A marcha do FST começou sob um calor escaldante, 36 graus, minimizado por grossas nuvens que, às 16 horas, pairavam sob o Largo Glênio Peres. Estavam todos lá: partidos políticos de esquerda, como o PC do B; centrais de trabalhadores e organizações sindicais, como a CUT, CTB, e os petroleiros; e grupos organizados de mulheres, homossexuais, negros, ambientalistas. Todos bastante animados. Alguns viajaram 72 horas para participar do Fórum, como o Grupo Crítica Radical, do Ceará, um total de 20 pessoas formado, em sua maioria, por estudantes, como a universitária Luana Carolina Monteiro, que cursa o segundo semestre de Ciências Sociais, e que definiu, assim, a proposta do coletivo: “não somos socialistas ou, tampouco, anarquistas, mas um grupo, fundado há 15 anos, antifetichista em relação ao materialismo, e somos pela construção de uma sociedade solidária e anticapital”. Na altura da Avenida Borges de Medeiros com a Salgado Filho, o confronto sonoro entre a musica regionalista, do carro de som da CUT, e o pagode da CTB, ganhou seu ápice, com a vitória dos gaudérios – dois gaiteiros e um violonista – e suas músicas de protesto, falando sobre as condições do campo e reivindicações trabalhistas. Mais a frente, um grupo de mulheres – congregando feministas e homossexuais – batucavam latas coloridas. Outras, diante de conservadores e perplexos olhares provenientes da fila de ageiros da linha Intendente Azevedo, empunhavam cartazes com palavras de ordem como: “Tirem os rosários dos nossos ovários”, ou “Sou mulher que gosta de mulher”. Na frente do grupo, Claudia Prates, militante da Marcha Mundial das Mulheres, salientava a importância do FST para alertar sobre o possível aumento da prostituição, devido ao turismo sexual, durante a Copa de 2014. Já Ana Naiara Malavolto, da Liga Brasileira de Lésbicas, vê o Fórum como mais uma plataforma contra a lesofobia e o machismo, “de reafirmação de uma longa luta por direitos igualitários e pela construção de uma sociedade mais justa”. Entre os participantes estrangeiros, destaque para os argentinos da Alba de los movimientos, e em especial ao grupo Juventud Rebelde, de Buenos Aires, do qual participa Cecília Córdoba, estudante de Educação que, num quase portunhol, afirmava que eventos como o FST são fundamentais para “discutir questões relevantes, tais como o ensino, formas de produção, ecologia, pois são problemas que concernem a todos os povos latino americanos”. Prefeito de Porto Alegre durante a realização do 1º Fórum Social Mundial, o deputado petista Raul Pont ressaltou que as abordagens propostas pelos participantes do FST ajudam, através da troca de experiências, na reflexão do momento atual da sociedade. E que também “contribuem para criação de fóruns nacionais e internacionais em torno de temas como a sustentabilidade, materializando as reivindicações”. Já o prefeito atual, José Fortunati, e o governador, Tarso Genro, em desabalada correria, destacaram o pioneirismo de Porto Alegre em sediar eventos de tal ordem. Isso, segundo Fortunati, “contribuirá para tornar a capital gaúcha à sede permanente do Fórum Mundial Social”. Por volta das 17h40min, quando a multidão cruzava o Largo dos Açorianos, um forte temporal refrescou os cerca de 12 mil suarentos participantes da Marcha. Foram poucos os que procuraram refúgio junto às paradas de ônibus ou prédios públicos. A maioria, devido ao calorão, viu o aguaceiro como um sinal de boas vindas aos participantes do FST, e um motivo a mais para reforçar a batucada em tom de carnaval. Mas era só mais uma chuva de verão. Vinte minutos depois o sol brilhava forte e a Marcha seguiu tranquilamente rumo ao destino final, o Anfiteatro Pôr-do-Sol. Ali, com a temperatura amenizada pela brisa fresca do Guaíba, vendedores de cachorro-quente, milho verde, pipoca e, principalmente, cerveja, atendiam a um público esfomeado e sedento pelas duas horas de caminhada. O cheiro do carvão em brasa proveniente das bancas de churrasquinho, mais a fumaça, misturava-se aos odores dos diversos tipos de cigarros acendidos pelas pessoas que se acomodavam no gramado ainda molhado, sob o zunido de cigarras que saudavam mais um verão. O carioca Paulo Silva, junto a Débora, namorada mineira, ambos estudantes de Comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, balançavam os corpos jovens e sarados em harmonia com os ritmos afro que o DJ, no palco do anfiteatro, procurava esquentar o público. Era apenas uma palhinha para os shows ao vivo que seguiriam noite adentro. “Isso é só começo”, dizia Paulo, acrescentando: “Nos próximos quatro dias a luta continua”. Por Franciso Ribeiro 6od6w
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Militantes do Ocupe Wall Street e da Primavera Árabe debatem no Fórum 2f6u40
Um generoso espaço na grade de programação do Fórum Social Temático 2012, que ocorre entre 24 e 29 de janeiro na Região Metropolitana de Porto Alegre, foi destinado a dar visibilidade ao pensamento que levou milhares de pessoas a unirem-se em protestos contra o sistema político e econômico atual nas praças públicas no Oriente Médio, norte da África, Europa e Estados Unidos.
A partir dessa quarta-feira, 25 de janeiro, até o sábado, entre 12h e 14h na UFRGS e, mais tarde, às 18h na Casa de Cultura Mario Quintana, os participantes do evento poderão ouvir e trocar experiências com integrantes de movimentos como Ocupe Wall Street, Indignados, estudantes chilenos e manifestantes da Primavera Árabe.
Serão os encontros intitulados “diálogos e narrativas”, nos quais, explica um dos coordenadores do FST, Mauri Cruz, a intenção é proporcionar um intercâmbio de ideias. “O Fórum é o espaço para que essas experiências se encontrem e para que seus integrantes, se tiverem interesse, construam uma identidade em comum. O papel do Fórum é ser o espaço da cidadania internacional”, entende Cruz.
Ele chama esses convidados de “novas lideranças” dos movimentos sociais e garante que os nomes possuem protagonismo internacional, ainda que formem parte de manifestações caracterizadas pela não existência de teóricos ou figuras destacadas.
“São cidadãos comuns, não são ícones. Mas isso é importante, o próprio Fórum tem um pouco essa dinâmica: várias vezes já tentaram definir quem é o dono do Fórum, o coordenador-geral ou o chefe. Mas a cada evento ele tem uma dinâmica de lideranças e uma lógica de organização diferente. Então está bem no espírito do Fórum!”, anima-se o coordenador do evento.
Os diálogos servirão, inclusive, para que o ocidente possa compreender melhor quais as reivindicações de cada grupo, além de ter a prerrogativa de mostrar o que há em comum entre muçulmanos da Tunísia e católicos espanhóis ou estudantes chilenos e desempregados gregos.
“O que acontece nesses movimentos é que eles realmente não têm uma matiz ideológica definida. No geral, há um discurso anticapitalista e uma crítica à forma como o Estado faz a gestão da sociedade, mas não existe um recorte ideológico de esquerda”, analisa.
Diante da diversidade de pensamentos políticos – e inclusive religiosos –, o desafio será justamente encontrar as intersecções desses grupos, que na opinião de Mauri Cruz, residem no fato de possuírem uma organização autônoma de pessoas e não de entidades.
“A ideia da participação direta da sociedade na gestão dos interesses comuns é a linha que os une e isso é uma coisa que o Fórum defende desde o princípio. Agora, estar junto não quer dizer pensar a mesma coisa ou ter a mesma opinião. Esse é o desafio: construir alternativas práticas e viáveis para todos”, observa.
Alguns dos conferencistas já estiveram em Porto Alegre em outubro participando de um seminário sobre a metodologia do Fórum Social Temático. Outros virão pela primeira vez e há os que podem inclusive não conseguir sair de seus países de origem por pressão política.
É o caso de uma convidada dos Camarões, que até a quarta-feira não tinha obtido a permissão para viajar a Porto Alegre. “Mas fora isso, foi tudo muito tranquilo. Acredito que essas manifestações ganharam uma importância tão grande que não podem mais ser questionadas ou perseguidas”, avalia Mauri Cruz.
Evento tenta construir vínculos com árabes
Mesmo para um movimento como o Fórum Social Mundial, que abriga debaixo de seu guarda-chuva centenas de entidades com distintos interesses – eventualmente até divergentes – e que ao longo dos seus 11 anos construiu pontes entres movimentos de todos os continentes, a Primavera Árabe foi uma surpresa.
“Nós já tínhamos uma relação forte com as redes da Palestina, agora os países árabes é que talvez sejam a grande novidade em termos de vínculo”, esclarece Mauri.
Segundo o organizador do Fórum, alguns segmentos do Fórum – especialmente aqueles que acompanham debates sobre as periferias e a juventude – estavam atentos à efervescência que mais tarde levou à queda dos ditadores do Egito, Hosni Mubarak, e da Líbia, Muammar Kadhafi, ao longo de 2011. “Para outros segmentos, talvez isso não aparecesse tanto”, ite.
“É difícil dizer se o Fórum previu (que essas manifestações iram acontecer). Ficamos contentes porque mostra que esse sentimento de que é preciso reinventar o mundo é comum, forte e que tem base social. A nossa tarefa, neste caso, aumenta”, conclui.
Por Naira Hofmeister
A marcha dos "temáticos" terminou em carnalval na chuva e264l
Era uma eata normal do Fórum Social Mundial (este ano Temático), com todos aqueles grupos organizados, seus cartazes, seus slogans, suas camisetas, suas músicas, suas palavras de ordem; todos procurando chamar atenção pra seus temas.
A marcha durou cerca de uma hora e meia, reunindo mais de 12 mil pessoas, que percorreram a Avenida Borges de Medeiros, da esquina democrática até próximo ao anfiteatro pôr-do-sol, Centro de Porto Alegre. Entre as cobranças mais comuns estavam os protestos contra o novo código florestal, que contou com coreografias teatrais – um enterro do meio ambiente era encenado na rua; no final de cada ato, mudas de plantas eram entregues ao público.
Também ficou evidente a divisão em blocos, como num desfile de escola de samba, mas aqui com vários carros de som, e algumas bandas – desde latas até baterias que poderiam tocar numa mini escola de samba.
Na metade do trajeto, políticos se juntaram a marcha, no setor dos trabalhadores, liderados pelo governador Tarso Genro e o prefeito José Fortunati, eles integraram a marcha até quando a chuva se apresentou.
A banda que animava o último reduto do desfile, tinha atrás de si um coletivo desigual, que não portava cartazes e não tinha uniforme. Quando a chuva desabou, a banda correu para baixo do viaduto da Borges. Eram dois trombones, dois trumpetes e uma pequena bateria. O desfile de protesto virou carnaval, festa, celebração, meninos rolavam no leito encharcado da Borgers. A certa altura uma mulata puxou a camiseta e aqueles peitos saltaram… Ainda não vimos a imagem. Parece quefotógrafos, que eram muitos, já se haviam recolhido.
O temporal dispersou a multidão, em cerca de 20 minutos a chuva forte alagou ruas próximas e deixou boa parte da região central sem luz, aumentando os transtornos no trânsito nas vias bloqueadas para a caminhada.
Por Elmar Bones e Tiago Baltz
Imagens da marcha: Ayrton Centeno, Tiago Baltz e Velci Matias
Fórum terá mais de 700 atividades 6j494a
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Um Fórum, dois mundos: legitimidade do Fórum Social Mundial é questionada 2k5ww
Por André Guerra
Ativistas ligados a movimentos sociais alegam que o FSM teria se transformado em um “megaevento”.
“A coisa toda me parece, cada vez mais, um megaevento, como uma Olimpíada ou Copa do Mundo: um formato fechado, uma periodicidade definida e um alto investimento para acontecer. O fórum se tornou um evento que não faz a pergunta necessária: será que ainda está realmente servindo como espaço de organização para os movimentos sociais?”, critica Rodrigo Guimarães Nunes. Ele é PhD em filosofia pela Universidade de Londres, editor da revista internacional Turbulence e membro do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre.
Guimarães Nunes tem um histórico considerável em participações no Fórum Social Mundial: participou ativamente na organização de todas as edições de Porto Alegre, desempenhando várias funções de 2001 a 2005. Em 2003 e 2005, ele foi organizador do Acampamento Intercontinental da Juventude e, em 2005, organizador do espaço Caracol Intergalactika. Além disso, Guimarães Nunes participou dos Fóruns Sociais Europeus de Paris (2003), Londres (2004) e Atenas (2005). No Fórum de Londres, ele esteve envolvido no processo de organização do evento principal e dos espaços autônomos.
Representatividade social
“A partir de 2004, o movimento global entra em refluxo, e a dinâmica do FSM se descola, se torna auto-referencial. Nesse meio tempo, ele ou a funcionar menos como um espaço de articulação a serviço dos movimentos, e mais como uma ferramenta na mão de seus organizadores, que am a se posicionar como ‘mediadores’ entre os movimentos e os governos, usando o fórum para se cacifarem politicamente”, analisa Guimarães Nunes.
Em outras palavras, os ativistas consideram que, justamente quando a verdadeira representatividade social do fórum diminuiu, ele teria começado a se fazer ar por legítimo “representante” das reivindicações por transformações sociais. Um exemplo disso seria a apresentação de governos progressistas eleitos como a realização das reivindicações sociais de dez anos atrás. Na visão dos ativistas, isso seria uma forma limitada de compreender os anseios dos movimentos populares.
“O fenômeno da ‘falsa representação’, que ocorreu desde o início, se torna mais forte quando o movimento global recua. Daí a prática, por exemplo, de abrir os fóruns com a presença de presidentes como Hugo Chávez, Evo Morales e etc. Nada contra eles, mas o problema é que, se quisermos ter mediadores entre nós e o governo, gostaríamos de poder escolhê-los, e não tê-los indicados pela organização do fórum”, explica Guimarães Nunes.
Para os ativistas, o espaço deveria resgatar a capacidade de mobilização social, colaborando para identificação coletiva das dinâmicas necessárias às transformações sociais e ultraar a questão meramente eleitoral.
“Não quero diminuir em nada os muitos méritos desses governos progressistas, mas o FSM deveria servir para a organização e fortalecimento dos movimentos sociais entre si. Parece que ninguém, dentro do FSM, se pergunta por que os movimentos estão cada vez menos interessados no fórum, por que as lutas mais novas não veem nele um espaço relevante e etc.”, alerta Guimarães Nunes.
Esvaziamento popular
Como exemplo do que representaria um “esvaziamento” do fórum, Guimarães Nunes lembra que eventos ocorridos no mundo, em 2001, influenciaram diretamente o engajamento popular no fórum de 2002. Entre os eventos citados, ele traz as manifestações ocorridas em Gênova, na Itália, contra a reunião do G-8. Em função do encontro das potências, durante os dias 19 e 22 de julho daquele ano, o movimento antiglobalização organizou dezenas de protestos nas ruas de Gênova. Os protestos foram reprimidos com grande violência pela polícia local, resultando na morte do manifestante italiano de 23 anos, Carlo Giuliani, atingido pelo disparo feito por um policial contra a multidão.
“Compare: 2001 foi o ano da dura repressão ao G8, do 11 de setembro e da crise da Argentina. Em 2002, Porto Alegre estava cheia de italianos, estadunidenses e argentinos, gente comum, não lideranças ou intelectuais. Eram pessoas que consideravam aquele espaço importante. Se fosse hoje, você teria uma pessoa da Espanha, uma da Tunísia, uma do Egito e uma dos Estados Unidos, todas convidadas pelos organizadores para contar algo sobre a Primavera Árabe, sobre o Occupy. Mudou o FSM ou mudou o mundo? Principalmente o mundo, mas o FSM não acompanhou”, pontua Guimarães Nunes.
Isolamento
Os ativistas também levantam a questão de o fórum ter se tornado um evento estruturalmente dependente de grande apoio financeiro e governamental, o que inviabilizaria a função de promover o diálogo e a democratização das relações onde isso fosse realmente necessário.
“O fórum tornou-se uma dinâmica independente dos ritmos e das demandas dos movimentos sociais: para se viabilizar, ele necessita de um alto investimento, tornando-se dependente de financiadores. Uma coisa que ninguém parece perceber é que jamais ocorrerá um FSM num local em que esteja havendo um conflito mais intenso. E isso é óbvio. Como ele depende de altos investimentos e do apoio dos governos locais, ele só pode ir a lugares ‘amigos’. Mas uma convergência de forças como um fórum mundial não seria muito mais importante em um lugar onde estivesse ocorrendo um conflito?”, questiona Guimarães Nunes.
Novos horizontes
Os ativistas pontuam, ainda, que o FSM seria um espaço de um movimento mais amplo, criado pelos movimentos sociais a partir de seus próprios espaços de convergência. Para os ativistas, eventos dessa linha deveriam partir de “questões mais imediatas, organizados pelos interessados mais diretos, com metodologia apropriada a seus fins e sem ter ambições de ser aquilo que engloba todas as outras manifestações”. Além disso, eles enfatizam que o fórum não possui a mesma relevância produzida em suas primeiras edições.
“O FSM foi uma experiência enriquecedora nessa história e ainda há muitas lições para extrair de sua trajetória, de seus erros e acertos. Mas, atualmente, ele vale muito mais por aquilo que foi há dez anos atrás do que por qualquer relevância efetiva que realmente ele tenha hoje”, encerra Guimarães Nunes.
Diretor-geral da ONU abre programação do Fórum Social Temático 1r1255
Garantir o a alimentos em quantidade e qualidade para todas as populações é o tema da primeira atividade do Fórum Social Temático (FST), que começa na terça-feira (24), às 8h30, com a palestra do diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), José Graziano, no Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Está será a primeira atividade de Graziano no Brasil após assumir o cargo.
O colóquio “A importância da sociedade civil para a Segurança Alimentar e Nutricional” contará com a participação do governador Tarso Genro; do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e conselheiro do CDES nacional Alberto Broch; do presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea) do RS, Miguel Medeiros Montaña; e do conselheiro do CDES-RS, Sérgio Schneider, professor associado do Departamento de Sociologia da Ufrgs.
A atividade é organizada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social gaúcho, com apoio do Consea e da FAO.
Preparando a Rio+20
O tema segurança alimentar e nutricional está entre as questões prioritárias do documento inicial da Conferência Rio+20, divulgado pela ONU no dia 10 de janeiro, que reúne contribuições de diversos países e vai nortear as discussões durante a Conferência, em junho de 2012, no Rio de Janeiro.
Dilma vem, mas vai ter que ouvir 6y5p4l
Está confirmada a participação da presidente Dilma Rousseff no Fórum Social Temático (FST), que acontece entre os dias 24 e 29 de janeiro nas cidades de Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Ela será a estrela do “Diálogos da Sociedade Civil com os Governos”, no dia 26 de janeiro, às 19 horas, no Gigantinho. A presidente vai dividir o palco com seu colega uruguaio José Pepe Mujica – que volta a Porto Alegre dois meses depois de ter sido recebido pelo governador Tarso Genro.
O nome do debate no qual os mandatários latino-americanos vão estar não é decorativo. Nele será aberta uma janela para que as organizações possam apresentar ideias e proposições sobre os rumos de cada um dos países e do bloco regional como um todo.
“Estamos discutindo uma metodologia de trabalho para permitir essas intervenções. Mais do que saber o que os países pensam em fazer queremos que o Estado ouça os movimentos sociais”, pontua o presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS), Celso Woyciechowski, que pertence ao Comitê Organizador do evento.
Escutar as demandas das organizações vai ser um desafio para Dilma Rousseff. A presidente vem sendo atacada por movimentos ecologistas por estar a frente de um governo cujas políticas de desenvolvimento – assim como as costuras partidárias necessárias no governo de coalizão – muitas vezes atropelam o cuidado com o meio ambiente.
A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, e a recente aprovação do novo Código Florestal certamente serão alvo de questionamentos. “A presença das presidente representa a possibilidade que teremos de apresentar nossas críticas ao modelo de desenvolvimento do Brasil e da maior parte do mundo, que não é sustentável. E Belo Monte está no centro dessa discussão”, alfineta Woyciechowski.
Outro elemento indicativo de que a presidente deve estar preparada para ser questionada é o fato de que o Fórum Social Temático é um evento preparatório para a Cúpula dos Povos da Rio+20, a conferência que vai refletir sobre as duas décadas que se aram desde a Eco92.
Apesar de o lema deste ano ser mais amplo – Crise capitalista, justiça social e ambiental – o FST vai ser dominado por atividades relacionadas à preservação da natureza. Mesmo debates que abordem os demais assuntos anunciados no subtítulo do evento serão abordados sob a ótica ecologista.
Um exemplo será o Fórum Mundial da Educação, um encontro paralelo que também está ligado ao Fórum Social Mundial. Ainda que a discussão se centre, naturalmente, no sistema educacional e suas problemáticas, ela será atravessada pelo tema meio ambiente.
“Sabemos que educação e meio ambiente estão fortemente relacionados. Nosso desafio vai ser justamente mostrar esse vínculo, como os problemas na natureza afetam a educação e como podemos trabalhar diante dessa realidade”, analisa o coordenador do evento, Albert Sansano Estradera.
Também fazem parte da programação atividades do Fórum Mundial de Saúde e do Fórum de Mídia Livre.
Cidades, habitação e água como subtemas
Outro exemplo de que todas as discussões serão permeadas pela temática da Rio+20 é a forma como as atividades nas cidades da Região Metropolitana foram organizadas. Ainda que tratem de questões diversas, elas estão intimamente ligadas à ecologia.
Em Canoas, os seminários vão abordar a questão das Cidades; São Leopoldo concentrará as abordagens sobre Habitação e Novo Hamburgo sediará as reflexões sobre Água.
Assembleia dos movimentos sociais, que será realizada no dia 28, às 13h, no mezanino da Usina do Gasômetro, vai definir os encaminhamentos para a Rio+20. “Queremos entregar um documento com propostas concretas de acordos para este outro evento”, ponderou outro organizador do FST, Mauri Cruz.
Novos líderes terão espaço próprio
Além dos chefes do Executivo brasileiro e uruguaio, o Fórum Social Temático vai receber participantes tradicionais do evento – mais de 400 conferencistas estão sendo esperados.
“Teremos aqueles convidados históricos como Leonardo Boff, Boaventura de Souza Santos, Ignacio Ramonet e Frei Betto”, anunciou o membro do Comitê Organizador, Mauri Cruz.
São ativistas que deverão atrair um público estimado entre 20 e 50 mil pessoas. O destaque, entretanto, para Cruz, serão os encontros diários com as “novas lideranças políticas mundiais”, como ele se refere.
Trata-se dos protagonistas dos movimentos contemporâneos que mais tem questionado o modelo econômico e político mundial vigente. São membros do Ocuppy Wall Street, que condena a concentração de riquezas e de poder nas mãos dos integrantes do sistema financeiro, dos Indignados, cuja mobilização pede uma renovação nas ideias e propostas dos governos europeus, e integrantes das revoluções que deram origem à chamada Primavera Árabe, a sequência de manifestações populares que derrubou ditaduras longevas em países como Egito e Líbia e que mantêm a população vigilante em outras nações do norte da África e do oriente Médio.
“Será uma troca muito rica entre os jovens de hoje e os que protagonizaram a ECO92, que já estão mais velhos”, aponta Cruz.
As conferências dos novos líderes mundiais acontecerão diariamente das 12h às 14h no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e, no final da tarde, na Casa de Cultura Mario Quintana.
A programação completa do Fórum Social Temático pode ser ada aqui: http://www.fstematico2012.org.br/imagens/programacao.pdf
Por Naira Hofmeister
Pioneirismo gaúcho marca movimento ambientalista brasileiro 2c5w6x
Ainda na primeira metade do século XX, com Henrique Luis Roessler, e mais recentemente com José Lutzenberger e a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), criada em abril de 1971, os ecologistas do Rio Grande do Sul deram grande contribuição à ciência que será um dos temas centrais do Fórum Social Temático de 2012, que será realizado em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo, de 24 a 29 de janeiro. Esses pioneiros lançaram as bases do ativismo ambiental no país.
Quando os participantes do Fórum Social Temático – uma das edições descentralizadas do Fórum Social Mundial, que ocorre desta forma nos anos pares – iniciarem a tradicional marcha de abertura do evento, dia 24 de janeiro, vão testemunhar um pouco do legado que o movimento ambientalista gaúcho deixou para Porto Alegre.
É que a preservação das copas das árvores que tornarão o trajeto de quatro quilômetros entre o Largo Glênio Peres e o Anfiteatro Pôr-do-sol mais ameno é fruto da luta de um grupo de pessoas engajadas na preservação da natureza, cuja atuação convicta iniciou em abril de 1971 com a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), capitaneada pelo engenheiro agrônomo José Lutzenberger e pelo ex-militante do Partido Comunista Brasileiro Augusto Carneiro.
“Há várias menções sobre qual foi a primeira entidade do País (…). A fundação da Agapan inaugurou a corrente ativista no Brasil”, reivindica Carneiro em seu livro A História do Ambientalismo (Editora Sagra Luzzatto).
Logo que foi criada, uma das principais bandeiras da Agapan era combater a poda anual das árvores de Porto Alegre operada pelo executivo municipal. “A prefeitura mandava os operários saírem com uma taquara, para medir a altura.
Eles podavam na altura da taquara, sem se importar com a grossura do tronco. Pensamento reducionista, né?!”, expôs outro fundador da Agapan, José Lutzenberger (falecido em 2002) em um depoimento publicado na obra Pioneiros da Ecologia (JÁ Editores).
Um dos episódios mais folclóricos que envolvem a entidade, aliás, está relacionado ao ímpeto de proteção dos vegetais urbanos. Ocorreu também em um dia de janeiro, só que no ano de 1975. Ouvindo os conselhos do ‘mestre’ Lutz, de que só havia um jeito de fazer a prefeitura desistir do corte de árvores na cidade, o estudante de engenharia Carlos Dayrell subiu em uma tipuana da Avenida João Pessoa para impedir que fosse derrubada para a construção de um viaduto.
A foto que imortalizou o momento mostra dois rapazes se segurando em galhos na copa do exemplar que fica na calçada do núcleo de prédios históricos da UFRGS. “Deu uma baita repercussão para nós. Saiu matéria no Estado de S.Paulo e nos maiores jornais de Buenos Aires. Até nosso manifesto foi publicado”, lembra Carneiro em seu depoimento no livro Pioneiros da Ecologia.
A tipuana segue no mesmo lugar, 37 anos depois, e o traçado do viaduto teve que ser alterado depois da atitude de Dayrell.
A pressão dos ecologistas fez com que, em 1976, Porto Alegre se tornasse a primeira cidade brasileira a ter uma secretaria municipal do meio ambiente. Herança dos ambientalistas também é o Código Estadual de Meio Ambiente, aprovado no ano 2000 igualmente de forma pioneira.
Em Porto Alegre 771 árvores estão declaradas imunes ao corte por decretos do executivo, sendo que a capital gaúcha possui uma média de uma árvore por habitante em vias públicas, excluindo as que estão nos parques.
Outra conquista contemporânea do movimento ambientalista gaúcho é a existência de cinco túneis verdes declarados patrimônio ecológico da cidade. São trechos de 14 ruas nas quais as copas das árvores plantadas de ambos os lados da calçada de fecham formando uma cobertura natural. E desde 2006 a cidade possui um Plano Diretor de Arborização Urbana, que determina que os eios públicos devam manter, no mínimo, 40% de área vegetada.
Agrotóxicos e Borregaard, vitórias dos ecologistas
Foi através dos discursos de José Lutzenberger no início dos anos 70 que o Brasil ficou sabendo da batalha capitaneada pela Agapan para que o país adotasse o termo agrotóxicos no lugar de defensivos agrícolas para se referir aos pesticidas colocado nas plantações para combater pragas.
“Vejam o absurdo: se eu quisesse comprar 50 gramas de material para fabricar pólvora, precisaria de uma licença do Exército. No entanto, qualquer guri podia comprar 200 litros de veneno, que se cair uma gota na perna, o sujeito está morto uma hora depois”, comparava o engenheiro agrônomo e ambientalista em suas reflexões que integram a obra Pioneiros da Ecologia.
Anos depois, o Rio Grande do Sul seria o primeiro estado da nação a criar leis que regulamentassem o uso de tais substâncias e em 1988, o tema acabaria incluído na Constituição Federal sob o artigo que comenta a proibição de envenenar rios.
Foi também a preocupação com a qualidade da água que levou a Agapan a investir contra a Borregaard – fábrica de celulose norueguesa que se instalou em Guaíba, às margens do lago que banha a cidade e a Capital do Rio Grande. Corria o ano de 1972 e a indústria, aprovada pelo governo militar recebeu incentivos fiscais e financiamento de bancos públicos, mas não incluía em seu projeto cuidados com o meio ambiente.
“O discurso desenvolvimentista da época chegava ao ponto de fazer com que ministros de Estado brasileiros, ao convidar investidores, proclamassem: “venham poluir aqui”. Os noruegueses da Borregaard levaram o convite tão ao pé da letra que não destinaram um único centavo a equipamentos antipoluição”, revela a jornalista Lilian Dreyer, biógrafa de José Lutzenberger, no artigo Borregaard: um marco na luta ambiental, publicado no site Agenda 21.
Apesar do risco que a deposição de resíduos químicos no Guaíba representava para a saúde nas cidades que abastecidas por suas águas, foi mesmo o mau cheiro que exalava da chaminé da Borregaard que causou uma mobilização sem precedentes contra a fábrica.
O assunto, levado aos jornais pelos ambientalistas da Agapan, mereceu inclusive uma Comissão Parlamentar de Inquérito (I) na Assembleia Legislativa, onde médicos apresentaram estudos sobre casos de dores de cabeça, irritação nos olhos, náuseas e vômitos relacionados à poluição provocada pela Borregaard.
Três anos depois os noruegueses desistiram do negócio cansados das exigências que teriam que cumprir para manter a atividade. O empreendimento foi nacionalizado e ou a chamar-se Riocell. Investiu no controle ambiental e contratou José Lutzenberger para ser consultor.
Depois a fábrica ou para as mãos da Klabin, Aracruz e, desde 2009, é tocada por chilenos do grupo CMPC. Mesmo depois de todas essas trocas de comando foram mantidos os programas de conservação de fauna e flora autóctones implementados por Lutz.
Lutz desafia Collor
A trajetória de José Lutzenberger à frente do movimento ambientalista tem muitas anedotas. “O ex-vendedor de produtos químicos (funcionário da Basf), que consumiu 30 anos de sua vida brigando, xingando e fazendo adeptos, se manteve irredutível até o fim. Foi rotulado de louco, retrógrado, irresponsável, visionário e gênio.” Essa é a descrição que os jornalistas Elmar Bones e Geraldo Hasse fazem de Lutz no livro Pioneiros da Ecologia – que contém uma das últimas entrevistas do militante, concedida em agosto de 2001, poucos meses antes de morrer, no ano seguinte.
Uma das mais curiosas facetas da personalidade do ambientalista se mostrou durante o período em que foi ministro do Meio Ambiente do governo Fernando Collor de Melo, entre 1990 e 1991. Lutz ficou um ano e três meses no cargo e sua demissão nunca foi esclarecida. Ele, entretanto, tem uma hipótese para justificar o rompimento do então presidente com seu assessor.
Em uma viagem à Áustria acompanhando o chefe do Executivo federal, Lutz irritou-se com um pedido de Collor ao primeiro-ministro austríaco – na época Branitski – feito “naquele inglês todo enrolado dele”. Collor dizia que o Brasil era um país pobre e que precisava da ajuda dos ricos. Em seguida ou a palavra a Lutzenberger, que narrou assim, em Pioneiros da Ecologia, o momento.
“Eu falei alemão e disse para o primeiro-ministro: ‘Olha, nós brasileiros temos um país incrivelmente rico. Vocês austríacos não podem nem imaginar como somos ricos! Vocês têm um território de 83 mil km², o nosso é de 8,5 milhões de km², isto é, mais de 100 vezes maior que o de vocês. Metade do território de vocês é de montanha gelada, dá para fazer esqui e ganhar um pouco com o turismo. Aqueles vales verdes de vocês são lindos, frutíferos, mas tem oito meses de vegetação por ano.
A maior parte do Brasil, com exceção daqueles desertozinhos lá do nordeste, tem doze meses de vegetação por ano. Nós temos um clima maravilhoso. Temos tudo quanto é recurso. Mas nós somos um país muito pobre. Incrivelmente pobre. Não se imagina como nós somos pobres em político decente”. Na saída, Collor me perguntou porque o homem riu tanto. Eu expliquei o que tinha dito, ele deu uma risadinha amarela. Três semanas depois me mandou embora”.
Roessler, ecologista antes da ecologia
Antes de José Lutzenberger, Augusto Carneiro e da Agapan, o Rio Grande do Sul despontou para o ainda incipiente cenário de defensores do meio ambiente com um homem natural de porto-alegrense e capilé de coração.
Henrique Luis Roessler nasceu em Porto Alegre em 16 de novembro de 1896, mas sua batalha ambiental teve como palco as margens do Rio dos Sinos, onde atuava como funcionário da Delegacia Estadual dos Portos e foi delegado florestal voluntário do Ministério da Agricultura.
“O cara que começou tudo isso não veio apenas antes de José Lutzenberger. Sua União Protetora da Natureza (UPN) precedeu em 16 anos a Agapan. Roessler e a UPN vieram antes de Chico Mendes e do Greenpeace. Roessler, na verdade, veio antes do ambientalismo”, define o biógrafo do homem que hoje dá nome à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), Ayrton Centeno nas páginas de Roessler – O primeiro ecopolítico (JÁ Editores).
A conscientização pública dos cuidados que o meio ambiente requer foi empreendida por Roessler e incluía a distribuição de cartazes e panfletos ilustrados por ele nos quais alertava para os “tarados” arinheiros, que caçavam os bichinhos e colecionavam suas cabeças em colares, por exemplo.
Mas Roessler também tinha métodos menos ortodoxos para “convencer” proprietários de animais a tratarem bem seus companheiros de jornada. Como o caso relatado por Centeno na biografia do militante, em que, em plena década de 50, Roessler surpreende um homem dando relhaços em seu cavalo. Revoltado, arranca o instrumento de maltrato das mãos do dono e lhe aplica uma surra igual a que o homem dava no cavalo.
Além da ação direta na região do Vale do Sinos, foi através de crônicas publicadas semanalmente no jornal Correio do Povo – na época o principal diário em circulação no Rio Grande do Sul – que ele tornou-se o patrono da ecologia no Rio Grande do Sul. “Ele é o fundador da ecologia política no Brasil”, atesta em depoimento a Ayrton Centeno outro pioneiro, Augusto Carneiro, sobre Roessler.
Fórum terá discussão sobre Comunicação 4r5k45
Dias 27 e 28 de janeiro, acontece na Casa de Cultura Mário Quintana, a terceira edição do Fórum de Mídia Livre. O evento deve atrair profissionais da comunicação, blogueiros, usuários e criadores de softwares livres – que discutirão maneiras para uma maior apropriação tecnológica por parte da população, e como usarem a comunicação como ferramenta de democracia.
O encontro se dará juntamente com o espaço Conexões Globais, dedicado a oficinas e práticas de comunicação com uso de internet, e que visa entender como ações globais de Cidadania podem ser conectadas através de mídias como a internet e redes sociais.
No Fórum de Mídia Livre o objetivo, segundo os organizadores, é uma construção de propostas estratégicas para a democratização da mídia, longe de um debate corporativo entre pequenos meios. Participarão organizações como Intervozes, Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé e Fórum Nacional pela Democratização da Mídia (FNDC), movimento Blog Prog (blogosfera progressista), além de publicações como Revista Fórum e Viração, entre outros.
Os encontros terão contribuições de palestrantes da América Latina e presenças vindas da primavera árabe – que farão uma ponte com o I Fórum de Mídia Livre no mundo afro-árabe, programado para este primeiro semestre.
A programação geral do III Fórum de Mídia, que está entre as atividades alternativas do Fórum Social Temático, poder ser conferida no site www.forumdemidialivre.org
Abertas inscrições para o Acampamento da Juventude do FST 2012 3p3q6l
Faltam 28 dias para ter início o Fórum Social Temático 2012 – o evento está previsto para ocorrer de 24 a 29 de janeiro. O prazo único de inscrições, porém, termina bem antes – na primeira sexta-feira do próximo ano, dia 6 de janeiro.
Esta é a data limite tanto para quem deseja apenas assistir à programação quanto para aqueles que pretendem desenvolver iniciativas no encontro – atividades autogestionárias, participação como voluntário ou mesmo garantir espaço para a própria barraca no Acampamento da Juventude.
O Acampamento da Juventude ocupará o tradicional espaço já ocupado em outras edições de Fóruns, no Parque Harmonia, região da orla do Guaíba, em Porto Alegre. O valor da inscrição é de R$ 20,00 e dará direito à participação nas atividades do FST 2012.
Todos os participantes receberão uma bolsa e uma caneca de plástico reciclada. Para fazer a sua inscrição, entre em http://www.fstematico2012.org.br/acampamento.
A organização do FST 2012 aproveita para lembrar que inscrições para todas as demais modalidades de participação no FST 2012 só terão validade quando feitas no site oficial do evento, em http://www.fstematico2012.org.br
A edição do FST tem como temas Crise Capitalista, Justiça Social e Ambiental e é preparatória à Cúpula dos Povos da Rio+20 – em maio e junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os debates irão contemplar questões relacionadas a movimentos sociais em todo o mundo, desigualdades políticas e sociais, além da situação econômica e ambiental.
O Comitê Organizador do FST destaca a necessária reinvenção do mundo, com respostas para o agravamento da crise social nas economias centrais e contra a desigualdade e a crise ambiental. Porto Alegre e Região Metropolitana serão o ponto de encontro para tais debates.
O objetivo do comitê e “tornar a capital gaúcha sede permanente de discussões, onde se possa debater e refletir sobre as desigualdades e injustiças políticas e sociais, fazendo um contraponto ao Fórum Econômico realizado em Davos, na Suíça”. A ideia é firmar Porto Alegre como referência nesses temas e que todos os anos o debate por outro mundo possível, que se consolidou desde o primeiro FSM, no ano de 2001, aconteça aqui, independentemente de se realizar em qualquer outra parte do mundo.
Outros destaques do FST serão o Fórum Mundial de Educação, a Feira de Economia Solidária e a Aldeia da Paz, que pretendem servir como exemplos de espaços de sustentabilidade ambiental e social.
Os Grupos Temáticos se encontrarão em Porto Alegre nos dias 25 e 26 de janeiro de 2012 para a sistematização dos debates. Nos dias 27 e 28 de janeiro haverá articulação dos vários diálogos entre si ao redor dos eixos temáticos. Para estes encontros já estão confirmadas mais de 200 atividades.
As ações podem ser promovidas por pessoas ou entidades e precisam se encaixar em um dos quatro eixos temáticos fundamentais do evento:
Eixo1 – Fundamentos éticos e filosóficos: subjetividade, dominação e emancipação.
Eixo 2 – Direitos Humanos, povos, territórios e defesa da mãe terra.
Eixo 3 – Produção, distribuição e consumo: o às riquezas, bens comuns e economia de transição.
Eixo 4 – Sujeitos políticos, arquitetura de poder e democracia.
As atividades podem acontecer em uma das quatro cidades que receberão o FST 2012, sendo elas Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo. O proponente deve também escolher a cidade onde realizará sua ação, entre as quatro.