Por Pedro Lauxen 151g4a
A crise internacional parece não ter chegado ainda ao Bom Fim. Na semana em que a poderosa Microsoft despediu 5 mil empregados e em que dois grandes bancos americanos quebraram, a maioria dos negócios do bairro continua faturando bem, dentro dos altos e baixos comuns do mercado.
Numa amostragem feita pelo Jornal Já, nota-se pequenos sinais de aperto, mas nada de assustar. Segundo Paulo Marcadenti, gerente da loja de móveis Pórtico, “até outubro as coisas iam bem, mas em novembro e dezembro as vendas caíram” – justamente os dois piores meses da crise global.
No mercadinho Lelo, a proprietária Denise Saldanha defende a tese de que os dois últimos meses foram ruins para todos por causa da cidade vazia, quando milhares deixam a capital para veranear, fenômeno já experimentado em anos anteriores. É da mesma opinião seu Don Levy, 75 anos, dono da lojinha Dennys, de cuecas e lingeries, da Osvaldo.
A tradicional Rainha das Noivas sentiu uma queda nas vendas, mas a gerente Joseane Beatriz Pereira Pires mantém a calma e pretende vencer o momento com naturalidade. “Vamos seguir trabalhando que isso a”, projetou. Responsável por nove funcionários, Joseane não precisou fazer nenhum corte de pessoal – e desemprego é sempre o primeiro sinal da crise.
Na área de serviços, o barbeiro Francisco Freitas, da rua João Teles, não viu nenhuma diminuição anormal nos negócios: “Uma pequena redução na freguesia é mais pela praia, porque crise sempre teve nos 43 anos que tenho de Bom Fim”.
Sempre movimentado, o restaurante Casarão não enfrenta dificuldades, mas já pode sentir diferenças nos custos da matéria-prima. Segundo a proprietária, que está atenta às possíveis consequencias da crise, “a carne vermelha está muito cara, estamos priorizando outras carnes no buffet”. O número de almoços vendidos era 30% maior no mesmo período do ano ado e a dona sabe bem por que. “Algumas empresas que não demitiram funcionários, com essa crise cortaram benefícios, como o valor do vale refeição”. explicou.
Não houve grandes efeitos no setor imobiliário. Cláudia Mendes, 31 anos, encarregada do setor de locação da Adacom está vibrando com a procura por aluguel de imóveis. “Esta época sempre é boa porque vem muitos estudantes do interior pro vestibular, mas este ano está acima da média”, lembrou. O movimento nas vendas é estável.
Bianca Aranda, vendedora da loja de moda jovem Forman 4, no conjunto comercial da Vasco da Gama esquina com João Telles, sente falta dos clientes e das comissões que ganha a cada venda. Ela contou que o patrão abriu uma loja em Tramandaí para atender os veranistas, “mas lá também está fraco”. “Acho que o problema não é só pelas férias”, incapaz de ligar o que acontece no balcão com a crise internacional.
No Mercado do Bom Fim,dona Leni Santos, da Flora do Sul, lamenta que o Natal não rendeu nem perto do previsto. “Em dezembro devo ter vendido umas 30 folhagens, sendo que só no sábado eu já vendi 40”. Ela não vê uma influência internacional e reza pra que as coisas melhorem em março.
Um que não culpa nem a crise nem ao veraneio pela baixa nos negócios é o vendedor ambulante Paulo Pereira, 43 anos, 30 deles oferecendo água e refri no parque da Redenção: “Tô acostumado, às vezes o a tarde inteira aqui e não vendo nada, mas tem dia que dá bastante”.