Elmar Bones Os oito candidatos a prefeito de Porto Alegre na eleição do próximo domingo se despediram dos eleitores/telespectadores nesta quarta-feira. Não houve surpresa. Quase todos optaram por reforçar o discurso desenvolvido ao longo da campanha, apelando mais para adjetivos e para o imaginário do que para substantivos e realidade. Fogaça falou de sua identificação com “essa cidade”. Mostrou fotos que testemunham sua trajetória de professor, deputado e senador. Exibiu fotos ao lado de Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Pedro Simon na luta pela redemocratização e, dos 16 anos como senador, destacou apenas o fato de ter sido “relator do Estatuto da Criança e do Adolescente”. Num discurso decorado professou sua confiança na cidade e sua gente e “sua capacidade de enfrentar desafios”. Falou bem, com segurança e ênfase, mas disse apenas lugares comuns da linguagem política tradicional. O seguinte foi Nelson Marchezan Júnior. “Acredito que muito pode ser feito para que a cidade seja mais viva e mais saudável”. “Acredito que construir é um ato de amor”. Repetiu o discurso de sua prioridade para a saúde e concluiu: Porto Alegre precisa de quem cuide bem mais dela. O fenômeno Manuela não surpreendeu. Repetiu o programa que colocou no ar segunda-feira, com o discurso de terceira via: “A eleição não precisa ser uma escolha entre dois projetos”. No mais, é ter “atitude”, conceito que a candidata colheu do marketing (e nisso ela se identificou com Onyx Lorenzoni, do Dem) e “recolher o que há de bom em cada um para o bem de todos”. Disse que tem “dez anos de atividade política” e “uma equipe em que se combinam a experiência política e a qualificação técnica”. E dá-lhe bordão: “Renovar a política é não perder a esperança”. “O segundo turno não pode ser igual a 2004”. “Eles já tiveram sua chance”. “Vamos fazer o que eles não fizeram”. “Transforme seu sentimento em decisão”. E tome jingle: “Sou roxo por Porto Alegre…” E gente alegre e contente e bonita cantando, como nos filmes da Coca-Cola. Aí, veio Carlos Gomes, do PHS, com seu projeto do trem que vai levar a classe média de Porto Alegre para morar no litoral, em Tramandaí, Capão da Canoa, Cidreira, Quintão… A idéia é tão boa que ninguém ousa acreditar nela… O candidato seguinte é Vera Guasso, do PSTU, com sua profissão de fé de “não aceitar dinheiro das empresas”, de “não se vender à Gerdau”, para manter a pureza política e fazer “a verdadeira mudança que os trabalhadores precisam para escapar da espoliação capitalista. É preciso um combate permanente aos poderosos e a corrupção”. O voto no PSTU é um voto de protesto para “construir o poder popular”, como disse o candidato a vice, Humberto Carvalho. O espaço de Maria do Rosário, da Frente Popular, começa revelando a influência do marketing no jingle: “Eu escolhi”, um sucedâneo do “ eu oPTei” e, por coincidência, o mesmo mote de uma propaganda da Claro (“Eu escolhi ser independente…”) que repete à exaustão em todos os canais. Depois do clip, com gente bonita, alegre, bem-vestida, cantando a musiquinha, entrou Maria em breve relato autobiográfico: “Eu cheguei nesta cidade com seis anos, me apaixonei…” E seguiu descrevendo sua dedicação a Porto Alegre, musiquinha romântica ao fundo. ou para os feitos da Frente Popular nos 16 anos em que governou a cidade, mas foi breve. Mais importante era falar que “a hora do Brasil chegou com Lula” e que a de Porto Alegre vai chegar com ela e Lula, porque ela está junto com ele e votar nela é votar nos dois. “Nós dois queremos seu voto”. E dê-lhe emoção: atores cantando, caras, gestos, atitudes… “Eu escolhi é Maria agora, é Maria aqui…” Luciana Genro começou elogiando a “gente valente” de Porto Alegre que em 1961 resistiu à tentativa de golpe militar, em 1984 foi à rua pelas Diretas Já e em 1991, gritou “fora Collor!”. Apresentou um breve currículo com suas lutas e duas denúncias (denunciou corrupção na Corsan, quando era presidida por Berfran Rosado) e reafirmou sua crença de que “é possível combater a corrupção e só combatendo a corrupção pode-se atender aos anseios da classe trabalhadora”. Concluiu revelando sua fé na zebra: “Uma coisa são as pesquisas, outra e eleição. Até agora ninguém ganhou”. Onyx Lorenzoni foi um dos que fez um programa especial para a despedida. Mostrou uma pesquisa em que ele aparece como “o candidato que mais cresce”. Inseriu depoimentos de parlamentares e do vice-governador Paulo Afonso Feijó. “Onyx cumpre a palavra”, disse ele. O candidato lembrou que em 2004 chegou em terceiro lugar e que desde então a possibilidade de ser prefeito o apaixonou. Quer ser um prefeito “que sabe cuidar das pessoas”. Guarda Municipal, Bolsa Creche, agem Única, Saúde sem fila… a angústia de um pai ou uma mãe que não encontra atendimento para seu filho… “Estou do lado de quem corre atrás do sustento… Os que mais sofrem”. Apelou para as “forças ocultas”: “Muita gente grande, que ganha muito dinheiro e lucra com essa situação… Os que são contra a agem única, contra o Bolsa Creche…Tenho pago um preço caro demais por defender os que mais precisam… Eu estou do teu lado, quero que venhas para o meu lado, quero ser o prefeito das pessoas e da cidade… atitude…” 4m5p1s