Na manhã de 1 de abril, os jornais trazem a notícia: há um golpe em andamento. Mas não se sabe direito o que está acontecendo. As aulas, que já haviam começado, são suspensas. Os bancos, que abririam às dez horas, fazem feriado forçado. As ruas se enchem de soldados. Brizola fala no rádio, pede aos sargentos que “prendam os gorilas que querem dar o golpe”. O novo comandante do III Exército, que chegara a Porto Alegre de madrugada, para organizar a resistência, desde cedo tenta requisitar a Brigada Militar, a força estadual que fora decisiva na reação ao golpe em 1961. O comandante da Brigada diz que só cumpre ordens do governador. O governador Ildo Meneghetti, alinhado com o golpe, decide sair de Porto Alegre. Deixa o palácio Piratini pelos fundos e segue num fusca verde. Quem dirige é o proprietário do carro, o capitão Jesus Linares Guimarães, ajudante de ordens da Casa Militar. Sairam antes do meio dia com destino a o Fundo. Apoiando a “Revolução” Antes de partir deixou folhas em branco assinadas. Uma delas seria usada para responder ao comandante do III Exército, que estava requisitando a Brigada Militar, para ficar sob o comando federal . O secretário do Interior, Mario Mondino, datilografou na folha assinada por Meneghetti uma resposta evasiva e não cumpriu a ordem. No fim da tarde, o governador chegava ao 2º Batalhão de Caçadores da Brigada Militar em o Fundo. Requisitou a rádio local e divulgou notas incitando o povo a “apoiar a revolução”. Em Porto Alegre, no mesmo horário, os brizolistas faziam um comício na frente da prefeitura, chamando o povo para a resistência. Os discursos são furiosos, pedem paredón para os golpistas. Brizola segue pedindo aos cabos e sargentos que “tomem os quartéis a unha”. Mas não reuniram mais do que três mil pessoas. O feriado bancário, a suspensão das aulas e a truculência da polícia reprimindo qualquer aglomeração, esvaziaram o centro bem cedo. Além disso, havia a expectativa da chegada de João Goulart, o presidente que voara do Rio para Brasilia e era esperado em Porto Alegre no início da noite (acabou chegando às 3h15 da madrugada). Um momento de tensão ocorreu no final do comício, quando chegou a informação de que o Palácio Piratini estava abandonado. Com o governador em o Fundo, apenas os guardas na portaria e alguns secretários estavam lá. Um grupo decidiu tomar o prédio e saíram pela rua da Praia. Com um megafone, o prefeito Sereno Chaise começou a gritar que era precipitação, que não podia ser assim… e o grupo se dispersou antes de chegar à Ladeira. [related limit=”5″] 171j2p