A área plantada com florestas no Rio Grande do Sul dobrou em oito. Em 2002, os plantios maciços de pinus, eucalipto e acácia ocupavam 360 mil hecctares, equivalentes a 1,3% do território gaúcho. Em 2009, segundo dados fornecidos pelas empresas do setor, já eram 738 mil hectares, ou 2,62% do território estadual ocupados por florestas plantadas. Eucalipto foi o que mais cresceu, quase triplicou a área. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira, 25 pela Associação Gaúcha das Empresas Florestais. A associação está comemorando 40 anos. Floresta Área em 2002 Área em 2007 Área em 2009 Pinus 150.000 182.378 268.360 Eucalipto 110.000 222.245 301.260 Acácia 100.000 158.961 174.150 TOTAL 360.000 563.584 738.770 % do RS 1,3% 2,0% 2,62% * Fonte: Elvis Rabuske Hendges – Tese de Doutorado – UFSM, 2007 e Ageflor 2009 Associação representa 51 empresas A Associação Gaúcha de Empresas Florestais – AGEFLOR – foi fundada em 22 de setembro de 1970, para “congregar e representar as empresas que tenham por finalidade a produção, a industrialização e a comercialização de produtos de base florestal, basicamente oriundos de florestas plantadas, buscando contemplar os aspectos sociais, ambientais, econômicos e tecnológicos”. Hoje é formada por 51 empresas com atividades de base florestal – plantios de florestas, a extração, transformação, beneficiamento, transporte, comercialização de madeiras e subprodutos. Lei estimulou o plantio Os primeiros plantios de florestas no Rio Grande do Sul, em pequenas propriedades para consumo próprio, remontam há cem anos. Mas o grande estímulo às florestas plantadas só veio com a Lei de Incentivos Fiscais ao Reflorestamento, lei federal 5.106, de 1966, no governo do marechal Castello Branco. Quando os incentivos tenham terminaram em 1987, já havia no Estado uma florescente “cadeia produtiva de base florestal”. Eucalipto já ocupa 300 mil hectares O Rio Grande do Sul tem 23,8 % de seu território ocupado com agricultura. São 6 milhões e 700 mil hectares de lavouras. A pecuária ainda ocupa quase a metade do território: 44,8 % com pecuária (12,6 milhões de hectares). As florestas ainda ocupam 22,7 % do Estado (6,4 milhões de hectares). A maior parte é floresta nativa: 20,1 % do território ou 4,2 milhões de hectares. As florestas plantadas ocupam pouco mais de 730 mil de hectares, que representam 2,6% da superfície do Estado. Os gêneros florestais mais plantados no Rio Grande do Sul são o eucalipto, com área de 301.260 hectares, o pinus, com 268.360 hectares e a acácia negra, com 174.150 hectares. A cadeia produtiva de base florestal é responsável por 4,5 % do PIB gaúcho e gera no RS 400 mil empregos. (Da redação com Assessoria de Imprensa da Ageflor) 2ql6m
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Eucalipto é realidade no pampa, mas falta informação 6f33g
A pesquisa envolveu alunos dos cursos de Engenharia Florestal, Ciências Biológicas, Gestão Ambiental e Biotecnologia, da Universidade Federal do Pampa, Campus de São Gabriel – região onde se implantaram nos últimos anos grandes plantios comerciais de Eucalipto para produção de celulose.
Foi aplicada pelo professor de engenharia florestal Ítalo Filippi em turmas de primeiro ano, com ingresso em 2009.
A principal conclusão: o nível de informação sobre o assunto é muito baixo, mesmo entre estudantes que se voltam para áreas que se relacionam diretamente com ele.
Mais da metade dos entrevistados disse que se informa sobre o assunto “com os amigos”, outra metade citou a televisão como fonte de informação.
A maioria (51,40%) se situa entre total e parcialmente a favor; 26,86% entre parcial e totalmente contra e 21,74% indiferentes
Nas expressões usadas para justificar posições contra ou a favor predominam os chavões, que são repetidos sem entendimento.
A pesquisa é parcial e, segundo o próprio autor, um indicativo apenas de uma situação preocupante. Vale a pena ler o artigo que o autor da pesquisa publicou:
Plantio comercial de Eucalyptus spp na região
do pampa: posicionamento de estudantes
Italo Filippi Teixeira | Engenheiro Florestal | Universidade Federal do Pampa – Campus São Gabriel
A Metade Sul do Rio Grande do Sul tem experimentado uma transformação da sua matriz produtiva nesta primeira década do século XXI.
Esse fato foi gerado a partir dos investimentos de três grandes empresas nessa região como parte de uma visão global da base florestal sobre o cultivo do Eucalyptus spp na América do Sul.
Isso tem gerado discussões “acaloradas” sobre essa espécie, motivada por vários aspectos, em que a questão técnica é sobrepujada muitas vezes por “chavões” ou lugares-comuns.
Dessa forma, há um impedimento de maior aprofundamento, deixando a opinião pública com falsos esclarecimentos sobre esta fase que está ando a Metade Sul do Rio Grande do Sul e o próprio cultivo dessa espécie no Bioma Pampa, assim como a sua interferência.
Diante desse fato, foi realizada uma pesquisa de opinião com cinco questões abrangentes sobre a posição dos alunos dos cursos de Engenharia Florestal, Ciências Biológicas (bacharelado e licenciatura), Gestão Ambiental e Biotecnologia, ingressantes no ano de 2009 na Universidade Federal do Pampa, Campus de São Gabriel, em relação aos plantios comerciais de Eucalyptus spp na Metade Sul do RS.
Como resultado do primeiro questionamento, que tratou sobre a posição favorável ou não sobre os plantios, obteve-se 51,40% entre total e parcialmente a favor; 26,86% entre parcial e totalmente contra e 21,74% indiferentes.
A segunda pergunta buscava saber através de qual meio de comunicação o pesquisado obteve informações sobre a cultura do gênero Eucalyptus.
Em função da possibilidade de assinalar mais de um item, obteve-se como as respostas mais frequentes a televisão, 53,17%; e amigos ou conhecidos, 54,64%.
Existem expressões utilizadas pela população referentes ao plantio em grande escala do eucalipto.
Cabe ressaltar que principalmente as expressões “Deserto Verde”, “Eucalipto não se come” e “O Eucalipto seca as fontes d’água” são as mais citadas e foram utilizadas na pergunta três sobre a veracidade das mesmas.
O resultado apontou como 37,71% não tendo conhecimento claro sobre esse assunto e 35,32% citando como mito.
Quando solicitado, na pergunta quatro, que aquilatasse os possíveis prejuízos da implantação da silvicultura na Metade Sul do Rio Grande do Sul como muito, pouco, nenhum ou indiferentes, os pesquisados responderam: a concentração de terra (36,7%), desmatamento de áreas nativas (32,40%), concentração de capital e renda (36,5%), contribuem muito pouco com impostos para municípios da região (25,36%), perda de biodiversidade (32,86%), danifica o solo de forma irreparável (31,76%) e gera vazios populacionais (30,63%) eram, dentre os mencionados no instrumento, os que consideravam prejuízos muito grandes.
De forma semelhante, a questão cinco abordou os potenciais benefícios da implantação da silvicultura e qualificou os valores de muito a indiferente segundo itens abordados, e os resultados foram que a maioria identificou como benefício a geração de emprego e renda (40,16%), proteção de mananciais (52,44%), absorvem grande quantidade de CO2 da atmosfera, diminuindo a poluição e o calor e combate o efeito estufa (36,5%). Destacam-se, na questão cinco, itens como infiltrar água no solo e recuperação de solos por ações como queimadas regulares e uso inadequado, qualificados como nenhum benefício por 26,54% e 27%, respectivamente.
A pesquisa de opinião pública levada a efeito junto aos estudantes da Unipampa – Campus São Gabriel não é conclusiva, porém é um demonstrativo da falta de difusão das informações técnicas sobre o assunto. Muitos desses estudantes são oriundos de cidades ligadas às regiões de implantação dos projetos de silvicultura e acabam replicando o conhecimento obtido de forma empírica sobre o tema.
Embora tenha gerado surpresa àqueles que ainda não tenham se posicionado sobre o assunto apesar de campanhas prós e contras, já se observa um percentual significativo que avalia os “chavões” como apenas mera repetição sem nenhum significado científico. Os itens concentração de terra, renda e gerar vazios populacionais já são uma realidade de muito tempo nesta região, onde o sistema de grandes extensões de terra mais conhecidos como latifúndios é uma prática secular, e os empreendimentos não estarão ampliando essa situação. Desmatamento de áreas nativas e perda de biodiversidade são resultados patentes de desconhecimento sobre o tema, pois onde ocorre a implantação de povoamentos, pelo menos no setor da silvicultura, não pode haver a supressão de qualquer forma de espécies nativas, incluindo até mesmo gramíneas. Esse resultado sinaliza a necessidade premente das universidades, institutos e empresas de ampliar conhecimentos dessa parcela significativa da população, incluindo análise dos conteúdos desenvolvidos nos diferentes componentes curriculares de graduações, palestras, cursos, seminários e resultados de pesquisas específicas no Bioma Pampa, focalizando os benefícios e os potenciais impactos que essa cultura, em grande escala, pode proporcionar. Essas atividades são desenvolvidas por diferentes profissionais, incluindo principalmente os da área florestal, favorecendo reflexões, posicionamentos e ações desses futuros profissionais assim como da população em geral, no que tange ao cultivo do eucalipto para fins comerciais.