Depois de uma polêmica que envolveu até a presidente Dilma Rousseff, a BR-448 – maior obra rodoviária federal em andamento no Estado – finalmente fica pronta. A polêmica surgiu depois que o presidente do Tribunal de Contas da União, Augusto Nardes, visitou a obra no início de novembro e disse à imprensa que ia recomendar a suspensão dos trabalhos, para que seja investigada a suspeita de fraude, apontada em relatórios técnicos. A obra, com orçamento superior a R$ 1 bilhão, teria R$ 90 milhões superfaturados. Com apenas 22 quilômetros, ligando Porto Alegre a Sapucaia do Sul, a BR-448 contorna o Parque do Delta do Jacuí e por isso foi alvo de protestos dos movimentos ambientalistas. Mesmo assim foi batizada de Rodovia do Parque. Projetada há mais de uma década para desafogar a BR-116 no seu trecho mais congestionado (Porto Alegre-Vale do Sinos), foi licitada e executada em onze meses. Por contar com o apoio e a torcida da presidente da República, a 448 é conhecida no meio como “a Rodovia da Dilma”. Não por acaso, a presidente reagiu à recomendação do TCU. De agem pelo Estado no mesmo fim-de-semana, ela protestou dizendo que seria “uma injustiça” paralisar uma obra tão urgente, já quase concluída. “Sejam as irregularidades apuradas e os culpados punidos, mas parar a obra quase pronta não tem sentido”. Concebida como altenativa para o trânsito na Região Metropolitana de Porto Alegre, a 448 deve absorver cerca de 30% dos 130 mil veículos que trafegam diariamente pela BR 116, entre a capital e o Vale do Sinos. Ela receberá também parte do tráfego da região serrana, contornando Porto Alegre para alcançar a BR-290 na altura de Eldorado do Sul. Com mais essa carga, a duplicação da BR 290 até Pantano Grande, que ainda está em fase de licitação, torna-se urgente. O prolongamento da BR-448 de Sapucaia do Sul até Estância Velha já está previsto. O Estudo de Viabilidade já está em andamento, com conclusão prevista para março de 2014. O traçado final desse trecho de 32 quilômetros ainda não está definido mas, como atravessa uma região menos densamente povoada, deve ter um custo bem mais baixo – estimativas preliminares do DNIT falam em R$ 500 milhões. Outras obras Na mesma região, no Vale do rio dos Sinos, estão sendo feitos estudos e projetos para alargar as pistas e melhorar as condições de segurança da congestionada BR-116. A resolução desses gargalos vai custar mais de R$ 200 milhões. A prioridade do governo federal é desafogar o tráfego de automóveis de eio e caminhões de carga nos horários de pico na região metropolitana e nas rodovias que ligam a capital ao Vale do Sinos, a Pelotas (BR-116) e esta ao porto de Rio Grande(BR-392). As duplicações de rodovias existentes visam nitidamente recuperar um atraso de décadas. É um esforço superior ao realizado para duplicar a BR-101 no trecho Osório-Torres, obra de 90 quilômetros que começou em 2004 e levou oito anos para ficar pronta e foi inaugurada várias vezes, por trechos, pelo presidente Lula. Registre-se ainda que foi concluída este ano, sem foguetes, a penosa duplicação dos menos de 20 quilômetros da BR-290 no trecho Eldorado do Sul-Guaíba. Ao inaugurar a BR-448, hoje, Dilma confirmou investimentos para melhorias na BR-116, entre Porto Alegre e Novo Hamburgo, para segunda ponte sobre o Rio Guaíba e a da ordem de serviço para duplicação de 57,5 km da BR-290, a principal rodovia transversal do Estado. O DNIT e o Consórcio TB – ECB – Etel am contrato para elaboração de projetos e execução de obras de duplicação e de melhorias da BR-290, no valor de R$ 302 milhões em investimentos. Esses lotes fazem parte das obras previstas para o trecho compreendido entre Eldorado do Sul e Pântano Grande com 115,7 quilômetros. 6k5t1r
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Sem caixa, Dnit atrasa pagamento de obras 5p5xs
Longe dos holofotes, o general Jorge Ernesto Fraxe fez um relato preocupante sobre a situação do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que ele chefia desde a “faxina ética” patrocinada pela presidente Dilma Rousseff em 2011: há atrasos nos pagamentos a empreiteiras responsáveis por serviços já executados nas rodovias federais, riscos de descumprimento no calendário de obras e ações nos tribunais contra a autarquia.
Fraxe, diretor-geral do Dnit, expôs esses problemas em ofício reservado que mandou ao ministro dos Transportes, César Borges, na terça-feira. Ele inicia o ofício com a informação de que o departamento tem R$ 499,9 milhões de obras com “medições já liquidadas”, mas se vê “impedido de emitir ordem bancária de pagamento” às empresas.
“Esta situação se repete há mais de três meses, o que vem a contribuir para o prejuízo na credibilidade do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] junto ao mercado construtor”, afirmou Fraxe no ofício, ao qual o Valor teve o.Com franqueza, o general deu sequência ao desabafo, fazendo um alerta:
“Considero tal situação grave e adianto que o Dnit já começou a receber ações judiciais por atraso em pagamentos de serviços utilizados. Além do mais, atrasos em pagamentos refletem-se em atrasos no cronograma de entrega das obras”.Para finalizar, Fraxe pediu o apoio do ministro para “sensibilizar os gestores governamentais” sobre a necessidade de “dispor de fluxo de caixa para fazer frente ao pagamento mensal dos mais de mil contratos ativos” do departamento.
O assunto do ofício reforça o tom de urgência: “necessidade de recursos financeiros para cumprimento das metas estabelecidas pelo PAC”.A carta do general deu a impressão, em executivos do setor privado que lidam rotineiramente com o Dnit, de que o departamento tornou-se a mais nova vítima do esforço governamental em conter gastos e dar ao mercado uma resposta de austeridade após o déficit primário de R$ 9 bilhões no mês de setembro – incluindo Estados e municípios.
Fonte: Folha.com