Rafaela Ely Nei havia tocado em Brasília no dia anterior e voltava para Porto Alegre. No Aeroporto Juscelino Kubitschek teve que despachar o instrumento, pois era muito grande e já levava outro na cabine. Quando chegou ao Aeroporto Salgado Filho, o violão não apareceu na esteira de bagagens. O músico procurou a equipe da companhia para saber o que estava acontecendo. Eles lhe informaram que o instrumento fora localizado mas só depois é que disseram que ele estava danificado. “Aí eu me preocupei, eles não teriam dito isso se fosse só um arranhãozinho”, lembra o cantor. O acidente aconteceu porque, na hora de descarregar a aeronave, o violão foi colocado no topo da pilha de bagagens que o veículo de transporte carregava. No caminho, o instrumento caiu na pista e, como se não bastasse, o trator ou por cima dele. Foi com esse violão que Nei compôs a maioria de suas canções. “Era o violão que eu mais gostava”, desabafa. Ele diz que se sentia muito confortável com o instrumento e que será difícil criar uma afinidade assim com qualquer outro. Por ser o mais usado em shows e pelo seu formato, Nei acredita que aquele violão é também uma identidade que as pessoas associam com ele. Esse era um modelo Washburn EA44, da série “Festival” de 1993. Sua construção emprega madeiras nobres e suas laterais e a parte de trás foram fabricadas com jacarandá brasileiro. Nei explica que, por causa das mudanças na legislação ambiental, hoje fica inviável fazer um violão igual a esse. Por isso, como indenização, pediu para a empresa um violão da marca Martin, modelo OMC 16OGTE. “Essa é uma mera equivalência de sonoridade”. Ida e volta a Nova Iorque Como o acidente aconteceu no final da tarde de sexta, só na segunda-feira, dia 18, que o músico tratou o ressarcimento com a companhia. Ele pediu que a empresa lhe desse o violão Martin, e, para indenização de dano moral, uma agem de ida e volta para Nova Iorque. Eles não aceitaram e propam R$ 800,00 para a substituição do violão e duas agens para vôos domésticos. Nei negou a oferta. Em 1993, quando comprou o violão, ele custava US$ 1.100,00. O Martin que ele está pedindo agora vale US$ 1.650,00. “É o mínimo para se equiparar.” Ele explica que não é apenas o valor do violão que importa: “Além da questão meramente técnica, tem a questão subjetiva do instrumento que pautou minha vida”. No dia seguinte, o músico fez um vídeo-protesto que postou na internet. Em menos de 24h teve 4 mil os. Conta que tomou essa atitude, pois acredita que o procedimento padrão das grandes firmas é não negociar com clientes. “Eles preferem entrar na justiça, pois, na média, quem ganha é a empresa.” Para ele isso acontece porque a maioria dos clientes não tem o poder de exercer pressão contra as corporações. No vídeo, ele explicou toda a situação e mostrou o violão destruído. O material repercutiu na internet, principalmente no Twitter. Nei conta que em menos de 24 horas a central de bagagens da companhia já ligava para fazer uma proposta. No dia 21, músico e empresa fizeram acordo de que o violão seria pago e o vídeo retirado do ar. O novo violão ainda não chegou, mas o prazo estabelecido foi de trinta dias. O vídeo sumiu da Web. Apesar de estar completamente destruído, Nei guarda o violão antigo. Ele pretende restaurá-lo “não para tocar, mas para colocar na parede”. Quando pedimos uma foto dele com o resto do instrumento, Nei disse que não: “É muito doloroso”, argumenta. Apesar da dor, o músico se diz “muito agradecido pela mobilização das pessoas e pela presteza da companhia”. O seu novo violão foi despachado de Nova Iorque no dia 27 e deve chegar para o músico na noite do dia 28. Rafaela Ely, estudante de jornalismo. 1z52v
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Feira do Livro atrai 3 mil escolas 291d3i
Por Liège Copstein
A Feira do Livro vai tirar crianças da escola. Calma, explica-se. Com seus vários projetos dirigidos ao educador e às crianças, a feira atingiu este ano o recorde de 3 mil escolas estaduais cadastradas através do diálogo contínuo durante o ano com 12 mil professores.
Segundo a coordenadora da área infanto-juvenil, Sônia Zanchetta, foram milhares de e-mails trocados contendo sugestões, críticas, “até xingamentos, todo tipo de comunicação”, brinca ela.
O resultado é que tantas turmas de alunos vão participar das programações do evento, que Sônia chamou mais escritores, além dos agendados, para integrarem a contação de histórias e debates com leitura prévia das obras. E esses autores extra virão gratuitamente e por seus próprios recursos, tamanho é o desejo de participar de um dos encontros.
Esta ano o Teatro Sancho Pança, palco desses momentos, teve sua capacidade reduzida de 1000 para 500 lugares, numa medida ousada porém racional: a meta é melhorar a qualidade do local das palestras e espetáculos.
Confira algumas das maiores atrações da área infanto-juvenil, gratuitas como todos os espetáculos da Feira:
Oficina Histórias para Contar em Casa, onde são os familiares que vão aprender formas e técnicas de contação de histórias, além de exercícios e brincadeiras. Dia 30/10, 10h30, no QG dos Pitocos.
Peça teatral Filhote de Cruz Credo, baseada no livro de Fabrício Carpinejar. Autobiografia de Carpinejar, que por ter uma aparência fora dos padrões estéticos vigentes, sobre agressões (bullying) na escola. Dia 2/11, às 17h, no Teatro Sancho Pança.
Encontro com o músico e escritor Frank Jorge (da banda Graforréia Xilarmônica), Rock´n roll, Literatura e outras coisas mais, dia 4/11, às 9h, na Casa do Pensamento.
Exibição do filme Antes que o Mundo Acabe, de Ana Luiza Azevedo. Daniel (Pedro Tergolina) tem 15 anos e mora no interior do Rio Grande do Sul. Em sua existência restrita, vive seus pequenos dramas: uma namorada que não sabe o que quer, o melhor amigo sendo acusado de ladrão e o pai que reaparece depois de 15 anos. Dia 5/11, 14h, com audiodescrição para deficientes visuais, na Ducha de Letras.
Contação de histórias com Chico dos Bonecos, poeta, contista e arte-educador mineiro que trabalha com o resgate de brinquedos e brincadeiras antigas. No repertório, contos e fábulas oriundos da literatura oral. Dia 6/11, 14h, na Arena das Histórias.
Oficina Histórias para Contar em Casa, onde são os familiares que vão aprender formas e técnicas de contação de históris, além de exercícios e brincadeiras. Dia 30/10, 10h30, no QG dos Pitocos.
Feira do Livro Quase Pronta 49122u
Por Liège Copstein
A menos de uma semana da abertura oficial da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre, a maioria das barracas no entorno da Praça da Alfândega já está montada, e as que ocuparão o espaço infantil, no cais do porto, já se encontram em fase final.
“Estou satisfeita com a organização este ano”, afirma Sonia Zanquetta, a responsável por aquele setor. Satisfação é o sentimento da maioria dos participantes, não só porque a Feira costuma ser um acontecimento festivo também para os que trabalham nela, mas porque ficou para trás a ameaça de que a versão 2010 não acontecesse na praça, em função das obras do projeto arquitetonico Monumenta.
Veteranos do evento, como o livreiro Rudimar Bernardes, da Editora AGE, comemoram: “Nossa expectativa é a melhor possível, depois de toda a polêmica sobre se a Feira seria na praça ou não. Acho que a economia do Brasil está estabilizada e em crescimento, há muitos fatores que vão contribuir para que a gente tenha uma bela feira”.
Afinal, Quem Somos
A AGE, por exemplo, entre os 35 lançamentos que trará, aposta nos títulos de tema espírita, o segmento de longe mais procurado nas vendas de livros no país. É do seu time, por exemplo, o escritor Moacir da Costa de Araujo Lima, estudioso de física quântica e espírita, autor da obra “Afinal, Quem Somos”, que sugere respostas surpreendentes para inquietantes perguntas como: que é realidade? Quanto dela percebemos? Como aumentar a influência de nossa consciência nos acontecimentos? “Todo mundo precisa se encontrar de alguma forma”, filosofa Bernardes, que participa da Feira já há 25 edições.
Em sua opinião, a Feira é realmente ainda o momento de trazer os novatos ao vício da leitura. É quando muita gente pode vir a ter ser primeiro contato com o livro, e mesmo com a verba curta encontrar a felicidade em um balaio, por livros a partir de 3 R$.
Ele, que já esteve ao lado de Mario Quintana e inclusive fez a editoração eletrônica do célebre Lili inventa o Mundo, espera apenas que este ano não haja surpresas tão desagradáveis como o temporal do ano ado, que manteve as barracas fechadas por dois dias, influindo muito no resultado final. “Foi o que me acontece de mais negativo em todos esses anos, mas é assim mesmo, este ano está de novo todo mundo alegre e na torcida para superar os melhores anos do ado”.
Feira declarada patrimônio da cidade 294i2d
Por Liège Copstein
A Feira do Livro edição 2010 pretende manter o desempenho dos últimos anos, atingindo as médias de 100 mil visitantes dia e 400 mil exemplares vendidos aos final do evento.
Unanimidade na simpatia dos portoalegrenses, é preciso dizer que a Feira é opção de lazer mesmo para quem ainda não descobriu a dor e a delícia da leitura, mas aprecia um bom corpo a corpo na multidão, com direito a pipoca, palhaços, esbarrões acidentais em políticos, artistas e amigos que não se vê há muito tempo.
Esse sucesso popular, aliado aos inegáveis méritos culturais, já rendeu em 2006 a medalha da Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República.
Este ano, uma nova honraria veio se somar, esta algo poética: a Feira do Livro de Porto Alegre – a mais antiga em tempo contínuo do Brasil – foi declarada Patrimônio Imaterial da cidade.
E se pensarmos no muito que há de imaterial na literatura – ela não é o objeto do livro, muito menos a tinta e o papel, os mesmos com que se faz bulas médicas e listas telefônicas – fica evidente que esse é um reconhecimento que cai como uma luva a um evento tão simpático.
Criada em 1955, por um grupo de livreiros que pretendia dinamitar a sacralização das livrarias como templos hospitaleiros apenas a iniciados, a Feira hoje está tão na boca do povo como as cocadas de maracujá que o seu Pedro da carrocinha faz em casa e venda às toneladas durante essas célebres primeiras semanas de novembro.
É como afirma o presidente da Câmara Riograndense do Livro, João Carneiro: popularizar a literatura era a motivação inicial há 55 anos atrás, e continua sendo atualmente. “E até agora, estamos conseguindo”.
Paixão Côrtes quer literatura do povo na Feira do Livro 734ia
Por Liège Copstein
O atual patrono da Feira do Livro, Paixão Côrtes, não é apenas “um guasca-largado da campanha”, como o próprio humildemente se intitula.
Na verdade, em sua incansável pesquisa e resgate das tradições artísticas e valores morais do gaúcho, acabou por ser um dos mais ativos editores independentes do RS, trabalhando sem vínculo partidário ou subvenção governamental.
Ele tem nada menos do que 87 publicações, desde a primeira, em 1950 – Lendas Brasileiras, com desenhos de José Lutzemberger – até a mais recente, Danças Birivas do Tropeirismo Gaúcho, deste ano.
Mas o projeto que é a “laranja de amostra” do gaudério neste momento é o MOGAR, Momento Gauchesco Artístico-Cultural Rio-Grandense, que além de organizar cursos e palestras, edita publicações que enriqueçam as bibliotecas dos Centros de Tradições Gaúchas, grupos artísticos e equipes equestres.
São 1500 entidades nativistas só no Rio Grande do Sul, 1800 em Santa Catarina (!!!) e centenas em outros estados e até no exterior, chegando a um milhão de associados.
E falando especificamente de livros e folhetos, o MOGAR trata também da distribuição gratuita dos Pacotes Culturais, compostos de um mix de 20 obras variadas de Paixão Côrtes, que são oferecidos aos CTGs, secretarias municipais de educação, cultura e turismo, museus e bibliotecas públicas, fundações, instituições de ensino de todos os níveis e grupos artísticos.
Porém, como nesse grande pampa de meu deus não existe picanha grátis, há uma exigência: é preciso comprovar que essas instituições tenham ou desenvolvam programas temáticos gauchescos que se integrem aos propósitos do projeto.
No mais, Paixão avisa que do alto das suas 83 invernadas bem vividas, está preparado psicologicamente e fisicamente – “se o meu marca-os autorizar” – para a quantidade de compromissos e emoções que a Feira do Livro vai trazer. “Nunca me achei muito bom nas ´pretas` – que é como os guascas chamam as letras impressas – mas a literatura do povo merece ter seu espaço ao lado da erudição das grandes obras”.
Como ele mesmo diria, “cosa bunita barbaridade”.
Livramento e Rivera promovem feira binacional 491d4r
Por Cleber Dioni Tentardini
Está confirmada a realização entre os dias 18 e 21 de novembro da 1º Feira Binacional do Livro na Fronteira da Paz, nas cidades de Santana do Livramento, no Brasil, e Rivera, no Uruguai.
O evento está sendo organizado pelas istrações municipais, Universidade Federal do Pampa – Unipampa, Direção de Cultura de Rivera, Sociedad de los Poetas Jovenes de Rivera, Biblioteca Municipal de Livramento, Núcleo de Estudos Fronteiriços da UFPEL, Sesc e Sesi.
Dez bancas irão comercializar livros na Casa de Cultura Ivo Caggiani. Os descontos oferecidos ao público ainda não foram definidos. As sessões de autógrafos ocorrerão na Casa de Cultura Ivo Caggiani.
Esta primeira edição não haverá patrono, tendo em vista que são duas cidades participantes, mas o comitê organizador da Feira decidiu homenagear o escritor santanense Arlindo Coitinho, com um prêmio em seu nome que será entregue a personalidades santanenses e uruguaias, e a alunos do ensino fundamental vencedores do concurso Memórias Literárias. Os autores dos melhores textos sobre cultura, costumes, arte, tradição e perspectivas para o futuro na fronteira ainda serão contemplados com oficinas de literatura.
Neste ano, somente os espaços culturais do município gaúcho terão atividades (Confira a programação). Na praça General Osório, defronte à prefeitura municipal, será lançada a campanha “Compartilhando Letras”, onde a comunidade encontrará livros espalhados pela praça, que poderão ser levados para casa.
Segundo a secretária-executiva da Cultura, Marta Pujol, também serão realizadas palestras, oficinas e exposições a fim de promover a integração entre escolas, universidades, livrarias, editoras, espaços culturais, instituições públicas e privadas e comunidade.
“Ao incentivar a leitura queremos conscientizar a sociedade sobre a influência da cultura na educação e na formação intelectual do cidadão”, explica a coordenadora-geral da Feira.
A ideia da 1º Feira Binacional do Livro surgiu na Unipampa, em um projeto de quatro estudantes do curso de istração. As colegas Letícia Alves, Silvia Flores, Deise Moreira e Fernanda Aguirre apresentaram o projeto para a Secretaria Municipal de Cultura de Santana do Livramento, onde a proposta foi prontamente acolhida.
Confira a programação
18 de novembro
Manhã
8h30 – Exposição do acervo das bibliotecas municipais (Núcleo de Estudos Fronteiriços)
9h30 – Início das oficinas
9h30 – Oficina sobre a Reforma Ortográfica (Unipampa)
9h30 – Oficina de Leitura e Interpretação Textual (Biblioteca)
9h30 – Oficina de Leitura Dramática (Cinema Internacional)
9h30 – Oficina de Contação de Contos (Unipampa)
10h30 – Oficina de Leitura e Interpretação Textual (Cinema Internacional)
Tarde
Exposição do acervo das bibliotecas municipais (Núcleo de Estudos Fronteiriços)
14h – Início das oficinas
14h – Oficina de Escritura “Como nasce a inspiração” (Cinema Internacional)
14h – Apresentação teatral “Noite Estrelada” (Sala Cultural)
15h – Hora do Conto (Praça General Osório, Parque Internacional)
17h – Apresentação musical (Casa de Cultura Ivo Caggiani)
18h – Seção de Autógrafos (Casa de Cultura Ivo Caggiani)
19h – Abertura oficial da Feira (Salão de atos)
19 de novembro
Manhã
8h30 – Exposição do acervo das bibliotecas municipais (NEF)
8h30 – Exposição e comercialização de livros (Casa de Cultura)
9h – Início das oficinas
9h – Mesa Redonda “A popularização do Livro” (Casa de Cultura)
9h – Mesa Redonda sobre Integração Cultural ( Unipampa)
9h – Oficina de Literatura (Biblioteca)
9h – Oficina de Leitura e Interpretação Textual (Biblioteca Municipal)
9h30 – Oficina de Leitura Dramática (Cine Internacional)
9h30 – Oficina de Escritura “Como nasce a inspiração” (Sala Cultural)
9h30 – Oficina sobre a Reforma Ortográfica (Unipampa)
9h30 – Oficina de Contação de Contos (Unipampa)
10h30 – Oficina de Leitura e Interpretação Textual (Cine Internacional)
Tarde
14h – Teatro de Rua Grupo Oigalê (em frente a Casa de Cultura)
14h – Hora do Conto (Pr. General Osório, Parque Internacional e Biblioteca Municipal)
14h – Oficina de Línguas (Salão de atos da Casa de Cultura)
14h – Oficina de Escritura “Como nasce a inspiração” (Cine Internacional)
15h – Hora do Conto (Pr. General Osório, Parque Internacional)
18h – Sessão de autógrafos (Casa de Cultura)
21h – Cinema na praça (Pr. General Osório)
20 de Novembro
Manhã
8h30 – Exposição do acervo das bibliotecas municipais (NEF)
8h30 – Comercialização de livros (Casa de Cultura)
9h30 – Oficina de Reforma Ortográfica (Unipampa)
Tarde
14h – Bate papo Cultural (Unipampa)
18h – Capoeira Local (Pr. General Osório)
19h – Charla Literária – “A Literatura de Fronteira” (Casa de Cultura)
19h – Escuela de Tango Local (Casa de Cultura)
20h30 – 8º Mostra de Teatro (Sala Cultural)
21 de Novembro
Manhã
8h – Exposição dos livreiros
8h30 – Exposição do acervo das bibliotecas municipais (NEF)
9h – Mesa redonda “A popularização do livro” (Presenças ainda não confirmadas)
Livro na praça
Tarde
14h – Capoeira (Rol de entrada)
14h – Exposição e comercialização de livros (Casa de Cultura)
15h – Apresentações musicais
15h30 – Dança de rua
17h – Entrega do Prêmio Arlindo Coitinho Memórias Literárias
Um gaúcho chamado Paixão 2q496s
Morreu nesta segunda-feira 27 de agosto, o folclorista Paixão Cortes, o maior pesquisador da cultura popular riograndense, comparável a Simões Lopes Neto.
Este depoimento foi gravado em 2010, quando ele foi patrono da Feira do Livro de Porto Alegre.
Foi o primeiro de uma série que não se completou.
***
ELMAR BONES
Mesmo quando veste calça jeans, Paixão Cortes dá a impressão de estar de bombacha. Penso nisso quando o vejo descer de um carro do Instituto Estadual do Livro na frente do do edifício onde ele mora, na rua André Puente, em Porto Alegre.
Desce atabalhoado com um pacote de folhetos, livros, papéis. Subo no elevador com ele e dona Marina, sua mulher. Ele segue falando como se estivesse continuando uma conversa.
Diz que está chegando da gráfica, onde foi buscar uns folhetos e alguns exemplares do seu livro que será distribuído na Feira. Reclama dos compromissos que não lhe dão folga: “A gente sai dum, entra noutro, sai dum entra noutro…”
O apartamento é simples, um conjunto de estofados, uma mesinha com estatuetas, uma do Laçador.
A dois dias do início da Feira, o patrono está preocupado com a confusão que os jornalistas continuam fazendo nas entrevistas, perguntando sobre o movimento tradicionalista com o qual hoje ele tem profundas divergências.
Paixão Cortes é o “descobridor” do gaúcho riograndense. Numa época em que os gaúchos eram considerados “almas bárbasra egressas do regime pastoril”, como escreveu José Veríssimo, ele foi buscar as origens da cultura popular do pampa brasileiro.
Foram suas pesquisas, com Barbosa Lessa, que levantaram o material original sobre o qual se erigiu o panteão do tradicionalismo, que atualmente ultraa as fronteiras do Rio Grande do Sul e chega até ao Japão.
Hoje, Paixão é, de certa forma, vítima da caricaturização das manifestações gauchescas que se vê nos CTGs. Se irrita com os regramentos artificiais e com as demasiadas concessões ao apelo comercial nos conjuntos de dança e música regional.
Confundido com o tradicionalismo cetegista, Paixão Côrtes não consegue ter visibilidade para sua obra como folclorista, que não tem similar no Brasil atualmente.
Por sua figura arquetípica, não consegue se desvincular do gauchismo que tanto critica e por causa disso chegou a ter sua indicação para patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre questionada.
Embora tenha mais de 40 livros publicados e seja autor de uma obra original na cultura brasileira, Paixão Cortes paga o tributo de ter sido modelo para a Estátua do Laçador e muitos o vêem como o protótipo do gaúcho grosso e fanfarrão, sem sequer suspeitar do intelectual sofisticado, do pesquisador rigoroso que ele realmente é.
Quando era classificador de lãs, ofício que abraçou aos 17 anos, Paixão Côrtes fez fama por não precisar de instrumentos para calcular a espessura dos fios, que se medem em microns. Com o tato da ponta dos dedos, ele media: “15 microns”, “10 microns”.
Com a mesma sensibilidade aguçada, com a mesma intensidade primitiva e transbordante que coloca em tudo o que faz, ele se dedica há mais de seis décadas a resgatar as raízes da cultura popular riograndense, a “alma do povo”, como ele diz.
Uma conversa com Paixão Côrtes é uma torrente, algo que jorra e inunda a gente. Difícil é sintetizar, depois, para colocar no papel algo que dê uma idéia da riqueza de uma lenda, que chega aos 83 anos viva e atuante.
Depoimento gravado no dia 27 de outubro de 2010:
“Depois que fui indicado patrono não parei mais…é uma série de pedidos… de perguntas… então tu tens que informar as pessoas que vão ou querem participar ou que de uma forma ou de outra estão interligados à tua presença lá… O resultado disso é que tu sai dum entra noutro, sai dum entra noutro…
Os jornalistas de modo geral… há uma confusão entre o movimento tradicionalista e o folclore. Em razão disso, a pergunta que vem da imprensa, da interrogação da televisão, é o tradicionalismo…
O tradicionalismo é um movimento popular… com o fim de reforçar o núcleo de sua cultura. O folclore é a manifestação genuína, viva da alma do povo… o tradicionalismo se serve do folclore… o folclorista é o estudioso de uma ciência, o tradicionalista é militante de um movimento.
Essa noite tava me lembrando… na segunda ou na terceira Feira do Livro em, 1957, eu fui feirante, já levando meus livros editados na época… no começo a feira era uma coisa… não se sabia bem o que era… uns quiosquezinhos… tinhamos nossos livros lá…
Eu tenho esses livros… Manual de Danças Gaúchas e Suplemento Musical, eu já vendia meus livros como feirante, a firma nossa era Tradisul, o Humberto Lopes e eu, nós tivemos banca, né (risos) e tem até fotografia… aí tu começa a pensar, porque naquele tempo nem se pensava, entende, nesse aspecto da projeção, que 56 anos depois estaria vivo… e presenciando mais um ato, sempre participando do ato.
Ai tu começa… mas vem cá… mas chê… mas eu tenho uma fotografia disso ai… aí procurei, pá, pá, pá, achei… meu filho ou para o computar… aparece o Meneghetti*
(*Ildo Meneghetti, ex-governador)|… o Humberto Lopes por dentro da barraca, eu pelo lado de fora recepcionando…tu vê, rapaz…
Além dos livros, tinha disco que a Inesita Barroso gravou* (*Inesita Barroso gravou “Danças Gaúchas”, em 1955, com o selo Copacabana, com as seguintes dançass/músicas recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa: Maçanico, Chimarrita Balão,Quero-Mana, O Anu, Pezinho, Meia-Canha,Tirana do Lenço) nem se sabia direito o que era regionalismo, ninguém sabia quem dançava… então, bota no livro, bota o disco, ah…mas isso é tradição, mas e não tem ilustração?…
Uma vez o Lutzenberger* (*Joseph Lutzenberger, arquiteto, pai do ambientalista) me chamou, para selecionar uns desenhos dele de cenas rurais… ele queria representar o gaúcho, os costumes, o trabalho, os arreios… sábado pelas três horas eu ia lá na casa dele, numa mesa grande todos os trabalhos que ele fazia na semana, dezenas, ele fazia bico de pena… publicou 25 selecionados por mim… tinha um textinho nosso… Barbosa Lessa, o Sanguinetti, Silvio Ferreira… era 1952, nem feira tinha…
Hoje não tem mais cultura superior, inferior, erudita, tanto faz o astronauta como um índio… todos produzem cultura.
A Corag vai colocar na Feira o meu livro “Folclore gaúcho festas bailes música e religiosidade rural”, de quatrocentas e tantas páginas. Registra as manifestações mais genuínas da cultura popular riograndense… no interior de Santo Antonio da Patrulha, Mostardas, Tavares… onde ainda correm cavalhadas isso tudo, rezas, sai bandeiras com peditórios, montados a cavalo.
São os focos originais, herança lusitana, a base do folclore riograndense… é o que ainda resta… nas Missões resta pouca coisa… na fronteira quase nada que remonte às épocas, essas são as manifestações de origem mais remota… a alma do povo.
Quando souberam que eu era patrono me telefonaram… Paixão , queremos dançar pra ti… Há muito convivo com eles, danço com eles, bebo cachaça com eles…queriam vir….as cavalhadas, os quicumbis, os negros com imperador e tudo… aí fui lá na Feira… ah mas não tem verba…bueno, mas depois se resolveu, diz que vem 90 pessoas…
Vem noventa, com roupa, máscaras, tambor e tudo… Então peguei esses cinco temas folclóricos e botei nessas folhas para que os jornalistas tenham esses elementos para se louvar… quicumbi, caiambola… que é isso… vão dizer: o Paixão já inventou coisa…mas não taí, ó. Eles vêm aí em carne e osso.
O negócio é o seguinte: eu sou pessoa de quatro paredes para fora, não para dentro, não sou de palco, nem microfone, nem holofotes, sou de campo… então… vem com o livro, e posso falar: esse é o maior documentário sobre folclore publicado no Rio Grande do Sul valor documental, tudo documento não tem tradição, tradicionalismo, CTG nada disso… aqui é “in loco”…
Olha aqui o Baile do Masque… homens vestidos de mulher… pô mas, então, como é que é, o Paixão vai trazer travestis, então tem que ter um cuidado louco… (vai folhando o livro) olha aqui a Cavalhada… ó aqui, o terno de reis, ó… ensaios e promessas dos quicumbis….elementos originais… os bichos ao natural.
Tem a parte de dança… a parte de dança é reconstituição de dança, isso é tradicionalismo… escreve um livro, pesquisa seu ciclano… seu ciclano dança assim, a música é assim… as que nós reconstituímos já tão na casa dos 100.
Sempre reuni esse material… agora são 100 danças recolhidas… estou escrevendo um livro de 700 páginas que onde vão estar essas coisas todas…
Naquele tempo nem tinha gravações…era de memória… exercitei e fiz sistema de escrever, olho e leio, mesmo a escrita musical… gravador foi grande evolução (riso) quando começou era no olho e no ouvido…ó…é assim… olha, vai de novo… e ai tu ia pegando a coisa.
Essas coisas todas chegam aos dias de hoje…é isso que posso dar de contribuição feita ao lado de professores, ficcionistas, historiadores, sociólogos acho que posso dar essa contribuição, que é a alma do povo, não é matemática, não é número… aprender a alma do povo… importante na preservação dos seus valores… tudo isso é alma do povo isso aprendi na convivência com eles… quando se perde, morreu. (segue)
No Divã do doutor Mariante f15i
Numa manhã de agosto, um tiro no coração mata o presidente do país.
O peso do inconsciente nas decisões pessoais e políticas, a coerência da trajetória do suicida, estão no livro Três no Divã, que o psicanalista João Gomes Mariante autografa hoje, a partir das 19 horas, no auditório da Guarida Imóveis (rua Sete de Setembro, 1087).
Mariante observa, com a lente da psicanálise, o comportamento e os processos mentais inconscientes nas personalidades de três importantes políticos: Getulio Vargas, Oswaldo Aranha e Flores da Cunha. Três homens com os quais conviveu.
Abaixo, entrevista do autor ao editor Elmar Bones, publicada na edição de abril do JÁ Bom Fim.
Entrevista: João Gomes Mariante
-O senhor é um porto alegrense da gema…
-Nasci na rua Mariante com a Castro Alves. Mas toda minha formação até o ginásio foi no Rio, no Colégio Pedro II. Depois fiz Medicina em Niterói, me formei na turma de 1946. Era o único gaúcho, em meio a muitos paulistas, cariocas e nordestinos…
-Sua familia foi para o Rio, é isso?
-Não.Fui sozinho, para estudar. Lá casei e fiquei mais de 20 anos. Depois voltei para o Rio Grande, depois retornei ao Rio, onde me especializei na psiquiatria. De lá fui para Buenos Aires onde morei oito anos. Terminei minha formação psicanalítica lá e retornei para São Paulo, onde trabalhei por 26 anos. Fui professor na Faculdade de Ciências Médicas e várias instituições de São Paulo.
-E sua experiência como jornalista?
-Trabalhei em jornais no Rio, onde conheci o Café Filho, de quem fui assessor mais tarde. Dirigi três revistas médicas em São Paulo. “Medicina Social”, “Imprensa Médica e “Anais de Higiene Mental”. Peguei o virus. Dizem que jornal é uma cachaça…É pior que o crack, não se larga mais.
-Por que o livro Três no Divã?
-Quis conciliar essas duas experiência, da psicanálise com o jornalismo. Os três personagens do livro eu conheci pessoalmente, privei com os três…
-Tem uma foto sua com Getúlio e Oswaldo…
-Aquilo foi num churrasco. Vou explicar. O dr. Armando Alencar, então presidente do Superior Tribunal Federal era gaúcho de Rio Pardo, era meu padrinho de casamento. Eu me dava muito com ele, com os filhos dele. O dr. Armando a cada três ou quatro meses convidava o Getulio para um churrasco, e eu era hóspede permanente, ava os fins de semana no sítio dele em Itaipava. Aí fiz conhecimento com o Getúlio…
-Falava com ele?
-Sim, sim. Tinha até uma foto aí com ele, tomando o chimarrão, eu estava alcançando a cuia para ele. Era um , queimou no incêndio que destruiu meu consultório…
-Incêndio, como foi?
-Perdi quase tudo o que eu tinha. Estava no apartamento em que morava na Anita Garibaldi, fui avisado pela Regina Flores da Cunha, mas ela demorou para me encontrar. Quando vim para cá, isso estava um metro de lodo e cinza, os bombeiros também demoraram muito por causa do trânsito, mas quando cheguei já haviam apagado. Mas nada se salvou, um quadro do Portinari, um bom dinheiro que eu tinha guardado, de umas terras que vendi… Já tinha alugado uma caixa num banco, mas deixei para o dia seguinte, estava muito cansado, fui para casa… aconteceu. Faz oito anos, mas ainda estou pagando as dívidas…
-Porque o senhor voltou para Porto Alegre?
-Tinha uma herança para receber aqui, no fim terminei indo mal, não gosto nem de falar nisso…
-Seguiu, então, trabalhando aqui?
-Sim, em um mês que havia chegado não tinha mais horário. Analisei muita gente: reitor de universidade, professores, juizes, desembargadores…
-Como o senhor conheceu o Oswaldo Aranha?
-Fui colega do filho dele no quartel, servimos no Forte Copacabana, nos tornamos muito amigos. Quando voltei para o Rio Grande, logo depois de formado, o Oswaldo Aranha me vendeu um jipe, vendeu por uma bagatela, só para não dizer que tinha me dado. Botei um reboque no jipe, coloquei minha mudança dentro e vim. Naquele tempo praticamente não tinha estrada, levei oito dias, em muitos trechos tinha que descer para retirar os galhos da estrada.
-Veio para Porto Alegre?
-Não, para Porto Mariante, terra da minha familia. Lá comecei. Tinha uma clínica, fazia de tudo: clinica geral, pediatria, quando via que não dava, levava para o hospital em Taquari ou Venâncio Aires…
-E o Flores, conheceu como?
-Conheci quando ele era deputado federal. Eu estava de volta ao Rio fazendo minha especialização, morava no mesmo hotel em que ele ficava. Um dia no elevador eu o cumprimentei. Ele disse: “Pelo jeito, tu és do Rio Grande”. Perguntou o que eu fazia no Rio, quando disse que era médico ele falou: Então vou te pedir para me fazer umas injeções na veia”. Aí, eu ia todos os dias ao quarto dele fazer a injeção. Fizemos amizade, ele me deu um revólver de presente.
-Ele era falante…
-Mas não se abria muito, não…
-E o suicídio do Getulio? Chegaram a dizer que foi assassinato…
-Isso é mito, lenda. Queriam culpar alguém. Foi suicídio. O suicida não se mata, ele mata alguém dentro dele. Quem ele quis matar? seus inimigos da UDN, o Carlos Lacerda, as multinacionais…
-De qualquer forma, a morte dele é um enigma…
-Ele sempre se moveu entre enigmas. O mito é algo que ninguém viu. É eterno e perene. O herói é perene, mas não é eterno. O mito é eterno, Getulio se mitificou para a eternidade…
-Mas as verdadeiras causas…
-Muitas dessas coisas são inconscientes. Não se pode provar nada nessa área. Tem que trabalhar com hipóteses e a hipótese para ter alguma validade tem que ser um pouco arrojada…
-O senhor estava no Rio quando ele se matou?
-Sim. Fui ao Catete quando correu a notícia, quando cheguei ninguém sabia direito o que tinha acontecido. O Euclides Aranha já estava lá e disse: “Senta aí, o presidente está morto”. Na familia ninguém acreditava que ele fosse se matar…
-Mas ele tinha tendências suicidas?
-Eu mostro no livro que ele sempre foi um suicida em potencial. Tem uma cena na noite em que foi deflagrada a Revolução de 30. Era uma correria danada, todo mundo agitado. A esposa do Osvaldo Aranha, dona Vindinha, contava que entrou no gabinete, o Getulio estava sentado, alisando um gato no seu colo. Ela perguntou o que ele pensava em fazer, ele tirou o revolver da cintura mostrou e continuou alisando o gato…Ele já estava sinalizando: em último caso tinha uma bala…
-Ele era realmente um manipulador?
-Ele era frio, gelado, tudo era estudado, falso, até o riso imotivado. Ele ria por qualquer coisa. Sempre foi mais preocupado com a tradição, a posteridade, do que com a própria vida. Se poderia dizer que ele amou mais a morte do que a vida.
-Ele amava o poder…
-Sabe qual era a biblia dele? O Principe, do Machiavel. Mas tinha influências do positivismo de Augusto Comte, seguia a cartilha castilhista-borgista. Nesse livro, não tive preocupação com a parte histórica, tanto que quase não cito datas. O objetivo era fazer um estudo profundo da personalidade de cada um, algo que ninguém fez até hoje…
-O que o senhor constata, por exemplo?
-A hipomania do Oswaldo Aranha. É uma manifestação branda do que hoje se chama de sindrome bipolar… O Flores tinha surtos epileptiformes, não quer dizer que fosse epilético, tinha rajadas epilépticas. Aquela investida dele no combate do Ibirapuitã, enfrentando de peito aberto a metralhadora, é sintomática. É um comportamento suicida…É inconsciente, porque a reação consciente é sempre de defesa, de preservação.
-É a coisa do heroísmo…
-O aspirante à heroicidade prefere morrer como herói do que viver como um cidadão comum… Erico Veríssimo diz no Retrato: “Cambará macho não morre na cama”.
-Pode-se dizer que o senhor é um freudiano?
-Eu sou um kleiniano (de Melanie Klein), mas não desprezo o Freud. Não há nada na psicanálise que Freud não tenha abordado, às vezes com outras palavras, mas nada escapa dele.
Nova lei da cultura: vitória do entendimento 534tr
A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou nesta terça-feira (29) a nova lei de apoio à cultura, agora chamada Sistema Estadual Unificado de Apoio e Fomento às Atividades Culturais (Pró-cultura), substituindo a chamada Lei de Incentivo à Cultura (Lei 10.846, de 1996).
O projeto do Executivo, de início considerado ruím, recebeu 19 emendas de consenso, negociadas entre as bancadas e com os representantes dos produtores culturais. Acabou aprovado por unanimidade, após um acordo entre governo e oposição.
A expectativa é de um renascimento cultural depois de uma longa crise.
Quanto ao debate sobre o papel do Conselho Estadual de Cultura, foram mantidas as prerrogativas do órgão na deliberação sobre o mérito cultural e o grau de prioridade dos projetos, mas a gestão do sistema e a fiscalização do uso de recursos ficou a cargo da Secretaria de Cultura.
Não foi aceita a emenda do deputado Ronaldo Zülke (PT) que determinava que o Executivo aplicasse em cultura, a partir de recursos próprios, o mesmo valor depositado pelos contribuintes. Além disso, segundo o deputado Berfran Rosado (PPS), foram mantidos os princípios da chamada Lei Bernardo, que permite o o de pequenas empresas ao financiamento de projetos.
De acordo com o deputado Adão Villaverde (PT), o projeto inicialmente apresentado à Assembleia melhorou, mas não é o ideal. O deputado Ronaldo Zülke (PT) lembrou que o assunto já vinha sendo discutido na Assembleia há cerca de dois anos e, nesse intervalo, o governo enviou o projeto. Já o deputado Nelson Härter (PMDB) afirmou que hoje o PL 294/2008 é outro, pois não possui mais um conteúdo autoritário. Ele destacou o papel da Assembleia de mediadora entre os interesses envolvidos na questão.
Yeda diz que livro mudou sua maneira de ver a política 2j332v
A governadora Yeda Crusius interrompeu sua agenda no início da noite de quinta-feira, 15/4, para ir até a Assembléia Legislativa buscar o autógrafo do psicanalista João Gomes Mariante, que estava autografando o livro “Três no Divã”, lançado por JÁ Editores..
A governadora leu uma primeira versão do texto há pouco tempo e ficou bastante impressionada. “Esse livro foi como uma luz, me fez ver a política e seus personagens de uma maneira diferente. Por causa desse livro, reabilitei o Flores da Cunha, que foi um grande governador e seu busto estava num depósito”, disse ela nas entrevistas que deu durante o evento.
Yeda revelou também que o autor do livro, de 92 anos, dos quais quase 60 dedicados à psicanálise, é um de seus conselheiros. “Este homem é uma lição de vida”, disse ela. “Ele é meu conselheiro. Quando tenho alguma decisão importante, difícil, eu sempre ouço o dr. Mariante”, revelou.
O dr. Mariante desconversou quando perguntado sobre suas relações com a governadora. “Sou irador dela e conversamos às vezes, como amigos”, despistou. Deixou escapar, porém, uma “ponderação” que fez a Yeda numa das conversas que tiveram: “Eu disse que ela deveria colocar mais ternura nas palavras e atitudes, não se preocupar tanto em responder de imediato às críticas”.
Fortunati também pegou seu autógrafo
O prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, também prestigiou o lançamento de “Três no Divã”, acompanhado da esposa, Regina. Encantado com a vitalidade do autor, o casal pegou seu autógrafo e confraternizou com os convidados, entre eles Ercy Thorma, presidente da Associação Riograndense de Imprensa, e notáveis da área médica, da Maçonaria e do Rotary.