Ipanema: qual é o bairro que nós queremos? 616r58

Opinião O prefeito e um grupo de secretários municipais estiveram no bairro recentemente, durante roteiro do mutirão Prefeitura na Comunidade. Com pompa e circunstância, entregaram algumas benfeitorias. Fortunati, seguido de sua comitiva, caminhou solenemente pelo calçadão. Para o bairro Ipanema, a bem da verdade, a única novidade foi a promessa de uma nova iluminação na orla. Iniciativa louvável! Contudo, as demais “entregas e inaugurações”, na verdade não tinham relevância a ponto de justificar o evento, que ao final tornou-se palanque para políticos. Arrumar o Parque Ipanema e torná-lo adequado à prática desportiva, vocação do local desde que foi criado, não é um favor aos moradores, mas uma obrigação de quem istra a cidade. Pode-se dizer o mesmo em relação à troca de lâmpadas e lajotas no calçadão. Apesar disso, um grupo que não representa antigos moradores e empreendedores locais, serviu de fantoche na pantomima política que teve direito a show musical e discursos. Por decreto, sem consultar nenhum morador ou associação representativa do bairro, nomearam uma senhora que ninguém conhece para o cargo fictício de “Prefeita da Orla”. Na contramão do movimento, que surgiu bem intencionado e logo tomou um caráter personalista, um grupo de pessoas integrado por profissionais voluntários de formação acadêmica em diversas áreas, empreendedores e moradores que têm uma longa história no bairro, cerra fileiras ao lado da única entidade que realmente representa a todos e pensa o Ipanema para além da orla. Refiro-me à Associação de Moradores do Bairro Ipanema (Ambi). A prefeitura, ao invés de celebrar o que é uma obrigação de quem istra, deveria fomentar iniciativas de governança local, como defende a atual gestão. Um dos exemplos é o Centro Cultural de Ipanema, que poderá funcionar como memorial e também abrigar outras iniciativas. Aliás, a Secretaria da Cultura chegou a dar apoio institucional à primeira iniciativa, que iria funcionar na avenida Tramandaí e não foi adiante por falta de recurso financeiro. Ainda há tempo, senhor prefeito. Quem sabe a prefeitura não incentiva o novo projeto, que será levado à prática no histórico casarão que pertenceu a Comendador Castro, personagem que dá nome à rua onde o prédio foi erguido? Feito isso, talvez o prefeito possa voltar a Ipanema para entregar uma obra de verdade, ao invés de maquiagens como pintura de meio-fio, corte de grama, troca de lâmpadas e substituição de lajotas danificadas. Márcia Morales Salis, bacharel em Direito, mestre em Letras e doutoranda em Direito. 571s2t