O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento do Rio Grande do Sul, convida para a abertura de 4 exposições selecionadas em edital, que integram o terceiro ciclo de artes visuais da galeria Espaço IAB(*) em 2014. O coquetel será realizado dia 24 de setembro, a partir das 19h30, permanecendo com visitação até o dia 17 de outubro de 2014, das 14 às 20h. Para saber mais sobre as exposições e o histórico da galeria e galeriaespacoiab.blogspot.com . (*) Centro Cultural do IAB RS fica na rua Gal. Canabarro, 363 -Centro Histórico. Porto Alegre NA SALA NEGRA: CABEÇA – RELICÁRIO DO PENSAMENTO JOÃO OTTO KLEPZIG IAB RS / João Otto Klepzig A exposição reúne obras que procuram mostrar visualmente o resultado de um processo criativo em que as modificações nos traços e formas da cabeça buscaram imprimir maior força às suas linhas, proporcionando assim novas leituras. A cabeça humana, que guarda e protege o cérebro, é o relicário dos pensamentos, envolvendo sentimentos, angustias e sonhos, e é o tema escolhido para a exposição reflete essa concepção. As interferências efetuadas por João Otto exibem diferentes expressões do semblante humano refletindo momentos particulares de cada pessoa. As obras escultóricas, com essa abordagem, objetivam levar o público a refletir sobre a infinita possibilidade de construção, modificação e reestruturação da cabeça humana. A mostra propõe uma experiência emocional, visual e cognitiva, reunindo as cabeças-esculturas, cujas formas evocam a idéia do quanto somos diferentes devido à maneira como pensamos e como podemos ver o outro de forma diversificada. João Otto, que já realizou várias individuais, é aluno do escultor Caé Braga junto ao Museu do Trabalho e nesta exposição exibe resultado das etapas recentes do trabalho que vem desenvolvendo na criação e modelagem das cabeças em argila, fundidas em bronze e submetidas a diferentes tratamentos de cor. Na Circulação: DO GASÔMETRO ATÉ A BORGES ENTRE A DUQUE E A DEMÉTRIO ANTÔNIO AUGUSTO BUENO E LUIS FILIPE BUENO IAB RS / Antônio Augusto Bueno e Luis Filipe Bueno A mostra dá continuidade à parceria dos irmãos Antônio Augusto e Luís Filipe Bueno. Desta vez texto e fotografias mapeiam poeticamente um recorte do Centro Histórico de Porto Alegre. No Solar do IAB, vizinho a esta trama de ruas em que Antônio Augusto e Luís Filipe costumam ear em os e pensamentos, serão expostos texto, fotografias e um livro de artista. E, como expressão da vontade de dialogar com os moradores do Centro Histórico, o texto impresso também será distribuído nas caixas de correio de casas e apartamentos da redondeza. Antônio Augusto e Luís Filipe vêm dialogando artisticamente há vários anos através de exposições, intervenções urbanas, vídeo, música, texto, fotografia, desenho e gravura, sempre costurando texto e imagem. Em 1998 a série “Seres” ganhou exposição de desenhos em espaço alternativo com tiragem de uma série limitada de camisetas. Em 2004 a exposição “Regras libertárias disfarçadas em livres intenções” ocupou o mezanino da Usina do Gasômetro. “O desenho da imagem no espelho da linguagem” foi exposto na Galeria Augusto Meyer (IEAVi) e no Espaço Cultural Chico Lisboa. Além disso, realizaram ações de intervenção urbanas em diversas cidades. Desde 2006 mantêm o blog “Mangibre – o cotidiano urbano reencantado”. Para o ano que vem está previsto o lançamento do livro “Jabutipê” e também uma residência artística no Canto da Carambola no Rio de Janeiro. Na Sala Anexa: MITOS ORIENTAIS – Exposição de Zen Aquarelas. “Uma colorida contemplação como fonte de deslocamento e prazer” GABY BENEDYCT IAB RS / Gaby Benedyct Exposição de aquarelas fundamentadas nas tradições e gestos orientais – a beleza colorida como proposta para a descontração e relaxamento, composição de precisas manchas samurais, inspiradas em gestos fluidos, linhas líquidas, muito movimento e uma pretensa narrativa, simulação de ideogramas, cujo significado é atribuído pelo próprio observador. Divide-se em alguns temas básicos como Dragões e Peixes, Templos em Paisagens, Azuis e Vermelhos, Gueixas e Samurais e as Aquarelas em Camadas, uma técnica que está sendo lançada nesta exposição que é a sobreposição de aquarelas através de lâminas translúcidas de algodão. Na Sala do Arco: ESCULTURAS ZETTI NEUHAUS Fios aparentes tramam a sua urdidura e que são todas costuradas com fios de cobre que dão sustentação às formas que contrastam com o alumínio. Pedras cristalinas – detalhes incrustrados em meio à malha – funcionam como pontos de luz a despertar a atenção do apreciador. Para produzir suas obras, Zetti modela a tela de alumínio, em diversas camadas que adota a forma que lhe é inspirada. As várias camadas de telas se sobrepõem criando volumes e para estruturá-las usa uma malha de alumínio menos flexível, ou de aço inox, e ainda cabos de alumínio trançado, que usa há mais de dez anos em suas esculturas. Segundo a artista, o trabalho é todo intuitivo. “Quero que cada pessoa faça a sua leitura, a sua interpretação. Este é o meu desafio, o de provocar a imaginação das pessoas” 1spq
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Arte do absurdo expõe a estética do pesadelo 2wr14
A estética do pesadelo é o que norteia a exposição “Jest sztuką absurdu”, da artista visual Samy Sfoggia, que inaugura na terça-feira, 23, às 19 horas, na Galeria Ecarta.
Selecionada por edital, a mostra (cujo título, traduzido do polonês, significa “arte do absurdo”) é composta por cinco séries de trabalhos que tiveram como princípio a fotografia, especialmente de base química, e desenhos.
Todas resultam de uma pesquisa acadêmica na qual a autora aliou a teoria e a prática diária em laboratório fotográfico.
Durante o processo, Samy estudou o conceito de fotograficidade, definido por Francis Soulages como a articulação entre a irreversível obtenção do negativo e o inacabável trabalho a partir desse. Segundo ele, uma das características da fotografia é o fato de ela ser aberta à hibridação e à impureza, sendo isso uma consequência do inacabável.
A maioria das imagens da exposição, foram captadas em negativos de 35mm em P&B, que foram escaneados e manipulados digitalmente. Após serem impressas, as imagens sofreram alterações manuais e, em alguns casos, novamente digitalizadas e reimpressas. Os desenhos, por sua vez, tiveram como referência fotografias de arquivo pessoal e stills de filmes consagrados. “Em todos os trabalhos houve a busca pela construção de uma estética do pesadelo”, conceitua Samy. “As séries apresentadas sofreram influência tanto de outros fotógrafos quanto de obras que transpõem os limites da própria fotografia. Como ferramenta ou como trabalho em si, essa técnica é amplamente utilizada na produção de arte contemporânea”.
“Jest sztuką absurdu” fica em cartaz na Galeria Ecarta (Av. João Pessoa, 943, Porto Alegre) até 2 de novembro de 2014. O horário de visitação é de terça a sexta, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 18h. Entrada franca. Informações pelo fone 51.4009.2970 / www.ecarta.org.br .
Sobre a artista
Samy Sfoggia (1984) é formada em História pela FAPA (2007) e pós-graduada em Arte, Corpo e Educação pela UFRGS (2009). Atualmente, estuda fotografia no Instituto de Artes da UFRGS, onde atuou como monitora das disciplinas de Fotografia Analógica e Digital e como bolsista de iniciação científica no projeto de pesquisa intitulado “Procedimentos de contato: desdobramentos da fotografia em imagem numérica na arte da atualidade”, coordenado pela professora Elaine Tedesco.
Em 2012 e 2013, participou das exposições coletivas: Projeção Fotográfica #Mesa7 (Recife/PE); Contatos Imediatos – Centro Universitário Feevale (Novo Hamburgo/RS); Mostra Videoarte Mamute – Santander Cultural (Porto Alegre/RS); Arte Agora 2 – Galeria Lourdina Jean Rabieh (São Paulo/SP).
Sua primeira exposição individual intituladaREM (Rapid Eye Movement), com curadoria de Elaine Tedesco, ocorreu no Estúdio Galeria Mamute (Porto Alegre/RS), em 2012. No ano seguinte, expôs individualmente a série fotográfica Verboten, na Galeria do 4º andar da Usina do Gasômetro (Porto Alegre/RS). Em 2014, participou da primeira exposição coletiva do Acerto Independente (Porto Alegre/RS). O trabalho de Samy foi comentado nos livros Tradição em Paralaxe: a novíssima arte contemporânea sul-brasileira e as “velhas tecnologias“, organizado por Daniela Kern, e Poéticas Abertas, organizado por Rosa Maria Blanca. Além disso, suas imagens foram publicadas em diversos sites e revistas internacionais, tais como: Lost At E Minor, Powerscourt Gallery, International Times, Trend Hunter, Empty Mirror Arts & Literary Magazine e Synchronized Chao.
"Escrever é reescrever", dizia Moacyr Scliar 104o5m
O Santander Cultural inaugura hoje, 16, a mostra “O centauro do Bom Fim”, sobre a vida e a obra de Moacyr Scliar (1937-2011).
O jornal JÁ aproveita a oportunidade para publicar uma entrevista inédita realizada em 2007 com escritor, feita pelo jornalista Francisco Ribeiro. Naquela ocasião, Scliar, aos 70 anos, acabara de lançar “O Texto, Ou: A Vida. Uma Trajetória Literária”.
O seu último livro não é propriamente uma biografia. Seria uma poética, não da escrita, mas do escritor Moacyr Scliar, e do escritor em geral?
Sim, na realidade essa ideia foi surgindo aos poucos porque, originalmente, era só para ser uma antologia de contos. Eu não me entusiasmei com isso, pois tenho várias antologias. Aí propus que fossem contos e outros textos. Eles concordaram, ei a procurar os outros textos e, então, me dei conta que aquilo ali, de alguma maneira, refletia a minha trajetória. Portanto, poderia encaixar comentários sobre as circunstâncias em que surgiram. Aí, foi nascendo, quer dizer, não é uma autobiografia. É uma reflexão sobre o processo de criação literária em geral e sobre o meu processo de criação literária em particular.
E como é este processo?
Cada vez, uma coisa, para mim, se revela mais verdadeira. A ideia que as pessoas têm é que o escritor é um cara que escreve com tremenda facilidade, que vai botando as palavras. Mas não é assim. O escritor tem essa facilidade, mas, ao mesmo tempo, ele tem um nível de exigência que o comum das pessoas não tem. Vejo pelos e-mails que escrevo. A pessoa escreve uma frase, pode não estar bem escrita, mas tudo bem, porque serve para transmitir o pensamento dela. O escritor não se contenta com isso. Ele quer transformar a palavra num instrumento de criação estética, e isso exige um esforço. Daí a necessidade de reelaborar. Garcia Marques, em O outono do patriarca, reescreveu 16 vezes o primeiro parágrafo.
E eu mesmo, na Zero Hora o pessoal me conhece, reescrevo muito. Mando a minha matéria, aí releio e penso: isso aqui eu podia melhorar. Aí melhoro, mando de novo, e digo, vale essa, aí mando uma terceira vez. E eles já estão acostumados. Jornalista, geralmente, não faz isso, escreve e manda. Tem muitos editores que tiram as obras dos escritores: “chega de mexer”, dizem. Na verdade, escrever é reescrever.
Profissionalmente – apesar de todo o reconhecimento regional, nacional e internacional da sua obra –, o senhor sempre se definiu, primeiramente, como médico. A atividade de escrever seria algo secundário?
Bem, isso é uma regra, não ocorre só no Brasil. Em todo o mundo, escritores, frequentemente, têm uma outra profissão. Muitos deles são professores universitários, ou trabalham em publicidade. Mesmo na Europa são minoria os escritores que vivem só de literatura. No Brasil, duas dezenas. O Jorge Amado era um deles, e o Érico Veríssimo, a partir de uma certa época. O Jorge teve um negócio que alavancou muito, que foi o partido comunista, que o promovia no Brasil e na Europa. Qualquer livro dele era traduzido em dez, 15 idiomas.
Eu não considero isso um problema. Escritor se julga por aquilo que ele escreve. O que ele faz para ganhar a vida, as ideias que ele tem, a maneira como vive, não faz a menor diferença. Tanto isso é verdade que tem alguns escritores que a gente só conhece o pseudônimo. Não sabe nada deles, e não interessa saber.
Agora, a questão da profissionalização da literatura e do escritor tem um outro aspecto, porque o cara tem, obrigatoriamente, de pensar em mercado. Se o cara quer viver de escrever, deve, num determinado momento, se perguntar: bom, se eu quero viver de escrever, o que eu tenho de escrever para as pessoas gostarem? Essa é uma faca de dois gumes: de um lado pode significar que o escritor se torna mais ível, mais democrático, abre mais a sua temática; de outro, pode significar que ele está fazendo concessões.
Então, nunca me preocupou isso, ficar pensando em como seria bom se eu fosse um escritor profissional. Na verdade, eu nem sei se ser escritor é uma profissão. Eu tenho uma profissão, sou médico. Um médico atende a uma necessidade concreta da sociedade. Mas qual é a necessidade concreta de um escritor? Ele atende a necessidades emocionais, espirituais, etc. Mas, se a pessoa não tem o que ler, ela não vai morrer por causa disso. Por outro lado, a atividade de escritor não é desenvolvida como a de um operário, que tem horário de trabalho. Escritor escreve quando quer, quando dá.
O que pode acontecer é que lá pelas tantas, a pessoa tenha tanta demanda que aí não pode fazer outra coisa. Que é o meu caso. Eu, atualmente, tenho tantos convites para viagens, palestras, solicitações para escrever coisas, que agora não poderia mais exercer a medicina. Mas isso, para mim, foi uma certa lástima deixar a medicina. Sempre gostei e enquanto pude conciliei as duas coisas. Agora não posso mais, simultaneamente veio à aposentadoria. Então, no meu caso, a coisa se resolveu ao natural. Mas acho que essa discussão, do ponto de vista literário, ela tem muito pouca importância. O que interessa no escritor é o resultado do trabalho dele.
Alguma ideia sobre o seu próximo livro?
Eu não tenho, digamos assim, um programa: primeiro escrever isso, depois vou escrever aquilo. Eu vou escrevendo as coisas que vão me ocorrendo, e nunca deixam de ocorrer. É uma coisa que, realmente, me dá satisfação, porque eu continuo escrevendo e com vontade de escrever, o que mostra que a noção de aposentadoria não existe no ofício literário. Agora, os meus projetos são em várias áreas: ficção, planos para um livro de contos, um romance, ensaio sobre medicina. Sem falar das solicitações: coletâneas de textos sobre saúde.
Como vês a literatura gaúcha atual?
Durante muito tempo a literatura brasileira foi regionalista, tratava das vozes locais. O Brasil era um país rural. Não é mais. 80 por cento da população, hoje, vive em área urbana. Tivemos, no Rio Grande do Sul, três períodos: primeiro, o dos escritores nativistas, do qual Simões Lopes Neto é o exemplo maior. Um cara que usa o linguajar gaúcho e que, portanto, faz uma literatura para o Rio Grande do Sul porque ninguém entende, fora daqui, este linguajar. Sei por que escrevi um prefácio – numa coletânea do Simões Lopes Neto, publicada pela Ática –, que, quando vi o livro, fiquei espantado com o tamanho do glossário.
Depois temos o Erico, que é um cara que capta a história do Rio Grande do Sul, sua tradição. Mas ele faz isso com um olhar urbano, e com um olhar brasileiro, porque ele pensava nos leitores.
E aí, temos uma terceira fase, que é desses escritores como o Tabajara Ruas, o Faraco, o Assis Brasil, que têm um olhar crítico sobre o Rio Grande do Sul. Na verdade, eles estão mais vinculados ao Ciro Martins, do gaúcho a pé, do que ao Erico. Não é o épico gauchesco, mostra a outra face do Rio Grande do Sul.
O Erico é um divisor de águas porque ele mesmo era descendente de proprietários de terra, criado naquela região. Mas ele era de uma família pobre. Então, era um homem de, digamos, esquerda moderada. Ele tinha uma dupla visão, ou seja, uma visão privilegiada.
Hoje, nós temos, de um lado, esse fator da urbanização do Brasil, as cidades ficando cada vez mais parecidas, a linguagem cada vez mais homogeneizada porque todo mundo fala a linguagem da Globo, das redes de TV, as temáticas regionais praticamente desapareceram. Mas, temos novas vozes, e a presença do feminino é um exemplo disso.
Também as temáticas, hoje, são diferentes. E outra coisa que colaborou muito pra isso foi à derrocada da esquerda. A geração de 30, da qual o Erico fazia parte, era uma geração militante: Dionélio, Cyro, Graciliano Ramos. Todos eram membros do Partido Comunista. Hoje, a presença de uma literatura engajada é uma coisa que tu não vê mais neste país. O que existe é o tema da violência urbana, caso do Rubens Fonseca; temas intimistas; a coisa das minorias sexuais; e uma outra temática, que é a do imigrante, que eu particularmente abordo. Mas não sou o único, há vários, no Rio Grande do Sul, e no Brasil, que fazem o mesmo.
A cultura judaica continua a ter um papel importante na sua obra?
É uma identidade forte, expressiva. Não é um fundamentalismo. É um sentido de pertencimento que corresponde a várias coisas. Em primeiro lugar, a experiência da imigração é muito marcante. E ela se faz presente nos filhos dos imigrantes, nos netos, com essa consciência que eles são diferentes: em casa eles comem um tipo de comida, ouvem um tipo de idioma, seguem um tipo de tradição, e na rua, no clube, na escola, são outras coisas.
Tem coisas (ninguém mais fala ídiche) que estão sendo superadas pelo processo de assimilação, incorporando a cultura brasileira, e deixando de lado a outra.
A questão da tradição judaica é uma coisa muito forte, milenar, e culturalmente muito rica, nas artes, na filosofia. Não há uma área do conhecimento onde não tenha um nome judaico. No caso dos escritores ela é mais forte ainda porque é uma tradição que gira muito em torno da palavra escrita, desde a antiguidade. Os judeus são os inventores do livro sagrado.
Nos Estados Unidos, por causa de escritores como Saul Below, Piliph Roth, Norman Mailer, criou-se a expressão: “a literatura judaica é um novo regionalismo, que não tem a ver com geografia”. Tem a ver com identidade cultural. Houve uma época em que a literatura judaica nos Estados Unidos estava no auge, porque esses escritores pontificavam. Mas, o tempo vai ando e as coisas vão mudando. A literatura tem modelos que surgem e desaparecem.
O realismo mágico, por exemplo, ninguém fala mais, e foi uma coisa importante. Hoje está morto, é uma lembrança. O realismo mágico, além de ser um estilo literário, era um instrumento político. Ele surgiu numa época em que toda a América Latina era, praticamente, formada por ditaduras. Então, era uma forma de literatura que consistia em dizer as coisas de uma maneira enigmática, desafiando os censores, a polícia, etc. Isso tinha uma enorme repercussão. Foi numa época em que muitas pessoas simpatizavam com a luta contra as ditaduras na América Latina. Daí se explica o sucesso de escritores como o Garcia Marques, que ganhou o prêmio Nobel, de Vargas Llosa, Cortazar.
Agora, voltando ao universo judaico, quero salientar que ele compreende, no mundo, uma população de 14 milhões de pessoas. Ou seja, uma população um pouco maior do que a do Rio Grande do Sul. Já foi mais forte, enquanto elite cultural. Houve muitos momentos, desde o final do século XIX, em que os intelectuais judeus lideravam.
Enfim, o processo de assimilação é muito grande, porque o holocausto mostrou o que a intolerância pode conduzir. Então, hoje as pessoas não se atrevem mais a demonstrar esse anti-semitismo. Isso facilitou enormemente a assimilação do judeu.
Fostes criado no Bom Fim, como vês a Porto Alegre de hoje?
Porto Alegre é uma cidade que cresceu e se descaracterizou. Ela era, na minha infância, uma cidade de porte médio. Claro que não é uma cidade com características do Rio ou Salvador, nem com a história de Ouro Preto, mas tinha uma certa identidade. As pessoas se conheciam, a cidade era provinciana. Ela tinha um clima próprio, seu folclore próprio, suas histórias, seus personagens. Agora a cidade se descaracterizou. Se perguntarem como é que a gente caracteriza um porto-alegrense, acho que seria muito difícil. E considero que vai ficar cada vez mais difícil caracterizar um carioca, um paulista, um recifense, porque, realmente, esse processo de homogeneização é muito intenso. Isso não é, necessariamente, uma coisa ruim, é uma coisa que acontece e estamos conversados.
(*Entrevista concedida a Francisco Ribeiro, em julho de 2007, em Porto Alegre).
Mostra “Medos” de Jackson Brum estreia na Urban Arts POA 446f3r
A Urban Arts Porto Alegre apresenta, a partir do dia 21 de agosto, a exposição “Medos” do artista Jackson Brum. Com trabalhos em aquarela que não seguem a mesma linha e padrão, o artista busca a diversidade e a liberdade.
“Medos” é uma exposição reflexiva. É a vontade que existe dentro do artista de mostrar para o mundo os próprios desejos e vontades – características que fazem do homem um ser pulsante. Jackson, inquieto e afetivo, expressa o amor de forma ampla e a beleza do sofrimento.
Através da mistura de cores e traços inusitados, o Brum encoraja o espectador a desejar algo novo e inexistente, transpondo barreiras de medos e acomodações – jogando para o público a missão de entender cada obra. Em todas as obras é possível encontrar muita cor, figuras humanas, sentimentos e mensagens.
Jackson é designer gráfico de formação e pós-graduado em educação popular e movimentos sociais. Grafiteiro, arte educador e bailarino, já transcendeu fronteiras e encantou com arte outros países como Alemanha, França, Polônia, Espanha, Portugal e Itália.
SOBRE A UA POA
Desde março de 2013 em operação na capital gaúcha, a Urban Arts Porto Alegre se tornou uma referência no mundo da arte digital e ilustração na cidade. Além de comercializar trabalhos de artistas, designers e ilustradores de talento nacionais e internacionais, a UA POA promove mensalmente exposições de artistas locais. Já aram pela galeria artistas como Pirecco, Beto 70, Gus Bozzetti, Raul Krebs, Carol W, Clarissa Motta Nunes, Theo Felizzola, Duda Lanna, Henry Lichtmann, Gustavo Corrêa, Roberto Pujol, Pablo Etchepare e também os coletivos Barraco Estúdio/Galeria Mascate, Musgo Design, Acervo Independente, Vó Zuzu Atelier, Estúdio Hybrido, Azul Anil Espaço de Arte, Paxart e Núcleo Urbanóide.
SERVIÇO
“Medos” de Jackson Brum
De 21 de agosto a 13 de setembro, de segunda à sexta das 10h às 19h, e sábados das 11h às 18h, na Urban Arts Porto Alegre (Rua Quintino Bocaiúva, 715 – Moinhos de Vento)
“Instâncias” entra em exposição no Solar dos Câmara 2n2u4r
A fotografia contemporânea entra em destaque a partir desta quinta-feira (7) no Solar dos Câmara da Assembleia Legislativa. A Sala J.B. Scalco recebe, até o dia 29 de agosto, “Instâncias”, mostra fotográfica de Richie Reta. Os visitantes podem conferir as fotografias de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 8h30 às 18h30, com o pelo prédio principal da Assembleia Legislativa (Praça Marechal Deodoro, 101, Centro Histórico). Entrada gratuita.
O trabalho reúne imagens que capturam, em cores vibrantes e ângulos singulares, a essência de locais insólitos, históricos e com grande potencial plástico. Richie destaca que, com a exposição, propõe ao público desvendar a fotografia não só como objeto, mas como uma maneira de ver e pensar.
Nascido em Coronel Suarez (Argentina), Richie Reta é graduado em Artes Visuais pela Escola Nacional de Belas Artes de seu país de origem. Em seu currículo, constam experiências em quase todas as ocupações da área: produção gráfica em estúdio de design industrial, assistente de fotografia, fotógrafo e programador visual em assessoria de imprensa, direção de fotografia em curta metragem, criação de logomarcas e identidades visuais, além de publicações free lancer em jornais e revistas
Em Porto Alegre, Richie também realizou workshops, trabalhando especialmente questões ligadas à alfabetização visual. Algumas das exposições já realizadas por ele são “O Olhar de Cada Um” (1993), na Casa de Cultura Mário Quintana, e “Por Porto” (2004), no Espaço Cultural CEEE.
'Pioneiros da Ecologia' inspira exposição na Câmara Municipal 25508
O Memorial da Câmara Municipal de Porto Alegre apresenta até 30 de junho a exposição História do Ambientalismo Gaúcho, que homenageia a agem do Dia Mundial do Meio Ambiente (5 de Junho). A mostra é inspirada no livro Pioneiros da Ecologia, dos jornalistas Elmar Bones e Geraldo Hasse, lançado pela JÁ Editores, e reúne 16 banners que abordam os principais aspectos do movimento em defesa da natureza no Rio Grande do Sul.
A exposição aponta as contribuições de Henrique Luis Roessler e do Padre Balduíno Rambo, até a emergência da geração de militantes formada por José Lutzenberger, Augusto Carneiro, Caio Lustosa, Flávio Lewgoy e Sebastião Pinheiro. Também valoriza o trabalho das mulheres ao movimento ecológico, citando as pioneiras Hilda Zimmermann, Giselda Castro e Magda Renner, além do papel da imprensa local nas lutas pela preservação da natureza.
“As mulheres foram intelectuais de destaque no movimento, escrevendo notáveis textos em defesa da ecologia”, afirma o coordenador do Memorial da Câmara, Jorge Barcellos. “A imprensa gaúcha tomou uma posição na luta ambientalista porque colaborou na divulgação, através de inúmeros artigos de seus militantes e de pautas ambientalistas.”
Os painéis não deixam de fora grandes lutas dos ecologistas gaúchos, como o combate ao uso dos agrotóxicos e pela constituição de políticas voltadas para o meio ambiente no Estado e no município de Porto Alegre. Recordam, especialmente, que a primeira associação de ecologistas da América Latina foi a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan).
O próprio Lutzenberger, no entanto, dizia que “o cara que começou tudo isso” foi Roessler, que fundou a União Protetora da Natureza (UPN) 16 anos antes. A história deste precursor do ambientalismo está em Roessler – o primeiro ecopolítico, do jornalista Ayrton Centeno, também da JÁ Editores.
Com entrada franca, a exposição pode ser visitada das 9 às 18 horas, de segundas a quintas-feiras, e das 9 às 16 horas, às sextas-feiras, no térreo da Câmara Municipal (Avenida Loureiro da Silva, 255). Escolas interessadas em visitas orientadas devem entrar em contato pelo telefone (51) 3220-4187.