Os índices de avaliação do governo Yeda na pesquisa do DataFolha são de acender luzes amarelas nas hostes fogacistas (e tarcistas, por que não?) É só olhar o gráfico (ZH, 5/4/10, p.6). Ruim e péssimo caiu de 50% para 42% em três meses. Regular se manteve nos 35%, mas bom e ótimo cresceu 10 pontos de 12% para 22%. Considere-se que a governadora esteve sob pressão extrema em 2009. Muitos consideravam que não chegaria ao fim. Em dezembro ainda era um governo acuado. Operação Rodin (à que não faltou um cadáver), compra da casa com evidências de caixa dois, a delação de Lair Ferst, o diálogo Busato-Feijó, o pedido de impeachment, a I da Corrupção. Por algum momento a oposição – ou pelo menos os setores mais exaltados –acreditaram que poderiam emparedá-la. São muitos os fatores que evitaram o desfecho, inclusive uma blindagem da imprensa. O certo é que o “Fora Yeda” não se materializou, os processos se arrastam, as decisões que saíram são favoráveis… “Coragem de fazer” Encanzinada nas denúncias de corrupção, a oposição não deu importância ao discurso que o governo foi plantando – da eficiência, do déficit zero, da “coragem para fazer”. O governo era errático, mas o discurso fazia sentido, até pela falta de crítica. O caixa reforçado por arrecadações excepcionais faz o resto. Até agora Yeda não fugiu da escrita. Todos os governadores, desde que voltou a eleição direta, assumiram com a prioridade de equilibrar as contas, corroídas por um déficit crônico. Corte de gastos, reforma da máquina pública para que pudesse fazer mais com menos, tem sido a receita comum. Alceu Collares cortou o cafezinho nas repartições. Pedro Simon ou 97 dias de greve para não ceder aos professores. Todos, ao final, cederam e chegou a um ponto em que foi necessário um novo ingrediente na receita: um aumento de impostos, sem o qual o Estado seria “ingovernável”. Yeda Crusius e Olívio Dutra foram os únicos que não conseguiram apoio político para aumentar o imposto estadual (ICMS). Mas ela teve o que nenhum dos antecessores teve: quatro safras agrícolas sem quebras, sendo uma excepcional e outra muito boa em termos de volume e preços. Só em 2008, Yeda obteve R$ 3, 2 bilhões de acréscimo no ICMS. É mais do que pretendia para três anos, com o projeto de aumento de impostos apresentado no início do governo. O custos de uma política de cortes para eliminar o déficit é de difícil avaliação. Reiterada a vários governo, ela é a causa de a Polícia Civil ter quatro mil homens a menos. Assim é na Brigada Militar, assim é na Saúde, assim é nas escolas, assim é nas áreas de controle. Mas governo pode fazer média com as corporações dos funcionários, dando generoso aumento às vésperas da campanha, para afagar um milhão de votos. Até agora, essa estratégia fracassou. Desde a volta das eleições diretas para governador, nenhum conseguiu fazer seu sucessor ou reeleger-se no Rio Grande do Sul. A diferença de Yeda é que ela sofreu todos os desgastes um ano antes da eleição, tem dinheiro em caixa e um discurso que a oposição ainda não conseguiu combater eficazmente. 85418
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PT divulga pesquisa com Tarso na frente 2my1c
(Geraldo Hasse) –Com 37% das intenções de votos, Tarso Genro leva 9 pontos percentuais sobre José Fogaça (28%), segundo pesquisa estadual encomendada pelo PT no fim de semana encerrado no dia 20 de março.
A governadora Yeda Crusius aparece em terceiro com 10%. Os outros mais cotados são Beto Albuquerque (7%) e Luiz Augusto Lara (menos de 3%).
Síntese de 60O questionários aplicados por uma empresa de pesquisa contratada pelo PT gaúcho, esses números foram apresentados no sábado dia 27 pela manhã na Câmara de Vereadores de Osório por João Vitor Domingues, coordenador da bancada do PT na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul. Segundo Domingues, é pesquisa de trabalho, sem maquiagem, para subsidiar o planejamento da campanha de Tarso Genro ao governo gaúcho.
Depois de analisar os governos Yeda e Fogaça, o coordenador petista deixou uma mensagem otimista à platéia de 60 pessoas reunida pelo PT local, que tem apenas um vereador numa câmara de nove membros: “Não acreditem na história de que o PT está isolado — esse é o desejo deles”, disse, lembrando que o PMDB continua no governo do estado, mesmo depois de escolher o prefeito portoalegrense Fogaça como candidato ao Piratini.
Segundo Domingues, a união PMDB-PSDB-PP no governo é fisiológica e reflete a ameaça feita pela governadora em meio às denúncias de corrupção em seu governo: “Se eu cair, não caio sozinha”.
Além do caso do Detran, que vem do governo Rigotto (2003-2006), e das concessões rodoviárias, que vêm do governo Britto (1995-1998), o petista apontou problemas na Corsan, no Daer, na Saúde, no Meio Ambiente, no Banrisul e nas barragens de Rosário do Sul e Dom Pedrito.
“A política no Rio Grande do Sul está dominada por famílias políticas mafiosas”, afirmou Domingues, salientando que “a governabilidade é um negócio” e “o déficit zero é uma farsa” encoberta pela privatização parcial do Banrisul e o enxugamento nos gastos em educação e saúde.
A pesquisa feita pelo PT apontou também os cinco maiores problemas gaúchos. Segundo os entrevistados, o maior é a saúde, seguido pela droga, a violência, a falta de emprego e a falta de perspectivas profissionais.
Outra questão indicou as três qualidades essenciais de um governante, por ordem: a ética, a capacidade de iniciativa e a disposição para o trabalho.
Jornais do Interior estão descontentes com Yeda 5f1566
A Associação dos Jornais do Interior (Adjori) reelegeu nesta sexta-feira, 26, o presidente Miguel Luz, do Destaque de Esteio, para mais um mandato.
Mas o assunto mais discutido entre os editores na sede da entidade em Porto Alegre foi a questão das verbas publicitárias do governo do Estado.
A queixa é generalizada: Yeda é bastante generosa com os jornais da capital, mas mantém a imprensa do interior à míngua. São 260 jornais associados à Adjori no Rio Grande do Sul.
Os poucos que conseguiram alguma coisa durante o governo Yeda foram os que apelaram para deputados da bancada governista.
A situação é tal que a entidade estuda a sugestão de formar uma comissão para manifestar à governadora o descontentamento generalizado e chamar a atenção para a importância dos veículos municipais na hora das eleições.
A disputa eleitoral deste ano também foi um dos assuntos. Entre os presentes, eram minoria os que consideram as chances de Yeda Crusius muito pequenas.
A grande maioria acha que há grandes possibilidades de reeleição, principalmente por causa das boas relações que a governadora vem mantendo com a maioria dos prefeitos, mesmo os que não são dos partidos da base aliada.
Segundo alguns, ela já é chamada de “Amiga dos Prefeitos”. Yeda está cumprindo rigorosamente o cronograma de transferências do ICMS para as prefeituras e sendo bastante solícita no atendimento às demandas, às vezes pequenas, mas cruciais para os municípios.
Educação e Política do Espetáculo 5e3129
Por Maria Rosa Fontebasso*
O que o Governo do Estado quer fazer é um brutal arrocho salarial da maior parte dos professores com o engodo de privilegiar as classes com salário menor. Se estivessem falando de salários que ultraam o teto constitucional poder-se-ia discutir o assunto para não perpetuar a situação.
No entanto, o governo se refere a salários aviltantes dos níveis mais baixos do Plano de Carreira (escolaridade menor dos professores), comparando-os com salários menos aviltantes dos níveis mais altos (escolaridade maior dos professores), mas que longe estão de ser considerados dignos.
O governo Alceu Collares alterou o Plano de Carreira igualando os níveis 5 e 6 com o mesmo argumento, causando um grande estrago. Felizmente foi restaurado pelo Governo Olívio Dutra.
Agora, o Governo do Estado está colando todos nos níveis por baixo. Joga com a penúria existente e quer instaurar um protótipo de circo romano para que os professores se digladiem pela sobrevivência. Os profissionais são levados a aceitar um engodo, dada a urgência por qualquer pseudomelhoria nas suas condições de vida.
É o que nos mostra o depoimento de uma professora que diz “o acréscimo ajudaria (…). Entretanto, sei que o aumento nivela por baixo e achatará o salário de muita gente, inclusive o meu no futuro…”, e a declaração de diretor de escola de serem apenas dois os professores atingidos, de um total de 160, publicado em Zero Hora do dia 07/11/2009.
Ainda, o projeto deixa de lado qualquer incentivo para a melhoria na qualificação do professor. Apenas há um aceno de premiação se metas da escola forem atingidas. Quais serão essas? Quem as determinará? Os recursos das escolas como ficam? As bibliotecas fechadas por esse governo serão reabertas? A lista das perguntas seria interminável.
E, ainda, lê-se a afirmação do Secretário de Estado do Planejamento e Gestão – Mateus Bandeira, Zero Hora 08/11/2009:
“A nova visão [Plano de Valorização do Serviço Público] não deve ficar restrita à necessidade de reajustes salariais lineares, mas à justa e correta recompensa aos servidores que se dedicam à melhoria da produtividade do serviço público. O mundo é assim, em todos os segmentos.
Precisamos acompanhar as tendências mundiais.” A que países do mundo ele se refere? Quais condições de trabalho e salariais ele invoca? O que ele entende por produtividade na educação?
Talvez, por isso e por outros acontecimentos impossíveis de serem enumerados aqui, tenhamos a visita de uma pop star, Madonna, para captar recursos e implantar projetos sociais no país, pois
“Ela acha que, se não prepararmos as nossas crianças para olharem para dentro delas, não adianta irem à escola porque não chegarão a lugar nenhum”. Declaração publicada pela Folha de São Paulo, Ilustrada, 14/11/2009. O que o professor estadual, nas condições de trabalho atuais, conseguirá ver dentro de si?
O projeto do Governo do Estado escancara-se como antítese dos objetivos da cantora, sensível às questões educacionais. Sem desmerecer a louvável iniciativa, ela que é do mundo da cultura, põe à mostra a pequenez e precariedade do que é proposto por quem de responsabilidade deve pensar a educação.
Aviltar toda a categoria de professores, jogando com sua situação de precariedade, via corte de benefícios e engodo com “aumento de salários”, usando dos artifícios de marketing para que a população os engula, deixando de usar a palavra meritocracia (competitividade como se fosse um lugar de produção de mercadorias), omitindo as perdas resultantes (término de benefícios existentes), enfatizando cifras a serem gastas (comparadas com os aviltantes salários são grandes), utilizando jargões para desqualificar qualquer oposição (há gente que sempre é do contra quando se trata de proposta do governo).
Enfim, é o cenário da própria pós-modernidade na política, que se caracteriza pelo espetáculo mediático, como nos diz Olgária Matos.
A esperança está em que se manifestem os que veem o absurdo deste projeto com conseqüências que aumentarão a degradação da escola pública estadual.
* Professora Aposentada da Rede Estadual e do Ensino Universitário e Vice-presidente da AMA-Associação dos Moradores e Amigos da Auxiliadora
Pedido de impeachment vai ao plenário da Assembléia 5f19j
Era tenso o ambiente na Assembléia Legislativa às 10h30 desta quinta, 10, quando o presidente Ivar Pavan, anunciou perante dezenas de jornalistas e servidores que encaminhará para leitura em plenário o pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB). Pavan disse que “26 fortes indícios de improbidade istrativa encontrados em diversas fontes”, embasaram sua decisão.
A decisão segue um roteiro que está pronto há quase um mês. O processo agora obedece a um ritual com várias etapas e tende a desembocar numa decisão em plenário onde a governadora conta com apoio de ampla maioria entre os deputados.
Por essa razão, hoje a cassação do mandato da governadora é uma impossibilidade. Somente novos fatos capazes de alterar o quadro político poderão levar a esse desfecho.
O desgaste político, no entanto, é inevitável e poderá levar à desistência da candidatura de Yeda à reeleição.
O roteiro está detalhado em nosso post anterior “Roteiro do impeachment de Yeda está escrito”.
Roteiro do julgamento de Yeda já está escrito 2e385t
O anúncio que o presidente da Assembléia Legislativa fez nesta quinta-feira, 10, é o desdobramento de um roteiro que está escrito há quase um mês. Mais precisamente, desde o dia 18 de agosto, quando o deputado Ivar Pavan (PT) anunciou a formação de um grupo técnico e jurídico para assessorá-lo na análise do pedido de impeachment da governadora Yeda Crusius (PSDB) feito pela Federação dos Servidores Públicos do Estado.
O grupo técnico, que embasou a decisão do presidente do legislativo, é formado pelo superintendente-geral, João Motta, o procurador-geral, Fernando Ferreira, o Superintendente istrativo e Financeiro, Marcelo Cardona, a consultora técnica legislativa, Izabel Belloc Moreira Aragon e o assessor da presidência, Tarson Nuñes.
O Rito
O procurador-geral da Assembleia Legislativa , Fernando Guimarães Ferreira , explicou que o rito seguirá a Lei Federal 1079.
Três fases iniciais já foram cumpridas: a apresentação do pedido, seu encaminhamento ao presidente da Assembleia Legislativa e o envio à procuradoria para exame dos requisitos formais.
Com todas exigências formais cumpridas, o presidente fez “um exame liminar das condições prévias e mínimas de issibilidade da denúncia” e decidiu acolher o pedido.
itida a denúncia, o documento será lido no expediente do plenário da sessão seguinte a decisão e publicado no Diário da Assembleia.
O o seguinte é a escolha de uma Comissão Especial pelo plenário com 36 integrantes, representando todos os partidos. A primeira reunião desta comissão deverá se dar até 48 horas da eleição e elegerá um presidente e um relator. O relator tem o prazo de 10 dias para elaborar parecer, dizendo se a denúncia deve ou não ser objeto de deliberação pela Assembleia Legislativa.
No próximo o, o parecer é aprovado ou rejeitado em votação de maioria simples na Comissão. Se for aprovado é lido no expediente do plenário, publicado na íntegra no Diário da Assembleia junto com a denúncia e distribuída cópia aos 55 deputados.
Dois dias após a publicação é incluído em 1º lugar na ordem do dia para discussão única. Cinco deputados de dada partido falam por uma hora e o relator, querendo pode responder depois de cada partido. Logo após e feita votação nominal no Plenário e exigida apenas maioria simples. Se rejeitada , arquiva o pedido sem entrar no mérito. Se aprovado a para a fase seguinte, que é a “pronúncia”.
Pronúncia
O presidente da Assembleia determina a citação da governadora. O prazo para a contestação será de 20 dias. Ressurge a Comissão Especial de 36 deputados agora como órgão de instrução. A Comissão tem liberdade para produzir provas e ouvir testemunhas.
A governadora não é obrigada a responder ou depor. Terminada a instrução começam as alegações finais do denunciante e da governadora, cada um com 15 dias de prazo. O relator terá 10 dias para parecer. Se o parecer for derrotado é escolhido novo relator. Se for aprovado é publicado no Diário da Assembleia e distribuída cópia aos 55 deputados e incluído na pauta da sessão seguinte.
Haverá então duas discussões no intervalo de 48 horas, em cada uma delas um deputado de cada partido pode falar por uma hora e em seguida é feita a votação nominal sem questões de ordem e encaminhamentos. O quorum deverá ser de no mínimo dois terços dos deputados.
Se aprovado o parecer, a governadora é suspensa de suas funções . Será intimada pelo 1º secretário da casa imediatamente e assume o vice-governador.
Julgamento
Segundo um dos assessores técnicos, se fosse pela Constituição Estadual a própria Assembleia faria o julgamento. O assessor explicou que o Supremo Tribunal Federal entende que deva ser formado um Tribunal Especial de cinco deputados eleitos pelo plenário, cinco desembargadores sorteados e o presidente do Tribunal de Justiça que dirigirá os trabalhos.
O presidente abre vistas de 48 horas ao denunciante para fazer a acusação e a governadora para fazer o contraditório. Pode ser oferecido rol de testemunhas. Depois o presidente do Tribunal de Justiça marca a data do julgamento, notifica as partes e intima testemunhas num interstício de 10 dias.
A governadora não precisa comparecer pode ter procuradores. Se a governadora ou seus procuradores não comparecerem na data aprazada o julgamento é suspenso e marcada nova data. O quorum de julgadores será de dois terços.
Depois de verificar se não há impedimentos e suspeições, o presidente do Tribunal de Justiça faz a leitura do processo, a inquirição , reinquirição e contradita de testemunhas.
Os debates orais serão em discussão única. O presidente do Tribunal faz o relatório que vai a votação nominal e aberta com quorum de dois terços da comissão de cinco deputados e cinco desembargadores. Em seguida o presidente do Tribunal de Justiça lavra a sentença , cie
Pedágios: um novo “caso Atento”, cem vezes maior 3f592q
Erros se sucedem desde o início
Elmar Bones
“Britto é o Pedágio. Olívio é o caminho”. Este foi um dos “bordões” da campanha petista que derrotou Antônio Britto, do PMDB, em 1998.
Naquele ano começaram a funcionar os pedágios em seis “pólos rodoviários”, num total de 1.800 quilômetros de estradas concedidas pelo Programa Estadual de Concessões Rodoviárias, aprovado por Britto no ano anterior.
Denúncias, manifestações de rua, confrontos com a polícia e três dezenas de ações na Justiça marcam os onze anos de existência dos pedágios no Estado.
Em 2007, a seqüência de conflitos culminou com uma I, igualmente tumultuada e cheia de acusações. Para começar, a maioria dos integrantes da I, inclusive o relator, não haviam assinado o requerimento pedindo a investigação.
O relator, deputado Berfran Rosado, do PPS, foi acusado em plenário de ter produzido dois relatórios: um que foi lido na I e outro, com 50 páginas a mais, apresentado para votação.
Mesmo assim, o relatório não deixa de ser contundente. Diz, por exemplo, que o DAER, que representa o governo nos contratos, tem “ineficaz atuação operacional e fiscalizatória”.
Segundo o relatório, nem mesmo providências simples, como a pesagem dos caminhões para impedir o excesso de peso, que danifica as rodovias, não são executadas. Faltam balanças e, onde há balanças, faltam, funcionários para operá-las.
O relatório da I aponta também “inexistência adequada de transparência na situação das concessionárias”. Reconhece que “há inadequação técnica e social na forma como vem sendo cobradas as tarifas”. E conclui: “Certo é o desequilíbrio, embora não esteja idenficado em favor de quem”. Recomenda a “não prorrogação dos contratos no estado em que se encontram”.
Apesar da gravidade do que foi constatado, a I foi encerrada abruptamente. “Foi abortada”, como disse a deputada Marisa Formolo (PT), exatamente no momento em que começavam a aparecer fatos estarrecedores: pressão sobre uma funcionária da Agergs para que ela mentisse aos deputados, nota clonadas de uma empreiteira, sócia de um dos consórcios que têm concessão de rodovias, já autuada por sonegação de impostos.
A mídia com uma cobertura fraca e desarticulada contribuiu decisivamente para o desfecho. Alguma crítica, rápida e superficial, só apareceu depois que a I deu por encerrados os trabalhos. (segue)
Polícia quer mais tempo para investigar morte de Marcelo Cavalcante 2x2i5s
Por Lucas Azevedo | Especial para o JÁ
Na sexta 17, faz dois meses que o corpo do ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, foi encontrado boiando no Lago Paranoá, próximo à Ponte Juscelino Kubitschek – e o inquérito instaurado pela 10ª Delegacia de Polícia da Capital Federal não chegou a nenhuma conclusão. Mais: há cerca de um mês a sindicância tramita na Justiça à espera de autorização para mais 60 dias de investigações.
No entanto, a viúva de Cavalcante, a empresária Magda Cunha Koenigkan, diz ter material importante para esclarecer a morte do ex-marido. Ela diz saber de detalhes obtidos em conversas com Cavalcante que explicariam as pressões que ele vinha sofrendo meses antes de morrer. Para isso, Magda contratou um renomado advogado de Brasília para auxiliá-la.
“Posso repetir o que o Marcelo dizia, e são coisas muito pesadas. Ele era totalmente pressionado e não estava de acordo com a istração do Sul. De repente, ele aparece boiando. Tive que contratar um bom advogado para descobrir a causa, já que nem eu nem a polícia de Brasília somos capazes disso.”
O conteúdo dessas conversas poderia causar danos ao governo gaúcho, já que Cavalcante era “peça importante” na ascensão ao Piratini e na primeira parte do governo de Yeda Crusius. Magda reafirmou o encontro entre o ex-marido e a governadora, no final do ano ado, no qual foi feito o convite ao ex-assessor voltar ao time. Cavalcante foi afastado do governo em junho de 2008, após a revelação de uma conversa telefônica onde ele intermediava uma reunião do lobista Lair Ferst na Secretaria estadual da Fazenda.
“Vem fazer parte da equipe. Você tem que voltar. Você faz parte da minha equipe e é uma peça importante para a gente”, teria dito Yeda a Cavalcante, segundo Magda.
A viúva ressalta que nos últimos três meses de vida, Cavalcante se mostrava muito apreensivo e recebia ligações no início da manhã, as quais preferia atender no banheiro, longe dela. O ex-assessor tratava o seu interlocutor com reverência, “sempre com um ‘sim senhor’ e ‘não senhor’”, lembra.
Magda também confirmou existir uma gravação na qual Cavalcante aparece em uma conversa com alguém que participou da campanha para o Piratini em 2006. Na conversa, o ex-representante do governo se mostra estarrecido ao descobrir que parte do dinheiro arrecadado para a campanha tomou outro fim. “Foi aí que tudo começou. Essa gravação dele, que mostra coisa não legais. Eu já vi várias vezes. O Marcelo me dizia: ‘Se for pro ar, eu tô ferrado. O governo cai no outro dia!’ Era a peça importante pro governo.”
Cavalcante revelou a Magda que não se tratava de irregularidade, mas algo “fora da normalidade” da campanha política. O material teria sido gravado pelo interlocutor, que integraria a campanha, e entregue a Cavalcante tempos depois. Magda disse não saber identificar quem está com Cavalcante. “Não é negociação. É ele falando estarrecido do dinheiro que eles conseguiram e que foi colocado para outro fundo. Ele ficou muito abatido com aquilo.”
A empresária salientou não ter mais o a essa gravação, que estava em posse de um amigo do ex-marido. O fiel depositário da prova informou a ela que devolveu o material ao ex-assessor meses antes de sua morte.
“Tudo o que eu tiver em mãos será revelado. Não existe a hipótese de eu ficar calada. Quero saber a causa da morte de Marcelo. Tem que averiguar o que ele falava em casa para que as partes competentes avaliem o que tem por trás disso”, afirmou.
Brigas de família
A visita que Magda recebeu do empresário Lair Ferst, em 18 de fevereiro, após o enterro de Marcelo Cavalcante, e o conteúdo das mensagens que o ex-marido enviou a ela no dia de sua morte gerou o rompimento da ligação da viúva com a família do ex-marido.
Segundo o comerciante Marcos Cavalcante, irmão de Marcelo, a família teria tentando ajudar se soubesse que ele havia ameaçado tirar a própria vida. “A gente tinha dado um jeito de colar nele e não deixar que acontecesse isso.” Já conforme Antônio Cavalcante, pai do ex-assessor, após o encontro com Ferst, Magda teria mudado o conteúdo dos seus comentários sobre a morte do filho.
Magda nega. “Todos nós achamos que o Marcelo não era capaz de tirar a própria vida. É natural que ele (Antônio) pense qualquer coisa. Mas não sei de onde ele tirou essa idéia sobre a visita do Lair”, afirmou.
Marcos defende o pai e prefere desqualificar a ex-cunhada. Ele utiliza o fato de Magda ser ré em alguns processos na Justiça de Brasília.
Walna, Marcelo e a assessora lobista
Marcelo Cavalcante e a misteriosa assessora toda-poderosa Walna Villarins Meneses formavam em Brasília, entre 2002 e 2006, o gabinete da então deputada federal Yeda Crusius. Com o lançamento da candidatura ao Piratini, Yeda manteve o seu núcleo de trabalho, incorporando a ele mais funções e poder.
Atual responsável pela Coordenação de Ações istrativas do Gabinete da Governadora, Walna, que é citada em investigação da Polícia Federal na Operação Solidária, viaja freqüentemente a Brasília. No final do ano ado, Walna voltou à Capital Federal, quando esteve com Cavalcante. “Em novembro ou dezembro eles tiveram encontros. Mas não sei se foi sobre política”, lembra Magda.
Próxima ao ex-representante do governo, talvez a assessora possa ter o que acrescentar no inquérito que apura a morte suspeita, já que tem amplo trânsito no governo gaúcho, tanto em solo rio-grandense como brasiliense. Walna voltou a Brasília no dia 17 de fevereiro, quando o corpo do ex-assessor foi encontrado.
Por outro lado, Magda revela que o ex-marido tinha “pavor” de uma certa assessora de Yeda. “Ele se arrepiava quando falava dela. Não falava com ela de jeito nenhum. Não entrava no carro da governadora com ela junto. Ele dizia que ela fazia lobby.” A assessora em questão seria a jornalista Sandra Terra.
Mais uma vez Lair
Um personagem que pode ter trazido novos elementos à investigação é o empresário Lair Ferst. Ele prestou depoimento em 23 de março à polícia de Brasília. Ele e Cavalcante atuaram juntos na campanha para governador do Estado e se conheciam desde a década de 1990, quando trabalharam no gabinete do então deputado Nelson Marchezan (PSDB).
Magda afirma que nos últimos meses o contato entre os dois ex-colegas diminuiu. Ela ressaltou que a mulher de Ferst, a ex-miss Brasil Deise Nunes, era quem mantinha mais conversas com Cavalcante.
Empréstimo do Banco Mundial garantiu superávit z344r
Mesmo com o extraordinário crescimento da receita, o governo gaúcho teria fechado seu balanço de 2008 no vermelho, se não fosse o empréstimo do Banco Mundial, que injetou quase R$ 1,2 bilhão nos cofres do Tesouro do Estado.
Esse valor equivale à primeira parcela (650 milhões de dólares) do empréstimo de 1,1 bilhão de dólares que o governo contratou com a instituição internacional em setembro do ano ado e que foi liberada ainda dentro do exercício.
Sem esse montante, o superávit da istração direta de R$ 364 milhões se transformaria num déficit de mais de R$ 800 milhões. No ano ado, o que garantiu equilíbrio nas contas estaduais foi a venda de ações do Banrisul, que permitiram ao governo agregar ao seu balanço cerca de R$ 1,1 bilhão.
O aumento da receita superou as expectativas do próprio governo, que previu no orçamento uma receita tributária de R$ 14,4 bilhões, mas acabou realizando R$ 16,6 bilhões.
Em relação à receita total (impostos, mais transferências e créditos) a diferença a mais entre o que foi previsto e o que foi executado chegou aos R$ 3,2 bilhões, praticamente o valor a mais que a governadora pretendia arrecadar em três anos com o aumento de impostos proposto no início e rejeitado pela Assembléia.
Em relação a 2007, o crescimento da receita de impostos superou os 20%, em cima dos R$ 13,8 bilhões realizados naquele exercício, que já apresentou um crescimento expressivo sobre o ano anterior.
Os números do balanço orçamentário, publicado na sexta-feira ada, ainda não foram analisados em detalhe. Mas há evidências de melhora na situação financeira global do setor público gaúcho. Por exemplo, o governo pela primeira vez repôs em vez de sacar dinheiro do Caixa Único.
No final de 2007, os saques no Caixa Único totalizavam R$ 4,7 bilhões. No balanço de 2008, houve uma redução de R$ 100 milhões. Graves distorções, no entanto, ainda persistem.
É o caso dos recursos do salário educação que apresentam um saldo negativo de R$ 539 milhões no Caixa Único. É um dinheiro que foi reado ao Estado e deveria ser aplicado na construção, reforma e manutenção de escolas, mas foi usado para outros fins pelo governo.
Superavit de Yeda chega a R$ 450 milhões l6z1w
O governo gaúcho obteve um superávit de 364 milhões* no orçamento de 2008. O resultado está no Balanço Geral do Estado do Rio Grande do Sul publicado no Diário Oficial que circulou na sexta-feira, 30.
Os números publicados até agora se referem à istração Direta (Executivo, Legislativo, Judiciário) que representa 85% do orçamento.
O resultado será melhor ainda quando juntar com o balanço da istração Indireta (Fundações, Autarquias, Empresas estatais). A previsão é de que o superávit chegue aos R$ 450 milhões.
“É o melhor balanço que vi desde que trabalho no governo”, disse um agente fiscal com 15 anos de Secretaria da Fazenda.
O que impressiona à primeira vista no balanço é o crescimento da receita que alcançou os 21,7 bilhões, R$ 3,2 bilhões a mais do que o previsto no orçamento.
Vários fatores contribuiram para esse aumento surpreendente na receita de impostos, principalmente ICMS. O balanço ainda vai ser analisado.
O crescimento da economia estadual foi o principal deles, não há dúvida quanto a isso entre os analistas. Mas há outros ganhos decorrentes de ações do governo, não dimensionados até o momento.
Na parte da despesa, o principal foi o corte que o governo impôs nas despesas de custeio renderam uma economia de R$ 327 milhões. Mas houve também redução de custos com o pagamento de fornecedores em dia, por exemplo. (continua)
*O número exato é: 364.260351.11