A Sulgás reuniu empresários e lideranças comunitárias terça-feira, 23, no Sheraton, para anunciar que em 30 dias começam as obras para implantar a rede de gás natural na rua Padre Chagas. Um acordo com proprietários de bares, cafés e restaurantes da chamada “Calçada da Fama” viabilizou o empreendimento naquele trecho, o último que falta para que a rede alcance todo o Moinhos de Vento, que será o primeiro bairro de Porto Alegre a contar com gás natural encanado em todas as ruas. Artur Lorentz presidente da Sulgás disse que o Moinhos será uma espécie de plano piloto para a implantação do gás natural canalizado em toda a cidade. A Sulgás é uma empresa de economia mista, controlada pelo governo do Rio Grande do Sul (51%) e a Petrobrás (49%). Foi criada para colocar no mercado gaúcho o gás natural importado da Bolívia pela Petrobras. Até agora não teve seu desempenho afetado pelas crises bolivianas. “Estamos aprendendo a conviver com esse fantasma. As crises são cíclicas, mas o gás natural veio para ficar”, garante o engenheiro Luiz Antonio Koller, gerente de distribuição da Sulgás. O gás vem por meio de dutos até Canoas, a partir dali é entregue à Sulgás, para distribuição no mercado. A implantação da rede em Porto Alegre começou em março de 2005, para atender o Hospital Moinhos de Vento e limitava-se a três ruas: Dr. Vale (onde fica o hospital) Santo Inácio e Marques do Herval, rua do Leopoldina Juvenil. Em seguida estendeu-se pelas ruas Dr. Timóteo, Felix da Cunha, Olavo Barreto Viana e Quintino Bocaiuva, para chegar aos maiores consumidores, o Shopping Moinhos e o Grêmio Náutico e à medida que a rede ia avançando ia também sendo oferecido ao consumo residencial e de condomínios. Depois dessa primeira etapa, houve uma paralisação, entre outras razões, em função das incertezas da oferta de gás boliviano. A expansao foi retomada em setembro último, quando foram alcançadas as demais ruas do bairro. Hoje o gás natural chega a 950 residências e 26 condomínios e 95 estabelecimentos comerciais. Apesar de terem atingido todo o bairro, as obras não chamaram muita atenção. A utilização de uma máquina especial permite a implantação dos tubos de polietileno sem a ncessidade de abrir buraco ao longo das calçadas. Abrindo apenas num ponto na entrada e outro na saída, ela coloca o tubo na quadra inteira. A Sulgás investiu 13 milhões na implantação da rede no Moinho de Ventos. O próximo o já está definido. Será no bairro Humaitá, onde a Sulgás vai investir R$ 15 milhões para levar o gás natural a cinco mil residências. Nesse caso, será um pouco diferente. Em vez da propria Sulgás se encarregar de todo o processo – venda, projeto, contratos, instalações nos edifícios, etc – vai contratar uma empresa para todo esse trabalho. A licitação já está em andamento. Fora isso o gás natural vai avançar pelo bairro Cristo Redentor, para alcançar o Hospital Conceição. A rede troncal já está em construção. Também para chegar ao Jardim Europa já tem obra. O avanço para a Zona Sul, ando pelo Menino Deus e outros bairros, será puxado pelo Barra Shopping, novo complexo comercial no bairro do Cristal que será inaugurado nos próximos meses, com quem a Sulgás já tem contrato. Menos poluente e mais seguro, o gas natural tem pequena vantagem no preço, em relação ao GLP, o gas convencional de cozinha, em botijões. O principal problema são as dúvidas quanto à garantia do fornecimento, em função da instabilidade da política boliviana. “Hoje a situação está normalizada e não há perspectiva de problemas sérios. E daqui a pouco já vamos poder contar também com o gás de propria Petrobras, da bacia de Campos”, diz o engenheiro Koller. i6b3j
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Convívio forçado no Moinhos 182952
Alexandre Lucchese e Paula Bianchi
“Não dá pra deixar aquele mendigo deitado ali!”, reclama um freqüentador do Parcão ao guarda-parque Luiz Antônio Rodrigues, apontando um senhor que dorme no gramado. Queixas como essa se tornaram comuns e aumentam proporcionalmente com o número de habitantes de calçadas do Moinhos de Vento.
Além do parque, é comum ver gente pedindo esmola ou dormindo na calçada em frente ao muro do Grêmio Náutico União que dá para a 24 de Outubro. O Morro Ricaldone e outras áreas verdes também foram escolhidos por essa população.
“Aumentou, mas não só aqui. É um problema das cidades “, observa o presidente da Associação Moinhos Vive, Raul Agostini, que presenciou a multiplicação de moradores nas esquinas do bairro.
Viver nas ruas do Moinhos de Vento aumenta a possibilidade de conseguir materiais recicláveis, fonte de subsistência de muitos deles. “É próximo ao Centro, onde o lixo é vendido”, completa um senhor de meia idade, que recolhe latas no parque.
O bairro também é perto do Albergue Municipal e de outros abrigos públicos. Não tão decisivo, mas também importante, é o fato de que a classe alta que circula no bairro significa maior facilidade de conseguir esmolas.
Os sem-teto provocam insegurança nos demais moradores. São poucos os que agüentam a realidade da rua livres de drogas ou álcool em excesso e é comum deixarem para trás utensílios sem uso e muito lixo.
Por isso despertam hostilidade da população, que evita ar pelos lugares com medo de assaltos, ataques ou para desviar-se do incômodo de testemunhar a situação. Muitos preferem chamar a Brigada Militar. Como medida definitiva, pedem o cercamento de áreas como o Morro Ricaldone, que teve o o fechado em 2006. A próxima será a praça Atos Damaceno Ferreira, no final das ruas Quintino Bocaiúva e Coronel Bordini. A iniciativa é dos lojistas em atenção aos moradores, que reclamam da bagunça noturna.
Versões distintas sobre atuação da Brigada
Periodicamente a Brigada Militar recolhe os sem-teto. “A relação é péssima”, revela um morador de rua. Ele garante que, ao contrário do que afirma a corporação, não há qualquer atividade construtiva depois das abordagens. “A gente fica lá, sentado, olhando um para a cara do outro e vendo os brigadianos tomar café”.
A ação matinal impede que os grupos se organizem para almoçar. “amos o dia inteiro em jejum”, revela o homem. Além disso, a saída só é permitida no fim da tarde, quando não há mais tempo de chegar aos albergues. “Deixando sem almoço e sem cama, acham que vão espantar a gente da rua”, conclui.
A reportagem do JÁ Bom Fim/Moinhos presenciou a prisão de um foragido. Algemado, ele foi conduzido aos gritos para a viatura enquanto um policial o ameaçava com um pedaço de madeira. Comandante da 3ª Cia, que policia o Moinhos de Vento, o Major Medina ite a necessidade de um tratamento duro. “Sem-teto virou assunto de polícia, pois os órgãos de assistência social não têm a autoridade da BM”, argumenta.
Para não se confrontar com a Brigada, mudam de local a cada pernoite. “São sazonais”, classifica um Guarda Municipal. Caso de Claudir Silveira, de 71 anos, que migra pelo bairro há trinta anos.
Com ou sem praça, Mata Bacelar já tem morador
Enquanto a Prefeitura não decide o futuro da rua Mata Bacelar, o lugar está sendo habitado por José Carlos da Rosa, flanelinha da praça Atos Damasceno Ferreira. “Estou aqui desde janeiro”, conta. A pequena casa de compensado é um luxo para o ex-servente de pedreiro, que a herdou depois que os operários concluíram o Conduto Forçado. “Eu cuidava das máquinas e dos carros dos engenheiros e me convidaram para ficar”, relata.
O relacionamento com os vizinhos é bom. “Estão me ajudando na aposentadoria”. O pedido já foi solicitado e em junho ele deve receber o primeiro salário por invalidez.
“Sabemos quem ele é e não temos medo”, avalia o presidente da Associação dos Moradores da Auxiliadora (AMA), João Violino Corrêa. Mas a associação e a ONG União pela Vida solicitam uma audiência com a Prefeitura para resolver a situação da rua.
Essa reportagem é um dos destaques da edição 384 do jornal JÁ Bom Fim/Moinhos. A publicação é quinzenal e circula gratuitamente nos 10 bairros da área central de Porto Alegre.
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Graças às obras do Conduto Álvaro-Chaves Goethe, “canteiro de obras” é a expressão que melhor resume a condição atual das principais vias do Moinhos de Vento e oito bairros dos arredores. Atualmente, a Cristóvão Colombo e a Coronel Bordini estão com trechos interrompidos que não serão liberados antes de novembro e dezembro, respectivamente.
O trânsito, especialmente na Marquês do Pombal – utilizada como desafogo da Cristóvão –, está caótico. Buzinas e o motor das máquinas acabam com a tranqüilidade do bairro. Além da poeira acumulada e da dificuldade de o a determinadas áreas cujos retornos são longos. Os pedestres são prejudicados pela redução das calçadas – que constantemente são utilizadas como “via alternativa” por motoboys apressados.
A construção começou em 2005 e a previsão inicial para conclusão era julho deste ano, mas um desvio na Marquês do Pombal – que evitou a derrubada do recém declarado Túnel Verde – provocou um adiamento.
O diretor de obras do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Sérgio Zimmermann, assegura que estará pronto até o fim do ano. “A Cristóvão vai estar concluída este mês, depois, é a vez da Bordini”.
Mas não recebe muito crédito de moradores e comerciantes da região, cansados dos transtornos que duram dois anos. Ainda assim, a maioria ite a importância da obra que deve terminar com as inundações causadas pela insuficiência da rede pluvial.
Interrupção do trânsito e das vendas
O uruguaio Eduardo Anqueres é o dono da pastelaria El Cuervo, inaugurada há seis meses na Cel. Bordini, e nunca recebeu clientes vindos de carro. A rua está fechada desde que a casa abriu e o uruguaio contabiliza 40% de prejuízo. “Os comerciantes e a sociedade estão reféns da incompetência da Prefeitura e da empreiteira”, ataca.
Empreendedores da Cristóvão temem uma repetição dos transtornos do final de 2006, quando promoveram uma campanha para evitar as obras na época do Natal. Amanda, gerente da loja da Boticário da galeria Esplanada Center, conta que muitos comerciantes deixaram o empreendimento por conta da dificuldade de o, barulho e poeira que todos os dias afastam os clientes.
Buraco na Bordini completou um ano em agosto
Uma cratera e uma tela laranja é o que Humberto Carvalho enxerga a cada vez que sai de seu prédio, na Cel. Bordini. A obra parou ali para não trancar a Marquês do Pombal enquanto a Cristóvão não fica pronta. A demora gerou um protesto em agosto, quando o buraco completou um ano.
A principal reclamação é a retirada da calçada, que custou caro aos moradores. “Quero ver se vão botar de volta ou se só vão jogar cimento”, explica.
Com a chegada do calor, a preocupação deve aumentar porque a água acumulada no buraco pode causar a proliferação da dengue.
O diretor do DEP explica que todas as calçadas serão arrumadas, mas que as que eram feitas de pedras específicas serão refeitas com basalto, como determina a Legislação de Porto Alegre. (Reportagem de Alexandre Haubrich)