberá enfrentar e dar a volta por cima. Tudo que ele fez na vida não se apaga com uma gravação”.
Com isso rechaça a acusação principal da oposição, de que tinha conhecimento das irregularidades, mas não tomou providências, o que, se confirmado, abriria caminho para um pedido de impeachment.
Sobre o loteamento das secretarias e as fontes de financiamento dos partidos referidas por Busatto, Yeda disse que como deputada federal, via isso acontecer, e que por isso trabalhou contra essas práticas e que, no governo, cortou 30% dos cargos de confiança. “Isso naturalmente provocou reações, todas as mudanças que realizamos geram reações e nós sabíamos que iríamos pagar por isso”, completou.

"Sirvam nossas patranhas de modelo à toda terra…" 4r4t5l

Elmar Bones
As gravações ouvidas nos últimos dias estão expondo as vísceras da política no Rio Grande do Sul. Estão pondo abaixo o mito de que no Estado se pratica uma política diferenciada – mais ética, mais comprometida com o interesse público.
Havia até uma referência histórica para isso, o positivismo borgista com seu moralismo. Agora vai ficando claro que era só para rechear discurso.
Nos anos 60, Franklin de Oliveira escreveu “Rio Grande do Sul, o novo nordeste”, livro polêmico. Dizia que o Estado estava empobrecendo e apresentava níveis de desenvolvimento equivalentes ao dos mais pobres estados nordestinos.
A profecia de Franklin de Oliveira para a economia se realizou na política. No sentido de usar a política para se apropriar do dinheiro público, o Rio Grande do Sul parece hoje o velho nordeste. Aquele dos coronéis, que confundiam o seu com o do Estado ou vice-versa.
Por mais que o deputado Cezar Busato tente explicar, o que está declarado nas gravações tem coerência total com o que realmente acontece.
O Banrisul é uma das fontes de financiamento do PMDB, diz Busato.
Todos sabem que o presidente do Banrisul é uma indicação do senador Pedro Simon, desde o governo Rigotto e que permanece no cargo por vontade do senador. O senador Pedro Simon tem se mantido distante do governo, sem abrir mão do seu campo de influência.
O Detran seria, segundo a afirmação de Busatto, a fonte de financiamento do PP, com Otávio Germano à frente. “Custa muito caro romper com Otávio Germano”, diz Busatto em seu diálogo com Feijó.
Em seguida, em demonstração de realismo político, o secretário descreve como ocorrem as relações dos grandes partidos dentro da estrutura do Estado.
Em cada momento a fonte é uma: já foi o Daer ( “Quanto tempo sustentou? Fortuna no tempo das obras”), a CEEE e, agora, o Banrisul e o Detran.
As conversas gravadas pela polícia federal na Operação Rodin mostram como os grupos operavam por dentro da máquina pública. As fitas divulgadas por Feijó mostram como se dava a cobertura política para essas operações.
Nesse ritmo, será necessário mudar o hino. Em vez de façanhas, “sirvam nossas patranhas de modelo à toda a terra”.

I do Detran chega ao Palácio Piratini 394o2z

Elmar Bones e Cleber Dioni
As gravações apresentadas na sessão da I do Detran na tarde desta quarta-feira, no plenarinho da Assembléia, tornaram inevitável a convocação do secretário geral de governo Delson Martini.
Até deputados da base governista, inclusive o relator Adilson Troca (PSDB), ao final da sessão, am o requerimento que será votado na próxima segunda feira para convocar Martini.
As gravações resultam de escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, com autorização judicial, de maio a novembro do ano ado. São mais de 20 mil horas de escutas segundo a PF.
Delson Martini, que na época era presidente da CEEE, é citado em diversas conversas. Numa delas, Antonio Dorneu Maciel, que na última segunda-feira negou qualquer conhecimento do esquema criminoso, diz que “o Delson vai falar com a governadora”, presumivelmente para esclarecer as divergências que começaram a surgir entre os diversos grupos que se beneficiavam do esquema. Maciel, em pelo menos duas gravações, faz críticas pesadas a Yeda Crusius.
O plenarinho, no terceiro andar do Legislativo, onde a I realiza suas sessões, estava lotado, e trechos das fitas arrancaram gargalhadas dos presentes. No final havia uma sensação generalizada de que o Palácio Piratini não conseguirá mais evitar a presença de Martini como depoente.
Ao final da tarde, quando o conteúdo das gravações era o principal assunto dos noticiosos de rádio, o secretário-geral convocou uma coletiva de imprensa para declarar-se inocente. “O que aparece nas gravações são referências a meu nome por terceiros para obter uma audiência com a governadora, jamais como presidente da CEEE poderia interferir em outro órgão”, afirmou. A entrevista foi tumultuada e encerrou-se 17 minutos depois, quando Martini se irritou com a pergunta de um repórter.
O porta-voz do Governo, Paulo Fona, disse que o secretário, se for convocado, não terá “nenhuma dificuldade em comparecer para esclarecer tudo”. O porta-voz fez questão de minimizar a repercussão das gravações, afirmando que “nada de relevante” havia sido revelado e que todo o barulho em torno do assunto decorre de motivações políticas.
Escutas comprovam esquema criminoso
Duas horas de conversas, de 34 gravações interceptadas pela Operação Rodin e divulgadas ontem pela I, deixaram os deputados estarrecidos com o esquema criminoso que envolveu o Detran, duas fundações, Fatec e Fundae, vinculadas à Universidade Federal de Santa Maria, e empresas sistemistas que participaram da fraude que desviou pelo menos R$ 44 milhões dos cofres públicos.
Além dos investigados pela Polícia Federal que hoje são réus no processo judicial em Santa Maria, os diálogos envolveram os nomes do deputado federal José Otávio Germano (PP) e de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, que estaria ando informações privilegiadas sobre investigações do MPE ao ex-presidente do Detran Flávio Vaz Neto. As conversas revelaram também críticas pesadas à governadora Yeda Crusius e a possibilidade de Yeda resolver questões ligadas aos contratos com o Detran.
Germano voltou a negar que tivesse conhecimento dos sistemistas. A governadora não se pronunciou.
As gravações deixam claro que o esquema montado no Detran tinha uma sustentação política que alcança altos escalões do poder. A casa caiu quando os diversos grupos que dividiam o botim se desentenderam.
“É uma tarde triste. Ficamos perplexos com o que ouvimos”, sintetizou o presidente da I, deputado Fabiano Pereira (PT). Para ele, em pelo menos duas ligações, Yeda é citada como quem decidiria a disputa entre os sistemistas do Detran.
Em um dos diálogos entre os réus Flávio Vaz Neto e Antônio Dorneu Maciel fica claro que Delson Martini era quem deveria esclarecer, em nome da governadora, o caminho a seguir nas negociações entre o Detran, a Fundae e os sistemistas.
Para Bohn Gass, ficou evidenciado que era Martini o responsável por decidir a disputa que estava ocorrendo entre duas facções da fraude, uma ligada a Lair Ferst e Chico Fraga e outra ligada a Vaz Neto e Maciel.
Para o deputado petista, os áudios explicitam, também, que a governadora sabia de tudo e determinou o que fazer através de seu homem de confiança, Delson Martini. “Os áudios não deixam dúvidas do envolvimento do centro do governo. O que vi aqui foi o desmoronar de um governo inteiro. A casa caiu!”, declarou.
A I realiza nova audiência pública hoje, a partir das 18h, no plenarinho da Assembléia Legislativa e deve ouvir Alexandre Barrios, Rosmari Gress Ávila Silveira e José Antônio Fernandes, dono da Pensant. O requerimento convocando Delson Martini será votado na próxima segunda-feira, dia 9. O secretário tem até o dia 19 para comparecer à Comissão. Até onde vai chegar? Não perca os próximos capítulos.
Selecionamos quatro dos trechos mais contundentes:
Conversa 1:
Agosto de 2007.Conversam Flávio Vaz Netto e um Homem Não Identificado ( o HNI do jargão policial). Suspeita-se que seja Antônio Dorneu Maciel.
HNI – Me diz de que forma isso vai acontecer?
Vaz Neto – Vai para o Pleno amanhã. O Pleno vota e a a inspeção especial com relação a esses contratos e inicia um procedimento, vão pedir informações, mas eu acho que está bem.
HNI – Eu não pude falar com Brasília, ficou de me ligar depois. O amigo que tava na Europa chegou e quer conversar. Eu disse pra ele que houveram vários acidentes de percurso, mas o pretérito está resolvido, e que depois chamava ele pra conversar comigo e contigo. Já botei aquela minhoca com o Delson (secretário-geral de governo). Eu vou saber dele para quem era mesmo, ok.
Vaz Neto – Tá
Conversa 2
Flávio Vaz Neto com Antônio Dorneu Maciel. “Ele”, mencionado no diálogo seria Lair Ferst, segundo a Polícia Federal. Ferst estaria pressionando o secretário-geral de Governo Delson Martini pela sua permanência no esquema. Maciel teria conversado com Martini para receber uma orientação da governadora sobre essa situação.
Antonio Dorneu Maciel – Se puder pergunta pra ele se a orientação é do Delson.
Flávio Vaz Neto – Tá bem.
– Eu acho que era bom, né?
FVN – Acho que sim.
– Se tiver chance, depende do ambiente, porque isso não é assunto para atropelar. Ele disse que vai falar com ela, ela vai falar com ele. Mas ele já tá aceitando porque ele me disse que ela é sem vergonha mesmo, ela faz assim, ela logra as pessoas, joga uns contra os outros, já ta criando inimizades do Flávio comigo, ele disse.
FVN – É aquela história né, tchê, se é guerra é guerra, eu preciso me preparar para a guerra.
– Até porque ele disse isso, mas eu disse pra ele que quem vai definir é ela.
FVN –Então, porque o Flávio não me falou ainda, nós não marcamos uma reunião para tratarmos desse assunto com o cara. – É isso aí, se tu tiver chance boa, governadora ta dando um pequeno ime lá, sigo orientação do Delson? Pronto. Já avisei o Delson, viu.
FVN – Já avisaste ele?
– Ele disse : o quê? Não diz? Na volta nós nos falamos.
FVN- Guerra é guerra. Eu não posso chegar nesse nível.
– Tu vê isso aí e depois tu fica frio, não atropela, para nós pensar até amanhã.
FVN – Tá bom, e dele com relação a mim, qual foi a atitude?
– De desencanto. Ele queria ser parceiro na desgraça, na alegria, na bonanza, na fartura, entendeu?
Conversa 3:
Flávio Vaz Neto fala com sua secretária:
FVN – Avisa que eu preciso falar com ele amanhã ainda, eu preciso sair e depois faço contato.
Secretária – Eu marco algum específico com ele ou deixo para amanhã?
FVN – Pode até ser aí, lá por volta das três da tarde.
Suspeita da polícia federal: “Ele” seria Lair Ferst.
Conversa 4
Flávio Vaz Neto com HNI (Homem não identificado). A polícia tem convicção que se trata do deputado federal José Otávio Germano
– FVN – Alô?
– HNI – Alô. Fala liderança. Você tá bem. O ombro ta bem?
– FVN – Não sabe o que incomoda essa merda
– HNI – te inteirou dos assuntos
-FVN– Sim, me inteirei dos assuntos. Eu avalio positivamente, embora à primeira vista possa preocupar. Na verdade são questões pretéritas, centradas na ausência de licitação dos terceirizados e há uma representação do Ministério Público do próprio Tribunal que vai ser submetido ao Pleno amanhã pra que se inicie uma inspeção inicial pra tratar desse assunto.
Eu conversei hoje de manhã com o Buti (Luiz Paulo Germano, irmão de JOG). Se isso ar amanhã, que na avaliação interna é uma circunstância quase inevitável, vai se iniciar um processo jurídico, de informações e tal, e essas informações, todas elas já foram prestadas oficialmente pelo órgão e deverá ser depois pela Universidade.
Ou seja, para o órgão, não há essa vinculação. Poderá vir haver pela Universidade, mas aí vamos ter que trabalhar junto ao jurídico pra encaminhar bem esse negócio. Mas não é, pela conversa que eu tive longa, hoje de manhã, um negócio que mereça preocupação além das questões de natureza formal e si própria.
Minha avaliação é que esse negócio acaba limpando a área geral. Porque no modelo atual não há o que ser indagado, então isso vai se prestar ao fim e ao cabo, tratar dessa matéria agora, como uma antecipação da apreciação das contas ordinárias, e limpa geral, ta entendendo?
HNI – Entendi
FVN – E eu; particularmente, arredo da minha pauta por inteiro esse assunto, um ivo que a gente dá por resolvido. Compreendeste o meu raciocínio?
HNI – Compreendi, compreendi, compreendi.
FVN- Mas ta tudo bem, amanhã o outro está indo pra lá, pra já resolver as questões que estavam sem solução e eu vou ficar com uma questão recorrente, um sujeito aqui da região metropolitana (Francisco Fraga) que chegou aí agora e tá querendo contato e tal, só eu tu podia me ajudar com nosso amigo da são chico (Antônio Dorneu Maciel) aí, pra me tirar desse processo, pra me afastar dessa bronca.
HNI – Amanhã eu estou aí e falamos mais
FVN – Porque esse troço não me ajuda em nada e eu já tinha dado por resolvido, já consegui resolver o outro assunto aí dos pensadores, tá tudo tendo solução adequada e fica esse cara aí recorrente com essas demandas.
HNI – Nós falamos pessoalmente então amanhã aí
FVN – Ta bom. Eu tenho que te relatar a minha ida ao Rio de Janeiro, no contato que fiz com aquele pessoal da área financeira, que tem notificações importantes na relação, mas todas boas, todas pro bem. Eu queria dividir contigo essas coisas.
HNI – tu achas que não tem que ter nenhum tipo de ação amanhã então
FVN – não, acho que é bom deixar andar, pra resolver logo isso, eu conversei longamente com o Duti hoje e ele se dispôs a ajudar na construção e eu vou trazer pra dentro do processo pêra ele me ajudar a pensar nas coisas aí
HNI – Tá bom, você tá muito bem
FVN – Tá bem, fica frio aí, um abraço

Governo Yeda vive em dois mundos 2c313n

Na campanha na televisão, o governo Yeda está resolvendo todos os problemas do Estado. Retomou os investimentos e está lançando 12 programas estruturantes que vão projetar o futuro do Estado. Na realidade, o governo Yeda está às voltas com uma crise dupla, que reúne as agruras do desequilíbrio fiscal e as consequências da precarização dos controles nos gastos públicos do Estado.

Cage não tem auditores para cuidar das contas públicas 5t2rk

Se a imprensa (a mídia) decidir ligar os fatos, vai mostrar que por trás de toda essa crise do governo está a enorme crise do Estado, ou seja, do setor público.
Por exemplo: todos esses “furos” em contratos e licitações estão de alguma forma ligados à precarização da Contadoria e Auditoria Geral do Estado, a Cage, sexagenária e respeitável instituição.
Quem conhece o assunto diz que seriam necessários pelo menos 200 agentes fiscais, mas a Cage tem menos de 80. Estão desmotivados, à espreita da aposentadoria. Por conta dessa situação, empresas como Banrisul e CEEE contratam auditorias privadas.
No final do governo Rigotto, a associação dos agentes fiscais patrocinou um levantamento com 30 casos de “ralos” por onde escoa o dinheiro público.
O que tem sido feito nessa área? Esta pergunta não é feita.
Enquanto isso, na televisão…