A reportagem sobre deputados que nas quintas-feiras assinam o ponto e vão embora foi preparada durante duas semanas. Poucos minutos antes de ir ao ar no programa TeleDomingo, veio a ordem da direção para retirar o nome dos deputados que eram mencionados na matéria. A reportagem ganhou repercussão já na terça-feira quando o deputado Dionilson Marcon deu um safanão no repórter Giovani Grizotti. Grizotti tentava gravar uma entrevista com o deputado, que marcara presença na sessão e imediatamente se ausentara do plenário. O incidente mereceu destaque nos telejornais da casa naquele dia. Durante a semana, intensificou-se a pressão dos deputados sobre repórteres e editores do programa. Todos alegavam que é uma praxe do Legislativo, principalmente em época de campanha: na quinta-feira, na última sessão plenária da semana, muitos deputados apenas marcam presença, para não terem desconto no salário, e se retiram para “trabalhar junto às bases”. Na sexta-feira, o próprio presidente da Assembleia, deputado Giovani Cherini, entrou em contato com a direção da RBS, argumentando que a reportagem seria prejudicial à imagem do parlamento estadual, porque aria ao público uma idéia errada do trabalho dos deputados, que não se restringe à atuação em plenário, sendo mais importante muitas vezes suas atividades em comissões ou mesmo no interior, junto às suas bases eleitorais. Todos os quinze deputados que nas duas quinta-feiras em que foi gravado o programa am presença e se retiraram do plenário, foram ouvidos pela reportagem. Alguns, como Leila Fetter, do PP, explicaram com naturalidade que se trata de uma prática consagrada na casa. O deputado marca presença na sessão e se retira, muitas vezes para viajar ao interior. A alegação de todos é que a reportagem aria ao eleitor uma imagem errada do trabalho dos parlamentares. Marcon foi o único que reagiu agressivamente. A pressão sobre os jornalistas se intensificou no fim de semana e o assunto foi examinado pelo departamento jurídico e pela direção da empresa. Quando faltavam dez minutos para o programa ir ao ar, houve a intervenção – o assunto ara para o nível “das relações institucionais” entre a Assembleia e a RBS. Um editor foi chamado às pressas, e a reportagem foi revisada – foi “amenizada” em alguns pontos e o nome e as entrevistas dos deputados faltosos foram suprimidos. 5o593n
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Acordo deu presidência ao PT 304h2h
Há 22 anos o Partido dos Trabalhadores tem presença no parlamento gaúcho e há uma década é a maior bancada.
Mas só agora chega à presidência, graças a um acordo com as outras três maiores bancadas da Casa ( PP, PMDB e PDT).
Esse acordo, firmado no início da atual legislatura, deu a presidência à Frederico Antunes, do PP, em 2007, e a Alceu Moreira, do PMDB, em 2008. Agora, em 2009, foi a vez de Ivar Pavan, do PT.
No ano que vem, já está certo: o presidente será Giovani Cherini, do PDT.
No discurso de posse, Pavan anunciou “o aprofundamento de uma gestão compartilhada com o PDT em 2009 e também em 2010”.
O novo presidente da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Ivar Pavan é do interior da Aratiba, pequeno município do noroeste do Estado, região de minifúndios, com intenso êxodo rural. Aratiba é um caso exemplar: tinha mais de 12 mil habitantes na zona rural em 1970, hoje não tem mais do que 4 mil moradores no campo (na cidade são pouco mais de 3 mil).
Oriundo do PT igrejeiro, Pavan militou nos movimentos de pequenos agricultores e chegou à Assembléia em 1990, sem experiência parlamentar.
Está no quarto mandato, foi líder da bancada e do partido por oito anos, líder do governo Olívio Dutra por três anos. Foi uma indicação unânime dos dez deputados da bancada petista para a presidência, que assumiu sábado à tarde.
Tem 47 anos, é casado e tem dois filhos. Em seu discurso de posse manifestou a preocupação com
“a redução dos parlamentos ao papel de meros homologadores dos projetos dos executvos”.
“A função de legislar ficou extremamente limitada e a prerrogativa de fiscalização, anteriormente exclusiva dos parlamentos, em grande parte foi assumida pelos Tribunais de Contas e pelos Ministérios Públicos. Aliado a isso, os parlamentos já não conseguem mais ser palco dos grandes debates políticos e muito pouco influenciam os governos nas escolhas de suas prioridades”.
“Na Assembléia do Rio Grande, isso se traduz no acanhado debate político no Plenário, no esvaziamento das comissões e no distanciamento da sociedade”.
“Para valorizar a principal instância do parlamento precisamos transforma-lo no palco dos grandes debates da política gaúcha”, propôs Pavan.
Os petistas que lotaram o plenário e as galerias na sessão de posse do novo presidente, aplaudiram de pé o seu discurso.