Ainda não foi regularizada a situação no canteiro de obras da Arena do Grêmio. Não é permitida a entrada no local, mas de fora dá para ver a semi-paralisação dos trabalhos. Segundo os operários, nos últimos dez dias mais de 100 peões trazidos do nordeste para trabalhar na obra pela empreiteira OAS retornaram ao local de origem. Uma história comum Um dos operários trazidos do nordeste pela OAS conversou com o JÁ. José Edison de Oliveira, corintiano, natural de Barrocas, cidade baiana com 14 mil habitantes, há 200 km de Salvador. Emancipada em 2000, sobrevive da pequena produção agrícola das antigas fazendas, na maioria oriundas do século XIX – com mais história que produção, da exploração da mina de ouro Fazenda Brasileira, do grupo canadense Yamana Gold Inc, e do comércio, concentrado num única rua, onde fica a pequena farmácia que Edison trabalhava. Corria em Barrocas a notícia que uma empresa estava contratando trabalhadores e pagava bem. Foi quando dois ônibus da OAS, empreiteira responsável pelas obras da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, apareceram na cidade. Edison embarcou, com outros 120 trabalhadores. Durante a viagem no ônibus confortável, com ar-condicionado, Edison pensava em Carla, sua noiva e motivo da empreitada. Ele veio para Porto Alegre com esperança de juntar R$ 10 mil e comprar um terreno em Barrocas para que seu sogro libere o casamento. No trajeto, suas economias foram gastas em alimentação. Desembarcando em Porto Alegre, dia 26 de março, uma surpresa: muitos operários, com histórias parecidas com a dele, estavam indo embora. A reclamação: salários menores que o prometido, demora na da carteira de trabalho, prazo para visitar os familiares – a cada quatro meses – desrespeitado. Edison está assustado, não recebeu vale transporte, nem o dinheiro da alimentação gasto durante a viagem, apenas sua hospedagem foi paga, no Hotel Minuano, pois os alojamentos da área de vivência, incluindo os banheiros, refeitório e chuveiros foram interditados pelo Ministério do Trabalho pelas péssimas condições de higiene. O jovem baiano irá esperar até o dia do pagamento, 30 de abril, se receber apenas o salário bruto de 660 reais vai tomar o caminho de volta, como os outros, e Carla terá que esperar. 1f256f
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Sindicato denuncia construtora da arena do Grêmio 3vb6x
Com a alegação de que há escassez de mão de obra na cidade, a OAS está importando mão de obra barata do nordeste para construir a arena do Grêmio, no Humaitá.
Cerca de 500, de um total de mil nordestinos, já estão trabalhando no local.
No início de março, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Porto Alegre foi conferir a situação e se deparou com um caso de polícia: trabalhadores sem carteira assinada, condições de trabalho indignas, alojamento insalubre.
A denúncia foi protocolada na Delegacia do Trabalho pelo secretário geral do Sindicato, Gelson Santana. .
No dia 2 de março, auditores do Ministério do Trabalho interditaram a área de vivência, que inclui os banheiros, refeitório, chuveiros e alojamentos.
Em greve durante três semanas, por ganharem menos do que o prometido e não poderem visitar seus familiares no período estipulado, a maioria dos trabalhadores não teve a carteira de trabalho assinada.
Genário de Jesus, um dos operários vindo do Maranhão conta que a empresa não pagou nem os 300 reais gastos com a viagem.
Além de manter o assunto longe da mídia até o momento, a OAS obteve uma liminar da Justiça que afasta o Sindicato de Porto Alegre do caso. Os representantes do Sindicato estão proibidos de entrar no canteiro de obras, nos alojamentos e de contatar os trabalhadores.
O Sindicato vai recorrer.