Falta imprensa na democracia brasileira 3i3d5m

Mal falaram as urnas e a tropas estão na rua. As tropas da mídia corporativa – Veja/Abril, O Globo, Rede Globo, afiliados e enteados, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo que trabalham em sintonia – um exército midiático, com infantaria, artilharia e uma força aérea invejável. Escancaradamente, foram a vanguarda da oposiçao ao governo Dilma e à sua reeleição. Tentaram até um golpe com uma edição patética da Veja. Derrotados, lançam em seguida o contra-ataque: a tese, questionável, de que o país saiu da eleição dividido. Quem mais do que a imprensa teria autoridade para fazer a pergunta? Que país é esse que saiu desta eleição extraordinária ?. E ir atrás da resposta. Não, a resposta está pronta. O país está dividido, há “crises institucionais programadas”, como diz Mervel Pereira, em O Globo. O pior é uma visível orquestração: diz o editorial do Globo que “o país saiu dividido entre os que produzem e pagam impostos e os que se beneficiam dos programas sociais”. Diz o editorial de Zero Hora: “É preciso pacificar a nação”. Rosane Oliveira, colunista política: “Ou é retórica ou é auto-engano a afirmação da presidente de que o país não está partido ao meio” (…) “Não importa que Dilma seja eleita pelo dos mais pobres, o governo não pode deixar de olhar para os estados que produzem a riqueza necessária para financiar os programas sociais”. O próprio Merval Pereira em O Globo esclarece  essa atitude tão agressiva da “imprensa profissional”, como ele diz, em relação ao governo: a regulação da mídia, tema  inaceitável, indiscutivel pelos donos da mídia. Apegados a uma posição autoritária, esses grupos abandonam o compromisso com o jornalismo e a comunicação, em defesa de privilégios. Colocam-se ostensivamente na vanguarda de um movimento de contestação. Ao difundir a tese, questionável, de que o país está dividido, sugerem a falta de legitimidade do governo, recém-eleito e que nem começou. Uma imprensa que age assim não corresponde ao que demanda uma democracia, ainda mais uma democracia incipiente como a nossa que tem tantos desafios pela frente.     153j

Líderes pedem urgência para projeto que pune pesquisas fraudulentas 582b1z

Líderes partidários da Câmara dos Deputados apresentaram requerimento de urgência para o projeto que aumenta a punição a institutos de pesquisa envolvidos em levantamentos fraudulentos (Projeto de Lei 96/11).
O requerimento ainda precisa ar pelo Plenário. Se a urgência for aprovada, no entanto, o projeto só poderá ser votado depois da análise de uma proposta sobre biodiversidade (PL 7735/14), que tranca a pauta.
Assim como em 2010 e em 2012, as divergências entre os números das pesquisas eleitorais e os resultados das urnas neste primeiro turno motivaram uma série de críticas na Câmara dos Deputados.
Entre os casos mais citados estão o para presidente da República, em que o segundo colocado, senador Aécio Neves (PSDB), obteve 33,5% dos votos válidos, enquanto os levantamentos de Ibope e Datafolha às vésperas da eleição indicavam-no com menos de 30%. A primeira colocada, presidente Dilma Rousseff (PT), aparecia nas últimas pesquisas com índices entre 44% e 46%, sendo que, nas urnas, alcançou 41,6% dos votos válidos.
Bahia e Rio Grande do Sul: disparates
Na disputa para o governo da Bahia, as pesquisas apontavam como favorito o candidato Paulo Souto (DEM). No domingo, no entanto, os baianos elegeram Rui Costa (PT) em primeiro turno.
No Rio Grande do Sul, às vésperas da votação, os institutos indicavam Tarso Genro (PT) à frente de Ana Amélia (PP) e José Ivo Sartori (PMDB), empatados, na corrida para o governo estadual. O resultado das urnas, contudo, levou Sartori ao segundo turno como o mais votado, seguido por Tarso Genro.
Multa e detenção
O projeto de lei com urgência requisitada pelos líderes determina, por exemplo, que seja considerada fraudulenta a pesquisa realizada e divulgada até cinco dias antes da eleição e cujo resultado apresente margem de erro acima do resultado das urnas. Pelo texto, de autoria do deputado Rubens Bueno (PPS-PR), o levantamento fraudulento poderá ser punido com multa de até R$ 1 milhão, além de detenção de até um ano.
Transparência
O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) é relator, na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, de outra proposta (PL 4574/12), que permite a veiculação de pesquisas eleitorais somente até 15 dias antes das eleições.
No lugar desse prazo de divulgação, Mendonça Júnior propõe um prazo de dez dias antes da eleição para que os institutos publiquem detalhes sobre a metodologia do levantamento (o prazo atual é de cinco dias). Com base nessas informações, o juiz poderá determinar, cautelarmente, a não divulgação dos resultados de pesquisa impugnada ou a inclusão de esclarecimentos na publicação dos dados.
O deputado cobra mais transparência nas pesquisas e estuda mudanças em seu parecer para ampliar a possibilidade de checagem das informações divulgadas. “Precisamos saber, de forma transparente, como foi feita a pesquisa, os critérios usados, se ela está na técnica correta”, disse Mendonça Júnior.
Sistema de amostragem
Para o professor aposentado da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultor da empresa Statistika, José Ferreira de Carvalho, os erros são motivados pela estrutura dos levantamentos.
“Para ser barata e rápida, a pesquisa no Brasil é feita por um sistema chamado de amostragem por cota, que não é um sistema estatístico, não é uma amostragem científica. De modo que as margens de erro assim chamadas, que são divulgadas pelos institutos, não têm o menor respaldo científico”, disse Carvalho.
Procurados pela reportagem da Agência Câmara, Ibope e Datafolha não se pronunciaram sobre o assunto.

Comissão da Verdade: militares alegam "erro histórico" para não falar 4z3v1w

A imprensa teve que sair a pedido dos depoentes, mesmo assim eles não responderam nenhuma da perguntas dos membros da Comissão Nacional da Verdade.
Seriam ouvidos o general reformado Nilton de Albuquerque Cerqueira e os capitães Jacy e Jurandyr Ochsendorf, todos defendidos pelo advogado Rodrigo Roca, que orientou seus clientes a ficarem em silêncio.
“A questão não é colaborar, nem se defender. É evitar que erros históricos se repitam e acabem virando uma verdade”, disse o advogado, afirmando que a comissão foi induzida a um “erro histórico” ao divulgar uma foto do acidente em que morreu a estilista Zuzu Angel, na qual aparece o coronel Freddie Perdigão.
A imagem foi entregue à CNV pelo ex-delegado do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) Claudio Guerra. “Com esse engano, causou-se um transtorno muito grande, acredito eu, para os parentes e para os companheiros de farda [do coronel Perdigão]. Quem declarou isso a Vossa Excelência, ou se enganou, ou te enganou, que é pior ainda”, disse o advogado ao coordenador da CNV, Pedro Dallari.
Dallari classificou a justificativa de incoerente: “Se há erro, o erro só pode ser corrigido com depoimentos, com elementos e com documentos. Não com silêncio. A declaração de que [o convocado ou convidado]  não vai se manifestar sobre um assunto não ajuda na investigação”, disse Dallari. Ele ressaltou que a foto do acidente foi recebida de uma testemunha de grande credibilidade, que participou ativamente dos eventos. “Não podemos aceitar que haja contestação das informações por quem se nega a prestar depoimento, porque aí seria uma inversão da própria lógica do processo de investigação.”
Apesar de lamentar, o coordenador da comissão, no entanto, minimizou: “É claro que, para a CNV, seria muito importante que houvesse mais colaboração, mas eu diria que já temos elementos suficientes. A fala deles era importante do ponto de vista do direito de defesa, de eles poderem apresentar a sua versão dos fatos. Para mim, essa estratégia pode fazer sentido juridicamente, embora, do ponto de vista da imagem, seja péssima, porque quem fala que não tem nada a declarar em geral é quem é culpado. Se eles fossem inocentes, apresentariam a sua versão dos fatos.”
O general Nilton Cerqueira comandava a Polícia Militar do Rio de Janeiro na época do atentado do Riocentro, em 1981, e há um ofício em seu nome que pede a retirada do policiamento no dia doshow em que ocorreria o atentado. Em outra audiência pública sobre o caso, a CNV apontou essa estratégia como uma das formas de contribuir com o clima de terror no episódio, em que a bomba acabou explodindo no carro com os militares dentro. A participação de Nilton também é apontada no Araguaia e na Operação Pajuçara, em que foi morto o líder militante Carlos Lamarca, na Bahia. “Ele esteve relacionado diretamente a esses eventos. É protagonista de eventos dramáticos da história do Brasil”.
Mais de dez perguntas foram feitas a Nilton, e nenhuma foi respondida. De acordo com a advogada Rosa Cardoso, integrante da CNV, ele disse apenas que pediu para os jornalista deixarem o salão porque “a imprensa distorce tudo” e afirmou “que era um absurdo a comissão investigar o fato 30 anos depois”.

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Jurandyr Ochsendorf |Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Os irmãos Jacy e Jurandyr são apontados como participantes da farsa montada para sustentar a versão de que o deputado Rubens Paiva foi resgatado por guerrilheiros e fugiu, encobrindo o fato de ter sido torturado e morto.
“Estavam vinculados ao DOI-Codi e participaram diretamente da operação de simulação da fuga de Rubens Paiva. Depois, a comissão apurou que Rubens Paiva não fugiu, foi executado no DOI-Codi, e o que se fez foi forjar a fuga do parlamentar. Os capitães Jacy e Jurandyr tiveram participação direta no evento, como foi relatado por um colega deles.”
Antes do depoimento de Jurandyr, membros da CNV chegaram a insistir que ele falasse, e, se não fosse falar, que a imprensa pudesse acompanhar  as perguntas. Em resposta, o militar respondeu apenas que “permaneceria calado” e que “preferia a ausência da imprensa”.
O jurista João Paulo Cavalcanti Filho, que pediu a permanência da imprensa, classificou a posição de uma “deselegância”, já que os jornalistas tiveram que sair do salão no início de cada depoimento. Cinegrafistas e fotógrafos foram impedidos pela segurança pela Polícia Federal de fazer imagens do embarque dos dois últimos depoentes, Jacy e Jurandyr, em carros no pátio interno do Arquivo Nacional.
Vinícius Lisboa – Repórter da Agência Brasil     Edição: Nádia Franco

Jango foi perseguido até a morte 4c4q2g

A suspeita de que o ex-presidente João Goulart foi assassinado estava presente já no seu enterro, no dia 6 em dezembro de 1976, em São Borja. Fazia muito sentido: em maio daquele ano, dois líderes da oposição uruguaia, o senador Zelmar Michelini e o deputado Gutierrez Ruiz, haviam sido seqüestrados e mortos em Buenos Aires.
Em setembro, Orlando Letelier, ex-ministro do Chile, morreu num atentado em Washington. No Brasil havia ainda a morte do ex-presidente Jucelino Kubtscheck, em agosto, num acidente na via Dutra, fato até hoje cercado de suspeitas.
O risco de Jango era evidente. Ex-presidente no exílio, “herdeiro político de Vargas”, tornara-se um incômodo no momento em que o regime militar enfrentava resistência cada vez maior no meio civil. Sua vida era vigiada, sua correspondência violada. Nos últimos meses, o cerco parecia se fechar: prenderam sua mulher, um amigo mandou avisar que não dormisse duas noites no mesmo lugar.
Teve que mandar os dois filhos para Londres, por segurança. Depois, as circunstâncias de sua morte, num lugar isolado, só com a mulher e um caseiro, com atestado de óbito de um médico que mal olhou o cadáver e declarou que ele morreu de “enfermedad” (doença). Por fim, a maneira como o governo militar
reagiu ao pedido da família para que o corpo fosse enterrado em São Borja, a terra do presidente morto.
Primeiro não queriam permitir, depois não podia levar por rodovia, só avião. Por fim, foi liberado, mas não podia ser um cortejo, tinha que ser um carro, em alta velocidade, sem parar na fronteira, direto para o cemitério. Não foi permitido à
família ver o corpo…
Tudo isso alimentou a suspeita que, desde aquele dia, nunca abandonou as conversas dos antigos correligionários de Jango. A saúde dele era precária, era cardíaco, tinha sido advertido pelo médico do grave risco que corria se não parasse de beber e fumar (ele
não parava), um enfarto fulminante não seria surpresa.
Envenenamento
Mas nem isso diminuiu as dúvidas. Nem mesmo o testemunho de Maria Tereza, sua mulher, que o viu morrer no leito conjugal e sempre rejeitou a hipótese do envenenamento.
aram-se 15 anos até que a suspeita fosse além das conjeturas. Preso como assaltante, no ano 2000, um ex-policial uruguaio, Mario Neira Barreiro, revelou aos jornais uma suposta Operação Escorpião, da qual participou, para matar Goulart.
Ele forneceu fatos concretos, plausíveis. Tinha, de fato, trabalhado como rádio-escuta para os órgãos da repressão política durante a ditadura uruguaia, eram corretas as informações que tinha sobre a rotina e a família de Jango no Uruguai e Argentina. Mas não ia além de uma boa história a ser confirmada.
No ano seguinte a Câmara dos Deputados instalou uma I para investigar a morte do ex-presidente João Goulart. Cerca de 60 depoimentos foram tomados, mas a I encerrou com um relatório contraditório: não há dúvidas que um “Mercosul do terror” operou na região, mas no caso especifico de Jango, faltavam provas.
Um “romance reportagem” dos jornalistas Carlos Heitor Cony e Anna Lee (O Beijo da Morte, Ed. Objetiva, 2003) retomou o tema do assassinato, associando-o com as mortes do ex-presidente Jucelino Kubitscheck e de Carlos Lacerda, ambas acidentais em circunstâncias pouco convincentes.
Barreiro foi uma das fontes de Anna Lee e Cony. Ouvido na Penitenciária de Charqueadas, RS, ele contou novamente a historia da Operação Escorpião, para eliminar Jango. Conclusão de Cony: “É um sujeito perigoso,
com uma tendência ao delírio. Mas seu delírio tem uma espinha dorsal que supera detalhes assombrosos de seu relato. Prometeu mostrar provas que estavam com outro preso. Não tivemos as provas, mas fortes indícios de uma operação destinada a eliminar o ex-presidente”.
No final de 2006, uma equipe da TV Senado que prepara um documentário sobre Jango, obtém permissão para ouvir Barreiro na prisão de Charqueadas. Ele exige alguém da família. O filho de Goulart, João Vicente, participa da gravação de duas horas e sai decidido a reabrir as investigações sobre a morte do pai. Barreiro conta a mesma história: Diz que a ordem para matar Jango foi dada diretamente pelo presidente Ernesto Geisel ao delegado Sérgio Fleury, do Dops paulista.
Quer pela hierarquia, quer pelas relações entre os personagens, quer pelo temperamento de Geisel, é uma afirmação discutível. Mas as recentes revelações sobre a Operação Condor, o esquema terrorista multinacional que operou na América Latina, deram mais sentido às declarações de Barreiro. No final do ano
ado, o filho de Jango entrou no Ministério Público Federal com o pedido de investigação sobre o caso, anexando cópia da entrevista.
No início de 2008, a repórter Simone Iglesias entrevista Barreiro em Charqueadas e a Folha de São Paulo mancheteia na capa: “Brasil Mandou Matar Jango”. Da Folha o assunto foi ao Jornal Nacional e nos dez dias seguintes, Barreiro deu mais de 30 entrevistas para jornais, rádios e tevês de todo o país.
É provável que tenha havido um plano para eliminar Jango. O infarto pode ter chegado antes. Entre os amigos mais chegados, o que o matou, mesmo, foi o “desgosto”. Ele queria voltar ao Brasil, tentara renegociar seu retorno inúmeras vezes. Cumprira dez anos de cassação, ara por dezenas de inquéritos, mantinha-se distante da política brasileira, queria cuidar de suas fazendas.
Homem amargurado
Mas o regime militar havia lhe negado até o aporte, viajava com aporte paraguaio. Manoel Leães, que por 30 anos foi piloto de Jango, em seu livro de memórias diz que o expresidente era “um homem amargurado com o fato de não poder voltar ao Brasil”. Um amigo de infância contou que ele vinha para a beira do rio Uruguai, do lado argentino, e ficava olhando os campos de São Borja na outra margem.
Dois meses antes de morrer declarou que estava disposto a arriscar a travessia. O ministro do Exército deu ordem para que fosse preso imediatamente e posto incomunicável pela Polícia Federal.
Quando a notícia de sua morte chegou ao Brasil, as redações receberam a seguinte nota: “De ordem superior, fica proibida a divulgação, através do rádio e da televisão, de comentários sobre a vida e a atuação política do sr. João Goulart. A simples notícia do falecimento é permitida, desde que não seja repetida sucessivamente”.
Foi negado luto oficial e, no Congresso, a bandeira, hasteada a meio pau, foi depois arriada. Dias depois de sua morte, aos 57 anos, a diretoria do Internacional decidiu que o ex-atleta ilustre (ele jogara nos juvenis do clube) merecia um minuto de silêncio no jogo com o Atlético mineiro, no domingo seguinte no Beira Rio. O assunto chegou à cúpula militar e o minuto de silêncio foi proibido.
“Não sou inimigo de vocês”
O que Mario Neira Barreiro revela é o embrião da Operação Condor, grande ação conjunta dos aparelhos repressivos do Cone Sul para eliminar inimigos dos regimes militares da região. Ele conta que entrou aos 18 anos para o Grupo de Ações Militares Anti-Subversivas (Gamma). Foi escolhido para espionar Jango porque sabia português.
“Eu monitorei tudo o que falava através do telefone, de escuta ambiental e em lugares públicos, de meados de 1973 até sua morte em 6 de dezembro de 1976”.
Uma vez Barreiro falou com Jango. Ele e um colega, estavam rondando a casa. Jango convidou para entrar, disse que sabia que estavam espionando. “Não sou inimigo de vocês”, teria dito. Segundo Barreiro, o delegado Sérgio Fleury, do Dops em São Paulo, fazia a ligação com a inteligência uruguaia.
Partiu dele a ordem para que Jango fosse morto. A equipe que monitorava Jango se chamava Centauro (em Montevidéu outra equipe, Antares, se encarregava de Brizola). A operação para matar Jango chamou-se Escorpião, segundo Barreiro, e foi acompanhada e apoiada pela CIA.
O plano consistia em colocar comprimidos envenenados nos frascos de medicamentos que Jango tomava para o coração. O efeito seria semelhante a um ataque cardíaco. “Ele tomava Isordil, Adelfam e Nifodin. O primeiro ingrediente veio da CIA e foi testado com cachorros e doentes terminais.
Colocamos os comprimidos em vários lugares: no escritório, na fazenda, no porta-luvas do carro, no Hotel Liberty, em Buenos Aires”. Fleury deu a palavra final, disse que Jango era um conspirador. Ouviu uma conversa de Fleury com militares uruguaios dizendo que conversara com Geisel. “Faça e não me diga mais nada sobre Goulart”, teria dito o general.
Barreiro foi expulso do serviço de inteligência uruguaio em 1980, por razões que não revela. Morou em cidades da fronteira, depois fixou-se em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Em 1999 foi preso pela primeira vez no Brasil.
Em sua casa a polícia encontrou granadas, pistolas e fuzis. Foi recolhido à penitenciária de segurança máxima de Charqueadas, em 2000. Em maio de 2003,
em regime de semi-aberto, fugiu mas foi recapturado em seguida.
Aos 54 anos, cumpre pena de 17 anos por tráfico de armas, falsidade
ideológica, roubo e formação de quadrilha.
“Eu vi quando ele faleceu”
Maria Tereza Goulart, a menina do interior que casou com o moço bonito e milionário, viveu ao lado de Jango trinta anos. Estava sozinha com ele na noite de sua morte e, desde o início, rejeitou a hipótese de assassinato.
Hoje ela evita o assunto, certamente para não contradizer filhos e netos que sustentam a tese do atentado. Uma das últimas vezes em que falou sobre o assunto foi neste depoimento ao programa Teledomingo, da RBS TV, em 2003.
”Nós chegamos em Libres, almoçamos, e fomos embora para a fazenda. No caminho, vi que ele estava meio cansado… com olheiras, cansado… Eu falei: “Jango, você não quer que eu dirija um pouco?” Ele disse: “Não, estou bem ainda, se eu precisar, te digo”.
“A fazenda era muito bonita, mas era um buraco. Não tinha ninguém por perto. Eu estava sozinha… “
“Era um casarão enorme, um horror… Só nós dois, tinha uma casa de caseiro lá do lado… Aí, começou a bater uma janela. O Jango disse: “Vou dormir, porque estou cansado”. Eu disse: “Vou apagar a luz, então… Ele falou: “Não, pode ficar lendo”. Fiquei lendo uma
revista, e a janela batendo, batendo… E eu louca de medo de ir fechar esta janela, porque a casa era assim um negócio que ia daqui até aquela outra esquina, de tão grande. Pensei: ah não vou me levantar, não; sair por essa casa, com essa janela batendo… A essa hora da noite…”
“Aí, eu apaguei a luz e fiquei algum tempo acordada. De repente, vi que o Jango estava respirando diferente. Acendi a luz de novo e comecei a chamar: Jango, Jango. Mas quando chamei, eu vi que tinha virado o corpo assim (sabe, quando segura com uma força incrível o travesseiro… ). E ele nunca dormia assim de lado… Aí, fui para o outro lado da cama dele e comecei a chamar, chamar. Aí, ele soltou o corpo, assim… Eu vi quando ele faleceu.”
“ Aí abri a porta e sai correndo e comecei a gritar pelo caseiro: Júlio, Júlio. E o cara veio armado, porque ele pensou que alguém tinha invadido a casa. Foi uma cena horrível. Vocês já imaginaram, perder uma pessoa, dentro de uma casa que não tem a ver contigo, sem ninguém por perto, e o caseiro… Que nem sabia falar direito….”
“O médico veio, um médico de algum lugar dali, que não sei bem. Nem vi a cara dele direito. Ele me falou: “Dona Maria Teresa, ele teve um enfarte total: aquele que parte o coração”. Em seguida, ficou uma mancha assim…”
“ Aí, começaram as pessoas: porque o Jango morreu assim, porque Jango morreu assado. Porque foi enterrado assim; porque estava de pijama… Quem disse que Jango estava de pijama? Ele estava vestido com uma camisa branca, uma calça jeans, que era o que tinha ali, na hora. Arrumamos ele, fizemos o velório ali na casa. Não, mas as pessoas ficam inventando umas coisas que não têm explicação. Aí veio o tal do envenenamento…”
“Disseram que eu impedi a autópsia.… Eu nem sabia que se fazia autópsia, nunca tinha visto ninguém morrer na minha vida…”
“Eles disseram que o Jango não podia sair… Se quisesse trazer o Jango para São Borja, tinha de sair de barco pelo Rio Uruguai, mas era um calor de não sei quantos graus. O corpo teria que ser embalsamado. Mas em um buraco daqueles quem é que saberia fazer
isto? Então, fomos de carro para São Borja, ando por Libres”.
“Eles mandaram descer o corpo; depois disseram que não podia descer; que não podia isso, que não podia aquilo… Mas o Almino Afonso já estava lá e ligou para o Presidente, ou para sei lá quem, e disse: “Não podemos fazer uma coisa dessas. Estou aqui com a
família, Dona Maria Teresa está sozinha, os filhos estão na Inglaterra, o corpo está mal-embalsamado e tem de seguir para São Borja para ser enterrado”. Então, eles liberaram. Mas, até liberar, foi uma cena”.
”Meus filhos estavam em Londres. Quando chegaram não puderam ver o Jango porque o caixão já estava fechado por causa do calor, não chegaram a ver o Jango”.
Texto publicado originalmente na Revista JÁ de abril de 2008
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João Gilberto: uma entrevista 1l1j4k

Alexandre Leboutte
Um politico praticante que preferiu se afastar da politica. Um pensador político que se recolheu. João Gilberto Lucas Coelho voltou à ativa na entrevista do Jornal do Comércio desta segunda-feira, 22.
Militante histórico do antigo MDB, o ex-vice-governador do Estado João Gilberto Lucas Coelho afastou-se da política no início dos anos 2000 por entender que o PSDB – partido que ajudou a fundar em 1988 – havia se distanciado de suas raízes sociais-democratas.
Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, João Gilberto avalia que o presidencialismo brasileiro acabou sofrendo uma deformação, já no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), gerando uma submissão do Executivo aos partidos que compõem o Congresso Nacional a fim de garantir a governabilidade. Esta subserviência acabaria por tornar o sistema político frágil e permeável à corrupção.
Na opinião do ex-vice-governador, isso não teria ocorrido se os “primos ideológicos” PSDB e PT tivessem firmado uma aliança no início dos anos 1990. “A saída para governar o País da melhor maneira teria sido lá atrás, PT e PSDB juntos”, defende, argumentando que, depois, o PT acabou empurrando o PSDB para a direita.
João Gilberto também analisa os movimentos que tomaram as ruas do Brasil a partir de junho, fala da impossibilidade de se convocar uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma política e defende a necessidade de que as campanha eleitorais sejam financiadas por recursos públicos.
Por último, diz que não quis se filiar a outro partido depois de deixar o PSDB porque não viu opções possíveis. “Eu sou um cara de esquerda. E sou uma figura em extinção, porque sou um cara da esquerda não petista”, define-se.
Jornal do Comércio – Quais as causas das recentes manifestações sociais no Brasil?
João Gilberto – As pessoas estão descontentes, e o descontentamento une a todos. Também por um desejo de liberdade, parece que pairou bem isso.
JC – Aqui começou com uma pauta específica que era o preço da agem de ônibus.
João Gilberto – E este assunto é que está tendo os resultados imediatos. Mas isso é algo que vai continuar. Que vai produzir efeitos a médio e a longo prazo que se vai conhecer mais adiante a real dimensão disso.
JC – Analistas falaram em crise de representatividade política.
João Gilberto – Acho que isso caracterizou o início do movimento. Uma grande sensação de descrédito da forma representativa política, e isto é um traço universal. Não é brasileiro. É universal. Está no Ocuppy Wall Street, está na Espanha, está na Primavera Arábe, em determinado momento, no momento inicial, ou seja, está muito forte.
JC – A reforma política era uma das pautas?
João Gilberto – Não estava em pauta essa reforma política, mas estava em pauta talvez a mais profunda das reformas políticas, que seria a reforma do próprio caráter da democracia, e isso está mexendo com as pessoas, só que sequer elas estão sabendo para onde querem ir. Elas estão sabendo o que não querem, mas não estão sabendo o que querem.
JC – Por que há dificuldade de realizar a reforma política no Brasil?
João Gilberto – Acho que a maior dificuldade, e que a mídia não alcança, é que há uma profunda divergência sobre os modelos políticos que os brasileiros querem ou não. É a mesma coisa que reforma tributária. É uma unanimidade. Faz uma pesquisa de opinião. “Quem é a favor da reforma tributária?” Dá 90%. Agora vê de qual reforma tributária. O cidadão quer pagar menos imposto, o município quer ter maior arrecadação, o Estado quer ter maior arrecadação, e a União quer no mínimo não perder a arrecadação. Então não tem uma proposta de reforma tributária que seja hegemônica, que tenha o apoio da opinião pública. Não tem. Eu diria que reforma política quase não tem, é pior que escalação da seleção brasileira. Não vai encontrar vários cidadãos brasileiros com a mesma ideia de reforma política.
JC – Qual seria a sua ideia de reforma política?
João Gilberto – Destes temas que estão em debate no Congresso são muito pontuais e não são uma grande reforma política. Mas considero, por exemplo, que o financiamento público de campanha vai ser um avanço no Brasil.
JC – Por quê?
João Gilberto – Porque a campanha tem um gasto elevado. Como é que alguém, um cara como João Gilberto, que está conversando contigo aqui, de onde é que vou ter patrimônio, bens, ou ter arrecadado entre os militantes de um suposto partido – hoje não participo de nenhum – que eu estivesse participando? Como é que vou arrecadar R$ 4 milhões numa eleição? Não vou. Vou depender de grandes empresas. Então, o cidadão hoje para ser candidato em um cargo desses, quer dizer, seria meu caso, para não atribuir a outras pessoas, eu teria que ceder, teria que transigir com coisas que não concordo.
JC – E a sugestão de uma Constituinte para fazer a reforma?
João Gilberto – Para começar, a Constituinte ou é uma Constituinte ou não é. Você fazer uma Constituinte, que exige uma palavrinha que é a ‘soberania’, limitada a um item da Constituição, uma parte da Constituição, é complicadíssimo. E eu tenho sempre citado, lá atrás, quando eu estava no Congresso Nacional, quando foi convocada a Constituinte, eu me afastei da Comissão que iria dar o voto convocatório, por ser defensor da Constituinte exclusiva.
JC – Por quê?
João Gilberto – A Constituinte eleita em 1986, instalada em 1987, eu queria que fosse exclusiva, como as entidades queriam. Todavia, uma conversa com o então candidato à presidência Tancredo Neves me deixou muita minhoca na cabeça para o resto da vida, e eu fui amadurecer depois que eu vi a Constituinte e vi a crise entre Constituinte e Executivo. Em certa ocasião, discutindo o tema com Tancredo, fui a ele para defender a Constituinte exclusiva, e ele contraditou: “quem istra uma crise entre dois colegiados: a Constituinte e o Congresso? É inistrável. Uma crise entre governo e Constituinte é istrável. Agora, entre dois colegiados grandes, é inistrável. Então, eu teria as seguintes alternativas: ou eu não elejo um Congresso e só funciona a Constituinte e o povo vai dizer: viu? O governo militar manteve o Congresso, ele fechou. Ou elejo o Congresso e a Constituinte e vai dar crise.” Aí ele fazia a defesa da Constituinte congressual.
JC – Qual a lição?
João Gilberto – Lembro que a Constituinte de 1987 fez uma norma que dava a ela poder para suspender qualquer ato da presidência da República. Isso é soberania. Ela podia anular qualquer coisa que entendesse que estava no caminho dela, impedindo, prejudicando. Isso é soberania. Agora, imagina uma Constituinte para fazer parte da reforma política e o Congresso paralelo. De repente a Constituinte diz que reforma política significa o Congresso: “Vou mexer”… O Congresso iria reagir de uma forma dramática. Acho que não é viável.
JC – Há críticas de que as relações políticas entre Executivo e Legislativo se dão como um grande balcão de negócios, nos vários níveis, municipal, estadual, federal.
João Gilberto – Acho que, em parte, isso aconteceu com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Criamos uma espécie de presidencialismo de partidos, que não é da gênese do presidencialismo. O presidencialismo é um sistema que se sustenta na autoridade e na responsabilidade pessoal do presidente. Não pode ser na responsabilidade do colegiado.
JC – Como?
João Gilberto – Estamos com governos que são formados por indicações partidárias. É claro que governos de coalizão existem em várias partes do mundo, onde tem vários partidos, mas aqui no Brasil é o seguinte: o partido se reúne e decide “É o Pedro” para secretário municipal, estadual ou para ministro.
JC – Todos acabam cedendo?
João Gilberto – O Fernando Henrique tinha uma autoridade tal, um tal poder de convencimento, que ele conviveu com o Congresso, cedendo em algumas questões programáticas, especialmente para os liberais, coisas que ele pensava de um jeito, ele aceitou fazer de outro. Mas ele conseguiu compor isso por programas e conseguia cativar as pessoas. O Lula também entrou com muita força, mesmo assim de repente se revelou esse negócio do mensalão que foi um rolo. Outro (esquema de compra de apoio) teria acontecido no governo do Fernando Henrique, não sei, não ficou provado, mas os boatos existem, na história da reeleição. Em algum momento surgiu essa história aí do intercâmbio da base sendo alimentada com recurso etc. Mas eu acho que mesmo se Lula não tivesse feito isso, se segurava. Pela autoridade dele.
JC – E a presidente Dilma Rousseff?
João Gilberto – A Dilma é uma pessoa maravilhosa, só que não tem a força política de um Fernando Henrique ou de Lula. Não tem o traquejo, aquela coisa de cativar na conversa, no envolvimento, na articulação.
JC – Qual a solução?
João Gilberto – Vou voltar lá atrás. O Brasil não teria ado pelo que está ando, em termos de uma ação política tão minada por práticas irregulares, se dois primos tivessem se entendido. Primos ideológicos que se chamam PT e PSDB. A saída para governar o País da melhor maneira teria sido lá atrás, PT e PSDB juntos, partidos que eram altamente programáticos, podiam se ajustar, tinham até então, ambos, excelentes condutas, e eu estou dizendo lá atrás, quando começou o primeiro governo social democrata do Brasil.
JC – O senhor defende a tese de que os governos do PSDB e do PT no País são a sequência de um programa social-democrata?
João Gilberto – O Brasil vai completar, com a Dilma, 20 anos de governo social democrata, e eu acho que o saldo é positivo, mas tem problemas, e os problemas teriam sido menores, os resultados teriam sido melhores se tivesse tido este entendimento lá atrás. E assim como o PT guarda na sua história alguns grandes equívocos, como ter sido contra a eleição de Tancredo, ter votado contra o texto da Constituição – alguns dizem que eles não am, mas am, mas votaram contra a redação final. Eles empurram para a extrema direita, diante da opinião pública, qualquer força de centro-esquerda que vá dividir o campo político deles.
JC – Como?
João Gilberto – Já empurraram o Roberto Freire (PPS), o líder máximo dos comunistas nas décadas de 1970, 1980, no Brasil, é hoje de extrema direita, segundo eles. E estão empurrando agora o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o próximo candidato a se transformar num líder direitista do Brasil. Lá naquela formulação, naquele preparo para a campanha do Fernando Henrique, onde eles não aceitaram estar juntos, e era essa a preferência, eles jogaram o PSDB para a extrema direita diante da opinião pública. O que me angusita muito no caso do PSDB, que me levou a me afastar dele, é que o PSDB, perdendo o debate diante da opinião pública, aceitou isso, mudou completamente. O PSDB era um belo projeto de centro-esquerda.
JC – O PSDB acabou se afastando de sua gênese?
João Gilberto – Não tenho dúvidas. Acho que todos os grandes partidos do Brasil, infelizmente.
JC – E aqui, no Rio Grande do Sul, o PSDB viveu uma crise interna particular…
João Gilberto – É, o PSDB aqui hoje vive um cenário que eu não quero analisar porque não sou mais do quadro.
JC – O senhor se afastou por que exatamente?
João Gilberto – Pelo que eu terminei de dizer lá antes. Porque o PSDB aceitou a descaracterização que o PT fez com ele. Então, foi ficando uma coisa. Eu sou um cara de esquerda. E sou uma figura em extinção, porque sou um cara da esquerda não petista do Brasil, que é uma coisa que não é vista. E hoje, no quadro que há no Brasil, ou você é petista ou é anti-petista. Eu não sou nem uma coisa nem outra. Não sou anti, gosto de vários, tenho amigos e sou capaz de colaborar com ideias ou iniciativas com o PT, não tem nenhum problema, considero eles meus primos.
JC – Pensou em integrar outro partido?
João Gilberto – Não, porque eu não vejo para onde ir e nem como eu posso participar.
Perfil
João Gilberto Lucas Coelho, 68 anos, é natural de Quaraí. Radicado em Santa Maria, cursou Direito na faculdade que depois viria a integrar a Universidade Federal de Santa Maria. Iniciou sua vida política no movimento estudantil, atuando na resistência contra a ditadura. Em 1972, elegeu-se vereador pelo MDB. Dois anos depois, foi para a Câmara dos Deputados, sendo reeleito em 1978 e 1982.
Em 1986, concorreu ao Senado. Atuou no Centro de Estudos e Acompanhamento da Constituinte da Universidade de Brasília (UnB), onde lecionou por três anos, e foi consultor no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Em 1988, participou da fundação do PSDB, integrando a direção nacional por diversas vezes. Voltou ao Rio Grande do Sul em 1990 para ser o vice na chapa de Alceu Collares (PDT) ao governo do Estado. Depois de sua gestão (1991-1994), quando também foi secretário de Ciência e Tecnologia, atuou no governo de Antonio Britto (PMDB) como secretário da Metade Sul. Foi presidente estadual do PSDB. Afastou-se da vida partidária nos anos 2000.

Tarso prega uma Constituinte revisora 1ea55

Em um extenso artigo que circula nas redes sociais desde segunda-feira, o governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, lança o que seria uma “plataforma de esquerda” para fazer frente à “crise que emerge das ruas”.
“Quinta-feira, 27 de junho, Porto Alegre, frente do Palácio Piratini, sede do governo gaúcho. Nove horas da noite. Na Praça da Matriz, mais de quatro mil manifestantes fazem seu protesto legítimo em perfeita harmonia, inclusive com as forças da Brigada Militar, que garantem a segurança para a cidadania manifestar-se livremente. Um cordão de isolamento de policiais militares, protegidos por escudos, garante a integridade do Palácio.
“Durante uma hora e meia os policiais aguentam impávidos e disciplinados, por ordem originária do próprio Governador, uma chuva de pedras, garrafas e paus, jogadas por aproximadamente 150 mascarados, postados no lado esquerdo do Praça, fundidos no meio de uns 200 manifestantes, que não impedem suas ações violentas e provocativas, mas inibem uma resposta da Polícia, cuja reação poderia atingir pessoas que, inocentemente ou não, não estavam envolvidas na“ação direta”.
Esses dois parágrafos do artigo “Uma Esquerda à Altura da Crise da República” indicam que o governador Tarso Genro corrigiu o comportamento da força militar, a nota desafinada na sua estratégia para enfrentar a “crise das ruas”.
Na manifestação anterior, a Brigada atacou manifestantes pacíficos – embretou-os no Viaduto Otávio Rocha e carregou com bombas e cavalaria, contrariando aquilo que o governador sempre disse – que a força estaria lá para garantir a integridade dos manifestantes e o seu direito de protestar.
No artigo, o governador também deu a pista para o trabalho policial que as circunstâncias requerem:
“No céu, um helicóptero com letreiros eletrônicos voeja rente à Praça, com dizeres contra a existência dos Partidos e afirma que, desta forma – sem os partidos – o Brasil “tem jeito”. Quem promoveu este vôo? Quem o pagou? Como ele se conecta com as manifestações?”
Em seguida, apresenta as credenciais que o legitimam para enfrentar o clamor das ruas:
“Dentro do Palácio, um “governo de partidos”, eleito no primeiro turno, que governa com mecanismos de participação popular combinados de forma inédita, tais como o Orçamento Participativo, o Gabinete Digital, os Conselhos Regionais de Desenvolvimento, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a Consulta Popular.
Esta, por exemplo, é um procedimento de votação eletrônica (1 milhão e 100 mil votos no ano ado) que, através de perguntas diretas à população, promove a liberação hierarquizada de recursos (este ano, mais de duzentos milhões de reais) para investimentos, principalmente em pequenas obras e nas áreas da saúde e da educação”.
Grupos sem rosto
Na avaliação que faz no artigo, Tarso vê “três protagonistas claros da crise”:
– a cidadania manifestando-se na defesa de direitos;
– grupos “sem rosto” que servem de massa de manobra para provocações, como ocorre historicamente nestas conjunturas (cujos objetivos são obscuros, mas funcionam como desestabilizadores da democracia política);
– e a direita conspirativa, que trabalha nas “sombras” – no caso, “no ar” – dando seqüência ao trabalho feito pela mídia dominante, que nos últimos anos dissolveu o prestígio dos partidos, dos políticos em geral e de todas as instituições democráticas da República.
Quanto às “causas mais visíveis da insatisfação popular”:
– as péssimas condições do transporte coletivo e do sistema de saúde pública nas grandes regiões metropolitanas.
(“Na verdade faltou Estado, seja como prestador, seja como organizador-controlador, o que se combinou com o ascenso de milhões de jovens ao mundo do trabalho e às universidades públicas e não públicas (estas, através do Prouni), sufocando, não só a mobilidade destas grandes regiões, mas também a capacidade da estruturas públicas prestarem serviços de mediana qualidade. De outra parte, os apelos da sociedade consumista oferecem promessas espetaculares que apenas uma parte da população pode ar, transformando o desejo sonegado de muitos em frustração, crime e violência irracional”).
Entre as causas, Tarso menciona “um processo geral de hipnose fascista, que não tem precedentes na História do país”.
Promovida pela mídia, essa “hipnose” consiste basicamente numa inversão de prioridades, com manipulação dos fatos: em vez de “denunciar as desigualdades e a riqueza concentrada”, verdadeira causa das mazelas nacional, a mídia se fixa na denúncia da corrupção, “como se ela fosse uma propriedade e uma qualidade dos políticos atuais e dos governos atuais”.
“Não foi promovido o combate à corrupção como mazela de um Estado reprodutor de desigualdades e protetor de privilégios corporativos e de classe, pois isso suporia reconhecer que tanto nos partidos, no serviço público, como nas empresas, em todas instituições (até mesmo na mídia), há uma grande maioria de pessoas que não tolera a corrupção e que não a aceita, por princípios morais e políticos”.
“A campanha foi feita de modo a incriminar de maneira plena a esfera da política, os partidos e, particularmente, os dois governos que colocaram os pobres e os trabalhadores como protagonistas da cena pública”.
Moralidade republicana
Tarso vai ao ponto de atribuir a esse discurso repisado pela mídia a motivação aos grupos violentos que se infiltram nas manifestações:
“Ao fazer uma incriminação generalizada colocando, de um lado, a grande imprensa como a virtude moral do país, e, de outro lado, os partidos e os agentes públicos como a fontes da corrupção, o que ocorreu foi a degradação dos instrumentos democráticos para combater a própria corrupção, restando a grande mídia como fonte de toda a moralidade republicana, com poderes totalitários para dizer quem presta e quem não presta, quem merece confiança e quem não merece”.
“Assim, quando um Juiz Privado, a mídia, transforma-se em monopólio do Juízo Público, estamos entrando numa crise da República: a marginalidade violenta e os fascistas clássicos e pós-modernos, que emergem nesta situação, não precisam mais se conter e sentem-se autorizados ideologicamente a saquear e a incendiar”.
O governador gaúcho, porém, não vê inocentes na cena política:
“É preciso compreender, porém, que o que está ocorrendo no país não é mera invenção midiática. É óbvio que os partidos de esquerda e as instituições “dissolvidas” por esta manipulação sobre a corrupção não são inocentes”.
“Seus vícios, seu acomodamento ideológico, seu afastamento das questões mais intensas que desqualificam a vida cotidiana do povo, facilitaram esta agenda da direita que, como se vê, sorri satisfeita com toda a crise e pretende transformá-la em cavalo de batalha eleitoral”.
“Nossos partidos precisam captar esta energia criadora que vem das ruas e transformá-la em políticas democráticas de largo alcance”.
“Nestas circunstâncias, a crise da democracia transmudou-se em crise da República. Isso não quer dizer, no entanto, que o pacto democrático não possa ser recuperado, tanto pela “via conservadora”, como pela “via da radicalização da democracia”.
“Na primeira hipótese, pela “via conservadora”, basta que os poderes voltem a funcionar em relativa harmonia, para simular que “as coisas começaram a melhorar”. Se eles voltarem a operar nesta relativa harmonia, os clamores populares poderão deixar de ser valorizados pelos meios de comunicação e a situação poderá se acalmar, mas a democracia não será revalorizada e a República não será reformada. Nem serão criadas novas instituições que permitam fortalecer a intervenção do povo no processo político e, em consequência, as “crises” virão ainda mais fortes no futuro”.
Demandas populares
“A essência da crise atual, portanto, é que os poderes republicanos e as suas instituições políticas não têm mais chances de recuperar sua plena legitimidade para dar eficiência à democracia – capacidade de resposta à justas demandas populares -, sem novas formas de participação nas decisões públicas e sem novas fontes de legitimação do poder.
O Congresso tem mecanismos burocráticos de funcionamento que permitem, frequentemente, que interesses escusos impeçam votações e que minorias sem programa e sem princípios dominem a cena parlamentar, desprestigiando todo o corpo representativo. É preciso um sopro “direto” do povo para que ele se atualize e se sensibilize com os problemas reais que o país atravessa.
“Falo aqui de uma assembléia constituinte (revisora) específica, convocada conforme a Constituição, por Emenda Constitucional, para conectar as instituições políticas da República com o povo, que é o poder constituinte real. Seu objetivo é integrar, de forma direta, a atual energia política despertada pelas grandes manifestações de massas, com delegados eleitos especialmente para fazer a Reforma Política.”
“Estes representantes, eleitos para este fim específico, impossibilitados de concorrerem nas próximas eleições (itido um percentual de representantes “sem partido”), pressionados democraticamente pela sociedade em movimento poderiam, através de mudanças substancias nas normas constitucionais que versam sobre os Partidos, financiamento das campanhas e Direito Eleitoral, “democratizar a democracia”, como diz Boaventura Souza Santos. E assim expandir os marcos da participação direta do povo, já previstos na atual Constituição Federal, combinando-a com a representação estável e previsível dos processos eleitorais tradicionais”.
A direita também usa as redes socias
“O que está ocorrendo durante as manifestações é também a seqüência de uma lenta e eficaz lavagem cerebral midiática, acolhida amplamente nas “redes sociais”, cujo objetivo está sintetizado na visão de que “o gigante acordou”, “vamos construir um novo Brasil” e “vamos varrer com a corrupção”. Tais sínteses traduzem uma mentira meticulosamente construída, pois os avanços democráticos que o país vem sofrendo, inclusive na luta contra a corrupção, datam da Constituição de 88 e, no plano social, dos dois governos do Presidente Lula, ampliados inclusive no atual governo”.
“Estas “palavras de ordem”, induzidas dos porões da direita extrema, levam as novas gerações a uma romantização do futuro, com graves frustrações de médio prazo. Embora a crise das regiões metropolitanas – motivação imediata das inconformidades em pauta – venha de erros e omissões dos atuais e anteriores governos (especialmente no que refere ao transporte urbano e a saúde), nenhuma destas questões será resolvida em profundidade nos próximos dez anos.
São bilhões a serem investidos e reados aos Estados e às Prefeituras, que precisam enfrentar as agruras da crise mundial e a promoção de uma Reforma Tributária, que principalmente desonere os pobres e as novas classes médias e, em contrapartida, onere as grandes fortunas e as transações do capital especulativo e rentista”.
“O fato é que as grandes mobilizações populares abriram caminhos que estão em disputa no campo da política. Os partidos de esquerda, se estiveram à altura da crise atual, se forem mesmo de esquerda e democráticos, devem adotar uma estratégia unitária de revalorização da ação política e dos partidos, combinando-a com a criação de novos canais de democracia direta e de participação popular, articulados com a democracia representativa.
Ou seremos vencidos pelo conservadorismo, que poderá nos levar às novas formas de totalitarismo pós-moderno, que tanto controlará as mentes, a pauta, como ditará o que é lícito ou ilícito, numa democracia ainda mais elitista do que a presente”.
Tarso Genro é Governador do Estado do Rio Grande do Sul

FHC evita criticar Dilma 70245y

Repetindo a dose tucana, iniciada na semana anterior com José Serra, o RodaViva da TV Cultura de São Paulo entrevistou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que paira sobre o PSDB, o partido governante de quatro estados e de 700 municípios brasileiros. Foi nesta segunda feira 1/7.
Decepcionou-se quem esperava um ataque ao governo da presidenta Dilma. FHC falou pouco de política, preferindo manifestar-se como professor de sociologia, sua principal atividade na USP antes de ser cassado pelo AI-5 (1968) e de entrar para a política (pelo PMDB em 1978).
O atual momento de turbulência social e política no Brasil é um prato cheio para um cientista social que chega aos 80 anos na plenitude de sua lucidez intelectual e já (relativamente) destituído das vaidades que o levaram a disputar pra valer o poder no Brasil. FHC elogiou os jovens pelas recentes manifestações, mas não pixou ninguém.
Permitiu-se apenas algumas farpas indiretas. A maior delas foi uma alusão ao ex-presidente Lula: “Há pessoas que ficam em silêncio nesse momento rico porque talvez se sintam culpadas por alguma coisa ligada à corrupção”. Não citou nome algum, mas nas entrelinhas ficou claro a quem queria espicaçar. FHC e Lula vivem de pirraça.
No fundo, disse FHC, as pessoas estão protestando contra a desigualdade, a pobreza, a corrupção. “O Brasil vai bem mas a maioria das pessoas quer mais”, disse ele, relacionando os atuais protestos brasileiros aos de outros países – Espanha, Egito, Islândia –, todos mobilizados pelas redes sociais. Até aí, nada de novo.
À presidenta Dilma, ele recomendou humildade. “Se eu pudesse lhe dar um conselho, com todo respeito, eu lhe diria: ‘Ouça mais’ ”. Não foi um puxão de orelha, mas uma leve beliscadinha. De leve, como manda a boa educação: quando uma pessoa está caída no chão, não se deve chutá-la, mas estender-lhe a mão. “Vejam como sou gente fina…”
Recém-eleito para a Academia Brasileira de Letras, Fernando Henrique acaba de lançar um novo livro sobre os grandes pensadores brasileiros: Oliveira Viana, Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Hollanda, Celso Furtado e outros – o último deles, Antonio Candido, que continua ativo aos 95 anos em São Paulo, foi citado por FHC como o melhor professor que conheceu no Brasil, comparável somente a Raymond Aron, da Universidade de Nanterre na França.
LEMBRETE DE OCASIÃO
“A democracia é o resultado de um encontro harmonioso entre o Estado, o Mercado e a Sociedade”
Fernando Henrique Cardoso

“Jornais de bairro constroem cidadania” 4wc2m

Falando na Associação Riograndense de Imprensa, a secretária Vera Spolidoro promete descentralizar verbas do Palácio Piratini

A secretária estadual Vera Spolidoro afirmou neste sábado (11/6) em reunião na sede da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), em Porto Alegre, que considera os jornais de bairro parte da cadeia produtiva da mídia – excessivamente concentrada em poucos grandes grupos. “A descentralização é norteadora do nosso trabalho”, disse ela, apontando a pedagoga Claudia Cardoso, diretora de políticas públicas da Secretaria da Comunicação, como “o canal” de interlocução com blogs, sites, jornais de bairro e de segmentos sociais.
Em sua fala numa reunião geral de dirigentes e trabalhadores em jornais de bairro (há 22 desses veículos em atividade em Porto Alegre), a secretária condenou a insensibilidade das agências de propaganda diante da realidade da comunicação social nos bastidores da sociedade. “Os jornais de bairro são formadores de cidadania”, disse ela. Uma das hipóteses de trabalho em sua secretaria é que a companhia estadual de artes gráficas (Corag) e a imprimir jornais de bairro por valores abaixo dos preços correntes no mercado.
Flavio Dutra, coordenador de comunicação social da Prefeitura de Porto Alegre, relatou que a partir de abril foi definida a veiculação de uma coluna paga nos jornais de bairro da capital. A coluna contém informações sobre a atuação da prefeitura em cada bairro. Como contrapartida a essa veiculação, ainda incipiente, Dutra está exigindo que os jornais comprovem a tiragem, inicialmente por meio de declarações das gráficas prestadoras do serviço de impressão.
Durante a reunião, presenciada por meia centena de pessoas, foram apresentados três “cases” de jornais de bairro. Gustavo Cruz Silveira, do Jornalecão, criado há 24 anos no Guarujá, contou que o veículo foi fundado por duas crianças de 11 anos – ele e o amigo Christian Borges – para arrecadar fundos para seu time de futebol. Erico Vieira, fundador do Bem Estar, contou que seu jornal nasceu de uma busca pessoal por melhor qualidade de vida.
De 44 jornais para apenas 13
O último a falar, Elmar Bones, do JÁ Bom Fim, que circula há 23 anos, lembrou que esta é a segunda tentativa de organizar os jornais de bairro, que possuem uma associação fundada em 1998. “Chegamos a ter 44 jornais em circulação nos 83 bairros da capital”, disse ele, lembrando que houve uma mudança em meados da década ada, quando “esse mercado foi devastado pela atuação predatória” da RBS, que lançou uma série de cadernos de bairros. Em conseqüência, os jornais de bairro caíram para 13.
Com a posterior suspensão dos cadernos da Zero Hora, os veículos das bases comunitárias estão voltando, mas todos reclamam o reconhecimento como mídia por parte dos órgãos públicos e agências de propaganda.
Disposta a amparar a retomada da imprensa enraizada nos quarteirões, a ARI inaugurou no sétimo andar de sua sede, na Av. Borges de Medeiros 915, uma sala para facilitar o intercâmbio dos jornais de bairro. A sala ficou sob a responsabilidade da professora Beatriz Dornelles, da PUC, que estuda os jornais comunitários e foi a primeira presidente da Associação dos Jornais de Bairro de Porto Alegre.
Segundo Paulo Tomazini, diretor do Jornal Floresta e atual presidente da associação, o primeiro jornal de bairro da capital gaúcha foi criado em 1954 em Ipanema. O fenômeno da mídia comunitária está difundido em todo o Brasil. Tanto que por iniciativa de um parlamentar carioca tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que determina a aplicação em jornais de bairro e de segmentos sociais 10% das verbas públicas de propaganda.

Cabe a pergunta: que PT é esse? 1a5o5s

 
(Editorial do jornal JÁ Bom Fim ed. Janeiro/fevereiro)
Aos poucos vai ficando claro o forte deslocamento político que as eleições de 2010, aliadas a algumas circunstâncias fortuitas,  provocaram no Rio Grande do Sul.  
O Partido dos Trabalharores, depois de dez anos alijado, volta ao centro do poder, determinando um alinhamento inédito, que ficou bem nítido com a posse dos novos deputados que vão compor a Assembléia Legislativa até 2014.
Consequência do pleito e de algumas coincidências, o PT tem hoje no Estado: o governador, o presidente da Assembléia, onde é o maior partido, base da maioria do governo. Foi o partido que mais cresceu, com quatro novos deputados.
Tem a presidente da Câmara Municipal, as principais prefeituras da Regiao Metropolitana e o comando das principais estatais, federais e estaduais. 
  Até a prefeitura, que já foi um baluarte adversário, hoje está políticamente mais próxima do partido.
Some-se a isso a circunstância de que, como poucas vezes ocorreu na história do Estado, é o mesmo partido da presidente da República.
Isso dá a dimensão do fenômeno. Cabe, no entanto, a pergunta: que PT é esse.
Já Voltamos.

CARAS NOVAS EM PLENÁRIO 243h58

São 22 novos parlamentares na Assembleia em 2011

Pela segunda vez consecutiva, o índice de renovação na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul foi de 40% na eleição de 2010.

Ou seja 22 nomes novos vão integrar o parlamento gaúcho a partir desta segunda feira, 31, ao lado de 33 reeleitos.

Destes novos integrantes, 17 são estreantes no Legislativo estadual, quatro já haviam ocupado o cargo anteriormente e um era suplente em 2006 e exerceu temporariamente o mandato.

No período legislativo que se inicia, o parlamento gaúcho terá mais mulheres e mais jovens, além de uma presença marcante de novos parlamentares com uma herança política familiar.