Por Lucas Azevedo | Especial para o JÁ Na sexta 17, faz dois meses que o corpo do ex-representante do governo gaúcho em Brasília, Marcelo Cavalcante, foi encontrado boiando no Lago Paranoá, próximo à Ponte Juscelino Kubitschek – e o inquérito instaurado pela 10ª Delegacia de Polícia da Capital Federal não chegou a nenhuma conclusão. Mais: há cerca de um mês a sindicância tramita na Justiça à espera de autorização para mais 60 dias de investigações. No entanto, a viúva de Cavalcante, a empresária Magda Cunha Koenigkan, diz ter material importante para esclarecer a morte do ex-marido. Ela diz saber de detalhes obtidos em conversas com Cavalcante que explicariam as pressões que ele vinha sofrendo meses antes de morrer. Para isso, Magda contratou um renomado advogado de Brasília para auxiliá-la. “Posso repetir o que o Marcelo dizia, e são coisas muito pesadas. Ele era totalmente pressionado e não estava de acordo com a istração do Sul. De repente, ele aparece boiando. Tive que contratar um bom advogado para descobrir a causa, já que nem eu nem a polícia de Brasília somos capazes disso.” O conteúdo dessas conversas poderia causar danos ao governo gaúcho, já que Cavalcante era “peça importante” na ascensão ao Piratini e na primeira parte do governo de Yeda Crusius. Magda reafirmou o encontro entre o ex-marido e a governadora, no final do ano ado, no qual foi feito o convite ao ex-assessor voltar ao time. Cavalcante foi afastado do governo em junho de 2008, após a revelação de uma conversa telefônica onde ele intermediava uma reunião do lobista Lair Ferst na Secretaria estadual da Fazenda. “Vem fazer parte da equipe. Você tem que voltar. Você faz parte da minha equipe e é uma peça importante para a gente”, teria dito Yeda a Cavalcante, segundo Magda. A viúva ressalta que nos últimos três meses de vida, Cavalcante se mostrava muito apreensivo e recebia ligações no início da manhã, as quais preferia atender no banheiro, longe dela. O ex-assessor tratava o seu interlocutor com reverência, “sempre com um ‘sim senhor’ e ‘não senhor’”, lembra. Magda também confirmou existir uma gravação na qual Cavalcante aparece em uma conversa com alguém que participou da campanha para o Piratini em 2006. Na conversa, o ex-representante do governo se mostra estarrecido ao descobrir que parte do dinheiro arrecadado para a campanha tomou outro fim. “Foi aí que tudo começou. Essa gravação dele, que mostra coisa não legais. Eu já vi várias vezes. O Marcelo me dizia: ‘Se for pro ar, eu tô ferrado. O governo cai no outro dia!’ Era a peça importante pro governo.” Cavalcante revelou a Magda que não se tratava de irregularidade, mas algo “fora da normalidade” da campanha política. O material teria sido gravado pelo interlocutor, que integraria a campanha, e entregue a Cavalcante tempos depois. Magda disse não saber identificar quem está com Cavalcante. “Não é negociação. É ele falando estarrecido do dinheiro que eles conseguiram e que foi colocado para outro fundo. Ele ficou muito abatido com aquilo.” A empresária salientou não ter mais o a essa gravação, que estava em posse de um amigo do ex-marido. O fiel depositário da prova informou a ela que devolveu o material ao ex-assessor meses antes de sua morte. “Tudo o que eu tiver em mãos será revelado. Não existe a hipótese de eu ficar calada. Quero saber a causa da morte de Marcelo. Tem que averiguar o que ele falava em casa para que as partes competentes avaliem o que tem por trás disso”, afirmou. Brigas de família A visita que Magda recebeu do empresário Lair Ferst, em 18 de fevereiro, após o enterro de Marcelo Cavalcante, e o conteúdo das mensagens que o ex-marido enviou a ela no dia de sua morte gerou o rompimento da ligação da viúva com a família do ex-marido. Segundo o comerciante Marcos Cavalcante, irmão de Marcelo, a família teria tentando ajudar se soubesse que ele havia ameaçado tirar a própria vida. “A gente tinha dado um jeito de colar nele e não deixar que acontecesse isso.” Já conforme Antônio Cavalcante, pai do ex-assessor, após o encontro com Ferst, Magda teria mudado o conteúdo dos seus comentários sobre a morte do filho. Magda nega. “Todos nós achamos que o Marcelo não era capaz de tirar a própria vida. É natural que ele (Antônio) pense qualquer coisa. Mas não sei de onde ele tirou essa idéia sobre a visita do Lair”, afirmou. Marcos defende o pai e prefere desqualificar a ex-cunhada. Ele utiliza o fato de Magda ser ré em alguns processos na Justiça de Brasília. Walna, Marcelo e a assessora lobista Marcelo Cavalcante e a misteriosa assessora toda-poderosa Walna Villarins Meneses formavam em Brasília, entre 2002 e 2006, o gabinete da então deputada federal Yeda Crusius. Com o lançamento da candidatura ao Piratini, Yeda manteve o seu núcleo de trabalho, incorporando a ele mais funções e poder. Atual responsável pela Coordenação de Ações istrativas do Gabinete da Governadora, Walna, que é citada em investigação da Polícia Federal na Operação Solidária, viaja freqüentemente a Brasília. No final do ano ado, Walna voltou à Capital Federal, quando esteve com Cavalcante. “Em novembro ou dezembro eles tiveram encontros. Mas não sei se foi sobre política”, lembra Magda. Próxima ao ex-representante do governo, talvez a assessora possa ter o que acrescentar no inquérito que apura a morte suspeita, já que tem amplo trânsito no governo gaúcho, tanto em solo rio-grandense como brasiliense. Walna voltou a Brasília no dia 17 de fevereiro, quando o corpo do ex-assessor foi encontrado. Por outro lado, Magda revela que o ex-marido tinha “pavor” de uma certa assessora de Yeda. “Ele se arrepiava quando falava dela. Não falava com ela de jeito nenhum. Não entrava no carro da governadora com ela junto. Ele dizia que ela fazia lobby.” A assessora em questão seria a jornalista Sandra Terra. Mais uma vez Lair Um personagem que pode ter trazido novos elementos à investigação é o empresário Lair Ferst. Ele prestou depoimento em 23 de março à polícia de Brasília. Ele e Cavalcante atuaram juntos na campanha para governador do Estado e se conheciam desde a década de 1990, quando trabalharam no gabinete do então deputado Nelson Marchezan (PSDB). Magda afirma que nos últimos meses o contato entre os dois ex-colegas diminuiu. Ela ressaltou que a mulher de Ferst, a ex-miss Brasil Deise Nunes, era quem mantinha mais conversas com Cavalcante. 6y1e1v
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Réu no Caso Detran se cala na Polícia Federal 1l2a1g
Cleber Dioni
O empresário e lobista Lair Ferst, um dos 40 réus no processo que investiga a fraude do Departamento de Trânsito gaúcho, não respondeu nenhuma pergunta dos delegados federais que tomaram seu depoimento ontem na sede da superintendência da Polícia Federal. Disse que só se manifestaria em juízo.
Ferst foi convocado a explicar suas últimas declarações à imprensa de que teria novas informações sobre o esquema criminoso que desviou mais de R$ 40 milhões dos cofres públicos. O ex-tesoureiro na campanha eleitoral de Yeda Crusius em 2006 ressaltou que tinha novos nomes envolvidos na fraude, pelo menos 10 pessoas integrantes e ex-integrantes do primeiro escalão do governo estadual, colocando sob suspeita até mesmo a governadora.
Ele chegou à PF às três da tarde acompanhado de um advogado e permaneceu pouco mais de uma hora reunido a portas fechadas com os policiais. Na saída, o lobista repetiu o que havia dito na chegada: “não tenho nada de novo para acrescentar”.
O superintendente da Polícia Federal gaúcha, delegado Ildo Gasparetto, acredita que as declarações de Lair de que teria nomes de pessoas ligadas ao governo do Estado que ainda não foram envolvidas nas investigações tenha sido um blefe como parte da estratégia de defesa do empresário.
“Por enquanto não encontramos indícios de alguma tentativa de chantagem, mas estaremos acompanhando o caso e se algum fato se configure em crime, poderemos pedir a prisão preventiva dele”, explicou Gasparetto.
O delegado negou que alguma autoridade tivesse negociado algum privilégio com Lair em troca de informações, a chamada delação premiada.
Sobre os R$ 200 mil que foram depositados em sua conta por um bancário de Curitiba, e que foi impedido de sacar, repetiu que se trata apenas de um empréstimo de um amigo, tendo em vista que suas contas permanecem bloqueadas pela justiça.
Lair Antônio Ferst foi denunciado pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal em Santa Maria por sete crimes: formação de quadrilha; locupletamento em dispensa de licitação, por duas vezes; peculato-desvio, por cinqüenta e três vezes; corrupção ativa, por duas vezes; extorsão; falsidade ideológica, por várias vezes; sendo todos os fatos agravados por desempenhar função de direção.
No entendimento do Ministério Público Federal, Lair Ferst comandava um núcleo de cobrança de propinas, tendo como seus cúmplices, parentes e amigos. “Trata-se de empresário que, em razão de sua grande inserção e trânsito junto ao poder público, teria, segundo indícios constantes nos autos, atuado como lobista, ao lado de José Antônio Fernandes, para obtenção do contrato do Detran em favor da Fatec, estabelecendo contatos com seus dirigentes Carlos Ubiratan dos Santos e Hermínio Gomes Jr. Há fortes indícios probatórios no sentido de que, em face dessa circunstância, teria auferido proveito indevido, por intermediação das empresas sistemistas Rio Del Sur e Newmark Tecnologia, formalmente tendo como sócios seus parentes, todavia tendo como efetivo proprietário o próprio denunciado…”, diz um trecho da denúncia.
Entrevista de Ferst é um Factóide w3q69
Elmar Bones
A matéria da Folha de São Paulo, com base numa entrevista de Lairt Ferst,que tanto barulho está causando, é facciosa. Tenta criar um fato novo sem ter qualquer novidade.
Para confirmar sua tese ( de que Yeda estaria envolvida na fraude do Detran) o redator não hesita em esquentar os dados que tem. Começa dizendo que Ferst foi o “coordenador da campanha da tucana”, depois diz que foi “um dos coordenadores”.
A acusação central é de que a governadora sabia da troca das fundações que prestavam serviços ao Detran e que eram a fonte da falcatrua. A troca foi uma formalidade, uma decisão de governo, ninguém tentou esconder isso.
O que não está provado e nem Ferst diz, embora a matéria tenha tentado deixar subentendido, é que a governadora sabia das trapaças e que “a troca foi para alijar a familia Ferst do negócio”.
A oposição que é sempre tão crítica da mídia, nessas horas, em que é de seu interesse, avalisa tudo o que está publicado, colocando a luta política acima da realidade dos fatos.
O resultado acaba fortalecendo a tese do governo, em que Yeda tem martelado: tudo é um jogo de oposição, com objetivos eleitorais.
Lair Ferst vai delatar integrantes do Governo na fraude do Detran 384j2l
Cleber Dioni
Empresário lobista, agora, que negociar ‘delação premiada’ com o Força Tarefa
Isolado e afastado do PSDB, impedido de sacar R$ 200 mil de um banco de Porto Alegre na semana ada, cujo remetente, um funcionário de um banco em Curitiba, e a origem dos recursos estão sendo investigados pela Polícia Federal, o empresário Lair Ferst, um dos principais acusados pela fraude milionária do Detran, decidiu falar. Suas declarações viraram manchete na edição de ontem da Folha de São Paulo, um dos principais jornais do centro do país, e pautou o noticiário do dia, chegando a irritar a governadora Yeda Crusius.
Lair concedeu uma entrevista aos jornalistas Graciliano Rocha e Ana Flor, ambos da Folha. O lobista e ex-tesoureiro na campanha eleitoral de Yeda Crusius em 2006 levantou a possibilidade da governadora ter conhecimento da fraude desde que assumiu o Palácio Piratini e garantiu que Yeda sabia da troca das fundações ligadas a Universidade Federal de Santa Maria que prestaram serviços ao Detran gaúcho. “É público e notório que houve o envolvimento da governadora neste processo”, disse.
Ele afirmou ainda que pretende aceitar a delação premiada, oferecida pela Força Tarefa que está á frente da Operação Rodin, para denunciar pelo menos dez pessoas, integrantes e ex-integrantes do primeiro escalão do governo estadual, por envolvimento no esquema criminoso na autarquia. Em troca, a Justiça retiraria algumas acusações que pesam sobre ele.
“Eu confirmo que Flávio Vaz Neto, na época presidente do Detran, tinha relatado à governadora sobre a mudança de fundações no contrato com o Detran e que Vaz Neto tinha respaldo político da governadora para implementar aquela mudança, da Fundae para a Fatec”, destacou.
Na manhã de ontem, a Rádio Bandeirantes conseguiu arrancar mais algumas declarações do ex-tucano. “Nas conversas que fizemos lá com o Ministério Público Federal, por iniciativa deles, ficou aberto um canal de comunicação para que, em qualquer momento do processo, nós quiséssemos levar mais informações. É exatamente nesse sentido que nós estamos avaliando agora se realmente é oportuno e favorável a nós fazermos esse detalhamento das informações”, ressaltou.
Às quatro da tarde, a governadora Yeda mostrou impaciência com as perguntas dos repórteres que a acompanhavam durante a cerimônia de entrega de liberdades condicionais a apenados do Presídio Central de Porto Alegre. Foram várias tentativas para que ela comentasse as declarações de Lair Ferst, mas a governadora falou em vagas para presos, ajuste fiscal e se limitou a explicar porque não falaria sobre o tema: “As perguntas são sempre as mesmas e eu respeito as instituições, que estão cima das pessoas, essas instituições estão fazendo tudo o que é necessário e este não é o meu papel”, frisou.
O chefe da Casa Civil, José Alberto Wenzel, considerou infundadas as acusações e disse que o governo recebeu as acusações de forma muito tranquila. “Criamos um portal da transparência e estamos aqui de peito aberto para prestar todas as explicações, de forma franca”, garantiu. E fez um apelo no estilo marketing do presidente Lula: “Deixem ela trabalhar”.
Para o líder do governo do Parlamento gaúcho, deputado Pedro Westphalen (PP), se houverem fatos novos sobre o assunto, eles devem ser tratados pelos órgãos competentes. “Não vamos nos furtar do debate, mas em momento apropriado. A Assembléia Legislativa e o Executivo têm diversos debates que devem ser realizados no segundo semestre, inclusive o projeto de remodelação do Detran.”
Indícios referendados
Deputados petistas se revezaram na tribuna na tarde de ontem para cobrar da Assembléia Legislativa uma atitude em relação às novas revelações feitas pelo empresário Lair Ferst. Para o deputado Fabiano Pereira (PT), que presidiu a I do Detran, a afirmação de Lair de que diversos integrantes do alto escalão do governo tinham conhecimento da fraude do Detran, não gera surpresa, mas referenda o trabalho e as revelações apontadas durante a I.
“Tínhamos certeza de que um esquema de tal monta, que resultou num desvio de R$ 44 milhões, não poderia existir sem uma conivência política, com ação de governo nesse sentido. Além disso, também estava claro para nós qual era a estatura política de Lair Ferst no âmbito do governo e de seu partido. Ferst desfrutava, sim, de alta influência, atuando na coordenação de campanha. Não cola a afirmação de que ele não ava de um simples militante”, disse Fabiano.
Fabiano anunciou que o PT deverá fazer um aditamento à representação que encaminhou ao Ministério Público Federal, agregando as revelações feitas por Ferst.
O líder da bancada do PT, deputado Raul Pont, cobrou uma resposta de Yeda Crusius. “A governadora deve ao povo gaúcho uma resposta imediata às declarações do ex-captador de recursos da sua campanha. Se permanecer em silêncio ou tergiversar, será uma confissão de culpa”, sustentou o deputado.
Já o deputado Ronaldo Zulke (PT) disse que, se a governadora não apresentar uma explicação convincente para a compra de sua casa e para as novas revelações de Ferst, a Assembléia Legislativa não terá outra saída a não ser analisar o processo de impeachment. “A gravidade dos fatos não oferece outro caminho a não ser que sejam apresentadas explicações críveis. Há elementos fortíssimos para o pedido do impeachment da governadora, e o Legislativo não poderá se furtar de analisá-lo”, defendeu.
MPF nega negociação com Lair Ferst
O Ministério Público Federal divulgou nota à imprensa na qual nega que esteja negociando com Lair Ferst a retirada de parte das acusações contra ele em troca da delação de novos envolvidos na fraude milionária do Detran.
A nota do MPF é assinada pelo jornalista Juarez Tosi, assessor de imprensa:
“O Ministério Público Federal, através da Força Tarefa que atua no Caso DETRAN, tendo em conta a notícia veiculada no Jornal Folha de São Paulo, com entrevista concedida pelo réu Lair Ferst, vem a público informar que nenhuma negociação para acordo com o referido acusado encontra-se em
andamento.
Considerando as manifestações do próprio acusado, é de se referir que reuniu-se o Ministério Público Federal por uma única vez com o réu Lair Ferst, por solicitação do próprio investigado e de seu advogado, no início do mês de março, antes ainda da apresentação do relatório do inquérito policial. Na ocasião, tendo em conta os fatos afirmados como conhecidos pelo acusado, foi efetivada proposta de colaboração premiada nos termos e limites legais.
Em referida reunião, não foram apresentadas pelo MPF nomes ou número de pessoas, mas foi exigida, em caso de do acordo, a completa colaboração por parte do investigado para a busca mais completa da verdade, de forma a elucidar por inteiro a participação de todos os envolvidos na fraude milionária.
Após este contato, tendo em conta que a proposta de acordo não foi aceita pelo acusado, nenhuma outra reunião foi realizada, não tendo o MPF buscado contato, em qualquer outro momento; e sequer foi procurado pelo referido acusado.
Por fim, refere o Ministério Público Federal que é de causar estranheza as manifestações públicas do acusado, justamente no momento que foram bloqueados vultuosas quantias que o réu pretendia sacar em dinheiro.
I do Detran ouve Dorneu Maciel e Ricardo Höher 2f27d
João da Silva
A Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembléia Legislativa que investiga fraudes no Departamento Estadual de Trânsito (Detran), ouve amanhã à tarde Antônio Dorneu Maciel, ex-diretor geral da Assembléia, e Ricardo Höher. dois dos denunciados pelo Ministério Público e que viraram réus do processo na Justiça Federal de Santa Maria.
Também serão votados cinco requerimentos: a convocação de Cenira Maria Ferst Ferreira, irmã do empresário e lobista Lair Ferst; de Rafael Höher, filho do contador Rubem Höher, ex-coordenador do projeto do Detran na Fundae; de Eduardo Vargas, filho do conselheiro João Luiz Vargas, presidente do Tribunal de Contas do Estado, e Delson Luiz Martini, secretário-geral de Governo. Os três primeiros são réus do caso. A convocação de Martini já foi rejeitada várias vezes.
Fenaseg
Na última quinta-feira, 29, a I ouviu Marco Aurélio da Rosa Trevizani e Eduardo Redlich João, réus no Caso Detran, e o assespelo.
O presidente da I, deputado Fabiano Pereira (PT), destacou que a permissão da Justiça Federal para que os deputados utilizem nas inquirições todo o conteúdo do processo relativo ao Detran fará com que a I entre numa nova fase. “Os depoimentos acabam tendo um sentido e um valor, e os documentos, outro. Este mês será muito intenso e com muitas novidades, em especial sobre o aspecto político e istrativo do que ocorreu”, disse Fabiano.
Segundo o deputado, Fabiano Campelo faltou com a verdade. “Imagine se alguém que é assessor político da federação não saberia dos convênios com os Detrans. Fabiano informou que será chamado a depor o presidente da entidade.
Entre os depoimentos da noite, o relator da I do Detran, deputado Adilson Troca (PSDB) considerou a oitiva do assessor da Fenaseg muito importante. “Pudemos tirar uma série de dúvidas. A oitiva mostrou, infelizmente, uma desorganização tanto do Detran, ao longo desses vários anos, como também da própria Fenaseg, que encaminhava recurso sem prestação de contas. Isso gerou um grande desperdício, porque a maioria desses valores encaminhados para o Rio Grande do Sul para projetos na área de educação para o trânsito não foram realmente aplicados.” E acrescentou: “no caso dos outros dois depoimentos, já tínhamos conhecimento dos fatos. Embora um depoente não tenha se manifestado, o outro falou e sempre contribui”.
O assessor da Fenaseg disse que a entidade reava recursos para projetos indicados pela autarquia, mas não era responsável por fiscalizar a aplicação dos valores. A finalidade dos rees, segundo ele, era a melhoria do trânsito. “A Fenaseg tem acordos com Detrans do Brasil inteiro. Os Detrans elegem o programa que pretendem desenvolver e indicam os executores. Nós pagamos o que foi acordado. Não cabe a nós fiscalizar se foi ou não bem aplicado, cabe ao Detran”.
Conforme Campelo, depois que o Detran dava o trabalho por concluído, a nota do serviço ia para a Fenaseg, que depositava na conta do executor – empresa prestadora de serviços à autarquia. “Nada era em dinheiro, 99% era depósito bancário na conta do executor”. Após o depósito, segundo ele, a questão estava encerrada para a fundação. “Esta sistemática se dá em todo o país”. Questionado se os depósitos eram feitos também para pessoas físicas, disse que é possível que isso tenha ocorrido eventualmente, para pagamento de alguns advogados.
O depoente disse desconhecer o valor dos rees feitos pela Fundação a projetos mantidos pelo Detran, mas se comprometeu a fornecer esses dados à I na próxima semana. Ao ser questionado sobre a aplicação de R$ 3,2 milhões em locação de carros, inclusive de luxo, disse que os recursos podiam ser utilizados para locação de veículos de trabalho. “Não acredito que tenha havido ree para a locação de carros Vectra”, conforme divulgado.
De acordo com o assessor, desde janeiro, o sistema de rees do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT) ao Detran mudou. Os recursos hoje são depositados em conta própria da autarquia. Já quanto ao Sistema de Gravames Nacional (SNG), o modelo permanece como antes.
Campelo negou ter sido o remetente de um fax no qual eram combinadas formas de se extraírem notas para ree de recursos, mas itiu que o número do telefone pertence à Fenaseg. Também negou conhecer o deputado federal José Otávio Germano.
Marco Aurélio Trevizani
O segundo depoente foi Marco Aurélio da Rosa Trevizani. Réu no processo conduzido pela Justiça Federal referente à fraude no Detran, ele é proprietário da Trevizani Assessoria e Consultoria, que fazia o registro contábil das empresas NT Pereira, PLS Azevedo, Rio Del Sur e Newmark, supostamente ligadas a Lair Ferst.
“Comecei a trabalhar em 2001 para a Riesur Engenharia (empresa que deu origem à Rio del Sur). Não lembro por indicação de quem. Em decorrência dessas atividades, fui trabalhar para as empresas NT Pereira, PLS Azevedo e a Newmark”. Foi nesta época, segundo ele, que conheceu Lair Ferst, que era procurador da sua mãe, sócia da Riesur.
Com base em dados do processo, o presidente da I, Fabiano Pereira (PT), questionou se as empresas Rio del Sur ou Newmark pagavam gastos pessoais de Lair Ferst, como contas de celular, viagens e compra de imóveis. “Nunca foram contabilizadas despesas de Lair Ferst. Não podem ser contabilizadas despesas pessoais na contabilidade das empresas”, disse.
Trevizani negou-se a responder a diversos questionamentos sobre Eduardo Redlich João, que foi funcionário de sua empresa. Eduardo João constituiu uma empresa e, em nome dela, teria emitido notas fiscais no valor de R$ 900 mil para a empresa Newmark. “Essas são questões da denúncia que vão ser respondidas no processo”. O depoente não respondeu se sabia como o seu funcionário prestava serviço para duas empresas ao mesmo tempo e se sabia se ele trabalhava ou só emitia notas à Newmark. “Se exercia outra função era fora do horário comercial”.
O depoente disse que conhece Nilza Terezinha, sócia da NT Pereira, mas somente por documentos, não pessoalmente. Segundo ele, Patrícia Bado dos Santos, mulher de Carlos Ubiratan dos Santos e também sócia da NT Pereira, era a procuradora da empresa. “Nosso contato era com a Patrícia”. Sobre os ganhos das sócias, disse que “toda empresa no final do exercício faz a distribuição dos valores e o lucro de Patrícia era bom, de 40% do faturamento” e Nilza “recebia um pro-labore e participava da distribuição de lucros anual”. A NT Pereira, informou, prestava serviço na área de tecnologia da informação.
Ele declarou conhecer Carlos Ubiratan dos Santos, mas que não tinha relação com ele. “Ele nunca me procurou para constituir empresas”. Disse que tomou conhecimento de um empréstimo feito pela NT Pereira a Ubiratan. “Houve contrato de empréstimo registrado devidamente”. Confirmou ainda saber que a NT Pereira adquiriu dois imóveis, uma propriedade rural em São Francisco de Paula e um imóvel urbano em Porto Alegre. “Dava trabalho para fechar a contabilidade da NT Pereira. Quando da aquisição de propriedade rural, percebíamos muitas atividades que não condiziam com a atividade-fim. Questionamos despesas e benfeitorias e recebemos a informação de que a empresa estava investindo numa nova atividade de ecoturismo”.Trevizani também disse que Rosana Ferst e Alfredo Pinto Telles eram sócios de empresas cuja contabilidade era feita pela sua empresa.
Para Fabiano, Trevizani deixou claro que Lair Ferst mentiu na I. “As empresas pagavam as suas despesas pessoais e era ele quem assinava contratos”. O último depoente revela a face mais danosa do que chamou de organização criminosa. “Além do atentado ao povo gaúcho, de retirar o dinheiro de todos nós, ela utilizou pessoas humildes. Alguém que ganhava R$ 2,3 mil movimentou R$ 900 mil e, casualmente, abriu uma empresa para emitir notas fiscais frias para tapar o furo de outras que não faziam nada e eram usadas como fachada para pagar propina”.
Eduardo Redlich João
O terceiro e último depoente da noite, Eduardo Redlich João, que foi funcionário da Trevizani Assessoria e Consultoria, negou-se a responder aos questionamentos dos deputados. “Respeito a intenção desta Comissão em apurar os fatos. Mas sequer tive conhecimento dos motivos pelos quais fui denunciado. Reservo-me o direito de permanecer em silêncio. Não responderei a nenhum questionamento, hoje sou réu e prestarei minha versão exclusivamente em juízo”, declarou. Diante da manifestação, o relator, deputado Troca abriu mão de fazer suas perguntas.
Lair Ferst desafia provarem que foi arrecadador da campanha de Yeda 6j5j5h
Cleber Dioni
O depoimento do empresário Lair Ferst à I do Detran, ontem, na Assembléia Legislativa, um dos mais esperados até agora, iniciou às 17h50, com duras críticas de deputados às declarações da defesa de Lair, de que as sessões que se estendiam por mais de quatro horas se tornaram sessões de tortura aos depoentes.
Acompanhado de dois advogados, Lair negou que tenha participado da arrecadação de recursos para a campanha de Yeda Crusius ao governo do Estado e que tenha feito qualquer doação à governadora. “Não fui coordenador nem participei de nenhuma atividade na campanha da governadora. Desafio que alguém prove que eu pedi algum recurso para o PSDB. Não tinha intimidade nem proximidade com a governadora. Eu não era da cúpula do diretório do PSDB. Apenas atuei como militante ativo, o que fiz em todos os partidos dos quais fui filiado”, afirmou.
O suposto lobista indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Federal à Justiça Federal de Santa Maria negou também que seja dono das empresas Newmark e Rio del Sur, registradas em nome das suas irmãs e de um cunhado, ressaltando que apenas sugeriu a participação das empresas nos serviços prestados pela Fatec ao Detran. “Tenho a convicção que não cometi nenhum crime ou irregularidade. Lá na PF e MPF indícios já são suficientes para indiciar alguém, mas provarei que sou inocente durante o processo na Justiça. Ele afirmou ainda que não possui conta no Exterior.
Poucas horas antes de depor, Lair Ferst concedeu entrevistas a rádios e jornais. Reiterou que não considera que teve papel importante na campanha de Yeda Crusius para o governo e disse que foi flagrado por um fotógrafo como militante ativo do partido, durante uma eata de rua em São Leopoldo. Sobre suas relações com Carlos Ubiratan dos Santos, ex-diretor do Detran, e também denunciado pelo MPF, disse que é um amigo de mais de 30 anos, desde a vida estudantil.
Fundação Carlos Chagas terceirizava
Lair acusou a Fundação Carlos Chagas de terceirizar mão-de-obra e também o próprio objeto do contrato, “coisa que a Fatec não fez”, garantiu. Segundo ele, o sigilo dos exames era responsabilidade do contratado. Ferst entregou aos deputados documentação que, segundo ele, comprovaria esse fato.
Ele disse que funcionários da WG Sistema de Informática se apresentavam como funcionários da Fundação e que o dono da empresa, Agnaldo Moreira, era coordenador do projeto no Detran. “A Carlos Chagas emprestava o nome e a folha de pagamento. O presidente da Fundação (Rubens Murillo Marques, que depôs na I no dia 31 de março) prestou depoimento falso”. Para Ferst, os fatos revelados poderão resultar na anulação de todos os exames feitos na época.
Convocação de Martini é rejeitada
Dos 14 requerimentos votados ontem no início da sessão, apenas dois foram aprovados, o encaminhamento para votação em plenário da prorrogação dos trabalhos da I por mais 30 dias, e a convocação de Alexandre Dornelles Barrios, denunciado pelo MPF.
A convocação do secretário-geral do Governo, Delson Luiz Martini, foi rejeitado, assim como do delegado da Polícia Civil, João Carlos Weber, ex-corregedor do Detran; de Wilson Cignachi, ex-diretor da CEEE; de Leonardo Fardim Elesbão, ex-diretor de Contratos do Detran; e de Carlos Dirnei Fogaça Maidana, todos citados pelo deputado federal Enio Bacci, ex-secretário da Segurança, em seu depoimento à I. O requerimento para convocar o vice-governador Paulo Afonso Feijó foi retirado da pauta.
Foram rejeitados ainda os requerimentos que solicitavam a quebra do sigilo bancário de Leonardo Fardin Elesbão, a partir de 2003 e o fornecimento pelo Governo do Estado de cópias de todos os contratos de prestação de serviços em vigor ou encerrados, mantidos a partir do ano de 2003 pelos órgãos públicos com fundações públicas e privadas, e com as empresas Pensant Consultores Ltda., Sarkis Engenharia Estrutural, Rio Del Sur, Newmark Tecnologia, NT Pereira, Doctus, Carlos Rosa Advogados Associados, Fadel Advogados, Nachtigall Advogados Associados, IGPL Inteligência e Gestão Pública, Höehr e Cioccari Advogados, PAKT e MD Serviços de Segurança.
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